15 de dezembro de 2017

Star Wars - Episódio VIII: Os Últimos Jedi

Estreiou em todo o Brasil o mais novo filme da franquia Guerra nas Estrelas e a grande preocupação são os SPOILERS.
O filme é muito bom e cativante com os personagens antigos. Creio que ele chegou no limite de abusar do humor... quase comprometeu o filme com piadinhas bobinhas, numa tentativa de quebrar a seriedade da trama.

Desta vez, os remanescentes da Nova República, que instauraram uma resistência à Primeira Ordem, estão fugindo em busca de uma nova base secreta. O objetivo deles é aguardar que a missão de Rey seja um sucesso, e que o Mestre Jedi Luke Skywalker volte para restaurar a esperança de uma galáxia melhor. Quem assistiu à série Battlestar Galactica, vai notar uma referência no estilo da fuga.

Rey ao encontrar Luke, descobre que ele se fechou para a Força, desapontado por não ter conseguido criar uma nova Ordem Jedi, ao ser traído pelo jovem Ben Solo, que se tornou o vilão Kylo Ren.

Kylo está cada vez mais forte no lado negro, assim como Rey está cada vez mais forte na Luz. Em seu treinamento com Luke, Rey percebe que tanto ela como Kylo tem conflito na Força para passar para o outro lado. Isso vai colocá-los numa relação inusitada... pois a Força os conecta de maneira cada vez mais forte. Mas ambos ainda estão muito imaturos em relação a seus poderes.
O filme se torna mais interessante, do ponto de vista que ele expande a discussão sobre a ambivalência e dicotomia Força, da luta entre o bem e o mal, entre a Luz e a Escuridão. O filme também expande os poderes de quem consegue dominar a Força.

Sobre os demais personagens, Leia mostra um domínio surpreendente da Força. Poe Dameron, o pilotro rebelde, se mostra imaturo e ainda mais audacioso (notavelmente numa tentativa da produção de preencher o espaço de Han Solo). Finn, ainda com recaídas de sua covardia embarca numa missão ousada com Rose, a nova integrante do grupo principal da resistência.

Do outro lado, Hux e Phasma apenas preenchem a obra sem destaque para a trama e Snoke parece ter um poder ainda maior que o de Vader, como o próprio Andy Serkis mencionou recentemente. 

A obra também sustenta durante mais da metade do filme a discussão sobre quem são os pais da Rey, tão discutida pelos fãs... Se seria filha do Luke ou também do Han e Leia ou se haveria outra origem para sua força. Por fim, é revelado (o que não vou fazer aqui).
Como disse, o filme é bom, mas ele mantém a lógica da produção de ser um recomeço da saga, usando os demais filmes como mera referência. Notadamente, se o Episódio VII foi um reboot disfarçado de Uma Nova Esperança, o Episódio VIII segue a linha de "O Império Contra-Ataca", com diversas referências, na trama, nas cenas de batalha e no treinamento da Rey.

O que os fãs vão sentir falta é que este filme tem menos "Easter Eggs", ou seja, menos homenagens e referências de falas e objetos aos filmes clássicos e a trilha sonora é óbvia para Star Wars, sem grande inovações... parece que a genialidade de John Williams chegou no seu limite.

O bacana é que a participação nova de um antigo personagem, é muito cativante, bem como uma singela homenagem à Carrie Fisher, no último diálogo entre Luke e Leia.

Além disso, decisões importantes tomadas nesse filme, poderão levar a saga para um outro nivel... ou para um grande fechamento com o Episódio IX, mas eu suponho que a Disney não irá parar por aí e deverá lançar mais e mais sequências.

Curtam o filme e que a Força esteja com você, sempre.

8 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente (2017)

Kenneth Branagh é um sobrevivente em meio à indústria cinematográfica, pois embora tenha criado uma carreira sólida tanto como ator como também cineasta, ele nunca exatamente se vendeu aos engravatados do cinemão americano, mas sim sempre se preocupou em fazer um cinema de sua autoria e independente de qual gênero ele fosse abraçar. Das adaptações da obra de Shakespeare (Enrique V e Hamlet) a adaptações de HQ (Thor), Branagh também ousou se aventurar no horror, ao criar, para mim pelo menos, a melhor versão do conto de Mary Shelley's, Frankenstein de 1994. Agora em pleno 2017 o cineasta se arrisca em trazer de volta ao cinema Assassinato no Expresso do Oriente, obra máxima da escritora Agatha Christie.
O filme se passa nos anos 30, onde um luxuoso trem prossegue em sua longa viagem pela Europa. Entre os passageiros se encontra o detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh), um dos melhores do ramo e que é sempre chamado para investigações misteriosas. Após uma avalanche, do qual deixou o trem parado nos trilhos, um misterioso assassinato ocorre, sendo que a vitima recebeu doze facadas e fazendo com que Poirot inicie a investigação que terá desdobramentos imprevisíveis.
Nem vou me estender muito em fazer comparações dessa versão com a do clássico de 1974 comandado por Sidney Lumet (Um Dia de Cão), pois embora seja a mesma trama, ambos os filmes são moldados de uma forma completamente diferente. Enquanto a versão de Lumet segue de uma forma fiel e simples ao adaptar o conto da escritora, Branagh opta em fazer com que as passagens do conto criado naquele período (1934) soem mais verossímeis nos dias de hoje. Não que o clássico da literatura tenha envelhecido mal, muito pelo contrário, mas Branagh optou até mesmo em explorar os dilemas e os conflitos que cada um daqueles misteriosos personagens vive naquele momento no trem e enveredando as situações até mesmo num grau de verossimilhança aceitável.
Essa versão de Hercule Poirot, por exemplo, criada pelo próprio Branagh para si soa até mesmo mais humana, pois embora demonstre um lado pretensioso ao dizer que é o melhor detetive do mundo, ele acaba não escondendo o quão se sente fragilizado perante uma investigação da qual ele mesmo reconheça que talvez não esteja preparado para concluí-la. Os fãs mais conservadores talvez não venham aceitar tais mudanças, mas no meu entendimento Branagh tirou leite da pedra, pois o resultado nas mãos de outra pessoa poderia ser muito pior hoje em dia.
Tecnicamente, o filme possui um dos mais belos visuais cinematográficos do ano, do qual não é preciso de um 3D para que as cenas saltem na tela, pois os cenários fazem que os nossos olhos brilhem para cada quadro de cena revelado. Além de uma edição de arte e fotografia que anda sempre em mãos dadas, Branagh, assim como fez em seus filmes anteriores, usa e abusa do uso da câmera e fazendo com que ela não tenha limite em alcançar determinado local de cena: o plano sequência onde se é apresentado cada um dos personagens principais embarcando no trem antes da partida é disparado um dos melhores momentos da obra.
Assim como na versão de 1974, o filme é moldado por um elenco estelar, do qual cada um tem uma função importante e que faz com que as engrenagens da trama fluem perfeitamente. Mas não esperem grandes interpretações, pois eles estão ali mais para dar vida à obra de Agatha Christie do que sobrepor ao que já havia sido feito pela autora. Porém, é preciso reconhecer o esforço de alguns, principalmente com relação ao belo desempenho de Michelle Pfeiffer que, ao interpretar a personagem Caroline Hubbard, ela consegue a proeza de moldá-la com inúmeras camadas, fazendo dela um ser trágico e sintetizando o lado ambíguo de todos que se encontram naquele trem.
Com uma referencia explicita a Santa Ceia de Leonardo da Vinci nos seus minutos finais, Assassinato no Expresso do Oriente de 2017 é cinema autoral de qualidade vindo do diretor Kenneth Branagh, mesmo quando se preocupa em ser fiel a sua fonte de origem literária.  

