20 de abril de 2017

A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017) - Crítica


O longa de animação japonês Ghost in the Shell (traduzido por aqui como Fantasma do Futuro) de 1995, dirigido Mamoru Oshii e escrito por Kazunori Itô e Masamune Shirow foi um filme à frente do seu tempo, pois a obra era um retrato de um mundo cada vez mais conectado às redes da informática, sendo que, naquele tempo, a internet ainda estava só engatinhando. Além disso, o filme tratava da questão sobre os significados da alma, lembranças, individualidade e qual o nosso papel no mundo. Não é a toa que o filme serviu de inspiração para o nascimento de inúmeros filmes posteriormente como foi no caso de Matrix de 1999.

Passaram-se os anos e sempre havia inúmeros boatos sobre uma versão americana em carne e osso da obra. Depois de muita espera, finalmente chegou essa versão, intitulada agora de A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell e estrelado pela atriz Scarlett Johansson (ótima, aliás), sendo que foi uma escolha criticada por parte dos fãs, já que eles queriam uma atriz japonesa. Polêmicas à parte, o filme em si possui um dos mais belos visuais do ano, mantendo a premissa principal da obra original, mas não se aprofundando em sua essência como um todo.

A maioria dos personagens conhecidos do clássico estão lá, mas inseridos de uma forma um tanto que diferente. Batou (Pilou Asbaek), por exemplo, é mais humano, obtendo toques de humor e a origem dos seus olhos biônicos. Já a Mira Killian (Johansson) é que mais passou por uma readaptação, não com relação ao seu visual, mas sim às suas motivações. Se na obra original a personagem vivia em conflito com relação ao seu “eu”, aqui ela passa a tentar descobrir sobre a sua verdadeira origem, já que ela não se lembra de quase nada antes de ter o seu corpo praticamente todo substituído por uma tecnologia avançada.

Está mais do que claro que os roteiristas e o diretor Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador) optaram por seguir uma linha narrativa da qual as pessoas do ocidente pudessem captar melhor a trama e conseguissem se identificar com os personagens. Se por um lado eles amenizam os temas complexos da obra original das quais eu citei acima, por outro lado, eles conseguiram manter fieis ao visual e criando um universo em que os prédios estão impregnados com propagandas holográficas, as ruas invadidas pelo comércio dos mais variados tipos e com pessoas convivendo com outras das quais possuem as suas partes cibernéticas.

Aliás, é interessante observar como são bem inseridas as mais diversas culturas dentro da trama, tanto as orientais como ocidentais e fazendo a gente não se perguntar onde se passa a trama, já que ela poderia se passar em qualquer outra parte do globo. Isso rende até mesmo um espaço para fazer uma dura crítica contra a propaganda da “não à imigração” do qual o Presidente Donald Trump prega atualmente, já que numa determinada parte da trama, isso é muito bem explorado e reacendendo ainda mais o assunto dentro da ficção. Embora com essas readaptações, os roteiristas conseguiram inserir passagens clássicas da obra original, como quando ocorre o clássico duelo na água, ou quando a protagonista enfrenta um robô tanque gigante e tendo consequências imprevisíveis.

Porém, não esperem por um filme de muita ação e efeitos visuais do começo ao fim, pois embora eles estejam inseridos na trama, eles somente ocorrem quando roteiro necessite que isso realmente aconteça. Ao mesmo tempo, o filme falha por não ter um vilão carismático, sendo que o Chefe dos Fantoches da obra original, mesmo a gente não enxergando ele como um todo (só assistindo ao clássico para entender o que eu estou dizendo) era muito mais interessante. Ao invés disso, é inventado um personagem que possui forte ligação com o passado da protagonista e um empresário ambicioso que, se não fosse pelas suas ações, a gente até esqueceria que ele existe na trama.

Finalizando, o filme cumpre o que promete, mas ao mesmo tempo, me dá a impressão de que eles não entregaram a obra como um todo. A meu ver, está mais do que lógico que o estúdio tenha um desejo de criar uma franquia da obra e deixando o melhor para mais tarde. Porém, isso empalidece um pouco o resultado final se for comparado com a obra original, já que aquela versão não precisou de continuações ou algo do gênero para se tornar um verdadeiro clássico japonês. 

Com participação mais do que especial da atriz francesa Juliette Binoche (Copia Fiel), A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell pode até ter as suas qualidades, mas a meu ver, servirá mais como janela para o público em geral conhecer a obra prima oriental de 1995.


