29 de maio de 2014

NO LIMITE DO AMANHÃ (Edge of Tomorrow, 2014)

Experiente produtor de filmes e séries para TV, Doug Liman, como diretor, ficou mais conhecido pelos seus trabalhos conduzindo A Identidade Bourne (2002), Sr. e Sra Smith (2005) e Jogo de Poder (2010). Com ficção científica, sua principal referência é Jumper (2008). Dessa vez, ele contou novamente com atores mais experientes em uma história rasa e tão bem mastigada que seu maior trabalho mesmo seria ter mais cautela com a montagem e os efeitos visuais.

O filme aborda a temática de se reviver incontáveis vezes o mesmo dia, em que o personagem central, que carrega essa maldição, precisa descobrir porque está passando por isso e como se livrar dessa situação. Recentemente tivemos o longa Contra o Tempo (2011), com uma temática semelhante, mas o mais emblemático é, e sempre será, o clássico O Feitiço do Tempo (1993), com Bill Murray.

Um breve resumo que, acredito, facilita para entender do que se trata o filme:

Após uma invasão alienígena (de onde não se sabe), toda a Europa está destruída e ocupada pelo inimigo. A humanidade une forças armadas de 70 nações, lideradas por Estados Unidos e Reino Unido para combater o inimigo. O Major Cage (Tom Cruise), das forças americanas é responsável pela propaganda de guerra, liderada pela imagem de Rita (Emily Blunt), a destemida sargento que é implacável no combate corpo a corpo com os alieníginas. Cage é convocado pelo general inglês a participar da invasão na França, a fim de que tenha tudo documentado. Ao se negar a participar do combate e tentar chantagear o general, Cage é preso e levado à força para o front. Quando acorda na base que está se preparando para o ataque inicial aos alienígenas, é colocado como um simples recruta e sua inexperiência em treinamento militar será sua sina. No outro dia, assim que desembarcam nas praias da França, Cage é morto por um alienígena diferente, um Alpha e imediatamente acorda na base novamente.

Pensando que tudo fora um sonho, começa a perceber que todos os detalhes do seu dia se desenrolam com um déjà vu, até desembarcar novamente na praia da França e ser novamente morto em combate, imediatamente acordando na base... Tudo se desenrola dessa forma até que, ao tentar salvar a sargento Rita, durante o combate, ela lhe diz "Me procure quando você acordar"... Quando mais uma vez ele morre e desperta, dá um jeito de ir ao seu encontro na base e colocá-la à par do que está acontecendo, quando ela lhe revela que já passou pela mesma situação e que tudo ocorre por ele ter sido contaminado com o sangue do alienígena Alpha. Pela contaminação, suas memórias estariam conectadas ao Ômega, o cérebro que comanda as ações dos alienígenas, que usaria isso como artimanha para saber, de antemão, os planos da humanidade e, assim, repetir o dia até vencer facilmente a guerra e dominar a Terra. A partir desse momento, Cage e Rita começam a treinar e repetir inúmeros dias até encontrar um meio de vencer e salvar a humanidade.
Na composição do filme, percebemos uma forte associação ao desembarque dos Aliados na Normandia, durante a II Guerra Mundial. Quanto aos elementos futuristas, me agradou que, por se tratar de um futuro distópico, mas não muito distante, não há presença de uma tecnologia que já não possa existir atualmente, portanto, a criatividade tecnológica do filme passa pelo verossímil. A caracterização dos alienígenas, entretanto, joga novamente com o clichê de monstros horríveis, selvagens, assemelhados a horrendos insetos e com comportamento coletivo, buscando na Terra sua fonte de subsistência e a humanidade como um obstáculo. O cinéfilo mais atento poderá comparar os ETs às sentinelas do filme Matrix.

Quantos às atuações, não há nada de espetacular e, acredito, a própria direção não abriu muito espaço para explorar os talentos de Tom Cruise e Emily Blunt. É claro que, Cruise é especialista em transmitir sentimentos somente pelo olhar e engrandece o filme por isso, além de nos presentear com situações cômicas de quem sabe que pode morrer, pois acordará bem vivo em seguida. Blunt, por sua vez, nos presenteia com sua beleza estonteante.

Viva. Morra. Repita. A própria tagline do filme induz a pensar que é um videogame clássico, que vamos jogando até morrer e, então, recomeçamos de um ponto salvo anteriormente; sempre avançando até vencer... Quando terminamos o jogo, bate aquele vazio e nos questionamos 'e agora?'; ora, ou jogamos de novo, ou trocamos o jogo. Em No Limite do Amanhã temos essa sensação ao final do filme: 'e agora?'. O roteiro recorre ao Deus ex machina e deixa o gancho para uma continuação (que certamente teria um roteiro forçado) ou foi uma tentativa desesperada de criar expectativa no espectador do que aconteceria dali para frente se tudo, aparentemente, estava resolvido.

O filme não deixa de despertar a curiosidade sobre um debate de física quântica a partir de reações químicas e torna-se interessante a partir do momento que nos apresenta a questão "e se eu vivesse sempre o mesmo dia, o que faria de diferente". Por fim, temos um bom entretenimento, mas não chega a ser um filme excelente. Muita badalação, mas pouco conteúdo realmente diferenciado.


26 de maio de 2014

O DOADOR DE MEMÓRIAS - Trailer Legendado

A Paris Filmes acaba de divulgar o trailer legendado do filme O Doador de Memórias, estrelado por Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Taylor Swift, Alexander Skarsgård e Katie Holmes.


