14 de julho de 2014

UM ESTRANHO NO LAGO (L'inconnu du lac, 2013)

Colocado como o melhor filme de 2013 pela revista Cahiers du Cinema, Um Estranho no Lago é um filme que retrata as relações e os riscos que elas podem trazer para a pessoa. Na trama, Franck (Pierre Deladonchamps) é um jovem que vai todo dia num lago rodeado por um bosque, aonde homens vão para se relacionar sem compromisso com outros homens. Enquanto curtia a água do lago, Franck dá de encontro com um homem solitário, Henri (Patrick d'Assunçao) numa parte do lago e vai conversar, se tornando apenas amigos e conhece também Michel (Christophe Paou), um homem com atitudes ambíguas por qual Franck se apaixona e inicia uma relação, mal sabendo no que está prestes a se meter.

Utilizando a câmera como uma espécie de olhos que observam o tempo todo, o diretor Alain Guiraudie, mesmo que lide com uma história onde atos terminam com as suas consequências, opta por um olhar que contempla, seja sobre o cenário nu e cru do bosque e do lago, seja pela nudez do homem e as cenas de sexo de Franck com outros homens trazem natural e cru que ao olhar do espectador, pode incomodar inúmeros, mas deixa em pratos limpos que o homem pode sim encontrar prazer no corpo de outro homem e para um público que ainda tenha certos tabus não admitidos em sua cabeça, pode ser difícil, mas é de se reconhecer tamanha coragem, seja do diretor ou dos atores.

Se na questão imagética, o filme trás um certo olhar poético, onde se foca nos corpos se encontrando e se ofegando no puro prazer do corpo e também, um suspense que dispensa uma trilha musical, porque não depende e é se preciso entender gravidade de uma cena ou seu lado dramático, pois o olhar do diretor tem uma mão mais pesada do lado mais natural e nem tanto teatral, e o que sobra é a excelente captação de som, que atenua toda a natureza por qual os personagens vivem em volta, a narrativa é sutil, tem ótimo diálogos) e constrói a história de modo que as coisas ficam cada vez mais perigosa ao longo dos minutos que passa.

Contando com atores talentosos, que senão são homossexuais, já que o teor de muitas cenas de relação sexual é explicita, não poupando o espectador até mesmo de uma cena em que possui sexo oral ou o sêmen disparando, demonstra então uma coragem que se encontra apenas naqueles comprometidos e que amam realmente a 7ª arte.


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