5 de abril de 2017

FRAGMENTADO (2017)


Após as desastrosas super produções como O Último Mestre do Ar e Depois da Terra, parecia que M. Night Shyamalan havia se vendido aos grandes estúdios e apenas criava filmes sob encomenda. Contudo, aquele cineasta autoral que conhecemos em obras geniais como Sexto Sentido e Corpo Fechado, havia se reencontrado com produção barata e estimulante que foi A Visita.

Agora, Shyamalan finalmente se estabilizou novamente e lançou Fragmentado, um filme que, não só prova que o lado autoral do cineasta está mais vivo do que nunca, como também comprova que sua criatividade ainda não se esgotou.

Acompanhamos a história de Kevin (James McAvoy, espetacular), um rapaz atormentado, que decide sequestrar a jovem Casey Cooke (Anya Taylor-Joy, do filme A Bruxa) e suas duas amigas num estacionamento. Quando acordam, elas se encontram numa espécie de porão, onde há somente uma porta onde é aberta e fechada pelo Kevin. Para piorar, Kevin possui 23 personalidades diferentes, das quais comandam o seu corpo e correndo o sério risco de haver uma 24ª quarta ainda desconhecida e muito perigosa [veja o trailer abaixo].

Após a apresentação dos personagens, Shyamalan não tem pressa em nos dizer o que realmente está acontecendo na tela, mas se usa de charadas através da sua câmera, criando assim inúmeras possibilidades sobre o que realmente está acontecendo na história. Só começamos a ter uma base da situação quando conhecemos, não só as outras personalidades de Kevin, como também a outra peça chave desse tabuleiro que é a psiquiatra Karen Fletche (Betty Buckley, do clássico Carrie: A Estranha), da qual cuida de Kevin. Ela o analisa não só para ajudá-lo, mas também para estudar os significados da mente humana e seus mistérios. Ao mesmo tempo, a jovem sequestrada Casey já vive enfrentando os seus demônios interiores, já que ela sofre com lembranças que vão se revelando de forma trágica.

Mais do que um filme de suspense, Shyamalan cria um verdadeiro mosaico de significados e teorias sobre a mente humana e faz com que nos perguntemos onde ela começa e termina. Tanto sequestrador como sequestrada são vitimas de abusos desde cedo, mas cada um enfrenta conseqüências distintas. Casey, por exemplo, não esconde o fato de ser uma possível psicopata em potencial, mas demonstra que no fundo há algo que a separa do universo insano de Kevin.

James McAvoy nos brinda aqui com o melhor desempenho de toda a sua carreira, pois sua interpretação é tão intensa e assombrosa que, por um momento, acreditamos que ele está trocando realmente de personalidade em cena. Sabendo do potencial que tem em mãos, Shyamalan não desgruda a câmera do rosto do ator e capta todas as mudanças faciais no momento da transição de uma personalidade para a outra do personagem: o plano sequência em que Kevin se encontra em uma sessão com a psiquiatra e ocorre a mudança de personalidade é desde já um dos melhores momentos do filme.
Embora não seja um falso documentário, assim como foi apresentado no filme A Visita, Shyamalan pegou gosto em focar os rostos dos protagonistas durante vários minutos e registrando cada momento de mudança de comportamento deles. Embora o personagem de McAvoy seja o foco principal neste quesito, a veterana atriz Betty Buckley não fica muito atrás, já que o cineasta registra toda a ambiguidade da qual a sua personagem transmite para nós e faz a gente se perguntar quais os motivos dela querer ajudar Kevin a fundo, mesmo correndo sério risco de vida. As seqüências de ambos em cena é sempre um deleite, não só pelo fato do extraordinário desempenho McAvoy, mas também pelo fato de Betty Buckley não ficar muito atrás no domínio de cena.

É claro que por ser um filme de M. Night Shyamalan, muitos fãs esperam que ocorra uma reviravolta no final da trama, assim como aconteceu em seus melhores filmes. Adianto que não é exatamente isso que acontece aqui, mas sim uma espécie de pergunta da qual ele deixa no ar sobre os eventos que aconteceram no decorrer do filme, já que a trama pode ser interpretada como algo que faça parte tanto do gênero fantástico, como também algo que transita pelo mundo real, gerando então uma verossimilhança e da qual ela sempre esteve presente nas entrelinhas dos seus filmes anteriores. De quebra, o cineasta nos brinda com uma cena final inesperada e fazendo os fãs de um dos seus filmes mais conhecidos pularem das cadeiras de tanta alegria.

