8 de abril de 2014

NEBRASKA (2013)

Alexander Payne gosta de criar um filme, cuja trama investiga o lado bom e ruim de uma família que, embora aparentemente normal, possui os seus defeitos escondidos num armário. Foi assim no seu último filme Os Descendentes e aqui, em Nebraska, não é diferente; usando o cenário do gênero Road Movie como uma espécie de "sessão de terapia" para os protagonistas se redescobrirem. No caso aqui é o filho que não compreende o pai, assim como o pai não compreende o filho, mas que, no final das contas, se amam. 

A trama mostra Woody Grant (Bruce Dern) obcecado em querer ir a Nebraska, acreditando cegamente que ganhou um milhão de dólares, o que torna-se o início de uma grande jornada. Durante o percurso, pai e filho David (Will Forte) acabam dando de encontro com o passado do primeiro, onde velhas lembranças são postas novamente na mesa e grandes revelações são colocadas à prova. O grande charme disso fica por conta de David, que começa a enxergar seu pai de uma forma diferente, a partir do momento que descobre mais de sua história, como, por exemplo, conhecer uma antiga paixão do seu velho.

Embora a bela fotografia passe uma sensação de frieza naquele mundo que eles percorrem, boa parte da trama possui inúmeros momentos de humor inesperado, sendo que boa parte deles se concentra nos amigos e familiares que eles acabam encontrando. O filme é corajoso em não esconder o fato de que os laços de sangue se tornam insignificantes para alguns, principalmente no momento que o assunto 'dinheiro' surge em cena. Com isso, o filme nos brinda com momentos hilários em que determinados parentes começam a cobrar do protagonista certo favores do passado, por acreditarem que ele realmente ganhou um milhão de dólares.
Apesar da decepção ao encarar as verdadeiras intenções de alguns familiares, o filme também passa a mensagem da preservação da memória dos entes queridos que já se foram a tempos. Bom exemplo disso é quando pai, filho e mais a mãe (June Squibb) visitam o cemitério da família, onde cada lápide possui um nome e uma história para se contar. Embora seja uma sequência de reflexão, a personagem de June Squibb nos brinda com um momento imprevisível, mas, ao mesmo tempo, hilário.

Com uma bela química entre todo o elenco, principalmente da dupla pai e filho, Nebraska passa uma leve sensação dos melhores momentos do cinema americano dos anos 70; filmes como A Última Sessão de Cinema passaram facilmente pela minha cabeça durante a exibição de Nebraska. O antigo símbolo da Paramount, apresentado no início do filme, dá uma bela dica do que viríamos no decorrer de duas horas de projeção.


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