20 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody



A vida artística de um cantor dentro do universo da música é, por vezes, tão intensa que não cabe numa única obra. No filme brasileiro Cazuza, mesmo sendo uma ótima adaptação de sua vida artística, ela não explorava, por exemplo, a relação intensa que ele tinha com o cantor Ney Matogrosso. Mas embora o fã mais fervoroso possa reclamar, Bohemian Rhapsody é ótima adaptação sobre o auge, decadência e redenção de uma das maiores bandas de rock da história da música.
Dirigido por Brian Singer (da cine série X-Men), o filme acompanha o nascimento da banda Queen surgida em 1970, formada por Freddie Mercury (Rami Malek, da série Mr. Robot), Brian May (Gwilym Lee), Bem Hardy (Roger Taylor) e John Deacon (Joseph Mazzello). Com a realização de grandes sucessos da música, a trupe vai conquistando todas as paradas. Porém, do auge vem à decadência e Freddie Mercury sente na pele o preço em obter a grande fama.
Assim como ocorreu em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Brian Singer tem a proeza de fazer uma bela reconstituição de época dos anos 70, onde surgiu a banda e sintetizando todo aquele ar rebelde, paz amor e cores quentes que moldavam aqueles anos. Em contrapartida, é notório sobre o que é visto na tela, principalmente para os fãs com olhar mais atento, de que os roteiristas optaram em condensar inúmeras passagens sobre os primeiros passos da banda e pincelando elas de uma forma mais cinematograficamente falando. Portanto, para aqueles que esperam em ver nos cinemas as inúmeras lendas urbanas que a trupe foi colecionando ao longo do sucesso, podem muito bem acabar se decepcionando, mas isso não impede que os fãs e marinheiros de primeira viagem se emocionem na frente da tela, principalmente com as principais músicas de sucesso da banda que disparam aos nossos ouvidos e que moldam a história como um todo.
É aí que mora o verdadeiro coração da obra, já que ela explora as origens dos principais sucessos da banda Queen, como Bohemian Rhapsody, Radio Gaga Ga, Hammer To Fall e We Are The Champions, Crazy Little Thing Called Love e We Wiil Rock You. Não deixa de ser divertido, por exemplo, ao vermos os integrantes sendo perfeccionistas e cuidadosos com a realização de suas principais músicas e que moldariam as suas carreiras. Vale destacar que isso, logicamente, muito se deve a Freedie Mercury, que aqui é vivido com intensidade por Rami Malek.
Conhecido pela série Mr. Robot, Malek incorpora Mercury de uma forma assombrosa, onde ele imita todos os trejeitos e a energia furiosa que o artista tinha em cima do palco. Além disso, ele se sai bem ao retratar as principais passagens do cantor em sua vida pessoal, desde os altos e baixos com a sua esposa Mary Austin (Lucy Boynton), como também das suas inúmeras relações amorosas secretas. É aí que o filme derrapa um pouco na falta de ousadia, já que Mercury era bissexual assumido e no filme essas relações ficaram um tanto que tímidas, mas também não escondendo a sua verdadeira essência de sua pessoa.
Do segundo ao terceiro ato final, o filme explora o auge e o declínio da banda, principalmente pelo fato do sucesso ter subido a cabeça de Freedie Mercury. É aí que adentramos ao clima meio que sombrio dos anos 80, onde Mercury procura o seu lugar ao sol, mesmo tendo tudo em sua mão. O cinéfilo, claro, já conhece todos os ingredientes que moldam uma biografia de um artista e já tendo, então, uma ideia do que irá vir a seguir, independente da pessoa ter sido ou não fã da banda na época.
A grande queda de Mercury ocorre quando ele descobre que contraiu a AIDS, numa época em que a doença tinha o seu maior grau de perigo e os médicos pouco sabiam como lidar com ela. É aí que os realizadores optam por liberdades poéticas para moldar esse momento tão delicado do cantor e retratando ele como alguém a procura de sua redenção. Embora apelativo para esse momento, não deixa de ser emocionante quando a música Who Wants To Live Forever é ouvida num momento tão delicado do protagonista.
Após o declínio, o ressurgimento da banda é todo pincelado para que os minutos finais do filme se tornem um grande espetáculo. É preciso ter coração de pedra para não se emocionar com a reconstituição do grande show Live Aid ocorrido em 13 de Julho de 1985. De uma forma primorosa, Brian Singer elabora um plano sequência, para termos uma total plenitude do mar de pessoas que se encontrava naquele estádio e sermos jogados no palco onde a banda se apresentou.
A partir daí, são quinze minutos de luz, som e energia vinda dos interpretes que encarnaram de corpo e alma a banda do começo ao fim. É um momento que nos damos conta que Queen nasceu como uma banda para se tornar a voz dos excluídos da sociedade, que clamam por músicas que soem como hino de protestos contra aqueles que se dizem poderosos. Em tempos em que o conservadorismo se espalha pelo mundo, uma banda como Queen faz falta em todos os sentidos.
Embora não sendo perfeito em alguns momentos, Bohemian Rhapsody é uma surpreendente experiência cinematograficamente sensorial e que nos ajuda a lavar a alma em tempos de dúvidas, medos e incertezas.

