26 de novembro de 2011

Kopeck (2011)

Estreou no dia 24 de novembro, na sala P. F. Gastal, em Porto Alegre, o filme "Kopeck". O curta, de apenas 12 minutos e 40 segundos de duração, venceu o Prêmio de Melhor Produção na Mostra Gaúcha do Festival de Gramado de 2011. Kopeck é a mais nova obra de Jaime Lerner, diretor já premiado pelo curta metragem "Subsolo" (2008).
Segundo a sinopse, Jarvis é um bancário que sonha escrever um grande romance. Sua frustração surge do desejo se expressar e ser reconhecido pelas grandes histórias que não consegue contar. O filme trata de memórias emprestadas, sonhos não realizados, ambições frustradas, luto e, no meio de todos estes sentimentos, uma descoberta transformadora. É um curta, se contar mais perde a graça.

O filme é produzido por Cíntia Rodrigues, da Manga Rosa Filmes, e traz no elenco o ator gaúcho Lui Strassburger e a atriz portenha Celina Fuks. O curta emociona com sua bela fotografia e efeitos visuais de excelente qualidade. A trilha sonora não deixa por menos. Não seria de se surpreender se, em breve, ganhar outros prêmios no circuito nacional e internacional.
Durante o evento de estreia, tive a oportunidade de conversar com o diretor Jaime Lerner. Na ocasião, comentou que além das expectativas com o novo curta, dois projetos estão em finalização para lançamento em 2012: um longa documentário sobre o polêmico referendo do desarmamento no Brasil, em 2004; e outro que mescla documentário e ficção sobre o escritor Dyonélio Machado, com toque inusitado na narrativa.

Por um motivo especial, meu nome aparece nos agradecimentos do filme, algo que eu não esperava, mas que me deixou comovido. Ficamos na torcida pelo sucesso do curta e na expectativa dos novos projetos de Lerner e da Manga Rosa Filmes.
Assim que possível, disponibilizarei o trailer.


22 de novembro de 2011

Meus Filmes Favoritos: Antes do Amanhecer (Before Sunrise, 1995) e Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset, 2004)

Eu frequentemente escrevo aqui no Cinema Sem Frescura e, de vez em quando, no meu blog The Groover com algumas posições mais pessoais sobre filmes. Algumas vezes já me questionaram sobre qual o meu filme favorito de todos os tempos. Pois bem, acho que eu posso responder essa pergunta depois de alguma reflexão sobre o tópico. Na verdade, acontece que meu "filme" favorito são na verdade dois filmes: Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol.




Antes do Amanhecer.

Esse filme, de 1995, é uma pequena joia que infelizmente não é tão conhecido, mas os poucos que o assistiram sabem da sua importância.

A história é simples e cativante. Dois jovens, um americano viajando pela Europa e uma francesa retornando para casa, se conhecem em um trem. Eles sentem uma sintonia e resolvem impulsivamente descer e passar a noite em Viena, se conhecendo melhor. O problema é que eles tem apenas essa noite, já que na manhã seguinte cada um deve seguir o seu caminho. E assim começa a história de Jesse e Celine...

O diretor Richard Linklater conseguiu uma série de seguidores fanáticos depois desse filme e não é de se espantar, pois o charme da obra é inegável. Quem assiste a esse filme vira fã incondicional. Me lembro de uma vez eu estar conversando com uma mulher e ela não estava me dando a menor bola, casualmente eu mencionei o filme e ficamos conversando por horas. Meses mais tarde ela me contou que estava prestes a me dispensar e nunca mais falar comigo, mas gostava tanto desse filme, que era tão especial para ela, que resolveu continuar nossa conversa. Isso dá uma idéia de o quão poderoso é esse filme...

Eu já havia visto a capa do filme na locadora por muitos anos e sempre decidi passar batido por ele. Mal sabia eu que ali residia uma obra-prima.
Ao contrário da "mágica" onipresente em Hollywood onde um casal se apaixona através de uma troca de olhares ou através da implicância mútua, Antes do Amanhecer deixa de lado esse cinismo e mergulha em uma paixão pura, mas realista.