Fragmentado, não só é um dos melhores filmes de M. Night Shyamalan, como também é uma aula de como se deve ser feito os filmes atualmente, já que muitos são lançados com grandes expectativas, mas a maioria ficando sempre só na promessa.

REI ARTHUR: A LENDA DA ESPADA - NOVO TRAILER

CHARLIE HUNNAM E JUDE LAW SE ENFRENTAM EM NOVO TRAILER

Com direção de Guy Ritchie, longa estreia nos cinemas brasileiros em 18 de maio
A Warner Bros. Pictures divulga novo trailer legendado de Rei Arthur: A Lenda da Espada, longa dirigido por Guy Ritchie. O vídeo (links abaixo) mostra cenas do confronto de Arthur (Charlie Hunnam) com seu tio Vortigern (Jude Law) pelo poder da Excalibur.

Sobre o filme

O aclamado cineasta Guy Ritchie leva seu estilo dinâmico para a épica aventura de ação e fantasia Rei Arthur: A Lenda da Espada. Com Charlie Hunnam no papel principal, o filme é uma tomada iconoclasta do clássico mito da espada Excalibur, traçando a jornada de Arthur das ruas para o trono.

Quando o pai do jovem Arthur é assassinado, Vortigern (Jude Law), seu tio, se apodera da coroa. Sem ter o que é seu por direito de nascimento e sem ideia de quem realmente é, Arthur cresce do jeito mais difícil nos becos da cidade. Mas, assim que ele remove a espada da pedra, sua vida muda completamente e ele é forçado a descobrir seu verdadeiro legado... goste ou não.

Estrelando com Charlie Hunnam (da série “Sons of Anarchy”) e o indicado ao Oscar Jude Law (“O Talentoso Ripley”) estão Astrid Bergès-Frisbey (“Piratas do Caribe 4") como Mage; o também indicado ao Oscar Djimon Hounsou "(“Diamante de Sangue”) como Bedivere; Aidan Gillen (da série “Game of Thrones”) como Goosefat Bill; e Eric Bana (“Star Trek”) como o pai de Arthur, o Rei Uther Pendragon.

Guy Ritchie (“O Agente da U.N.C.L.E.”) dirigiu o filme a partir do roteiro de Joby Harold (“Awake – A Vida Por Um Fio”) e Guy Ritchie & Lionel Wigram, e história de David Dobkin (“O Juiz”) e Joby Harold. O filme é produzido pelo ganhador do Oscar Akiva Goldsman (“Uma Mente Brilhante”, “Eu Sou a Lenda”), Joby Harold, Tory Tunnell (“Awake - A Vida Por Um Fio”, “Caminhos Opostos”), e os produtores de “O Agente da U.N.C.L.E.” e “Sherlock Holmes” Steve Clark-Hall, Guy Ritchie e Lionel Wigram. David Dobkin e Bruce Berman são os produtores executivos.

O time criativo de Guy Ritchie por trás das câmeras inclui o diretor de fotografia duas vezes indicado ao Oscar John Mathieson (“Gladiador”, “O Fantasma da Ópera”), a designer de produção também indicada ao Oscar Gemma Jackson (“Em Busca da Terra do Nunca”), o editor James Herbert (“O Agente da U.N.C.L.E.”, “No Limite do Amanhã”), a figurinista Annie Symons (da minissérie “Great Expectations”), a designer de maquiagem e cabelo Christine Blundell (“Sr. Turner”, filmes “Sherlock Holmes”), e o supervisor de efeitos visuais indicado ao Oscar Nick Davis (“Batman: O Cavaleiro das Trevas”). A música é de Daniel Pemberton (“O Agente da U.N.C.L.E.”).

A Warner Bros. Pictures apresenta, em associação com a Village Roadshow Pictures, uma produção da Weed Road/Safehouse Pictures e Ritchie/Wigram Production, um filme de Guy Ritchie, Rei Arthur: A Lenda da Espada. Com estreia prevista para 18 de maio de 2017 no Brasil, o filme será distribuído pela Warner Bros. Pictures, uma empresa da Warner Bros. Entertainment, e em territórios selecionados pela Village Roadshow Pictures.

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