29 de novembro de 2017

A VILÃ

O cinema sul coreano não é muito diferente do americano, sendo que produzem também inúmeros gêneros, desde a comédia romântica, terror e etc. A diferença é que lá se valoriza um cinema mais autoral, com direito de cada cineasta manter a sua visão pessoal na produção de seus filmes e resultando em obras indispensáveis. É claro que para o marinheiro de primeira viagem, principalmente para aquele que se acostumou com o comodismo do cinema americano, A Vilã pode ser um verdadeiro soco no estômago, mas superando qualquer filme de ação ianque que se preze.
Dirigido pelo documentarista Byeong-gil Jeong, acompanhamos a cruzada de uma espiã Sook-hee (Ok-bin Kim), que na infância viu o seu pai sendo assassinado e acabando sendo treinada desde cedo para se tornar uma verdadeira maquina de matar. Anos vão se passando, ela se casa com o seu próprio mentor, mas esse último acaba sendo morto pelos seus inimigos. Jurando vingança, ela passa os próximos dez anos em um novo treinamento, cuidando de uma filha e com a promessa de uma vida comum, mas mal sabendo das artimanhas que pessoas próximas estão criando contra ela.
É claro que alguns críticos neste momento irão comparar facilmente essa obra ao clássico francês Nikita de Luc Besson. Porém, é de estranhar a tamanha coincidência que o filme chegue aos cinemas pouco depois do filme Atômica, estrelado, produzido por Charlize Theron e cuja trama possui algumas passagens semelhantes a esse filme coreano. Contudo, esse último sai ganhando, principalmente pelo fato do cineasta não colocar as mãos no freio e com intuito de chocar e nos surpreender com cada cena de ação apresentada.
Os primeiros minutos de projeção, aliás, supera quase em tudo o que havia sido apresentado no cinema nesse ano em termos de ação e violência. Começando com uma sequência em primeira pessoa, testemunhamos algo parecido no que é visto num jogo de vídeo game, onde o jogador precisa atirar e recarregar a arma antes que venha a ser atacado. O Resultado é uma sequência (aparentemente) sem cortes, onde vemos os adversários tombando de um em um em meio a tiros, facadas e jatos de sangue para todos os lados.
Mas a cena não para por aí, pois o cineasta Byeong-gil Jeong tem a proeza de criar ângulos de câmera impossíveis e dos quais somente com o uso de efeitos visuais seria possível. Porém, é praticamente impossível de nós percebemos o uso desse recurso nessa sequência, assim como os cortes quase imperceptíveis e isso graças a uma montagem mirabolante. Quando vemos o reflexo da protagonista num espelho, por exemplo, a câmera deixa de ser a representação do seu olhar, mas quase não nos damos conta dessa mudança brusca na apresentação dessa abertura alucinante, pois já estamos mais do que eufóricos com relação ao que está acontecendo naquele momento na tela.
Após essa abertura, o filme desacelera um pouco, para que então comecemos a conhecer melhor a natureza daquela personagem e do porque ela ter entrado nesse labirinto de violência e sangue. O grande problema é que a trama em si poderia render pelo menos dois filmes, mas os realizadores optaram então em condensar tudo numa única história de pouco mais de duas horas. Não que tudo pareça ser incompreensivo, mas requer atenção, principalmente por possuir cenas que, por vezes, parecem um tanto que fragmentadas e incompreensíveis num primeiro momento.
A situação somente melhora pra valer no terceiro ato, quando a protagonista conhece a real natureza da realidade em que vive, até então distorcida e moldada por pessoas que até então a enganavam num jogo de múltiplas conspirações. Se a trama, por vezes, se torna inverossímil, pelo menos a atuação feroz da Ok-bin Kim compensa tudo, pois realmente sentimos uma fúria vinda de sua personagem e da qual ela bota pra fora nos minutos cruciais da trama. Esses minutos, aliás, é uma espécie de continuidade com os minutos iniciais do filme e nos deixando novamente anestesiados até mesmo quando começam a subir os créditos finais.
A Vilã é desde já um dos melhores filmes de ação do ano, mas não recomendado para estômagos fracos. 
 

15 de novembro de 2017

LIGA DA JUSTIÇA (Crítica)

Filme reúne heróis clássicos dos quadrinhos da DC como embrião da Liga da Justiça.
É difícil para mim, com 32 anos de idade, assistir ao longa-metragem da Liga da Justiça, sem fazer associações com todas as influências que eu já tive sobre os heróis da Detective Comics (DC). Desde minha infância, foram histórias em quadrinhos, desenhos animados e filmes do Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Aquaman, Lanterna-Verde e da própria Liga da Justiça dos Super-Amigos.

A história está contextualizada no novo universo cinematográfico da DC, que iniciou com Homem de Aço (de 2013), cujos eventos culminaram em Batman VS Superman: A Origem da Justiça (de 2016). Vale lembrar também que está contido neste universo o (péssimo) Esquadrão Suicida (2016). Com tantos problemas de produção, a direção ficou a cargo de Zack Snyder (300, Watchmen) que traz suas características fortes de estética também neste filme. No elenco principal estão Gal Gadot (Mulher-Maravilha), Jason Momoa (Aquaman), Ben Affleck (Batman), Ezra Miller (Flash), Ray Fisher (Cborgue) e Henry Cavill (Superman). O filme conta ainda com participações importantes de estrelas como Amy Adams (Lois Lane), Diane Lane (Martha Kent), Joe Morton (Dr. Silas), J.K. Simmons (Comissário Gordon), Jeremy Irons (Alfred), Ciarán Hinds (Steppen Wolf), entre outros.
Na trama, após a morte de Superman contra o Apocalipse, uma outra força alienígena desperta e percebe que, com a humanidade sem esperança, é a hora de tomar a Terra. O vilão desta vez é o Lobo da Estepe, que busca juntar 3 "caixas-mãe, que lhe darão o poder necessário para destruir a Terra. Para isso, ele junta um exército de "insetos-voadores-humanoides" (os mesmos do "hype" do Batman no filme anterior) que se alimentam de medo (nerds irão reparar que há sempre elementos amarelos junto deles, a energia do Medo, mas ainda sem referência direta à energia da esperança dos Lanterna-Verdes). Para salvar a Terra, Batman busca ajuda da Mulher-Maravilha e tenta encontrar outros "meta-humanos): Arthur Cury, o Aquaman, cujo poder emana do continente perdido de Atlantis e tem poder sobre as águas (ou ele fala com os peixes?); Barry Allen, o Flash, que tem a velocidade de um relâmpago e Victor Stone, Ciborgue, um jovem ressuscitado pela intervenção do próprio pai cientista, que utiliza dos poderes de uma das caixas-mãe ranformando-o numa máquina que pode se conectar a toda as redes, aparelhos eletrônicos e tem conhecimento de linguagem alienígena.