Enquanto a noite vai passando o casal vai se aproximando cada vez mais e começam a questionar o mérito de tentarem permanecer juntos. Obviamente há uma questão básica, normalmente feita por aqueles que entendem o mote do filme, mas ainda não o assistiram: se os dois se apaixonaram porque não ficarem juntos? Eu não vou ser simplório e diminuir o filme tentando explicar isso dentro do contexto dos dois personagens, apenas posso dizer que, além da lógica incluída na obra, há algo real no valor que conseguimos dar a algo que sabemos que podemos perder nas próximas horas. Algo que realmente nos é caro, mas não sabemos se conseguiremos manter. Se você já amou alguém e, enquanto sentia isso sabia que não ficaria com essa pessoa, você conhece essa sensação.

Em um outro nível, Antes do Amanhecer também é muito simples: "garoto conhece garota" é normalmente o ponto de partida, mas raramente a história completa de um filme. Pequenas cenas memoráveis permeiam o longa e esse nível de eficiência com um material tão simples é uma de suas qualidades.

Aquele momento perfeito no qual você está com a pessoa certa e o tempo parece parar, aquele momento em que você não sabe como será a sua vida, mas você sabe que quer que seja com aquela pessoa, todos nós já tivemos um momento assim. O amanhecer do filme, que marca o horário no qual eles devem se separar, é o representante da vida que inevitavelmente virá e fará com que todos nós sejamos subtraídos desse momento tão precioso.

Há uma tristeza inerente ao filme, essa certeza da separação é algo que eu sempre acreditei que tornasse impossível podermos apreciar algo completamente. Com Antes do Amanhecer eu aprendi que, independente de quanto tempo você tenha, você deve se entregar completamente. Seja uma hora ou oitenta anos, tudo tem um fim e é essa certeza que deve nos encorajar a nos lançarmos sem reservas quando essas oportunidades aparecem.

Essa dualidade está presente na tagline do poster do filme que me intriga e assusta na mesma quantidade: "Pode o maior romance da sua vida durar apenas uma noite?"

Vários filmes tentam misturar intencionalmente realidade e ficção através de representações de eventos do mundo real, ou atores interpretando eles mesmos ou citações à nossa cultura. Antes do Amanhecer consegue transcender a tela simplesmente porque seus atores e seu roteiro fazem com que você acredite que ali há não apenas uma história de amor real, mas uma história que poderia acontecer com você. No fim, apesar da tristeza remanescente do destino dos dois amantes (e essa tristeza tem mais a ver com a maneira como fomos acostumados pelas outras obras românticas do século 20 e 21, do que com  o final em si) há um chamado para se viver a vida que é clamado de forma brilhante pela canção "Living Life", mais uma vez reforçando a ideia de que devemos valorizar o que temos, enquanto temos. Antes do Amanhecer é um filme que é brilhante desde o ínicio até o fim.




Antes do Pôr-do-Sol.

Antes do Pôr-do-Sol é um filme recheado de méritos próprios, mas grande parte da razão de eu gostar tanto dele está relacionado a seu antecessor, Antes do Amanhecer. O filme anterior se encerra com a promessa de que Jesse e Celine se encontrariam depois de 6 meses na mesma estação de trem. Antes do Pôr-do-Sol foi lançado em 2004 e Antes do Amanhecer, em 1995. Eu assisti a Antes do Amanhecer pela primeira vez em 2001 e durante três anos eu eventualmente ficava pensando se Jesse e Celine haviam realmente se encontrado. Uma pergunta que eu achava que jamais seria respondida. Me lembro da emoção que senti ao ver o trailer. Você sabe que um filme é especial para você quando você se emociona vendo o trailer dele.

Nove anos depois, Jesse e Celine se encontram em Paris. Reencontramos esses personagens não mais como "pós-adolescentes" deslumbrados com um amor e com a vida toda pela frente, mas como adultos na casa dos 30 anos que acabaram se tornando mais cínicos com o passar dos anos e com as experiências frustradas em seus relacionamentos.

O clima de realidade do filme, assim como no primeiro é algo palpável. Longas sequências de até 11 minutos sem cortes, nos convencem que realmente estamos assistindo a duas pessoas que se amam se descobrindo novamente. Há mérito nas especulações de que Ethan Hawke e Julie Delpy estavam interpretando a si mesmos no filme, porque a naturalidade dos dois é algo único para mim.