O filme, baseado no livro de Lois Lowry, conta a história de um mundo perfeito, no qual todos são felizes. Quando Jonas faz 12 anos, é escolhido para ser o Receptor de Memórias da comunidade. Ele entra em treinamento com um velho homem, a quem chamam O Doador. Do Doador, Jonas aprende sobre dor, tristeza, guerra e todas as verdades infelizes do mundo “real”, percebendo rapidamente que a comunidade vive em falsidade. Confrontado com a realidade, Jonas enfrenta escolhas difíceis sobre sua própria vida e seu futuro.

Com direção de Phillip Noyce (de Salt e Revenge), o filme O Doador de Memórias chega aos cinemas em lançamento mundial dia 14 de agosto.


Divulgação: Paris Filmes
Página no Facebook: http://www.facebook.com/ODoadorDeMemorias

23 de maio de 2014

INTERESTELAR - Trailer Legendado

Filme dirigido por Christopher Nolan tem estreia prevista para 6 de novembro de 2014


O filme conta a história de um grupo de exploradores que utiliza buracos negros para viajar pelo espaço, precisando lidar com viagens no tempo e com dimensões paralelas. Juntos, eles encontram uma realidade com a qual os humanos nunca tinham sonhado.

A Warner Bros. Pictures divulga trailer de Interestelar, filme dirigido e coescrito por Christopher Nolan ("A Origem", trilogia "Batman: O Cavaleiro das Trevas"). O longa, que tem estreia prevista para 6 de novembro de 2014, também ganha nova imagem. A arte destaca o título do filme e traz a frase: “A humanidade nasceu na Terra. Seu destino nunca foi morrer aqui”.

Interestelar conta com um elenco de prestígio que inclui Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, John Lithgow, Casey Affleck, Ellen Burstyn e Michael Caine. A produção viajou o mundo e utilizou uma mistura de 35 milímetros anamórfico e fotografia IMAX para trazer à tela um roteiro baseado na combinação de uma ideia original de Nolan e de um roteiro já existente de Jonathan Nolan, originalmente desenvolvido para a Paramount Pictures e a produtora Lynda Obst. O novo roteiro narra as aventuras de um grupo de exploradores que faz uso de um buraco negro recém-descoberto para superar as limitações de uma viagem espacial humana e conquistar as grandes distâncias relacionadas a uma viagem interestelar.

Toda a equipe do filme, da produção à criatividade, são profissionais gabaritados. A maioria já trabalhou com Chris Nolan em outros filmes, principalmente na trilogia Batman.


Divulgação: Espaço Z

A Memória que Me Contam (2012)

Embora seja estrelado por personagens fictícios, a diretora Lúcia Murat (Quase Dois Irmãos), cria uma fábula contemporânea que retrata um pouco do seu passado e presente (na pele de Irene Ravache). Revisitando a ditadura, tudo começa no momento que é internada Ana, guerrilheira que se tornou lenda no circulo de seus amigos (e família), interpretada com intensidade pela atriz Simone Spoladore (Elvis e Madona). A personagem em si, é livremente inspirada em Vera Silvia Magalhães, ex-guerrilheira que participou do sequestro de um embaixador em 1969, tornando-se então um símbolo da resistência. 

O filme é bem arquitetado e possui momentos que surpreendem o espectador pela sua criatividade, principalmente da forma como é apresentada Ana, tanto para o resto dos personagens, como também para os espectadores. Embora o pano de fundo seja esse período turbulento do nosso país, o filme foca mais sobre as pessoas que enfrentaram aquele regime que, embora tenham sobrevivido, vivem com lembranças de um período jaz morto e que se distancia mais e mais. Bom exemplo disso é a forma que a geração de filhos desse grupo se apresenta que, diferente do passado de seus pais, não temem em dar as suas opiniões e tão pouco a esconder o que sentem, tendo então o direito de ir e vir livremente. 

Embora tenha lutado por um bem maior, Lúcia Murat se entrega na tela grande, não negando talvez com a possibilidade de ter errado no seu passado. Principalmente com o fato de que o movimento que participava, caso vencesse, poderia desencadear uma ditadura nova naquele período, fazendo então a gente se perguntar que tipo de realidade seria caso tivessem conseguido o que queriam na época. Política e possibilidades a parte, A Memória que me Contam acaba se tornando mais um exemplo de se extrair daquele período pequenas historias, mas com grande conteúdo, onde cada pessoa que enfrentou aquela realidade, possui grandes histórias para serem contatas, tanto do nosso país, como dos nossos vizinhos (Infância Clandestina). 

No seu ato final, o circulo de amigos pouco pode fazer contra o inevitável momento em que simplesmente terão que encarar a vida seguindo em frente, mas mantendo o passado ainda vivo dentro deles através da sua companheira que se tornou um ícone, pelo menos intimamente para cada um deles.

O filme conta ainda com participação do grande ator Franco Nero.


21 de maio de 2014

X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO (2014)

X-Men Days of Future Past, do diretor Bryan Singer, é um filme mais maduro e empolgante na safra de filmes de super-heróis dos quadrinhos.

A história do filme é inspirada em uma publicação na série Uncanny dos X-Men, em 1981. A versão original mostra um futuro distópico, onde os mutantes são caçados e mantidos em campos de concentração. Para rever esta situação, a já adulta Kate Pryde transfere sua consciência no tempo para seu corpo mais jovem, em determinado momento em que possa evitar o início dos eventos catastróficos que culminaram na caça aos mutantes.

