9 de novembro de 2010

Adeus, Lênin! (Goodbye, Lenin! - 2003)


Hoje o mundo comemora 21 anos da "Queda do Muro de Berlim", marco do fim da Guerra Fria. Para entender melhor o contexto, o Geógrafo e cinéfilo, Marcus Zecchini, também conhecido como @mzecchini, nos honra com sua crítica ao filme Adeus, Lênin!. Segue abaixo o seu texto:

Podemos dizer que o filme Adeus, Lênin é didático, pois aborda de forma bem caricata como foi o processo da inserção da Alemanha Oriental (Socialista) no mundo Globalizado, já capitalista financeiro e monopolista, mostrando, também, como era o modo de vida de um país socialista: sérios problemas de liberdade de escolha e expressão, forte repressão, etc. Era, entretanto, um país na qual o Estado intervia sempre, com boa educação e saúde, basicamente.

Esses foram os motivos que levei Adeus, Lênin para a sala de aula, para fortalecer os conteúdos abordados. O resultado, a meu ver, foi bom, pois mostrou muito bem a realidade da época, que fora um período pós-glasnost e perestroika que foi uma reestruturação econômica e social da extinta União Soviética, que atingiu, também os países do Leste da Europa.

O filme é simples e chega a ser tragicômico, pois mostra a vida dura de Alex Kerner (Daniel Brühl) e sua família. Centrada na história da mãe de Alex, Christiane Kerner (Katrin Saß), uma senhora que trocou os homens pelo Sistema Socialista, ao ver seu filho em uma passeata em apoio à unidade das Alemanhas, teve um colapso, entrou em coma por 8 meses e, nesse tempo, o Muro de Berlim caiu, alguns governantes socialistas retiraram-se de seus cargos e o capitalismo (meio mais ilustrado pela Coca-Cola) entrou, de fato, na antiga República Democrática Alemã (RDA ou DDR). Se sua mãe tiver outro ataque cardíaco ela pode falecer e, então, neste contexto, Alex tenta a todo custo, com ajuda de amigos e familiares, mostrar à mãe que nada mudou e que ainda continuam na velha RDA.

As atuações de Daniel Bruhl são sempre seguras, assim como de Katrin Sass. A sátira à TV estatal, que dispunha de apenas fazer propagandas ao Socialismo é magnífica e, durante o filme, rimos muito com Dennis Domashcke (Florian Lukas) se passando por apresentador da TV para enganar a mãe de Alex sobre o que está acontecendo na, já extinta, RDA.

Vale a pena comentar a cena da "construção" do quarto socialista de Christiane, há uma nítida menção à Laranja Mecânica (de Stanley Kubrick), na clássica cena em que Alex (!!!), está em seu quarto com duas belas mulheres ao som do Ludwig Van Beethoven.

Pode-se dizer que esta obra é estilo "Sessão da Tarde", mas sempre há bons filmes que passam nas tardes cheias de aventuras e confusões. Seria de se lamentar caso perdêssemos a chance de ver Adeus, Lênin!. Então, vejam SIM este filme, nota 9!

Eu me aprofundaria mais nos comentários técnicos e outros detalhes. No entanto, minha intenção é de dar pitacos sobre o contexto histórico/filosófico dos filmes. Até o próximo!!!


Título Original: Good Bye, Lenin!
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 118 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha): 2003
Direção: Wolfganger Becker
Roteiro: Wolfganger Becker e Bernd Lichtenberg
Produção: Stefan Arndt
Elenco:
Daniel Brhül (Alexander Kerner)
Katrin Sab (Christine Kerner)
Maria Simon (Ariane Kerner)
Chulpan Khamatova (Lara)
Florian Lukas (Denis)
Alexander Beyer (Rainer)
Burghart Klaubner (Robert Kerner)
Michael Gwisdek (Diretor Klapprath)
Christine Schorn (Frau Schäfer)
Rudi Völler (Rudi Völler)
Helmut Kohl (Helmut Kohl)

- Indicado ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Indicado ao BAFTA, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Indicado ao Cesar, na categoria de Melhor Filme Europeu.
- Vencedor do Goya na categoria de Melhor Filme Europeu.
- Vencedor de 6 prêmios no European Film Awards, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Daniel Brühl), Melhor Roteiro, Melhor Diretor - Prêmio do Público, Melhor Ator - Prêmio do Pùblico (Daniel Brühl) e Melhor Atriz - Prêmio do Público (Katrin Sab). Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Atriz (Katrin Sab).
- Vencedor do prêmio Blue Angel, no Festival de Berlim.


Fonte: Adoro Cinema

5 comentários:

Juliana Puccia disse...

Muuuuuuuuuuuito boa a crítica! Obrigada por tornar o Cinema Sem Frescura mais rico!

João Colombo disse...

Muito bom mesmo. Ótimo texto do Marcus. Estou louco para ver o filme agora!

Rodolfo disse...

eu tava na alemana na epoca que lancaram o filme fazendo estagio e lembro dos alemaes muito emocionado no cinema. a guerra fria e essa separacao entre ocidente e oriente eh uma coisa que ainda mexe muito com eles, principalmente os mais velhos. as pessoas do lado oriental ainda sofre preconceito. muito boa critica, continuem assim. abs

Marcus disse...

Gente muito obrigado pelos elogios!
Realmente, esse filme é excelente e eu deveria ter feito algo melhor ainda. Qdo fiz esse texto foi para mostrar aos meus alunos q o cinema tb carrega muita coisa de Geografia e outras ciências.
Mais uma vez, obrigado.

renatocinema disse...

Gostei do filme e não me parei de perguntar: A mentira alivia a dor? é realmente mais importante o não sofrimento do que a verdade?

Ainda não achei a resposta.

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