18 de dezembro de 2015

STAR WARS - O DESPERTAR DA FORÇA (2015)

A cruzada do herói, ou melhor, da pessoa predestinada por um bem maior, é uma história já contada há séculos, independente de qual forma ela é apresentada para um público diferente de cada época. Embora tenhamos inúmeras histórias conhecidas dessa cruzada, o que todas elas têm em comum é o velho embate do bem contra o mal, sendo que, o próprio herói, luta para não cair na tentação vinda da escuridão. Star Wars - O Despertar da Força, não só retoma a cine-série criada por George Lucas para o cinema, como também fortalece esses elementos já conhecidos, mas incorporando algo de novo e muito bem-vindo.

Dirigido por J.J. Abrams (Star Trek - Além da Escuridão), a trama se situa trinta anos após O Retorno de Jedi (Episódio VI da saga). Os heróis se veem num novo embate perante a Primeira Ordem, mais precisamente herdeiros do antigo Império. Entre eles encontrasse um lorde sombrio chamado Kylo Ren (Adam Driver), disposto a caçar pela galáxia Luke Skywalker, que se encontra desaparecido. Liderando uma resistência, Princesa Leia (Carrie Fisher), que agora é General, está também em busca do seu irmão Luke, mas, ao mesmo tempo, eventos ocorrem para fazer com que essa sua cruzada não seja solitária.

Dito isso, surgem os verdadeiros novos protagonistas do filme: Rey (Daisy Ridley) - bela e forte jovem que vive de catar sucata para sobreviver no desértico planeta Jakku - e Finn (John Boyega), um Stormtrooper que decide abandonar a Primeira Ordem e buscar um novo caminho em sua vida. Ambos se cruzam no primeiro ato e, através do pequeno droid BB-8, embarcam numa missão que podem levá-los ao paradeiro de Luke Skywalker. Pelo caminho, encontram a velha e poderosa Millennium Falcon, para logo em seguida darem de encontro com Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca e juntos partem para uma grande aventura.

Falar mais seria estragar inúmeras surpresas que esse filme reserva, mas o que posso dizer antecipadamente é que, ele não é somente uma continuação, como também uma releitura do clássico de 1977. Todas as fórmulas já vistas na trilogia clássica estão lá, mas moldadas para serem apresentadas para um novo público, respeitando o antigo. J.J. Abrams cria então uma espécie de declaração de amor e carinho por esse universo e não faz feio perante nossos exigentes olhos.

A todo momento não só surgem referências aos filmes anteriores, como também aparecem velhos conhecidos e cada um deles recebe os aplausos pra lá de merecidos. Abrams constrói essas aparições de uma forma elegante, da qual nos faz rir, e meio segundo depois nos emocionar com as cenas. Em meio a isso, é preciso dar palmas pelo fato do cineasta não abusar em nenhum momento dos efeitos especiais, mas sim que eles façam parte da trama e ao mesmo tempo remetendo ao filme clássico, como se a velha e a nova tecnologia sempre estiveram juntas o tempo todo.
Mas quem acha que o filme sobrevive somente com os velhos conhecidos se engana, pois as caras novas estão ali para sucedê-los de uma forma digna. Rey (Daisy Ridley) é, sem dúvida a verdadeira protagonista do filme: forte e determinada, Rey espera por respostas do seu passado e na oportunidade de um dia sair do lugar em que vive. Ao mesmo tempo, uma vez em que abraça a oportunidade de seguir um novo caminho, demonstra certa fragilidade devido ao peso da responsabilidade. É a cruzada do herói (a) remodelada para as novas plateias que, em meio a inúmeros obstáculos, poderá conseguir a sua redenção e um lugar no mundo.

Finn (John Boyega) segue pelo mesmo caminho, mas em busca por redenção e luz em sua vida, depois de ter presenciado os horrores que a Primeira Ordem causou. John Boyega se sai muito bem em cena, não só provando que o seu personagem tem potencial, como também se torna o grande alívio cômico da trama, mas de forma divertida e jamais boba. Tanto Daisy Ridley como John Boyega possuem ótima química juntos em cena, fazendo de seus personagens a verdadeira alma do filme.

O mesmo não se pode dizer muito do antagonista Kylo Ren (Adam Driver), pois sua presença é boa, mas meio que desperdiçada pelos poucos momentos de cena que possui. Driver se sai bem na interpretação, principalmente quando está sem mascara, sendo ela o único entrave de sua interpretação ser melhor e esse empecilho somente existe para a gente se lembrar de Darth Vader a todo momento, sendo que isso poderia ser dispensável. Felizmente o seu grande momento na trama acontece quando contracena com um personagem clássico e essa cena com certeza fará com que qualquer fã perca o chão no momento que for assisti-la.

Com relação à velha guarda, tanto Carrie Fisher como Harrison Ford, embora ambos com idades avançadas se saem bem ao passar o fato dos seus personagens serem veteranos e mais sábios perante o novo mundo que eles presenciam e que precisam enfrentar. Embora ainda seja um canalha, Han Solo passa para os seus novos companheiros todo o conhecimento que adquiriu ao longo das décadas e qualquer descrença que ele tinha com relação à Força deixou de existir. Portanto, ele se torna uma espécie de mestre e pai, principalmente para Rey, carente pela falta de uma figura paterna.

Por mais que seja empolgante o ato final, eu particularmente achei forçado demais à presença de uma antiga arma do império voltar em cena, mas muito maior e poderosa. O pior que a forma que é encontrada para destruir ela é apresentada rápida demais, dando a entender que os roteiristas tiveram preguiça nesse ponto.

Se há repetições, pelo menos uma delas nos faz vibrar, principalmente quando Rey aceita o que ela estava predestinada a ser e usa pela primeira vez o sabre de luz contra o inimigo. É nesse momento que o coração de qualquer fã infla de emoção. Se na trilogia anterior (episódios I, II e III), os combates de sabre de luz pareciam já repetitivos, aguarde para esse momento e sentir novamente a emoção que era antigamente assistir esses duelos.

Batalha vencida, mas a guerra mal começou e vemos os heróis se recolhendo e colhendo o que restou. Os minutos finais da trama deixam mais perguntas do que respostas, que somente serão respondidas nas eventuais continuações. Na reta final, vemos Rey encontrar o seu destino, mais precisamente dando de encontro com a possibilidade de aprimorar os seus dons ou na possibilidade de abandonar esse fardo e seguir outro caminho.

A cena final é curta, mas ela sintetiza exatamente toda a essência do que é Star Wars, com relação à cruzada do herói, de sua luta; o seu fardo; a sua queda e sua redenção pessoal que tanto busca. Star Wars - O Despertar da Força não somente respeita esses dizeres, como também nos abre uma porta até então desconhecida sobre essa nova cruzada. Que a força esteja com nós até 2017.

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