No filme, o que difere é que Kate Pryde (Ellen Page) transfere a consciência de Wolverine (Hugh Jackman) para o passado, pois sua capacidade regenerativa seria a única a suportar o poder dela agindo no cérebro. O herói de garras de adamantium tem como missão despertar em seu corpo mais jovem, em 1973, buscar o apoio dos jovens Professor Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) e, juntos, impedir que a Mística / Raven (Jenniffer Lawrence) assassine o Dr. Trask (Peter Dinklage), criador das Sentinelas, robôs capazes de identificar e exterminar mutantes. Segundo a mitologia do filme, a partir deste crime, Mística entra para um caminho de assassinatos sucessivos, tornando-se uma das mais perigosas mutantes, mas é capturada e seu DNA é estudado a fim de criar Sentinelas mais poderosas, que no futuro são capazes de absorver e usar poderes os necessários contra os mutantes, tornando, assim, o seu extermínio dos algo inevitável.

O filme possui excelentes cenas de ação, com coreografias muito bem elaboradas. Os efeitos visuais são espetaculares, mas o 3D é totalmente descartável aqui. Entre todas as cenas, as melhores lutas são contra as Sentinelas no início do filme, no futuro, mas a que mais se destaca é a da fuga de Magneto, preso no Pentágono; a cena executada por Mercúrio / Peter (Evan Peters) é um balé, todo realizado em efeitos de câmera lenta de altíssima qualidade... belíssimo! A propósito, no filme, eles deixam uma pista de que ele seja filho de Magneto, sem saber (pelas HQs ele realmente o é).
Um dos momentos mais generosos do filme para o espectador é a ambientação dos anos 70 quando Wolverine desperta no passado... a direção de arte aqui foi impecável, até mesmo na caracterização do presidente Nixon. A trilha sonora também ficou excelente para todas as ocasiões. Da minha parte, apenas achei desnecessário o Hugh Jackman aparecer totalmente nu de costas.

O que me fez achar o filme superior aos demais é especificamente a dramaticidade e a não infantilização da violência O filme é realmente mais maduro (e até brutal) em algumas cenas, mas é o potencial dramático do grande elenco, formado por James McAvoy, Michael Fassbender, Patrick Stewart, Ian McKellen, Jennifer Lawrence, Peter Dinklage, que dá um tom mais soturno ao longa. A excelente Halle Berry também está presente no filme, mas sua participação chega a ser mais tímida do que a própria Ellen Page.
O charme do filme consiste principalmente em conseguir reunir todos os principais astros que ilustraram a jornada dos X-Men nos cinemas, desde o primeiro filme... E, como de praxe, no final dos créditos há uma cena extra, que se passa no Egito antigo... o que deixa gancho para o próximo filme X-Men: Apocalypse, previsto para 2016 que, em princípio, será também dirigido por Bryan Singer e deverá contar a história de En Sabah Nur, um dos maiores vilões da Marvel.

O filme, entretanto, não é perfeito... existem alguns pontos na cronologia dos filmes que não foram totalmente sanados, ou que criam furos na obra como um todo, mas que de forma alguma compromete a história deste filme. Por exemplo: em X-Men: O Confronto Final, o Professor Xavier é desintegrado por Jean Grey... a cena extra, no final, mostra que ele transportou sua consciência para outro corpo e, em nenhum momento, em nenhum dos filmes, é explicado como ele está com o mesmo corpo; na cena final de Wolverine Imortal (2013) o Professor aparece e apenas diz para Logan que também possui segredos... Ainda em Wolverine Imortal, Logan tem suas garras de adamantium cortadas e volta a usar as garras de osso, mas no início de Dias de Um Futuro Esquecido suas guerras de adamantium estão de volta e sem explicação. Por fim, há utilização de armas de fogo feitas não de metal em 1973, em função dos poderes de Magneto, o que aparece como uma inovação somente na guerra de O Confronto Final, que se passa em 2006.

De qualquer forma, esse filme ficou fantástico e a Jennifer Lawrence é linda até de azul! Curtam o trailer abaixo e aproveitem o filme. Esse vale a pena!


19 de maio de 2014

Rush - No Limite da Emoção (Rush, 2013)

Quando o nosso Senna morreu em 1º de Maio de 1994, era o encerramento definitivo da era romântica da Formula 1, em que os pilotos se arriscavam ao máximo nas pistas para vencer, mesmo correndo sérios riscos de perderem as suas vidas. Uma dessas passagens mais lembradas desse período foi nos anos 70, onde Niki Lauda e James Hunt disputavam palmo a palmo por cada ponto e corrida que disputavam um contra o outro. Embora grandes rivais nas pistas, surpreendiam pelo fato de que havia sim um certo respeito entre ambos, mesmo quando dava a entender que queriam se pegar fisicamente nos bastidores da categoria.

O filme de Ron Howard (Uma Mente Brilhante) não é somente uma bela reconstituição da época, como também é fiel aos eventos divulgados e sobre o duelo dentro e fora das pistas entre os dois pilotos. Talvez o maior trunfo seja realmente a caracterização que a dupla central faz ao ter de interpretarem pessoas tão conhecidas: Daniel Brühl (Bastardos Inglórios) sai ganhando disparado na interpretação, ao encarnar de forma assombrosa Niki Lauda, sendo que até mesmo o olhar penetrante que o piloto tinha, ele consegue passar com total precisão. Já Chris Hemsworth (Thor) não fica muito atrás ao encarnar James Hunt que, se por um lado, ele não é muito parecido, por outro, pelo menos passa uma atuação sincera sobre quem era o piloto que sempre se envolvia entre baladas, mulheres e muita bebida.