Mas o Superman não tinha morrido? Como é que ele aparece nos créditos? Bem, quem é novo nisso deve entender que Super-Heróis da DC (quase) nunca ficam mortos para sempre. Impossível fugir do spoiler aqui, mas resumidamente, Batman encontra um jeito de ressuscitar seu super-amigo para juntos lutarem pela Terra novamente.

Aqui faço minha primeira crítica ao filme. O método para trazer o Superman de volta à vida foi, tecnicamente muito simples... Não há falhas no roteiro, tudo fica bem explicado, mas é pobre na dramaticidade. Particularmente, ao ver fotos de Henry Cavill de barba nos sets de filmagem, eu esperava que tivesse algum tipo de exílio dele, para que voltasse mais forte, mas não... ele passa por certa perturbação, mas ao ver Lois Lane, o amor de sua vida, rapidamente volta a ser o bom e velho Clark Kent.

Além disso, outra situação que me incomodou um bocado sobre Henry Cavill foi o efeito visual para tirar o seu bigode digitalmente. Durante as gravações de Liga da Justiça, Cavill mantinha um contrato que o impedia de raspar o bigode para Missão: Impossível 6. Assim, o jeito foi "raspar" digitalmente, o que não ficou bom... estava claro que algo estava "errado" na cara dele.
Fora isso, o filme funciona bem, com humor na dose certa, sem forçar a barra. A exemplo da Marvel, optaram por deixar os ganchos das sequências nas cenas finais (deve vir aí algo do tipo Liga da Injustiça).

Sobre os demais personagens, são tão significativos na cultura pop, que é quase impossível alguém mesmo fazer algo novo sem associar as clássicas produções de desenho e série dos anos 60, 70 e filmes nos anos 80. Os próprios roteiristas bebem nessa fonte certamente ao criar referências para as piadas no filme, como quando Batman faz referências a 'pinguins amarrados com bombas' como uma "era mais simples". O destaque do humor fica no Flash, usado como um jovem adulto, ainda meio adolescente, como a Marvel sabiamente sou fazer com Spiderman. Batman é o Líder deste grupo, mas sabe que somente Superman pode trazer esperança novamente à humanidade. Mulher-Maravilha é a força incansável, ainda com medo de assumir seus poderes e liderar junto por traumas do passado. Aquaman interpretado por Momoa dá um ar diferenciado daquele patético herói que ninguém queria ser na infância; agora ele é forte, destemido, e um anti-herói, que prefere viver sozinho (é quem tem menor participação na trama). Quem ganhou bastante importância foi Ciborgue, pela suas capacidades técnicas, muito mais do que por sua personalidade de jovem adulto, tentando descobrir seu papel neste novo mundo.

A trilha sonora leva a assinatura de Danny Elfman, mas traz elementos da trilhas que Hans Zimmer criou para os filmes anteriores. Ela funciona muito bem e, para mim, ficou muito clara a utilização sutil de elementos dos icônicos temas do Superman clássico de 1978, de John Williams e do Batman de 1989, do próprio Elfman. Ambas foram usadas como leitmotiv, nas entradas de Superman e Bataman, respctivamente, na principal cena de ação. É mais um elemento na tentativa quase certeira de Zack Snyder dar um tom de "épico" ao filme, como vem sendo trabalhado nos filmes anteriores.

Em suma, o filme é bom, tem ritmo, não é cansativo e tem boa dose de humor. Além disso, abre um leque para novas possibilidades dentro do universo DC. Podemos aguardar certamente novos filmes solos de cada herói e vilão que aparece no filme, bem como uma retomada de outros heróis clássicos como Lanterna-Verde e, quem sabe, Gavião-Negro, Mulher-Gavião, Arqueiro-Verde, Capitão Marvel, Caçador de Marte, entre outros.

Vejam o trailer abaixo.

9 de novembro de 2017

Thor - Ragnarok

Se há uma crítica da qual a Marvel Estúdio sempre sofre é pelo fato deles sempre inserirem piadinhas que, por vezes, surgem na hora errada. Não importa o que aconteça, mesmo quando alguém da trama morre, pois a piada sempre estará lá engatilhada para amenizar o clima pesado, mas que acaba soando meio que inverossímil. Talvez o estúdio tenha percebido que a fórmula esteja um tanto que desgastada e decidiu virar a mesa em Thor Ragnarok, do qual o filme não possui somente algumas piadas, pois o filme já é uma grande piada e das boas.
Dirigido por Taika Waititi (O que Fazemos nas Sombras), o filme se passa tempos depois de Vingadores: A Era de Ultron, onde Thor (Chris Hemsworth) decide viajar pelo universo em busca pelas joias do infinito que restam. Durante o trajeto, acaba descobrindo que Asgard sofrerá o Ragnarok, o apocalipse dos deuses nórdicos. Embora tente evitar que esse dia chegue, Thor acaba dando de encontro com a sua diabólica irmã Hela (Kate Blanchett) que o envia para outro planeta e acaba sendo forçado a participar de uma luta de gladiadores.
Depois de um razoável Thor e um bom Thor: O Mundo Sombrio parece que a Marvel finalmente conseguiu achar o tom certo para o seu personagem, mas que vai contra tudo o que muitos fãs das antigas imaginavam. Sai o tom sério disfarçado com algumas piadas e dando lugar a mais pura comédia, embalado com um visual colorido bem ao estilo anos 80 (sempre eles) e com uma música eletrônica que relembra os bons tempos daquela época. É como se estivéssemos vendo o filme cult Flash Gordon daquele tempo, mas com um orçamento mais inflado e que não perde tempo em levar a sério o enredo em nenhum momento.
Tendo ganhado prestigio por onde passou com o seu filme O que Fazemos nas Sombras, Taika Waititi parecia à escolha mais improvável para dirigir um filme como esse. Porém, após terem tido bons resultados como, por exemplo, Guardiões das Galáxias de James Gunn, o estúdio percebeu que era válido arriscar e dando então mais  liberdade criativa para que os seus cineastas fizessem o que bem entenderem.  Com isso, se percebe que Taika Waititi usou e abusou do filme como um todo, como se tivesse aberto uma caixa cheia de brinquedos e tendo brincado com eles nas mais diferentes maneiras.
Embora o filme mantenha a velha interligação com o restante dos filmes na Marvel, é notório que muito que é mostrado no filme não aparecerá em outros projetos futuramente, pois é algo que funciona somente aqui e nas mãos desse cineasta. Ver o Thor fazendo piada em larga escala em meio a lutas, correria e efeitos visuais é algo absurdamente divertido e surreal. Porém, o filme se casa bem nos momentos mais dramáticos, principalmente aqueles protagonizados pela vilã Hela, onde Kate Blanchett consegue criar com o seu grande talento uma das melhores vilãs do estúdio até aqui.
Falando em vilões, se Loki (Tom Hiddleston) finalmente assume a sua posição como anti-herói (algo que os fãs queriam desde sempre), Grandmaster (Jeff Goldblum, ótimo), sendo o líder do mundo estranho do qual Thor acaba preso, acaba se tornando uma nova ameaça além de Hela, mas de uma forma divertida e muito megalomaníaca. Já na ala de aliados, Valkyrie (Tessa Thompson de Creed) acaba sendo uma grata surpresa. Durona, beberrona e revoltada, Valkryire é a típica heroína que as meninas feministas irão adorar, pois ela possui uma personalidade forte e uma presença que sempre rouba a cena quando surge.
Mas nada, repito nada supera as divertidíssimas cenas entre Thor e Hulk (Mark Ruffalo). Após uma divertida desavença entre os dois na arena de gladiadores, ambos os personagens se unem e nos brindando com momentos hilários, divertidos e até mesmo com piadas com um teor mais adulto. Aliás, é a primeira vez que testemunhamos no cinema o Hulk falar pela terceira pessoa e que com certeza irá alegrar os fãs mais antigos.
Com uma hilária participação especial de Benedict Cumberbatch como Doutor Estranho, Thor: Ragnarok é uma piada pronta do começo ao fim, mas de uma forma deliciosa ao ser degustada e muito bem vinda. 

