30 de novembro de 2013

A BELA QUE DORME (Bella Addormentata, 2012)

A bela que dorme, de Marco Bellocchio (de Vincere, 2009) mergulha numa discussão delicada que é a eutanásia. Entretanto, por conta de uma disposição caótica e multifacetada no que se referem aos personagens e as situações vividas por eles, a eutanásia acaba sendo pano de fundo para os acontecimentos que ocorrem em três tramas que, embora independentes, possuem certa interligação. Talvez este fato atrapalhe um pouco um cinéfilo desavisado, que tente acompanhar com o mesmo interesse que aflora nos primeiros minutos de projeção. De alguma forma, Bellocchio se atrapalha um pouco nesse assunto tão delicado, estabelecendo pontos de interligação distantes, desintegrados, e sem conseguir amarrá-los para se aprofundar no foco principal.

Eluana Eglaro está em coma vegetativo há anos, gerando então discussões morais, políticas e religiosas em todo o país, se deve continuar viva, ou se desligar os aparelhos seria o melhor para ela. Em meio a este conflito nacional, Bellocchio mostra como o desejo pela morte, o horror à morte e a moral por viver, ainda que vegetando, atinge diversas pessoas com problemáticas diferentes umas da outras, mas sobre a mesma questão.

Algumas passagens valem o filme, outras não (o irmão problemático é uma delas). O conceito de morte e a relação entre os personagens, as cenas dos religiosos e, principalmente, o apego das pessoas em alguma crença - a motivação que cada um de nós possui para continuar vivendo. Bellocchio, como sempre, acerta na criação dos protagonistas. Ele é capaz de ir fundo nas emoções, sentimentos, dramas psicológicos, traçando personalidades bastante verossímeis e humanas.

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