É claro que não poderia faltar as cenas de corrida da categoria, que aqui, são retratadas com uma montagem e fotografia que se casam muito bem na tela e que simboliza um período mais brilhante e perigoso. A cena que Niki Lauda sobre um grave acidente e que deixou marcado pelo resto da vida são dignos de nota. Vale lembrar, que a cena que vemos Niki Lauda no hospital tentando se recuperar enquanto vê o seu rival ganhando as corridas seguintes são de uma angustia só e pouco aconselhado para pessoas mais sensíveis. 

Com um final que nos brinda com um depoimento e imagens reais dos verdadeiros pilotos, Rush - No Limite da Emoção infelizmente foi esnobado no ultimo Oscar, sendo que figura tranquilamente entre os melhores filmes do ano passado. No final das contas, o tempo fará justiça com relação a esse filme, que é com certeza um dos melhores ao retratar essa categoria do automobilismo tão disputada.


16 de maio de 2014

ATÉ O FIM (All is lost, 2013)

A temática Homem vs natureza já rendeu inúmeros bons filmes, onde se coloca o protagonista no limite e em busca da sua sobrevivência. Aqui, acompanhamos a luta pela vida do personagem interpretado por Robert Redford, que vê seu veleiro gradualmente se tornar inútil perante o oceano, após ter colidido com um contêiner. O grande charme do filme é não poupar o protagonista para um descanso, pois gradualmente seu transporte vai se tornando inútil e ao mesmo tempo perigoso para si próprio.

Mesmo com os seus 77 anos nas costas, Robert Redford surpreende num papel em que se exige muito do lado físico da pessoa, que tenta sempre sobreviver a cada dia que passa em auto mar. O que temos no filme é a desconstrução de um personagem que, aos poucos, vê o seu transporte se destruindo para, então, se tornar uma arma contra si mesmo.

A beleza da obra está no fato de vermos aquele cenário em alto mar aos poucos se desintegrando e fazendo com que o protagonista lute para não perder sua própria sanidade. Até o fim é um filme raro de se ver, já que quase não há diálogos, visto que há somente um personagem em cena. Quando ele solta algumas palavras, é somente para pedir socorro no rádio ou quando fala um palavrão em auto e bom som, após suas tentativas de sobreviver fracassam.

O diretor J. C. Chandor demonstra ser um verdadeiro perfeccionista nas cenas, onde destrincha todo aquele ambiente que, aos poucos, vai mudando, assim como o protagonista, tanto fisicamente como mentalmente. Com uma belíssima trilha sonora que sintetiza o terror de se estar só no meio do oceano, Até o fim somente peca nos seus segundos finais, que dá a ligeira sensação de se estar assistindo a dois finais diferentes e que destoa um pouco a real proposta do filme.


14 de maio de 2014

GODZILLA (2014)

O novo Godzilla é um filme grandioso, com espetaculares efeitos visuais e sonoros. A história, no entanto, mostra que é mais um blockbuster.

O filme não faz alusão a nenhum dos outros longas sobre o monstro, emergindo de um próprio universo. O roteiro, entretanto, menciona que a primeira aparição que se tem registro dele é dos anos de 1950 e que os testes nucleares no pacífico, naquela época, seriam uma tentativa de exterminá-lo. Destoa um pouco do original japonês Gojira, de 1954, que coloca os testes de armas nucleares americanas como responsáveis pela criação do monstro mutante, mas dá a entender uma certa homenagem ao mesmo

Nesta versão, há mais de um monstro e eles são citados como animais pré-históricos que viveriam nas profundezas dos oceanos. Enquanto dois desses animais se alimentam de fontes radioativas para procriar, o Godzilla surge com uma força da natureza para estabelecer o equilibrio, caçando estes mutos (como são mencionados no filme).

O fato de incluir 3 grandes atores (Bryan Cranston, Juliette Binoche e Ken Watanabe), me fez realmente pensar que, talvez, esta nova produção sobre o maior monstro da história do cinema seria algo diferenciado. O que vemos, entretanto, é o desperdício de talentos para mais um produto meramente comercial. Juliette Binoche faz apenas uma ponta como a esposa de Joe Brody (Bryan Cranston) que morre durante um suposto terremoto que destrói uma usina nuclear no Japão, em 1999. Cranston (em evidência após o excelente trabalhado realizado como Walter White na série Breaking Bad), é colocado nos trailers como o ator principal mas (spoiler) não dura até metade do filme... a importância de seu personagem é retratar o cientista gênio paranoico que passa 15 anos tentando provar que o que matou sua esposa não foi um terremoto, mas alguma coisa que o governo (sempre) está escondendo. Ken Wataname é Dr. Ichiro Serizawa, um pesquisador que passa sua vida estudando os monstros e aparece como personagem de exposição, ou seja, sempre que uma explicação lógica precisa ser feita, ele aparece em cena. No fim, o personagem mais central torna-se Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson) filho de Joe, apresentado como um rapaz que viu, na infância, a usina nuclear em que os pais trabalhavam ser destruída, cresce pensando que o pai é apenas um lunático e torna-se oficial das forças armadas americanas, aparentemente retornando de missões do oriente médio; sua atuação é medíocre, esperado de um ator que está começando a ficar mais em evidência em Hollywood, por isso ele mesmo é pouco mencionado nos trailers.

Para o espectador desavisado, pode parecer estranho que, no final, o Godzilla seja retratado como um monstro herói, que surge para salvar, claro, os Estados Unidos de uma devastação, claro, sem precedentes. No entanto, entres os mais de 30 filmes produzidos sobre o monstro desde 1954 é comum encontrar outras versões em que ele é colocado como salvador da pátria. Válido reforçar para os fãs que Godzilla manteve suas características físicas dos outros filmes, como um dinossauro (aparentemente uma mistura de um Tiranossauro Rex, um Iguanodon e um Estegossauro - fonte: Wikipedia).