Há algumas coisas que mexem comigo quando eu olho esse filme. Além da sensação geral de insegurança e medo que experimentamos quando reencontramos um amor do passado, há dois pontos no filme que simplesmente marcam e forçam um distanciamento entre você e os protagonistas, para que você possa se sentir confortável. Porém, esse distanciamento é impossível, dada a naturalidade das interpretações e o poder de envolvimento do roteiro, novamente de uma simplicidade e significância incríveis.
Em um determinado momento do filme, Jesse diz a Celine que ele pensava tanto nela que, no dia do seu casamento em Nova York, ele viu uma mulher parecida com ela, enquanto era levado à igreja. Celine responde dizendo que ela morava em Nova York nesse período e exatamente nessa rua. Essas declarações não atingem apenas os personagens, atingem também o público.

No trailer do filme, a seguinte questão é levantada: "E se você tivesse uma segunda chance com aquela pessoa que se foi?". Para mim, essa é uma questão muito mais assustadora do que qualquer outra levantada por qualquer outro filme. O conceito de se apaixonar e ter apenas uma noite para viver esse amor de uma forma real através de diálogo, descobrimento e entrega sincera é algo assustador, mas, depois de 9 anos, reencontrar alguém e ter apenas uma tarde para descobrir se vocês realmente pertencem um ao outro é excruciante e, mesmo assim, eu adoro esse filme.

No fim, por mais que eu tente quantificar os acertos do filme ou exemplificar suas qualidades, Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol não são filmes para serem estudados ou escrutinados, devem ser sentidos. Sempre que me disponho a assisti-los, eles mexem com meus sentimentos e essa é a razão de eles serem meus filmes favoritos.

Ps: Hoje mesmo tive a grata surpresa de saber que Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke estão falando em fazer mais uma sequência sobre a história de Jesse e Celine, passada mais uma vez nove anos depois do último encontro. Segue o link.



20 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1 (Breaking Dawn - Part 1, 2011)

Filme mantém a promessa de que o melhor ficou para o final.

Apesar de todas as críticas que li detonarem o filme, assim como foi feito com os títulos antecessores, não posso dizer que Amanhecer - Parte 1 é ruim, tampouco que seja o pior da Saga Crepúsculo. Para o que a história se propõe desde o início, este longa é tão raso quanto os demais. No entanto, é inegável o sucesso entre adolescentes, tanto em bilheterias, quanto na vendagem dos livros homônimos da autora Stephenie Meyer.

Não li as obras e isso me permite fazer uma avaliação um tanto quanto isenta sobre a qualidade da obra fílmica. Também não havia assistido aos outros filmes, portanto, por uma questão de justiça, resolvi assisti-los todos neste final de semana. De início, posso dizer que foi escrito por uma autora conservadora, que tenta resgatar alguns valores como união familiar, amizade e responsabilidades dos homens (protetores, provedores e experientes) e das mulheres (frágeis, maternais e conciliadoras), sob a máscara de uma ficção que mistura vampiros e lobisomens em uma romance para adolescentes.

Nesta parte 1, o enredo tem um drama mais fraco do que os outros 3 filmes (Crepúsculo, 2008; Lua Nova, 2009; e Eclipse, 2010). A história mostra o casamento de Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Durante sua lua-de-mel no Rio de Janeiro, Bella - ainda humana - engravida e passa a carregar o fruto de seu amor com o vampiro. Além disso, o lobisomem Jacob (Taylor Lautner), no conflito entre preservar sua espécie, matar vampiros e amar Bella, decide se separar de sua alcateia e mais uma vez ajudar o clã dos Cullen a proteger sua amada.
A história, como disse, é rasa e se resume à briga entre lobisomens e vampiros, além da sofrida gravidez de Bella. Os lobos, liderados pelo macho alfa Sam, acham necessário destruir Bella, pois o bebê pode ser uma criatura extremamente poderosa e perigosa para toda a cidade. Enquanto isso, os vampiros tentam entender como salvar a moça de sua terrível e inusitada gestação, que se completa em poucas semanas. Transformá-la em vampira é uma opção.

No fim dos créditos, fica o gancho para o desfecho do conflito com os Volturi, a aristocracia dos vampiros. Ou seja, a parte 2 possivelmente promete um filme mais emocionante e com drama mais maduro.
Quanto à direção de Bill Condom, é tão medíocre quanto a dos outros diretores que cuidaram dos 3 primeiros filmes. A fotografia não é tão rebuscada e a trilha sonora tenta te pregar uma peça: o longa é monótono e colocam uma música bem animada no final para você pensar "Que filme legal!".