19 de outubro de 2017

Detroit em Rebelião



Primeira diretora da história ao ganhar um Oscar de melhor direção, Kathryn Bigelow provou que tinha mão firme na realização de filmes sobre as guerras, mas dos quais possuía certo grau de crítica sobre os conflitos. Títulos como Guerra ao Terror e A Noite Mais Escura são exemplos de um retrato cru de soldados americanos que, ou eram jogados numa guerra que não era deles, ou sendo encarregados de procurar e exterminar apenas um homem. Em tempos atuais, em que o retrocesso comandando por um conservadorismo assombra o mundo, Kathryn Bigelow decide revisitar o passado em Detroit em Rebelião, cuja trama ecoa de uma maneira forte e desconcertante em nosso presente.
A trama se passa no ano de 1967 na cidade de Detroit, num período que o preconceito racial ainda era muito forte. Após uma batida policial num bar clandestino, a comunidade negra se revolta com as autoridades inconsequentes e se criando então uma verdadeira rebelião por toda a cidade. Não demora muito para que esse conflito gere uma verdadeira guerra civil local e com inúmeras perdas.
Na virada dos anos 60 para os 70, aconteceu uma luta sem precedentes pelos direitos civis, onde a comunidade negra lutou como nunca para conseguir o seu lugar ao sol. Ao mesmo tempo os EUA estavam sendo derrotados na guerra do Vietnã e dando sinais que a corrupção política estava cada vez mais afetando os cidadãos da época. Numa época em que á crise e a baixa auto estima faziam nascer o pior do homem, sobrava para pessoas inocentes sentirem na pele o veneno vindo da intolerância.
Em sua primeira meia hora de projeção, Kathryn Bigelow retrata o americano derrotado, revoltado e imprudente. A cineasta faz então questão de retratar essa panela de pressão naqueles dias, onde vemos soldados paranoicos e afetados pelo que viram no outro lado do mundo, começar a descontar em pessoas inocentes e que não tiveram nada a ver com relação ao nascimento desse conflito em Detroit. Ao mesmo tempo, testemunhamos policiais já convivendo nesse dia a dia da cidade, mas não sabendo administrar suas próprias ações e gerando um terror psicológico sem fim.
Mesclando cenas filmadas com cenas verídicas da época, Kathryn Bigelow busca ao máximo um grau de verossimilhança em sua reconstituição de época. Assim como Guerra ao Terror, sua câmera treme, seguindo os seus personagens principais para não perder o foco e fazendo a gente testemunhar o pesadelo dos quais eles irão encarar. Ao reconstituir inúmeros fatos ocorridos na época, à cineasta cria então subtramas e das quais cada uma delas irão dar de encontro num motel e tornando o cenário num verdadeiro inferno.
Ao chegarmos a esse ponto, Kathryn Bigelow faz questão de criar planos fechados, com o desejo para que possamos sentir a tensão e medo do qual os personagens estão sentindo num espaço tão pequeno. Todo esse cenário de horror é comandado pelo policial Krauss (Will Poulter, de O Regresso), que acredita que o que está fazendo é o certo para conter a violência, mas usando métodos imprudentes e levando a todos para um caminho sem volta. No mesmo local conhecemos o policial Dismukes (John Boyega, de Star Wars: O Despertar da Força), que tenta a todo custo ajudar os seus irmãos da comunidade, mas ao mesmo tempo não querendo entrar em conflito com os demais policiais.
Ambos são dois lados distintos do conflito, sendo que um é inconsequente, movido pelo racismo e outro é movido pelo coração, mas tendo medo da retaliação. Em comum, ambos querem fazer o necessário para cessar o conflito, mas tendo as suas visões nubladas pelo preconceito, medo e a violência que acabam moldando as suas ações. O resultado é a perda da vida de inocentes, em uma situação que poderia ser amenizada através do dialogo, mas que passou muito longe desse cenário.
Com a participação de atores como Anthony Mackie (Capitão América: Guerra Civil) e Tyler James Williams (Todo Mundo odeia o Cris), Detroit em Rebelião é um filme que veio na hora certa para nos servir de alerta, pois vivemos numa realidade em que o fantasma do conservadorismo e da intolerância de um passado vem cada vez mais nos assombrando e ameaçando o nosso futuro.

11 de outubro de 2017

Blade Runner 2049


No último mês de setembro eu havia participado em Porto Alegre do curso de cinema “Filmes e Sonhos”, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Na atividade foi debatido sobre os simbolismos incrementados em diversos filmes, cujo foco principal dessas obras eram os sonhos, sendo que muitos eram inspirados nas teorias do pai da psicanálise Sigmund Freud. Para o psicanalista, os sonhos seriam, por exemplo, a manifestação dos desejos reprimidos e dos quais se manifestam quando as pessoas estão dormindo.