27 de setembro de 2018

O Predador (2018)

O grande clássico O Predador de 1987 serviu para inserir  novo sangue ao subgênero "exercito de um homem só", onde filmes de ação protagonizados por homens casca grossas, dos quais dizimavam um exercito inteiro, dominavam os cinemas da época. No caso do filme dirigido por John McTiernan (Duro de Matar), havia um super grupo de soldados, onde praticamente quase todos eram atores que se destacavam nos filmes de ação da época e liderados pelo até então astro Arnold Schwarzenegger. Com uma direção perfeccionista, suspense na medida certa, além de cenas de ação muito bem filmadas, o filme se tornou um sucesso instantâneo  e de forma merecida.
Claro que não demorou muito para o estúdio Fox querer investir ainda mais no caçador alienígena e logo veio O Predador 2 que, embora não seja superior ao primeiro, deixava um gancho curioso para eventuais sequências. Mas é aí que vieram os problemáticos  Alien X Predador (2004 - 2007), cujo os  filmes nada mais eram do que puro caça níqueis e que nada acrescentaram ao personagem. Robert Rodriguez (Sin City), na época como produtor, até que tentou fazer um bom filme com Predadores (2010), mas a obra nada mais era do que uma releitura do clássico e perdendo assim sua personalidade própria.
Quando se achava que não haveria mais nenhum Predador a ser levado para o  cinema, eis que a Fox novamente surpreende ao insistir em sua pepita de ouro. Contrata o diretor e roteirista Shane Black, conhecido mais pelos roteiros da quadrilogia Maquina Mortífera, ter feito uma participação como um dos soldados do primeiro Predador e ter embarcado na direção em filmes como Beijos e Tiros e Homem de Ferro 3. Com esse curriculum Black cria em O Predador de 2018 um filme que não se esquece da obra original, onde remete sobre os tempos mais simples da década de 80, mas dando um passo em falso em fazer da obra um produto mais para ser degustado do que fazer um filme com personalidade própria e dizer para que veio.
Em tempos de nostalgia com relação aos anos 80, Shane Black segue essa tendência, não só fazendo a gente se lembrar a todo momento do clássico, como também inserindo elementos que nos faz lembrar de outros filmes daquele tempo. Isso ele já havia feito em Homem de Ferro 3, mas aqui ele meio que exagera, principalmente ao colocar, novamente, uma criança super dotada (Jacob Tremblay, de Extraordinário) e peça chave da trama. Nada contra a presença de jovens  talentos, porém, a sensação que me deu quando surgia o pequeno protagonista era como se eu estivesse assistindo a outro filme e dando a entender que essa  ideia foi incrementada no roteiro em última hora.
Com relação a ala adulta, Boyd Holbrook (Logan) até que se sai bem em meio aos efeitos visuais, correria e tiroteios, principalmente por carregar um ar de anti herói dos velhos tempos. Falando nisso, a trupe de mercenários que acabam caindo de para quedas na  história, rende alguns momentos engraçados e fazendo com que nos importemos com os seus destinos. O problema é aquele velho discurso de soldado herói dos anos 80, que aqui é usado a todo momento e soando inverossímil demais em tempos contemporâneos.
Mas tudo isso fica ainda pior mesmo no terceiro ato final da trama, onde ação remete elementos tanto do primeiro, como do segundo filme e gerando uma sensação de dejà vu no mal sentido. Para piorar, há praticamente dois finais nítidos na reta final da trama, sendo que o epílogo é uma proposta escancarada para que a franquia seguir novos rumos no cinema, mas soando também repetitiva e cansativa. Em tempos em que o cinema cada vez mais se sustenta com franquias sem fim, essa aqui se torna dispensável para não dizer esquecível.
O Predador (2018) pode até ser divertido em sua proposta mas que sofre da enorme sombra criada pelo grande clássico dos anos 80. 

