9 de fevereiro de 2014

TRAPAÇA (American Hustle, 2013)

Em linhas gerais, Trapaça é um bom filme, com uma trilha sonora refinada com clássicos dos anos 70 e boas atuações, mas não é um filme que empolga.

O longa é dirigido por David O. Russel, um diretor de pouco renome na grande mídia ainda, mas que já assinou como diretor algumas excelentes obras: Três Reis; O Vencedor; O Lado Bom da Vida. É um diretor que sabe dar liberdade a seus atores e deixar o roteiro bem amarrado, vide o sucesso que lhe rendeu seus últimos filmes, premiando Christian Bale e Jennifer Lawrence com o Oscar. Ele mesmo já foi indicado quatro vezes ao Oscar e é uma das promessas esse ano. Particularmente, acredito que Scorsese tenha feito um trabalho mais completo e complexo com O Lobo de Wall Street e, por isso, talvez deva levar a estatueta.

O filme conta a história de Irving Rosenfeld (Christian Bale), um grande trapaceiro, que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são forçados a colaborar com o agente Richie DiMaso, do FBI (Bradley Cooper), para pegar alguns trapaceiros e lhes ensinar sobre como funciona o mundo da trapaça. À medida que vão realizando pequenas investigações, o FBI descobre que pode prender mais pessoas, acabando com alguns mafiosos e boa parte da corrupção na política através do prefeito de New Jersey, Carmine Polito (Jeremy Renner). Enquanto toda a trama se desenrola, o casal de trapaceiros procura criar um plano para se livrar de todos: a máfia, os políticos, o FBI e, inclusive, a esposa atrapalhada e instável de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), que se torna o pivô de uma reviravolta em seus planos.
O interessante de tudo sobre como a história se desenrola é que o roteiro é baseado em fatos reais. O problema do filme é que O. Russel não conseguiu criar uma atmosfera de suspense e excitação como se espera num filme desses.  Acredito, no entanto, que deva agradar a diversos públicos, porque é leve... apesar de apresentar a tradicional brincadeira de polícia e ladrão, não há violência abusiva, nem cenas de sexo. O que o diretor consegue efetivamente transmitir é uma atmosfera muito sensual através dos figurinos e maquiagem de Amy Adams e Jennifer Lawrence. Curioso é ele estabelecer o contraponto com os galãs; temos um Christian Bale barrigudo e calvo, e um Bradley Cooper que mora com a mamãe e faz permanente nos cabelos... porém ambos não perdem seu charme. 
Os quatro principais atores estão concorrendo ao Oscar, mas, sinceramente, não senti que nenhum tenha se destacado em seus papéis de forma significativa. Christian Bale concorre como melhor ator, mas sua atuação está longe de ser a sua melhor. Além disso, até pouco mais da metade do filme, Bradley Cooper - que concorre como ator coadjuvante - aparece muito mais que ele. Cooper está muito bem e se entrega ao personagem, mas não acredito que será desta vez que a Academia irá lhe conceder essa honra - Achei sua atuação um pouco caricata. O mesmo acontece com Amy Adams (Melhor Atriz) e Jennifer Lawrence (Melhor Atriz Coadjuvante): ambas estão bem, mas não fazem mais do que o esperado por duas grandes estrelas da nova geração.

Apesar das críticas, o filme tem seus méritos. A obra, como um todo, deve conquistar mais fãs ao longo dos anos. Acredito que será reconhecido como um clássico pela atmosfera cult imposta no filme através da direção de arte, figurinos e trilha sonora que retratam minimamente os final dos anos 70. Mas, sobretudo, deverá cativar pelo bom humor dos personagens.


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