O filme não é complicado de se entender sem ver as outras obras. Na verdade, esse é um ponto positivo, pois mesmo sendo apenas a primeira parte, ele tem começo, meio e fim bem definidos, ao contrário do que foi feito em Harry Potter e as Relíquias da Morte, por exemplo.

Para compreendê-lo, lembre-se apenas que Bella é uma humana que vai para uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos, acaba se apaixonando por um vampiro e quer se tornar igual a ele, mas Edward não quer que ela vire um monstro. Enquanto seu relacionamento fica complicado, Bella e Jacob ficam próximos e acabam também se apaixonando. Assim se estabelece o enredo da saga Crepúsculo, sobre este triângulo amoroso.

Se você é fã da saga Crepúsculo, obviamente não vai deixar de vê-lo no cinema. Agora, se você não gosta tanto assim, mas está curioso porque o trailer é muito interessante, sugiro esperar passar na TV, alugar ou baixar na internet. Ficamos na expectativa de que o melhor virá em 2012.


16 de novembro de 2011

Os SMURFS (The Smurfs, 2011)


O filme é baseado em Les Schtroumpfs, do criador belgaPierre Culliford. Os Smurfs foram muito populares no desenho animado da Hanna-Barbera Productions, que passou no Brasil na década de 1980.

Nesta adaptação fofinha e azul, Papai Smurf, seus 99 filhos e 1 filha - a Smurfete - precisam fugir de seu esconderijo na floresta encantada, pois foram descobertos pelo malvado Gargamel (Hank Azaria) e seu gato Cruel. Na fuga, o smurf Desastrado se perde e acaba levando Papai Smurf e alguns de seus irmãos para um portal aberto pela lua azul que os joga no meio da ilha de Manhatan.

Fugindo de Gargamel, acabam conhecendo um casal de humanos, Patrick e Grace Winslow (Neil Harris e Jayma Mays, respectivamente) e o encontro transforma a vida de todos com verdadeiras provas de coragem, amizade e amor familiar em uma aventura inesquecível pela Big Apple.

Tecnicamente o filme é bem feito: a animação digital se confunde bem com a realidade e os atores agem muito bem, como se realmente estivessem contracenando com seres minúsculos. Nesse sentido, vale reforçar: Hank Azaria é um sucesso fazendo qualquer personagem.

O longa não é bonitinho só para os crescidos fãs dos duendes azuis, mas encantador para as crianças. Um filme ótimo para se ver com a família toda... como no meu caso, com os pais, a esposa, o irmão, a cunhada, o sobrinho, dois cachorros e uma gata... só faltaram os sogros.

Divirtam-se enquanto aguardamos pela continuação.


10 de novembro de 2011

Top 10 Cenas com Músicas de Johnny Cash (por Vinício Oliveira)

Depois que eu descobri que nos créditos finais de Em Busca de Vingança (Colombiana, 2011), toca "Hurt" de Johnny Cash eu já me vendi e vou assistir ao filme.

Enquanto diretores e produtores ficam procurando fórmulas mágicas de aprimorar seus filmes, eles deveriam lembrar de uma coisa que pode torná-los uma obra melhor: coloque uma música de Johnny Cash no meio e a qualidade aumenta imediatamente.

Aqui vai uma seleção das melhores cenas e trailers que me deixaram feliz ao serem conduzidas por uma música do "Homem de Preto".







10º - I've Been Everywhere - O Vôo da Fenix (2004) 

Colocada inspiradamente nos créditos iniciais do filme, I've Been Everywhere dá o tom exato para entendermos a dupla formada por Dennis Quaid e Tyrese Gibson. Acostumados a regiões inóspitas, os experientes pilotos de avião "Já esteveram em todos os lugares" e são apresentados por uma música tão adequada como essa, embarcamos de bom grado em mais uma viagem dele, essa como sabemos fadada a um destino incerto.


9º - I Hung My Head - O Besouro Verde (2011)

Ainda que seja ouvido brevemente quando o personagem principal descobre que seu pai faleceu, a música de Johnny Cash tem o efeito imediato de provocar tristeza, algo essencial nessa comédia veloz que não se permite muito tempo para luto em seu tempo de tela. Como esses sentimentos são invocados veloz e eficientemente pela canção sua utilização aqui é absolutamente indispensável.