CREED II - NOVO TRAILER

Michael B. Jordan, Sylvester Stallone e Tessa Thompson reprisam seus papéis, com direção de Caple Jr e produção executiva de Ryan Coogler

Saiu o novo trailer do aguardado longa Creed II, que conta com os astros Michael B. Jordan e Sylvester Stallone reprisando seus papéis como Adonis Creed e Rocky Balboa, respectivamente. O destaque do vídeo é a tensão que antecede a luta entre Adonis e seu mais novo rival: Viktor Drago, filho do lendário rival de Rocky, Ivan Drago. Já as artes trazem Adonis Creed e Rocky Balboa.

O longa, que tem previsão de estreia para 24 de janeiro de 2019 no Brasil, é a sequência do aclamado sucesso "Creed – Nascido para Lutar", de 2015, que arrecadou mais de US$ 170 milhões de bilheteria global.


Sobre o filme

A vida se tornou um ato de equilíbrio para Adonis Creed. Entre obrigações pessoais e treinamento para a próxima grande luta, ele encara o desafio de sua vida. Enfrentar um adversário com laços com o passado de sua família só intensifica sua batalha iminente no ringue. Rocky Balboa está lá ao seu lado e, juntos, Rocky e Adonis vão confrontar o legado que compartilham, questionar por que vale a pena lutar e descobrir que nada é mais importante que a família. Creed II é sobre voltar ao básico para redescobrir o que fez de você um campeão e lembrar que não importa para onde você vá, você não pode escapar da sua história.

Também reprisam seus papéis do primeiro filme: Tessa Thompson como Bianca, Phylicia Rashad como Mary Anne, Wood Harris como Tony "Little Duke" Burton e Andre Ward como Danny "Stuntman" Wheeler. O novo elenco é completado com Florian "The Big Nasty" Munteanu como Viktor Drago, Dolph Lundgren retornando ao papel de Ivan Drago e Russell Hornsby como Buddy Marcelle. Creed II será distribuído nos Estados Unidos pela MGM e a Warner Bros. Pictures distribuirá o filme internacionalmente.

Caple Jr. dirige a partir de um roteiro original escrito por Stallone baseado nos personagens da franquia Rocky. As filmagens ocorreram principalmente na Filadélfia, com localizações adicionais no Novo México.

23 de agosto de 2018

Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível


O grande problema das adaptações em carne e osso dos desenhos animados de antigamente para o cinema é que eles se atualizam para os tempos contemporâneos e acabam perdendo o que os tornavam tão preciosos. Pica-Pau: O filme, por exemplo, de nada me lembra o personagem maluco do qual assistia quando pequeno; isso faz com que aqueles desenhos se tornem cada vez mais pertencentes aos tempos mais dourados. Em contrapartida, Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível surpreende não só em ir muito além daquele velho bosque dos 100 Acres, como também manter intacto a personalidade dos personagens que tanto admiramos.


Baseado no conto de A.A. Milne e E. H. Shepard e dirigido por Marc Foster (Em Busca da Terra do Nunca), a trama mostra Christopher Robin (Ewan McGregor) já adulto, casado, pai de uma filha e um homem de negócios de uma empresa que fabrica malas. Christopher, entretanto, já não é aquele menino sonhador, que gostava de brincar com o Ursinho Pooh e seus amigos e, com tantas responsabilidades no trabalho, não aproveita o tempo livre com a sua família. Cabe ao Ursinho Pooh e seus amigos voltarem para vida de Christopher e mostrar a ele o que faz a vida valer a pena.