Pegamos de exemplo o filme “Sonho” de Akira Kurosawa e do qual foi analisado durante atividade. No começo do filme, vemos uma criança, da qual está presenciando um ritual com pessoas andando com máscaras de raposa, mas tendo todo o cuidado para não ser visto por elas. Para o psicanalista, a cena seria uma representação de uma criança que observou os seus pais fazendo sexo, mas temendo que fosse pego durante o ato.

Pensando dessa forma, chego a uma hipótese sobre uma enigmática cena do clássico Blade Runner de 1982. Numa passagem do filme o caçador de androide Rick Deckard (Harrison Ford) está sonhando acordado e presenciando a chegada de um unicórnio em sua direção. O unicórnio em si poderia ser uma representação do impossível, já que, até onde nós sabemos, não há provas de que tal animal realmente tenha existido.

A imagem do unicórnio seria então uma representação do desejo do qual Deckard teria pela personagem Rachel (Sean Young), mas que, no fundo, acredita que a união deles seria algo impossível, já que ele (aparentemente) é humano, mas ela é uma replicante. Já nas mãos do cineasta Dennis Villeneuve esses simbolismos continuam intactos no filme Blade Runner 2049, mas havendo uma mudança nessa transição e transformando, então, a imagem do mito em algo possível. A imagem do unicórnio dá lugar a um pequeno cavalo de madeira e simboliza o sonho se tornando realidade.

O cineasta canadense Dennis Villeneuve construiu uma carreira ao explorar os significados de símbolos, lembranças e sonhos dentro dos seus filmes. Em Incêndios (Incendies, 2010), por exemplo, vemos uma mãe em busca do seu filho através de lembranças, do qual havia perdido durante a guerra, mas caindo em coma a partir do momento em que testemunhou uma imagem estarrecedora e simbólica. Em A Chegada (Arrival, 2016), vemos a personagem de Amy Adams usando todos os seus recursos para se comunicar com extraterrestres através de símbolos, mas sendo testemunha de sonhos e lembranças dos quais se tornam peças fundamentais para trama.

Olhando para trás se percebe então que Villeneuve insere tudo que ele havia criado em seus filmes anteriores em Blade Runner 2049. O resultado não é apenas uma mera sequência de franquia, mas sim uma continuidade a tudo que Ridley Scott havia construído no filme original. Porém, Villeneuve vai muito além, ao criar para o filme uma identidade própria, uma alma, que caminha de forma independente e poética.

O filme original, contudo, se faz presente a cada momento da trama, se tornando uma velha lembrança que ecoa no presente de tal forma que não pode ser esquecida. Aliás, sonhos e lembranças são elementos que moldam o filme como um todo, como se fossem peças fundamentais de um tabuleiro para que o novo caçador de androides K (Ryan Gosling) busque a sua verdadeira origem. A lembrança de uma simples figura já citada do cavalo de madeira, por exemplo, se torna um bem precioso, pois é nela que K mantém a sua "humanidade" ainda intacta.

Aliás, a busca pela humanidade é o que move os personagens centrais, sejam eles humanos ou não. Portanto é fácil nos emocionarmos com a trágica personagem Joi (Ana Armas), que é uma inteligência artificial holográfica, mas que ama como um todo K. Uma passagem do filme, aliás, ecoa o filme ELA de SpIke Jones, já que esse momento é uma extensão até mesmo melhorada da proposta principal da qual havia sido apresentada naquele filme.


Falando em melhoramento, novamente o compositor Hans Zimmer (elogiado pelo seu último trabalho em Dunkirk de Christopher Nolan) dá um verdadeiro show na criação da trilha sonora para esse filme. Não que seja superior a obra prima criada pelo compositor Vangelis para o filme original, mas Zimmer a molda para representar, não somente os sentimentos dos personagens em determinada cena, como também sintetiza os momentos de pura tensão da trama. Quando esses momentos acontecem, a sua trilha sonora explode, como se o compositor quisesse que prestássemos atenção a cada cena crucial apresentada na tela.

Visualmente o filme é arrebatador, fazendo com que reconheçamos aquele universo familiar aos nossos olhos, mas moldado de uma forma que nos passasse uma sensação de passagem do tempo. Roger Deakins cria uma fotografia soberba, da qual luz e sombras andam de mãos dadas, como se a morte estivesse sempre à espreita, mas a luz sempre dando um sinal de esperança. Não me admira, portanto se ele venha a subir ao palco no Oscar 2018 e ganhar o seu merecido Oscar pelo seu magnífico trabalho.

Mas todo esse cuidado técnico não seria nada se o filme não nos emocionasse, mas nisso Dennis Villeneuve nos dá, principalmente para aqueles que amam cada passagem do filme original. Como eu já disse anteriormente, o filme funciona independente de sua fonte original, mas quando essa última cena surge, nossas mãos se apertam forte na cadeira, pois entramos em um terreno do qual se exige uma lágrima. Ao vermos um velho Deckard (Harrison Ford, ótimo) testemunhar uma sombra vinda de um passado mais dourado, a frase “ela tinha olhos verdes”, irá encravar em nossas memórias por um bom tempo.

Ao adentrarmos em seu ato final, testemunhamos os protagonistas se encaminhando para os seus destinos, mas cada um tendo a consciência que conseguiram preservar o seu bem mais precioso que é a sua própria humanidade. Uma vez realizando esse sonho, a figura do unicórnio representando o impossível se esvaí por completo, dando lugar a figura de um pequeno cavalo de madeira que simboliza o verdadeiro milagre do qual todos nós conseguimos obter em vida. Mesmo não estando presente, as palavras do replicante Roy (Rutger Hauer) do filme original fazem ainda mais sentido, ecoando em nossas mentes e selando então a trama de uma forma esperançosa e encantadora.

Com a participação de grandes talentos como Jared Leto e Robin Wright, Blade Runner 2049 é um filme sobre nós, sobre a preservação do que nos faz realmente humanos e na busca pelos sonhos que podem ser realizados.

21 de setembro de 2017

IT: A COISA (2017) - Crítica

Quem nos prestigia com sua visão sobre a nova adptação de It: A Coisa, de Stephen King é a amiga  e Conselheira Literária, Gabriela Cerqueira. Conheça mais sobre o trabalho da Gabi, no seu blog - http://www.conselheiraliteraria.com/.

