19 de agosto de 2010

O CAÇADOR DE PIPAS (Kite Runner - 2007)

Amir é escritor e acaba de receber da editora seu primeiro livro. O telefone toca e uma voz amiga que a muito tempo ele não ouvia diz: "...há um jeito de ser bom de novo...".

O Caçador de Pipas é a adaptação cinematográfica do romance de Kaled Hosseini de título homônimo que conta a história de Amir desde sua infância no Afeganistão até sua vida adulta nos Estado Unidos.

No livro, Amir narra a própria história com detalhes dos seus sentimentos. O filme é "contado" em 3ª pessoa e não conseguiu dar conta destes detalhes e alguns espectadores podem ficar confusos em relação à proposta da trama. A história do livro aborda o tema amizade com adjetivos contrastados que resultam em seu real significado, tais como traição X confiança, amor X ódio, vergonha X orgulho. O filme por sua vez, foca mais na covardia de Amir e na relação com seu pai, quando o foco da trama eram seus sentimentos em relação a seu amigo Hassan

Sobre a história que livro e filme contam: Amir é criado pelo pai, pois sua mãe já era falecida, e convive na mesma casa com o criado de seu pai e o filho dele (?), Hassan. Os dois meninos brincavam diariamente juntos e sua diversão predileta era caçar pipas. Hassan era um exímio caçador de pipas e Amir orgulhava-se de ter mais que um criado, um amigo que faria tudo por ele. A amizade é posta à prova quando Amir vê Hassan sendo violentado e estuprado por outro garoto, Assef... e ele só olha envergonhado e nada faz para defender o Hassan, e nem mesmo conta ao amigo o que viu, ou a seu pai. Pior, por não conseguir olhar para Hassan, ele o acusa de ter roubado seu relógio e seu pai se vê obrigado a explusar o criado e seu filho de sua casa. Essa vergonha de ter sido covarde e mentiroso o tortura pelo resto da vida, até mesmo quando já mora nos EUA com o pai, após fugirem do Afeganistão por causa invasão Soviética. No entanto, um dia o amigo de seu pai, Rahim Khan, o telefona e dá a ele a oportunidade de se redimir com Hassan: ...há um jeito de ser bom de novo...".

Hassan e Amir.
O diretor Marc Forster, assim como o roteirista David Benioff teriam sido mais felizes se tivessem seguido a narrativa do livro, em 1ª pessoa, possibilitando ao personagem Amir dizer o que sentia, a fim de completar o que as imagens não conseguiram exprimir. Além disso, ricos detalhes da obra literária, não foram abordados como o drama com o filho de Hassan e as dificuldades de levá-lo para os EUA, ou ainda as questões históricas do Afeganistão e a abordagem de suas diferenças étnicas foram deixadas de lado no filme, sendo que isso explica muitas das atitudes de Baba, o pai de Amir e dos demais personagens, pois a história vai se fechando sob a opressão do regime Talibã.

O filme fez um sucesso medíocre comparado ao livro. E acredito, entretanto, que se não fosse pelo que a obra de Hosseini conquistou no mundo, o filme não teria chamado tanta atenção. É uma bela história que não conseguiu sua fidelidade no Cinema. Marc Forster é um bom diretor e o filme tem bons atores, mas me parece, enfim, que o drama poderia ter sido melhor aproveitada. Mas minha opinião também é muito influenciada porque li e me encantei com o livro.

De qualquer forma, vale a pena ver este filme. A fotografia é muito bonita e pode-se ter noção do que passaram os filhos do Afeganistão após tantas guerras. Sugiro, não obstante, a leitura do livro antes, e tirem suas próprias conclusões.

Vejam o trailer abaixo e não esqueçam de comentar!

Até a próxima.


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