Começando adaptação de uma forma que se interligue com o conto original, o filme consegue a proeza de nos convidar de uma forma segura para o cenário que vai além do conhecido Bosque dos 100 Acres e faz com que a gente aceite as mudança que virão em seguida. Ao vermos, por exemplo, o menino Christopher crescido, isso faz com que nos identifiquemos com a trama facilmente, principalmente pelo fato do protagonista não ter se distanciado muito do que ele já foi um dia, mas tendo sido obrigado a amadurecer perante os obstáculos que vieram em sua vida. Tendo todas as chances do mundo em cair numa típica armadilha de interpretação caricata, Ewan McGregor até que se sai bem como o protagonista, já que ele consegue manter um equilíbrio entre o exagero e verossímil e faz com que o seu personagem se torne realmente humano perante os nossos olhos.

Outro aspecto interessante é a direção de Marc Foster, ao conseguir recriar com perfeição aquele mundo mágico e fazê-lo transitar com segurança para o nosso mundo. Nada de uma edição vertiginosa, ou muito cartunesca, mas sim com muita leveza e tendo todo o cuidado na reapresentação dos conhecidos personagens para os velhos fãs e para um novo público. Ao revermos Ursinho Pooh, Tigrão, Leitão, Bisonho e os demais em suas versões digitais, porém verossímeis, a nostálgica toma conta da tela.

Toda aquela velha filosofia vinda de personagens tão inocentes podem até soar piegas para um público atual, acostumado a tanta informação a cada minuto, mas nunca é demais voltarmos a sentir algo mais simples e humano. Se a mensagem principal do clássico Forrest Gump, por exemplo, de que a inocência é o caminho para a felicidade, o modo de vida daqueles personagens, portanto, não fica muito atrás, principalmente ao saberem apreciar o mundo do qual irão testemunhar. Em tempos em que as pessoas cada vez mais se encontram presas em seus aparelhos celulares, com suas redes socais artificiais, nunca é demais olharmos o que existe além das janelas do trem.

Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível é convite singelo para revermos velhos amigos da nossa infância e nos ensinar em saber apreciar o que vale a pena na vida.


2 de agosto de 2018

Missão Impossível - Efeito Fallout



A Cine Série Missão Impossível teve a sua primeira aventura bem sucedida no já longínquo ano de 1996. Porém, mesmo com a direção do cineasta John Woo, Missão Impossível 2 deu uma patinada e deixando a cine série a deriva. Mas foi a partir da chegada de J.J Abrams (Lost) ao terceiro filme que a cine série ganhou um novo ar revigorante e empolgando o cinéfilo em cada nova aventura que veio adiante.
Embora cada filme funcione até hoje de uma forma independente, é curioso que desde o terceiro filme sempre foi incrementado personagens e elementos que se interligassem um com outro. O Capítulo anterior já dava sinais disso, mesmo quando ele se encerrou de uma forma perfeita, mas deixando pontas soltas e das quais poderiam ser exploradas nas eventuais sequencias. Eis que esse sexto filme, Impossível - Efeito Fallout, talvez seja o mais dependente dos filmes anteriores, mas se tornando um dos melhores filmes da cine série e, talvez, um dos melhores filmes de ação do ano.
Dirigido novamente por Christopher McQuarrie, o filme se passa dois anos após a aventura anterior, onde vemos Ethan Hunt (Tom Cruise) tendo que lidar novamente com o terrorista Solomon (Sean Harris). Hunt novamente conta com a sua velha equipe, além do retorno da agente Iisa Faust (Rebecca Ferguson). Porém, Hunt faz alianças improváveis, como no caso do agente August Walker (Henry Cavill) que é muito mais do que aparenta ser.
Engraçado que, mesmo após mais de duas décadas desde o primeiro filme, algumas ideias já bem manjadas ainda funcionem nessa nova aventura. O início, aliás, parece um prólogo estendido do que já havia sido visto na primeira aventura e nos pegando desprevenidos, mas isso graças ao bom desempenho de Tom Cruise em cena. Mesmo aparentando sinais de velhice, é surpreendente como o ator se arrisca num filme que lhe exige tanto fisicamente, mas parece que ele não dá sinais de que esteja  pensando em desacelerar.
Ação, aliás, é o carro chefe dessa nova aventura e que, embora sejam muitas, é impressionante como que cada uma delas são inseridas de acordo com o que a história exige. O que torna elas ainda mais especiais é o fato do filme possuir o uso quase zero de efeitos digitais nesses momentos e fazendo com que a gente sinta um grau de verossimilhança mesmo nas mais absurdas sequências. As cenas de perseguição vistas em Paris remetem até mesmo o clássico Operação França e sendo elas qualquer coisa melhor do que já foi visto em filmes como Velozes e Furiosos da vida.
Porém, são nas cenas de luta onde o coração do filme mais pulsa. Desde que a Identidade de Bourne foi lançado, o filme estrelado por Matt Damon serviu de modelo de como as cenas de luta corpo a corpo devem ser filmadas e aqui, pelo visto, os realizadores fizeram o dever de casa: a cena de luta dentro do banheiro são sufocantes e muito  empolgantes.
Das caras novas, Henry Cviil rouba a cena, ao interpretar um agente profissional, mas cuja as suas reais intenções ficam sendo um mistério a todo momento. E se Rebecca  Ferguson novamente rouba a cena toda vez que aparece, Vanessa  Kirby (da série The Crown) possui uma presença dominante mesmo nos poucos momentos na tela. A ala feminina, aliás, nos reserva um momento surpresa e que irá se fechar um círculo de eventos que se iniciou a partir do terceiro filme. 
Com um final de tirar o fôlego, Missão Impossível - Efeito Fallout é um exemplo claro de que a cine série tão cedo não sairá dos trilhos e essa não precisa ser exatamente uma missão impossível.  