IT: uma obra-prima do medo da nova geração

O ano era 1992. Eu tinha 6 anos e 6 anos de diferença da minha irmã mais velha, fanática por filmes de terror. Tal como George com Bill, ela era minha heroína. Mas diferente do Bill ela não me deu um barco de papel naquelas férias; ela deixou eu participar do seu principal hobby: assistir filmes de terror. Foi assim que vi “IT – uma obra-prima do medo (1990)” e tive a maior experiência de pavor da minha vida. Porque o que eu mais temia eram palhaços e balões. Mal sabia que os nascidos de 1986 teriam motivos para isso: o livro de Stephen King foi lançado nesse ano. E eis que tal como a obra do mestre da literatura de terror e suspense, IT retornou para atormentar a minha geração e fazer uma nova de vítima. Então, vamos falar sobre a nova versão, IT – A coisa (2017).
A estreia no país foi no feriado de 7 de setembro e causou grande expectativa no público. Muitos foram os atrativos. A editora Suma das Letras promoveu leitura coletiva da sua edição do livro. E com o ator Finn Wolfhard no elenco, não houve dúvidas de que assim como Stranger Things bebe da fonte de King, o filme traria, e trouxe, muito do ar da série, apesar dos diretores dela terem sido rejeitados para produzir o longa. Porém, algo quase abalou o filme, que foi a caracterização do palhaço. Afinal, porque tão diferente do palhaço do thriller de 1990, que até hoje causa desvios de olhar e falência de circos (exageeero, mas se dependesse de mim)? Isso a equipe da página Adoro Cinema esclareceu divulgando entrevista do diretor, Dan Lin, que preferiu trazer referências dos palhaços do século XIX, já que “a coisa” é referenciada na obra como existente desde a fundação da cidade de Derri, no Estado do Maine (EUA, e faço questão de citar a cidade e Estado porque permeiam as obras de King).

Vamos às impressões sobre o filme. Assisti a versão anterior e fui para o cinema sozinha porque pessoas medrosas têm amigos medrosos. Pedi a poltrona N11 e a balconista me transmitiu um olhar de palhaço, eu senti, mas pode ter sido só a reação de ter ido com cenas de IT 90’s na cabeça. Cheguei com minha pipoca na fila e minha poltrona foi marcada como E11, a do meio na primeira fileira. Não fosse a pipoca eu teria ido embora, realmente teria, AH! SE TERIA! Mas posso afirmar para vocês que se ainda não foram assistir ao filme, sentem no meio na primeira fileira. Fez toda a diferença para a recepção da trama. Porque o filme trabalha bem o periférico, o 'procurar antes do personagem' de onde virá o perigo. 

O clube dos otários é o centro, composto por 7 crianças da cidade de Derri, e aqui senti um jogo de agradar fãs antigos sem deixar novos expectadores sem novidade. It é um medo difuso, assume a forma que irá apavorar mais suas vítimas para as prender pelo seu pavor, e cada personagem do clube dos otários tem seu momento de a coisa, só que nem todas as cenas são iguais. Para não fazer uma enxurrada de spoiler, vou me prender ao personagem de Ricthie Tozier (Finn Wolfhard, e sim sou fã nº 1 de Stranger Things), que no 90’s tem seu medo concretizado em um lobo, e no 2017’s tem o medo mais icônico: palhaços (bate aqui!). O foco também muda, enquanto no primeiro longa Mike é responsável pela parte nerd de entender o que acontece com Derri, na nova versão essa missão cabe a Ben. Independente das mudanças, as cenas de terror causam grande impacto, intercaladas com a trama envolvendo lealdade e empatia entre amigos. Isso é marcante nas obras do King, pois há sempre uma história bem desenvolvida que poderia facilmente ter o elemento de terror retirado. IT já seria uma ótima história se retratasse apenas o clube dos otários.

Agora vamos ao principal: Pennywise, o palhaço. Apesar de ter lógica a opção do diretor de mudar a caracterização do palhaço, o que possibilitava a aproximação dele com as crianças era ele ser um palhaço comum, com trajes atuais. Alguém em sã consciência conversaria com o novo Pennywise? É achar que o pobre George com sua capinha de chuva amarela é o presidente do clube dos otários! Os efeitos especiais sempre presentes no olhar do novo IT trouxe a impressão de algo surreal demais, que já traria desconfiança de qualquer pessoa, o suficiente para sair correndo, flutuando, o que quer que fosse possível!
Por fim, cabe lembrar que o primeiro filme retrata todo o livro, e começa com os personagens já adultos. No novo, temos uma franquia com a sua primeira parte destinada a desenvolver a infância dos personagens. Porém, a intenção foi essa mas não acho que tenha alcançado o objetivo, já que principalmente em relação a Ben é tudo muito confuso, enquanto no filme anterior é possível entender bem cada personagem.

De qualquer modo, o filme é uma nova obra-prima do medo. Saí igualmente apavorada, embora não ter mais 6 anos de idade e ter um gato como companhia (principalmente) tenha me ajudado a dormir. Recomendo que assistam e caso não tenham visto o primeiro filme terão gratas novas impressões. Sim, meu amigo, YOUR GENERATION WILL FLOAT TOO!

28 de agosto de 2017

GAME OF THRONES - TEMPORADA 7

Eletrizante final da 7ª temporada encaminha série para grande batalha entre mortos e vivos na próxima (última?) temporada.
A sétima temporada de Game Of Thrones (da HBO), foi marcada por resolver mais as tramas lançadas desde a primeira temporada. Com o último episódio da temporada, exibida oficialmente para todo o mundo neste domingo (27/08), restam poucas pontas soltas a serem solucionadas.

A temporada foi recheada com mais cenas de ação e menos drama, focada em resolver rapidamente problemas pequenos, como deslocamento de personagens no mapa de Westeros e a novas alianças. Fica clara a preocupação da produção em solucionar mistérios e encaminhar a série para o final, e um final que finalmente agrade os fãs... o que, convenhamos, não é de praxe ou do interesse do autor original, George R. R. Martin. O autor chegou a admitir recentemente que pouco tem participado da elaboração dos roteiros, nem dado muito palpite sobre o desenrolar da trama.

Para quem ainda não viu, sinto muito, mas vem aqui um bocado de spoilers.

A próxima temporada será focada na guerra (finalmente) entre os caminhantes brancos (mortos) e o povo de Westeros (vivos).

O general do exércitos gelado conta com mais de 100 mil mortos-vivos, gigantes e um dos dragões de Daenerys, morto no penúltimo episódio com uma lança de gelo. Como isso, ele teve poder de fogo (literalmente) para transpor a muralha.

Jon ainda não sabe que é um Targaryen, mas o último episódio não só mostra Bran contando ao Sam que eles precisam contar isso para o Jon, mas ainda revelando que ele, sendo filho legítimo de Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark, passa a ser o legítimo herdeiro do Trono de Ferro... e que seu nome verdadeiro é Aegon Targaryen...

Jon e Daenerys consumam o affair que surgiu no início da temporada e, estranhamente, Tyrion parece ter ficado desapontado ou com ciúmes (vai ser uma barra ainda maior para Sor Jorah Mormont).