O que incomoda, ao sair do cinema, é a sensação de furos no roteiro. Há uma pequena explicação científica para os monstros que surgem no filme destruindo tudo, assim como o nome gojira, mas, sem explicação, do nada começam a usar o nome americanizado Godzila. O filme expõe o surgimento dos outros monstros, mas não explica de onde saiu o Godzila... ele apenas aparece e se mete do acasalamento alheio. A explicação dada é que o Godzilla estaria caçando eles, mas no final (spoiler) ele mata os dois, mas não se alimenta deles... levanta e vai embora (like a bossI). Além disso, o filme lida com questões sobre radiação o tempo todo, e não se vê ninguém deformado ou problemas que ficariam evidentes após a total destruição de uma usina nuclear.

O excesso de clichés também incomoda... Diversos elementos são incluídos na trama para forçar uma identificação com o público numa tentativa de criar realismos para o filme como o terremoto em uma usina nuclear no Japão e um tsunami numa ilha do pacífico. Fatos assustadores que ainda estão fortemente gravados na memória de muita gente. Além disso, o herói, Ford Brody, é colocado como um militar que serve incontestavelmente o seu país no Iraque (ou Afeganistão), e faz de tudo para salvar a sua família... e é impressionante que, entre mais de 6 bilhões de pessoas no mundo, ele está sempre próximo de todos os acontecimentos que envolvem os monstros... certa hora do filme eu cheguei a pensar que era que atraia os monstros por alguma razão.

Apesar de toda a crítica negativa, não se pode negar a qualidade dos efeitos. O filme ficou realmente mais interessante em 3D e IMAX. Senti falta, no entanto, do tradicional rugido do Godzilla; o novo som criado parece inspirado demais nos efeitos da mais recente trilogia de Star Wars.

O resultado final é talvez reflexo da pouca experiência do diretor Gareth Edwards (de Monstros, 2010), mais especialista em efeitos especiais e documentários para TV do que cinema, efetivamente. Se fosse um diretor mais gabaritado, talvez o longa-metragem conseguisse ser um pouco mais surpreendente. Não duvido que a Warner recupere os US$ 160 milhões investidos no filme, mas receio que não será um grande sucesso.

Se você está em busca de mero entretenimento com grande efeitos visuais, vá em frente, o filme conseguirá te proporcionar isto. Agora, se você busca algo diferenciado, tente a sala ao lado.

Confira o trailer abaixo e até a próxima!


12 de maio de 2014

TOM CRUISE E EMILY BLUNT PERSEGUEM O AMANHÃ NO LIMITE

TRÊS ESTREIAS / TRÊS PAÍSES / UM DIA

Estrelas correm contra o tempo para encontrar fãs em Londres, Paris e Nova York em um tapete vermelho sem precedentes

Em 28 de maio, as estrelas de No Limite do Amanhã participarão de um evento mundial desafiador, quando pela primeira vez três premières para fãs serão realizadas em três diferentes países em um único dia, “resetando” o tapete vermelho com Tom Cruise e Emily Blunt em uma corrida contra o relógio para fazer cada evento antes do tempo acabar.

Em No Limite do Amanhã, o personagem de Tom Cruise revive os eventos do mesmo dia repetidas vezes em uma batalha épica para salvar o mundo. A historia começará quando ele chegar em Londres, o local perfeito para começar este evento global. Todos os horários são locais:

7:00 início do tapete vermelho em Londres e às 9:00 a projeção do filme.

O filme leva os dois personagens para a França, onde eles enfrentam um exército de invasores alienígenas intransponível.

14:00 tapete vermelho em Paris e projeção às 16:00.

Última estreia levará as estrelas de volta para os Estados Unidos.

22:00 tapete vermelho em Nova York, com a última exibição de No Limite do Amanhã às 23:59.

Entre as cidades, Cruise, Blunt e o diretor Doug Liman, vão interagir com os fãs por meio das mídias sociais direto do jato, de país em país. Um contingente de jornalistas selecionados vai viajar para todas as estreias, cobrindo cada evento à medida que ele se desenrola.

Haverá transmissão ao vivo em cada um dos três eventos. Os fãs poderão se comunicar pelas redes sociais usando a hashtag #EOTLive.

O indicado ao Oscar, Tom Cruise, e Emily Blunt estrelam o filme de ficção científica da Warner Bros. Pictures e Village Roadshow Pictures, sob a direção de Doug Liman.

A ação épica de No Limite do Amanhã se desenrola em um futuro próximo, quando um grupo alienígena atinge a Terra com um implacável ataque, impossível de ser derrotado por qualquer unidade militar do mundo.

O major William Cage (Cruise) é um oficial que nunca viveu um dia de combate quando é designado para uma missão suicida. Morto em alguns minutos, Cage agora se vê inexplicavelmente num túnel do tempo que o força a viver o mesmo combate brutal diversas vezes, lutando e morrendo de novo... e de novo.

Mas a cada passagem Cage melhora e se torna capaz de envolver os adversários com uma habilidade maior, ao lado da guerreira das Forças Especiais Rita Vrataski (Blunt). E, assim que Cage e Rita assumem a luta contra os alienígenas, cada batalha repetida se torna uma oportunidade de encontrar a chave para derrotar o inimigo.