 

8º - God's Gonna Cut You Down - True Grit Trailer (2010)

Apesar de não ter sido utilizada como trilha sonora do filme e ter entrado apenas no trailer, Bravura Indômita deve bastante a Johnny Cash. O filme tem apenas três pontos positivos as interpretações de Jeff Bridges, da jovem Hailee Steinfeld e de Barry Pepper. Se considerarmos o resto dele, não passa de um filme mediocre que jamais deveria ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme.

Ao som da músíca poderosa de "Gods Gonna Cut You Down", o trailer dá a impressão de um filme ótimo, mas, infelizmente, não foi o que aconteceu.



7º - Why Me Lord - As Aventuras de Dick and Jane (2005)

Enquanto a maioria das músicas da fase mais madura de Cash são usadas em momentos mais sérios, aqui a canção "Why Me Lord?" dá o tom exato do questionamento e desespero do casal que passa por uma crise financeira terrível. A letra encaixa perfeitamente enquanto Cash canta questionando Deus de o porque isso estar acontecendo justamente com ele...



6º - The Man Comes Around - Madrugada dos Mortos (2004)

Nos créditos iniciais, enquanto o mundo sucumbe aos zumbis que começam uma matança desenfreada, ouvimos Johnny Cash cantar sobre o Apocalypse, mencionando que nem todos serão salvos e que é tarde demais para se arrepender. O clima perfeito no ótimo filme de Zack Snyder.

 


5º - The Beast In Me - Se Beber Não Case 2 (2011)

Apesar de não ser exatamente a versão de Johnny Cash que toca no filme, pode acreditar que ela está aqui por que Cash a tornou famosa.

Quando a "Irmandade de Lobos" está acordando para a sua segunda ressaca desastrosa, "The Beast In Me" toca ao fundo, deixando claro que há algo mais profundo nesses caras do que simplesmente se embebedarem acidentalmente novamente. Como Stu realiza no fim do filme, há uma "fera" dentro deles e é justamente isso que os torna imprevisivelmente hilários.



4º - Folsom Prison Blues - Johnny e June (2005)

Ainda que não seja o próprio Johnny Cash cantando - já que o diretor James Mangold resolveu tomar a elegante decisão de fazer o seu protagonista cantar - o impacto de ouvi-lo cantar pela primeira vez "Folsom Prison Blues" é inegável. Em um momento no qual Cash tinha apenas uma chance de fazer acontecer ou quebrar sua carreira, ele tirou da manga uma letra incrível e cheia de sentimento real. Felizmente a cena do filme de Mangold faz justiça ao legado de Cash. Como o produtor musical tão eloquentemente pergunta a Johnny Cash: "Se você tivesse sido atropelado por um carro e estivesse morrendo ao lado da estrada e tivesse tempo de cantar apenas uma canção, qual canção você cantaria?". Bom, Johnny Cash mostra a ele.



3º - A Satisfied Mind - Kill Bill - Vol.2 (2004)

Quando a Noiva, interpretada por Uma Thurman, está prestes a lançar sua vingança sobre o ex-assassino Bud, o irmão de Bill na obra-prima Kill Bill Vol.2, Bud está sentado tranquilamente em seu trailer e ouvindo "A Satisfied Mind" de Johnny Cash. De alguma forma eu nunca deixo de ver nesse assassino decadente uma nobreza e honestidade que vão diretamente ao encontro da letra de Cash.

"De repente, aconteceu, eu perdi todo o dinheiro, mas eu sou muito mais rico com uma mente satisfeita. Dinheiro não pode comprar de volta sua juventude quando você está velho ou um amigo quando você está só, ou um amor que se acabou."



2º - Solitary Man - O Solteirão (2009)

Durante anos eu sabia que essa cena seria feita:  a vida de um homem solitário sendo ilustrado pela magnífica "Solitary Man" de Johnny Cash. Era só uma questão de tempo até alguém perceber que essa era abertura certa para um filme.

Quando eu vi o trailer para o filme homônimo de Michael Douglas (o título original também é Solitary Man) minhas esperanças cresceram, mas quando eu vi finalmente que a canção de Cash havia sido imortalizada na caminhada de Michael Douglas, eu soube que haviam criado uma cena especial.



