23 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento (2013)

Jayme Monjardim é famoso por suas novelas, mas ganhou destaque como diretor de cinema por Olga, de 2004. É ele quem assina a adaptação da obra imortal de Érico Veríssimo, "O Tempo e o Vento", focado nas histórias Ana Terra e Um Certo Capitão Rodrigo, com elementos de O Sobrado. A odisseia da família Terra Cambará é contada a partir das memórias de Bibiana Terra com seus mais de 80 anos - interpretada magnificamente por Fernanda Montenegro - em diálogo com o espírito de seu marido, o Capitão Rodrigo Cambará (Thiago Lacerda).

Bibiana relembra a história de sua família até aquele momento. Desde seu avô Pedro Missioneiro e sua avó Ana Terra, passando por sua história de amor com o Capitão Rodrigo e a rusga com a família Amaral. Desde as missões jesuíticas, passando pela Revolução Farroupilha até aquele ponto durante a Revolução Federalista, quando a família Terra Cambará está sitiada em seu sobrado em Santa Fé, ameaçada pelos Amaral.

O ponto alto do filme é a fotografia, ilustrada prodigiosamente pelas paisagens do Rio Grande do Sul. O que mais me preocupava era se as atuações seriam respeitosas e foram, na maior parte do tempo. Thiago Lacerda convence como o Capitão Rodrigo ao representar um gaúcho valente, bonachão, leal e galanteador. Fernanda Montenegro mostra que realmente é a melhor atriz brasileira de todos os tempos. Sua capacidade de transmitir apenas pelo olhar o sentimento de uma jovem apaixonada ainda na velhice é realmente cativante. Marjorie Estiano também está muito bem ao representar a jovem Bibiana, bem como Cléo Pires no papel de Ana Terra. Mais um destaque brilhante é o ator gaúcho Zé Adão Barbosa como o Padre Lara que se contrasta muito bem nas cenas com Thiago Lacerda.
Como a história é muito longa, acredito que teria sido mais bem aproveitado se fossem dois longas-metragens, onde poderia se dar mais destaque a “O Sobrado” história fundamental no universo de “O Tempo e o Vento”. O excesso de fragmentação por fade out torna o filme um pouco cansativo e, às vezes, devagar. Ainda, nota-se que alguns atores prometidos para o filme simplesmente não apareceram ou passaram muito despercebidos, o que denota uma gama de cortes na produção final (Igor Rickli, Rafael Cardoso e Mayana Moura). As cenas de guerras e combates foram bem retratados, mas pouco explorados. O que realmente me incomodou no fim do filme foi a escolha do ator mirim Kaic Crescente como o bisneto de Bibiana, Rodrigo Terra Cambará, pois o garoto tem o sotaque carioca muito carregado e, principalmente, a seleção de uma música em inglês nos créditos cantada por Maria Gadú, completamente destoante de todo o filme.

Colocando tudo na balança, o saldo é positivo. A produção foi respeitosa com a obra de um modo geral e procurou também retratar fielmente aspectos da cultura do Rio Grande do Sul. Aproveitem!

Até a próxima!

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