O elenco internacional também inclui Bill Paxton, Brendan Gleeson, Noah Taylor, Kick Gurry, Dragomir Mrsic, Charlotte Riley, Jonas Armstrong, Franz Drameh, Masayoshi Haneda e Tony Way.

Liman dirige No Limite do Amanhã a partir de um roteiro escrito por Christopher McQuarrie e Jez Butterworth & John-Henry Butterworth, baseado na obra intitulada “All You Need Is Kill”, de Hiroshi Sakurazaka. Erwin Stoff produz junto com Tom Lassally, Jeffrey Silver, Gregory Jacobs e Jason Hoffs. Os produtores executivos são Doug Liman, David Bartis, Joby Harold, Hidemi Fukuhara e Bruce Berman, com Tim Lewis e Kim Winther como coprodutores.

A Warner Bros. Pictures apresenta em associação com a Village Roadshow Pictures e 3 Arts Production, em associação com Viz Productions, um filme de Doug Liman, No Limite do Amanhã. Com estreia prevista para 29 de maio, o filme será exibido em 2D, 3D e IMAX em salas selecionadas e distribuído pela Warner Bros. Pictures, uma empresa Warner Bros. Entertainment, e em territórios selecionados pela Village Roadshow.


8 de maio de 2014

GETÚLIO (2014)

Quando assisti Lincoln, última super produção de Steven Spielberg, apontei que a maior falha do filme era, na verdade, o próprio protagonista, interpretado por Daniel Day Lewis. Não que ele não estivesse bem no papel, já que estamos falando de um dos maiores intérpretes do cinema nesses últimos vinte anos, mas que, ao interpretar um personagem histórico de tamanha importância, Lewis ficou limitado e sem ao menos poder acrescentar algo a mais no seu desempenho. Essa falta de liberdade poética e artística na construção de um personagem é muito bem sentida também em Getúlio, onde vemos Tony Ramos quase idêntico visualmente com relação ao falecido Presidente, mas, por melhor que esteja em cena, sua atuação fica por demais limitada perante tamanha importância histórica.

Dirigido por João Jardim (de Amor?) acompanhamos os últimos dias do Presidente Getúlio Vargas no poder, em meio a duras acusações, ao ser apontado como principal culpado com relação ao atentado que o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges) sofreu. O grande ponto a favor da produção é que ela não perde tempo com relação às origens do protagonista, mas sim já avança aos dias de via crucis dele, para então descascar, dentro do possível, os elementos que levaram aquele fatídico dia de 24 de agosto de 1954. Num momento em que o cinema brasileiro vive uma fase de lançar filmes que retratam os anos de ditadura do Brasil, nunca é demais lembrar que o temível golpe poderia ter acontecido bem antes, mas que somente foi evitado graças ao sacrifício de Vargas. 

O filme segue fielmente o que está escrito nos livros de história. Com isso, o longa-metragem não ascende nenhuma nova luz sobre a origem dos fatos que desencadeou aqueles derradeiros dias. Portanto, temos aqui somente um filme, cujos realizadores se empenharam em apresentar uma produção plasticamente elegante, onde a fotografia de tons pastéis remete a um período de nossa história, em que transita de uma fase dourada, para tempos um tanto que mais sombrios e indefinidos que viriam a seguir.
Em contra partida, o elenco, mesmo se apresentando visualmente idênticos aos seus respectivos personagens históricos, se vêem um tanto que travados em cena e com pouca liberdade para acrescentar alguma coisa. Tony Ramos, como disse anteriormente, por mais que cumpra o seu dever de casa, lhe falta liberdade artística em sua atuação. Felizmente o ator global foi feliz ao contracenar com atriz Drica Moraes, que interpreta a filha do Presidente, cujas cenas juntos demonstram total sintonia.

Embora com as suas limitações, Getúlio pelo menos servirá como uma produção para ser bem vista aos olhos dessa nova geração, que desconhece momentos importantes da nossa história e que pouco se empenham em frequentar a biblioteca da escola.


6 de maio de 2014

WARNER INICIA FILMAGENS DO NOVO PETER PAN

Levi Miller será o novo Pan
Amanda Seyfried
As filmagens do novo filme sobre “Peter Pan” (ainda sem título definido), com direção de Joe Wright ("Desejo e Reparação", "Orgulho e Preconceito"), começaram no fim de abril.

Abordando uma nova visão sobre a origem dos personagens clássicos criados por J.M. Barrie, o filme conta a história de um órfão que se transporta para a mágica Terra do Nunca. Lá, ele encontra diversão e perigos para, finalmente, descobrir o seu destino – se tornar o herói que será conhecido para sempre como Peter Pan.

Hugh Jackman
O elenco é estrelado pelo indicado ao Oscar® Hugh Jackman ("Os Miseráveis") como Barba Negra; Garrett Hedlund (“Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum”) como Capitão Gancho; a indicada ao Oscar® Rooney Mara (“Os Homens que Não Amavam as Mulheres”) como Tiger Lilly; Adeel Akhtar (“O Ditador”) como Smee; e Levi Miller como Peter.

Amanda Seyfried (“Os Miseráveis”) completa o elenco como Mary, ao lado de Jack Charles ("Mystery Road") como o Chefe /pai de Tiger Lilly; Nonso Anozie (“O Filho de Deus”, “Desejo e Reparação”) como Bishop; Kathy Burke (“O Espião que Sabia Demais”) como Mãe Barnabas; Kurt Egyiawan (“007 - Operação Skyfall”) como Murray; Lewis MacDougall (“In The Name of the Children”, série de TV inglesa) como Nibs; e Leni Zieglmeier como Wendy.