27 de julho de 2018

Homem-Formiga e Vespa



Homem-Formiga (2015) é um filme curioso dentro do universo cinematográfico Marvel, pois diferente dos seus colegas, ele não é nenhum pouco pretensioso em querer mudar a vida de ninguém, mas sim entreter do começo ao fim. Embora não tenha sido um estouro na bilheteria, o filme funciona como uma bela sessão da tarde para a toda família e fez com que o herói tivesse participação importante em Capitão América: Guerra Civil. Pois bem, chegamos agora a Homem-Formiga e Vespa, filme que dá continuidade as aventuras do personagem, mantendo a nivelação de entretenimento do primeiro filme e nos convidando para uma aventura leve e agradável para toda a família.
O filme se passa logo após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, onde Scott Lang (Paul Rudd) cumpre prisão domiciliar por ter agido de forma ilegal. Ao mesmo tempo, Hope van Dyne (Evangeline Lilly) e Dr. Hank Pym (Michael Douglas) tentam de todas as formas em resgatar a primeira Vespa (Michelle Pfeiffer), que se encontra a trinta anos presa no reino quântico. Cabe a união do trio em resgata-la, mas precisaram enfrentar novos obstáculos para chegarem até ela.
Embora faça parte do universo compartilhado da Mavel, é curioso como os roteiristas foram habilidosos ao enlaçar esse filme aos eventos do que já foi visto no cinema, mas tornando a história fechada e funcionando de uma forma independente e nada complexa. Embora pertencente ao gênero fantástico, Homem-Formiga não perde muito tempo em explicações complexas com relação, por exemplo, ao Reino Quântico e focando somente no resgate da primeira Vespa e na volta da união de Scott Lang com Dr. Pym e sua filha Hope. Isso acaba gerando momentos muito divertidos quando o trio se encontra em cena, onde eventos que acontecem dentro de uma escola, por exemplo, se tornam hilários.
Falando nisso,  luís  (Michael Pena), malandro e grande amigo de Scott lang, novamente rouba a cena no quesito de humor e nos rendendo momentos divertidíssimos. Em tempos em que personagens secundários ganham filmes ou curtas metragens dispensáveis, Luís merecia a honra de ter uma pequena aventura só dele: a cena em que ele experimenta um soro da verdade é cômica e nos brindando novamente com uma empolgante edição de cenas dos seus relatos.
Mas embora o filme seja o mais leve do universo Marvel, é curioso como eles vem criando vilões sombrios, mas carismáticos e dos quais compreendemos as suas ações. A Fantasma (Hannah John-Kamen), por exemplo, é uma figura trágica dentro da trama, da qual não está ali para dominar o mundo, mas sim usando todos os meios para continuar vivendo. O mesmo não vale para o vilão Sonny Burch, cuja interpretação do ator Walton Goggins soa meio caricata, mas que não compromete o resultado final da trama.
E se o humor é garantido nas quase duas horas de projeção, as sequências de ação não ficam muito atrás e rendendo momentos empolgantes no terceiro ato da trama. Pode-se dizer que o cineasta Peyton Reed faz uma pequena aula na reta final da trama de como efeitos especiais mirabolantes podem ser sim muito bem usados em prol de uma boa história. Falando do final, não é segredo para ninguém que Michelle Pfeiffer rouba a cena quando finalmente a sua personagem Vespa surge e brindando aos velhos fãs com um momento  inesquecível e muito bem vindo. 
Com uma importantíssima cena pós créditos que colocará Scott Lang como peça crucial para o próximo filme dos Vingadores, Homem-Formiga e a Vespa é uma aventura divertida e heroicamente verdadeira para toda a família.