Cersei promete uma trégua da Guerra dos Tronos com Daenerys e Jon em prol da defesa contra os mortos, mas deixa claro para Jaime que não pretende cumpri-la. Sor Jaime se decepciona e rompe novamente com Cersei partindo (aparentemente) para o Norte, para se juntar à guerra contra os Mortos.

ah... e o Mindinho morreu finalmente... e pelas mãos da Arya. Acusado por Sansa pelos crimes que cometeu, por todas as conspirações, assassinatos e traições que culminaram com a Guerra entre Lannisters e Starks.

Resta, para a próxima temporada, se for a última:

- a Guerra entre mortos e vivos;
- a Guerra dos Targaryen com Cersei;
- Jon descobrir que é o legítimo herdeiro do Trono de Ferro;

O resto, por enquanto, parece ser só pano de fundo:

- Uma luta entre os dragões;
- Os mercenários do banco de ferro;
- Theon resgatando sua irmã, Yara Greyjoy;
- O povo do norte aceitando Daenery como rainha (e o Jon como Targaryen);
- O retorno dos lobos gigantes sobreviventes.

O que eu realmente espero é que no final Arya mate a Cersei e todos que restam na sua lista. ... e o que final não seja tão "novelinha".

Assistiu? O que achou?


9 de agosto de 2017

Dunkirk

Em certa ocasião eu estava assistindo a uma entrevista de Steve Spielberg e da qual ele reconheceu que boa parte do sucesso do seu clássico Tubarão se deve a sua trilha sonora composta pelo compositor John Williams. Há filmes que sobrevivem com o tempo, mas não somente graças ao elenco pela história, mas sim graças a sua parte técnica e que, na maioria das vezes, a trilha sonora se destaca e dando alma a obra. Dunkirk, talvez venha a ser lembrado, não só como mais um ótimo filme de Christopher Nolan (Cavaleiro das Trevas), mas como também pela sua trilha que eleva o seu filme em uma potência máxima sem precedentes.
Baseado em fatos verídicos, o filme se passa no início da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos 300 mil soldados (ingleses e franceses) isolados em uma praia da cidade de Dunkirki e esperando por resgate. O problema é que eles são encurralados pelo exército alemão e eles não tem como retrocederem para a cidade ou avançarem para o mar. Cabe ajuda que vem, tanto pelo mar, como também pelo ar, para contornar essa situação e salvar então o maior número de vidas possíveis.
Sem rodeios, Christopher Nolan faz questão de nos colocar no cenário dos acontecimentos, ao ponto das palavras ficarem em segundo plano e as imagens falarem por si. Na sequência que abre o filme, acompanhamos um dos protagonistas, o soldado Tommy (Fionn Whitehead) correndo em direção à praia para assim escapar com vida. Habilidoso como ninguém, Nolan já cria um verdadeiro momento de tensão, onde não vemos em nenhum momento a cara do inimigo, mas o movimento de câmera, os sons das balas e a trilha sonora majestosa do compositor Hans Zimmer constroem um clima de medo devido o que virar a seguir.
Como colaborador na maioria dos filmes de Nolan, o compositor Hans Zimmer, talvez tenha criado aqui o seu melhor trabalho na carreira, onde boa parte dos melhores momentos do filme se deve muito ao seu talento em saber conseguir casar a sua trilha com as cenas que são vistas na tela. Se em Cavaleiro das Trevas, por exemplo, ele usava o som do violino para nos dizer que o perigo estava por vir, o artifício aqui é usado num grau mais elevado, onde a trilha e som da aproximação dos aviões inimigos, por exemplo, se misturam e gerando uma tensão ainda maior para os protagonistas e para aqueles que assistem. Mesmo quando não vemos o perigo chegar, a trilha sendo elevada, alinhada com a expressão de medo de alguns dos protagonistas, se torna uma prova mais do que concreta que velhos artifícios do cinema podem ser sim ainda a melhor maneira de criar determinadas cenas.
Além disso, Nolan jamais perde a nossa atenção, principalmente pelo fato de que o filme se divide em três núcleos distintos e que se passam no mesmo local dos acontecimentos: a tentativa do soldado Tommy e de seus companheiros em escapar da praia com vida; a boa vontade do civil britânico Dawson (Mark Rylance) e dos demais barqueiros da região que decidem resgatar os soldados da praia e do confronto no céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy) precisa destruir aviões inimigos que disparam a todo o momento na praia. Curiosamente, Nolan faz com que esses três núcleos acabem se entre cruzando em situações não cronológicas vistas na tela, mas não faz com que a gente se confunde, mas sim nos dando a oportunidade de assistirmos elas por outra perspectiva.
Embora seja um filme em que o lado técnico e autoral do cineasta fale mais alto, é preciso destacar o bom desempenho dos atores que interpretaram os seus respectivos personagens e dos quais acabamos simpatizando com eles.  Embora novato na área da atuação, Fionn Whitehead até que se sai bem ao interpretar o personagem Tommy, principalmente em situações das quais se exige um determinado desempenho físico perante as situações imprevisíveis da guerra. E se Mark Rylance é a representação da humildade em meio ao caos para salvar o máximo de vidas possíveis com o seu pequeno barco, Tom Hardy nos brinda com uma atuação eficaz como herói piloto da trama e que, mesmo o acompanhando em boa parte da trama dentro do seu avião, o seu personagem acaba obtendo a nossa atenção e gerando em nós uma expectativa com relação ao final de sua missão.
Somando a tudo isso é preciso reconhecer a persistência Christopher Nolan ao usar velhos métodos cinematográficos para criação dos seus filmes. Embora seja alguém que abriu as portas para outros cineastas com relação ao uso das câmeras IMAX, Nolan opta por enquanto em sempre olhar para trás com relação ao que deu certo no cinema de antigamente, trazendo então para o presente e fazendo com que seus filmes tenha um grau de verossimilhança atraente. Portanto não é a toa que, por exemplo, ao vermos inúmeros figurantes representando os soldados na praia, acabem se tornando tão mais surpreendente do que inúmeros bonecos virtuais que poderiam ter sido usados durante a produção.
Em menos de duas horas de projeção, Dunkirk é uma prova absoluta de que as velhas técnicas de filmagens ainda são eficazes para o nascimento de um belo espetáculo cinematográfico.
 

7 de julho de 2017

SEQUÊNCIA DE “JURASSIC WORLD” JÁ TEM TÍTULO NACIONAL E DATA DE ESTREIA

Com o título “Jurassic World: O Reino Está Ameaçado”, longa chega aos cinemas brasileiros em 21 de junho de 2018
A Universal Pictures acaba de divulgar o título nacional da sequência de “Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros”, uma das bilheterias mais expressivas de 2015, com mais de R$ 90 milhões em renda apenas no Brasil. “Jurassic World – O Reino Está Ameaçado” (Jurassic World: Fallen Kingdom) chega aos cinemas brasileiros em 21 de junho de 2018.