Garrett Hedlund
Wright dirigirá a nova aventura de “Peter Pan” com roteiro de Jason Fuchs. Greg Berlanti, Paul Webster e Sarah Schechter são os produtores, com Tim Lewis como produtor-executivo.


As filmagens serão feitas nos estúdios Leavesden da Warner Bros. O filme tem lançamento mundial previsto para 17 de julho de 2015.

Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum (2013)

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013 e indicado a dois Oscar técnicos – fotografia e mixagem de som - Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum, ao mesmo tempo que possui a visão dos irmãos Ethan e Joel Coen, seus roteiristas e diretores, carrega um certo travamento com relação aos sonhos não realizados do protagonista. A história é sobre a jornada de altos e baixos de um cantor de música folk, de enorme talento, mas com falta de sorte, Llewyn Davis (Oscar Isaac), os diretores autorais parecem querer trilhar o mesmo lugar já percorrido em seus filmes anteriores, mas sem tirar uma pepita de ouro. Contudo, assim como a maioria dos seus filmes é uma produção que vale a pena ser vista.

O filme é ambientado no começo dos anos 1960, com ótimas interpretações de rostos já conhecidos do universo dos Coen, como John Goodman (numa interpretação espetacular) e completado por caras novas como de Carey Mulligan (Drive), Garrett Hedlund (Na Estrada) e F. Murray Abraham (Sem Perdão). O cenário é a musica folk no Greenwich Village nova-iorquino antes do surgimento de Bob Dylan – que é representado rapidamente de um modo engraçado – trazendo uma visão da família norte-americana e um olhar cínico sobre os relacionamentos amorosos que embalam o contexto.
Tudo isso torna mais saboroso acompanhar as desventuras de Llewyn, lutando por um lugar ao sol depois do suicídio de um parceiro, mas não conseguindo encontrar um modo de ser realmente vencedor, essa obsessão da América. Um verdadeiro gato vira-lata na vida, um símbolo que aliás se torna literal, com a participação de dois bichanos no caminho atravancado do protagonista, que pode ser encarado como alguém imbuído de uma dignidade peculiar demais para seu próprio bem – o que dá à sua história um toque melancólico.

A melhor notícia do filme é como o guatemalteco criado em Miami, Oscar Isaac atua bem quando tem chance num filme bom – já tinha dado para notar com seu pequeno papel em Drive, ao lado de Ryan Gosling. Aqui, ele se apropria de um personagem que facilmente cairia na caricatura, não fossem os Coen, e ele mesmo, os profissionais sutis que são. De quebra, ainda mostra seus dotes como cantor.


5 de maio de 2014

DIVERGENTE (Divergent, 2014)

Na onda das tramas envolvendo heróis adolescentes num futuro pós-apocalíptico, Divergente é mais um.
O filme é baseado no livro homônimo, escrito por Veronica Roth, de apenas 25 anos. Seu livro foi publicado em 2011, tornando-se um best-seller. Em 2012 ela já lançava a continuação, Insurgente e, em 2013, a saga foi concluída com o livro Convergente. É impossível não compará-lo à saga Jogos Vorazes da autora Suzanne Collins, escrito entre 2008 e 2010. Ambos acontecem num futuro pós-apocalíptico e seus heróis são adolescentes lutando contra uma sociedade que logo se descobre ser opressora.

Na história, Divergente se passa em Chicago (EUA), num futuro distópico, ilustrada por prédios em ruínas e isolada do restante do mundo por uma cerca gigante. Sua sociedade, isolada, foi dividida em 5 grupos em que as pessoas se dedicam exclusivamente para funções daquele grupo: Abnegação (ajudar os outros, sem vaidade); Amizade (Compartilhar, cultivar a terra); Audácia (proteger a população, polícia); Franqueza (fazer a justiça, falam sempre a verdade); Erudição (desenvolver o conhecimento, ciência). Aos 16 anos os jovens são submetidos a um teste de aptidão, mas têm o direito de escolher para qual grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, no entanto, sem volta.

A protagonista Beatrice (Shailene Woodley) nasce na Abnegação, mas seu teste é impreciso o que a colocaria como uma divergente, ou seja, que não pertence a grupo nenhum. Logo ela fica sabendo que os divergentes são um perigo para o controle da sociedade e precisa manter segredo sobre isso, ou ela fica em perigo. No dia da cerimônica de iniciação ela resolve ingressar na Audácia, causando grande espanto para seus pais.

Para ser aceita pelos membros da Audácia, Beatrice muda seu nome para Tris e passa por um treinamento competitivo e violento. Enquanto isso, acaba se envolvendo num romance com seu instrutor Quatro (Theo James), um excelente guerreiro que se mostra também ser um divergente. Lutando para manter segredo, eles também descobrem as intenções da líder da Erudição, Jeanine (Kate Winslet), em exterminar a Abnegação após uma série de denúncias contra seu líder Marcus (Ray Stevenson) e tomar o poder para manter a paz. Em vista de todo o perigo que a sociedade corre, Tris descobre que seu segredo pode prejudicar ou ajudar a salvar seus entes mais queridos.
O roteiro é estruturado sobre a tradicional temática da jornada do herói (do seu surgimento, como um qualquer, até sua transformação como salvador), neste caso, da heroína. O filme, no entanto, construiu uma evolução muito rápida da personagem; ela demonstrou determinação demais e pouco sofrimento psicológico para alguém que era insegura e veio de uma família abnegada e que, nunca, em sua infância demonstrava alguma rebeldia. Poderiam ter dado um pouco mais de maturidade a esta tranformação.