19 de julho de 2018

Os Incríveis 2

O cinema de 2004 era de outros tempos, onde os filmes baseado em super herói de HQ eram lançados de uma forma ainda esporádica e bem diferente do que se vê hoje em dia. Quando a Pixar lançou Os Incríveis naquele mesmo ano havia no filme um frescor de novidade, mesmo para aqueles acostumados a lerem um gibi, mas sentindo um sabor redobrado quando se enxergava na tela toda aquela aventura que representava tempos mais simples e dourados para os heróis mascarados. Passados quase quinze anos depois da primeira história, a família Pera retorna em uma mais nova aventura que, além de um elevado grau de nostalgia em cena, o filme redobra questões que vão desde a família, preconceito e liberdade.
Novamente dirigido por Brad Bird, o filme começa exatamente onde havia se encerrado aventura anteriormente. A família Pera novamente salva a cidade onde vivem, mas como a lei que proíbe super-herói agirem ainda vale, eles são obrigados novamente a ficarem escondidos da visão do público. Porém, um multimilionário dá a chance para que eles sejam reconhecidos pelo povo e que possam agir livremente, mas nem tudo é o que parece.
Assim como ocorreu no filme original, as atividades heroicas aqui ficam em alguns momentos em segundo plano e dando lugar aos problemas comuns do dia a dia em que a família Pera precisa enfrentar, desde o fato de Beto estar novamente desempregado, como também do Zezé estar cada vez mais usando os seus poderes. Porém, aqui os papeis se invertem, já que é Helena que vai agora combater o crime, para assim fazer com que os heróis voltem a ser legais e enquanto isso Beto cuida da casa e dos filhos.
Basicamente Brad Bird faz aqui uma espécie de releitura do primeiro filme, mas atualizando algumas questões debatidas nos dias de hoje, desde o fortalecimento dos movimentos feministas como também sobre a questão de determinados grupos de pessoas que até hoje sofrem preconceito. Mas o filme vai mais além, pois coloca em debate sobre qual seria o real papel dos políticos de hoje que, ao invés de ajudar o povo, criam leis que os prejudicam. Em tempos retrógrados que acontecem hoje no Brasil e no mundo, os realizadores da Pixar parecem bem sintonizados com relação ao que está acontecendo.
Mas se por um lado essas questões são mais para atrair o público adulto, em contra partida, os pequenos não ficaram desapontados, pois ação é a palavra chave em termos de entretenimento desse filme. Assim como acorreu no filme original, Brad Bird cria um visual retro, cartunesco, do qual enche os nossos olhos e se casando com perfeição com as cenas de ação vertiginosas e animalescas. Atenção para as sequências de ação protagonizadas pela Mulher Elástica em cima de uma moto que é, desde já, uma das melhores desse ano.
Além da ação garantida, aguarde também por momentos de humor protagonizados pelo Pera, já que cuidar da casa e dos filhos acaba se tornando muito mais desafiador do que enfrentar meros bandidos. E se por um lado o divertido Gelado (voz de Samuel Le Jackson) tem uma participação aumentada, a cativante Edna Moda tem presença reduzida, mas ao mesmo tempo relevante num determinado momento da história. Infelizmente o filme sofre pela falta de um vilão mais complexo do que foi visto no filme original, sendo que ele serve na trama mais como desafio e desculpa para que a maioria dos heróis saia das sombras.
Mesmo com esse deslize, Os Incríveis 2 é um indispensável filme para toda a  família, onde questões contemporâneas e boa aventura andam sempre em boa sintonia. 
 