A nova produção, que contará com direção de J.A. Bayona, de “O Impossível”, traz de volta toda a nostalgia, aventura e emoção de uma das franquias mais populares e queridas do cinema. No filme, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard voltam ao elenco ao lado de James Cromwell, Ted Levine, Justice Smith, Geraldine Chaplin, Daniella Pineda, Toby Jones, Rafe Spall, e dos já conhecidos da série BD Wong e Jeff Goldblum.

O filme é uma distribuição da Universal Pictures, em parceria com a Amblin Entertainment, e traz Steven Spielberg e Colin Trevorrow como produtores executivos.

6 de julho de 2017

MULHER-MARAVILHA ARRECADA R$100MI NAS BILHETERIAS BRASILEIRAS

O primeiro filme da super-heroína da DC como protagonista segue em cartaz nos cinemas brasileiros e já foi visto por mais de 6 milhões de pessoas
Mulher-Maravilha ultrapassou a marca dos R$100 milhões arrecadados nas bilheterias nacionais. Em sua quarta semana em cartaz, o longa dirigido por Patty Jenkins já foi visto por cerca de 6 milhões de pessoas no Brasil.

Os números também colocam o filme como o maior longa-metragem de super-heróis de 2017 no país, ultrapassando “Logan” e “Guardiões da Galáxia Vol. 2”. Junto com Estados Unidos (1º) e China (2º), o Brasil segue ocupando o pódio dos três melhores resultados do filme no mundo, que já arrecadou, no total, mais de US$710 milhões.

5 de julho de 2017

O Assassino: O Primeiro Alvo [Trailer Legendado]

Ação e tensão dominam o primeiro trailer de 'O Assassino: O Primeiro Alvo'



COM DYLAN O'BRIEN E MICHAEL KEATON, LONGA TEM ESTREIA NOS CINEMAS AGENDADA PARA SETEMBRO

Divulgado internacionalmente pela Lionsgate, o primeiro trailer de “O Assassino: O Primeiro Alvo” (American Assassin) evoca emoção e tensão durante as cenas de ação. A produção é inspirada no best-seller homônimo de Vince Flynn.

“O Assassino: O Primeiro Alvo” acompanha Stan Hurley (Michael Keaton), um agente de treinamento da CIA, que recebe a tarefa de treinar Mitch Rapp (Dylan O’Brien), um ex-soldado das forças especiais, que está devastado após a morte de sua noiva durante um atentado terrorista e tomado por um sentimento de revanche.

O filme dirigido por Michael Cuesta (de “O Mensageiro”) reúne ainda os atores Taylor Kitsch, Scott Adkins, Sanaa Lathan e Shiva Negar.

Com distribuição nacional Paris Filmes, o longa tem estreia nos cinemas agendada para 14 de setembro.


4 de julho de 2017

HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR, 2017 (crítica)

Com um toque a mais de inocência ao herói, Tom Holland se confirma com o melhor Spider-man dos Cinemas.
Estivemos na cabine de imprensa de Spider-Man: Homecoming nesta terça em Porto Alegre, onde o filme foi exibido para cerca de 40 jornalistas e críticos de Cinema. A recepção do seleto grupo de espectadores foi muito positiva, houve muitas risadas durante a exibição e momentos surpreendentes da trama.


A história está inserida no "universo" Marvel no contexto dos "Vingadores". O filme faz conexão com filmes do Homem de Ferro, Vingadores e Capitão-América: Guerra Civil. Sobretudo por este último, onde ocorre a primeira aparição do jovem Tom Holland como Homem-Aranha.

Na trama, após os episódios relatados no primeiro Vingadores, quando houve a grande batalha com alienígenas que invadiam Nova York, entre os escombros restam inúmeros artefatos da tecnologia alienígena. É quando surge Adrian Toomes (Michael Keaton), um empresário que busca trabalhar no recolhimento e reciclagem deste material. Quando seu projeto é cortado pelo Governo Americano e as empresa Stark (do Homem de Ferro), Adrian se torna o Abutre, o vilão que rouba os carregamentos com material alienígena, transforma em outras armas, misturando com tecnologia terráquea e vende para criminosos.

Ansioso por sua próxima missão junto aos Vingadores, Peter Parker / Homem-Aranha está ainda no colégio (o que equivaleria ao 2º ano do 2º grau). Assim, enfrenta dramas adolescentes e tem em volta o que vem a ser seu escudeiro e melhor amigo, Ned (Jacob Batalon). O centro de seu drama é o desejo por mostrar seu valor e o quanto pode ser responsável para Tony Stark / Homem de Ferro (Robert Downey Jr), para que possa ser um integrante oficial dos Vingadores.

Interessante aqui é que, apesar de querer protejer sua tia May (Marisa Tomei), não contando que ele é o herói aracnídeo, o filme não fala nada do famoso tio Ben (grande referência nas histórias do Homem-Aranha), nem aos pais de Peter, nem o porquê de só viverem os dois na mesma casa.

Como o "amigo da comunidade", Peter passa os dias de Spider-Man, ajudando senhoras a encontrar endereços, a tirar gatos de árvores, evitar pequenos assaltos. Até que num certo dia ele se depara com um assalto a banco eletrônico onde os bandidos estão usando as armas com tecnologia alienígena.

Ao tentar avisar Tony Stark sobre o ocorrido através de seu guarda-costas Happy Hogan (Jon Favreau), Peter percebe que ninguém o leva a sério e tenta resolver o problema por conta própria. É assim que ele chega ao Abutre.
Resumindo, eis a trama do filme: a necessidade de Peter amadurecer e mostrar valor para entrar para os Vingadores, enfrentando um vilão disposto a liquidá-lo de vez, enquanto enfrenta as dificuldades de convívio adolescente no colégio.

É de praxe a Sony investir pesado no elenco de seus filmes de super-heróis para garantir, pelo menos boas atuações, caso a trama / roteiro não sejam tão bons. O que chama mais a atenção é que, além do roteiro ser bom e as atuações ótimas, Tom Holland brilha em seu personagem, de maneira cômica e mais ainda cativante.

A edição tem ótimas referências a outros filmes e, junto com a trilha sonora, segue a linha de criar referências do "anos 80" para os fãs que já tem entre 30 e 40 anos de idade, principalmente a música tema, uma variação do clássico tema de Spider-Man de 1967. Não quero fazer spoilers, mas há uma cena ao estilo do final de "Curtindo a Vida Adoidado" em que ele atravessa os pátios de várias casas correndo que ficou sensacional.

Apesar de novato nos cinemas, o diretor Jon Watts ( se mostrou bastante capaz ao dar sua visão sobre o roteiro de Jonathan Goldstein e John Francis Daley (ambos de Férias Frustradas, 2015). O que fica mesmo é o sentimento de que realmente Tom Holland se afirma como o melhor Homem-Aranha dos Cinemas e o que o filme deixa um gostinho de quero mais, e logo!

Confiram o trailer abaixo. Até a próxima!

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