
O filme me impressionou muito, não apenas por trazer à tona um tema que é tão pouco discutido no Brasil, como também pela qualidade técnica e pelo roteiro objetivo e eficiente, sem cair no melodrama.
"Lixo Extraordinário" nos transporta para o interior do aterro sanitário conhecido como Jardim Gramacho, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se do maior lixão do mundo, onde diariamente são depositadas 7.000 toneladas de lixo das residências cariocas. O documentário é filmado do ponto de vista dos catadores, que vivem e trabalham em um ambiente degradante e sustentam a família com o pouco dinheiro que ganham na profissão.
Os catadores, quase 3.000 deles, convivem com mal-cheiro e trabalham embaixo de um sol escaldante na colheita e revenda de materiais recicláveis tais como garrafas, plástico e metais para empresas e intermediários que transformam os itens em baldes, pára-choque de automóveis e outra infinidade de coisas.

Conhecemos também o Zumbi, um membro da associação que criou uma biblioteca na sua própria casa graças aos livros que ele recolheu no aterro; Irmã, uma cozinheira que faz ensopados e outros pratos com a comida que ela recolhe; Suelem, uma moça de 18 anos que trabalha no lixão desde os 7 anos de idade; e Valter, um senhor de idade que diverte os outros com histórias e músicas, e que resolve aceitar o convite do artista plástico Vik Muniz pois acredita que isso trará mais atenção para a causa dos catadores.

"Lixo Extraordinário" não é apenas a biografia de um artista, mas também a visão do artista no contexto da comunidade em que a arte é criada. Muniz desvenda a coragem e iniciativa que as pessoas têm apesar da pobreza e condições deprimentes. Muitos deles são antigos moradores de classe média nos subúrbios do Rio, que escolheram a vida de catadores ao invés de se tornarem prostitutas ou traficantes de drogas, e estão felizes com a decisão. O objetivo inicial de Muniz era "mudar a vida de um grupo de pessoas utilizando o mesmo material que eles usam no cotidiano", mas ele jamais imaginava que o seu trabalho traria um impacto tão grande na vida delas.

Muniz demonstra no filme que o poder da arte está ao alcance de qualquer um independente das circunstâncias. Sem cair no melodrama excessivo, "Lixo Extraordinário" sem dúvida merece ser visto por mais pessoas no Brasil e no mundo, e quem sabe levar para casa a tão merecida estatueta do Oscar.
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