1º Highway 61 Revisited e The Man Comes Around - Caçado (2003)

Enquanto o filme perdeu pontos por ser a milésima vez em que Tomy Lee Jones interpreta alguém atrás de um foragido da justiça, o filme é poderoso e tem Johnny Cash iniciando e encerrando a obra. Nos créditos iniciais Cash dá o tom sombrio do filme e narra as frases inicias de Highway 61 Revisited de Bob Dylan:


Oh, Deus disse a Abraão “Mate-me um filho” 

Abraão diz, “Cara, você está de sacanagem comigo” 
Deus diz, “Não”. Abraão diz, “O quê?” 
Deus diz, “Você pode fazer o que quiser Abraão, mas 
Na próxima vez que você me ver chegando 
É melhor correr” 
Bem, Abraão disse 
“Onde você quer esta morte feita?” 
Deus diz, “Lá na Auto-Estrada 61.”


No epílogo com L. T Boham (Tomy Lee Jones) reflete sobre a natureza dos acontecimentos que o levaram a confrontar Aaron Hallam (Benicio Del Toro), enquanto "The Man Comes Around" começa a tocar.



4 de novembro de 2011

Casa dos Sonhos (Dream House, 2011)

Ainda há espaços para surpresas quando se vai ao cinema. Nos últimos dias, desde que fiquei sabendo que iria na premiere de "Casa dos Sonhos", através da nossa parceria com o Clube do Assinante ZH, pesquisei sobre a produção americana e confesso que fiquei desapontado. Críticas ruins, briga do diretor com o estúdio e sérios problemas de marketing pareciam condenar o filme a um fracasso antes mesmo que qualquer pessoa pudesse assisti-lo. Isso me convenceu de que eu veria um filme com graves defeitos, mas não foi bem isso que aconteceu.

Mas antes disso, vamos tratar dos problemas que acometeram o filme antes mesmo da estreia. Durante a produção, o diretor Jim Sheridan entrou em diversas brigas com a produtora Morgan Creek, a respeito do formato do roteiro e da produção do longa. No fim, o diretor, e os atores Daniel Craig e Rachel Weis, ficaram tão desapontados com o produto final que se recusaram a promover o filme. Infelizmente esse não foi o último dos problemas a ocorrer com a produção, pois em meio a toda essa polêmica, um trailer foi lançado que "entregava" o principal mistério do filme. Houve quem dissesse que foi uma tentativa por parte do estúdio de sepultar o filme de vez como vingança pelas divergências com Sheridan. Essa teoria parece ser reforçada pela preguiçosa campanha de marketing do filme que tem três grandes astros de Hollywood, Daniel Craig, Rachel Weisz e Naomi Watts, e não coloca nenhum deles em um cartaz tão pobre que lembra qualquer produção "b" atual menos o bom filme que se propõe a anunciar.

Com todos esses contras eu posso dizer que me surpreendi com a qualidade do filme. Há momentos ótimos. Craig entrega uma excelente interpretação, se mostrando bem mais frágil do que a "persona" normalmente arrogante que ele deixa transparecer na maioria de seus outros trabalhos. Weisz é uma boa atriz, mas esse não é um filme no qual ela se destaca e todos os outros personagens e atores da trama são subaproveitados.
"Casa dos Sonhos" exala oportunidades perdidas. Ao sair do cinema eu e minha noiva tínhamos certeza de ter assistido a um bom filme que poderia ter sido genial. Em 20 minutos de conversa chegamos à conclusão que vários plots e reviravoltas poderiam ter sido aproveitados e deixado a trama mais intensa, mas simplesmente foram deixados de lado em favor de cenas mais "digeríveis" para o grande público.

Jim Sheridan é um diretor experiente e dono de um currículo que inclui os ótimos Entre Irmãos, Em Nome do Pai e Meu Pé Esquerdo. É muito provável que os lampejos de genialidade que permeiam o filme sejam obra dele e que os infelizes momentos de falta de criatividade do roteiro sejam fruto da interferência direta do estúdio. 
A história em si começa no clássico "casa com passado sombrio", mas evolui para um thriller psicológico-sobrenatural muito mais interessante. Eu não vou dar mais detalhes do que isso, pois não é necessário e já que, quanto mais informação da história, menor a diversão no cinema.

O que vale a pena comentar é que o filme merece ser visto. Na avaliação geral é um produto mediano, mas tem momentos inspirados e que nos deixam pensando até que nível essa produção poderia ter chegado caso não tivesse se despedaçado ainda na fase de produção.



Mais Lidos do blog