27 de junho de 2018

Jurassic World: Reino Ameaçado

O grande problema dos filmes da franquia Jurassic Park é deles sofrerem com as comparações ao clássico de 1993. Steven Spielberg criou na época um verdadeiro filme evento, do qual os efeitos visuais se tornaram revolucionários e fortalecendo a ideia da verossimilhança dentro do gênero fantástico. Após um segundo filme (O Mundo Perdido) que não havia chegado aos pés do seu antecessor, e de um apenas “ok” terceiro filme, a franquia se fortaleceu de uma forma surpreendente em Jurassic Wold, um filme carregado de nostalgia e que fez os fãs voltarem a respeitar a franquia.
Mas também não adianta resgatar o que havia dado certo no passado e não tentar arriscar por algo novo. Talvez isso tenha passado na cabeça dos produtores, ao dar continuidade aos eventos do filme anterior, mas lançando um olhar mais autoral e sombrio para Jurassic World: Reino Ameaçado. A responsabilidade caiu nos braços de Juan Antonio Bayona, diretor apadrinhado por Guilherme Del Toro, que havia chamado atenção no ótimo filme de horror O Orfanato e surpreendo no filme catástrofe O Impossível.
A trama se passa cinco anos após os eventos do filme anterior, onde o parque acabou sendo evacuado e deixando os dinossauros dominarem tudo. Porém, um vulcão entra em erupção e ameaçando a vida de todos os dinos que se encontram por lá. Cabe o esforço de Nick (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) de retornarem a ilha e de tentar salvar o máximo que for possível de dinossauros, mas tendo homens gananciosos como obstáculos durante o caminho.
Basicamente, o filme é uma releitura melhorada do segundo filme da franquia, mas sendo ainda mais sombrio e com momentos de puro terror. Não que Juan Antonio Bayona tenha exagerado na dose, muito pelo contrário, mas ele acaba usando os velhos artifícios de luz e sombras e criando um clima até mesmo gótico. Imagine o clássico de 1993 tendo sido dirigido pelo estúdio colorido Marvel e esse tendo sido dirigido pela Warner/DC que faz dos seus filmes com um teor mais adulto que daí vocês terão uma ideia do que eu estou dizendo.
E se num primeiro momento o retorno do personagem Iam Malcolm (Jeff Goldblum) é festejado pelos nostálgicos, por outro, muitos ficarão chocados pelo seu posicionamento com relação ao destino dos dinossauros da ilha. O caso que o filme é mais ecologicamente correto da franquia, mas ao mesmo tempo, tocando em assuntos espinhosos sobre o papel do homem perante criar ou não tais criaturas que foram dadas e tiradas pela natureza. Cabe o homem escolher em salvar o que havia recriado? Ou deixar que a natureza cuide disso?
Em meio a esses dilemas o filme novamente nos brinda com boas cenas de ação, mesmo quando elas soem um tanto que exageradas. Se no clássico de 1993 havia uma preocupação em nos passar realismo, aqui isso se distancia um pouco no momento em que os dinossauros saem da ilha e adentram num cenário até então inédito. Porém, é de se tirar o chapéu para o cineasta em ter conseguido criar cenas absurdas, mas das quais nos prende na cadeira: atenção para a cena em que os protagonistas precisam tirar sangue do T Rex.
Em meio essa tentativa de inovar a franquia, ao mesmo tempo, o filme por pouco não descamba para o velho clichê de humanos malvados sedentos por dinheiro. Claro que não precisamos ser gênios para saber que tudo irá dar errado e á maioria dos vilões irão terminar como almoço para os dinos. E se por um lado a ideia de se criar um dinossauro novo através de experimentos já esta mais do que batido, por outro, o segredo que se encontra na jovem personagem Maisie (Isabella Sermon) se revela a maior surpresa da trama, mesmo quando a fórmula já foi vista e revista em outras franquias. 
Com a participação especial de Geraldine Chaplin, Jurassic World: Reino Ameaçado é um filme que transita entre o clichê e a inovação e criando novos rumos para os dinos numa eventual futura aventura.


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