O filme trabalha com muitos elementos clichês na trama, principalmente a luta entre bem e mal, estabelecidas por um conflito entre razão e emoção (Erudição versus Abnegação). O acerto foi investir o drama da protagonista na busca do "Eu", o que cria facilmente uma identificação com os espectadores, afinal ninguém é uma coisa só... 
Uma coisa que me incomodou bastante e espero que seja melhor trabalhado na sequência é que a história se passa num futuro pós-apocalíptico, mas mal explicado. Os personagens expõe algo sobre alguma guerra, mas nada é claro, bem como porque estão isolados do resto do mundo e o que há além da grande cerca.

A trilha sonora não tem nada de espetacular e também não deixa a desejar. O que, a meu ver, careceu de um pouco mais criatividade foi a direção de arte. Os figurinos e elementos de composição das facções distoavam do ambiente: Personagens com roupas novas, limpas, alinhadas e alta tecnologia funcionando em meio a uma cidade totalmente em ruínas. O pior ficou para os membros da Audácia, ilustrados como arruaceiros no início do filme (praticando le parkour), mas responsáveis por impor a ordem da sociedade com toda a disciplina do mundo... a autora ou os roteiristas demonstram aqui uma ambivalência desconexa ou uma total falta de senso.
Entre as atuações é impossível não comparar a protagonista Shailene Woodley com o papel de Jennifer Lawrence em Jogos Vorazes; Woodley já havia chamado atenção em Os Descendentes, ao lado de George Clooney e tem recebido muito elogios por A Culpa é das Estrelas, mas ainda lhe falta sex appeal. Em todas as cenas com Theo James tentaram criar uma tensão sexual adolescente, mas imatura e romântica demais para tantos hormônios. O ator britânico, aliás, soa como uma promessa para grandes produções e se destaca em relação aos demais atores. Quem deixou a desejar mesmo foi a bela Kate Winslet, a mais renomada atriz do elenco, que não emplacou... foi sutil demais em sua atuação para transmitir os sentimentos ambíguos de quem quer paz a qualquer custo.

Ficamos na expectativa da sequência Insurgente para 2015 com melhores explicações, mais ação de qualidade, mais dramas e menos infantil. Até a próxima!


4 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro (2014)

Ao lançar o reinício da franquia do Homem-Aranha no cinema, a Sony se viu com uma verdadeira batata quente nas mãos. Embora o novo Spiderman tenha se dado bem nas bilheterias, o primeiro filme dividiu muito o público (uns gostando, outros detestando), destacando principalmente as irregularidades, como os mistérios em torno dos pais de Peter que ficaram de lado, por exemplo. Felizmente, essa continuação não só melhora no ritmo como não cai em certas armadilhas do filme anterior e chega até mesmo a ser uma obra bem corajosa, diga-se de passagem. 

Para começar, Marc Webb (de 500 dias com ela) soube dosar muito bem os momentos de humor (o protagonista soltando piadinhas) com momentos de pura tensão e que nos faz temer pelo pior para o herói e seus entes queridos mais próximo. É impressionante quando, num momento, nós estamos rindo de uma determinada situação, para logo em seguida ficarmos sérios e nos concentrar pelo pior que vem a seguir. Essa mistura de sensações não somente cria sentimentos durante o filme como um todo, como também na construção dos personagens que nos são apresentados.

Se nas HQs Electro sempre foi o vilão mais insignificante de toda galeria vilanesca do Homem-Aranha, o mesmo não se pode dizer desse Electro apresentado aqui. Interpretado por Jamie Foxx (Django Livre), Electro surge como um verdadeiro nerd da ciência, grande fã do Homem-Aranha, mas com uma carência tão afetada que nos faz temer que seu personagem se torne o mais caricato e unidimensional do filme. Mas ao se transformar no vilão (num momento puramente simples e ingênuo) as suas motivações em cair para o lado sombrio do seu ser, acabam por incrível que pareça convincentes, para não dizer tristes, fazendo dele um personagem trágico e vitima das circunstâncias.
Electro, no final das contas, é o pequeno e bom exemplo do que Alan Moore (de V de Vingança) disse uma vez: "não há personagens ruins, mas sim roteiristas ruins". Isso se fortalece ainda mais na apresentação de Harry Osborn na trama. Interpretado pelo jovem ator Dane DeHaan (Poder Sem Limites), a sua personalidade e motivações são muito melhores exploradas do que vistas na trilogia original, onde o personagem era antes interpretado por James Franco. Embora o titulo do filme sugira que Electro seja a grande ameaça, Harry não fica muito atrás e sua transformação para ser o Duende Verde é de uma forma gradual, mas quando ela acontece de uma forma definitiva, os fãs mais velhos do herói aracnídeo já imaginam o que irá acontecer.

Aliás, quando eu digo que a produção chega a um ponto de ser corajosa, me refiro a momentos dramáticos dos quais a trilogia original não foi capaz de nos apresentar. Embora adaptada de uma forma mais ou menos diferente, um dos momentos mais cruciais da vida do personagem finalmente é levado para o cinema, de uma forma impactante e para os desavisados de um jeito inesperado. Quando esse momento da vida do Aranha aconteceu nas HQ nos 70, foi na realidade o fim da era de prata dos super heróis, em que eles perderam a sua inocência e começaram a encarar uma realidade muito mais próxima da nossa.

Contudo, esse momento apresentado no filme só não se torna tão marcante, porque ele chega de uma forma tardia, já que certas adaptações de HQ como Cavaleiro das Trevas e Watchmen, que mostram os heróis mais humanos e falhos em suas ações, já havia surgido anos antes nas telas. Fora isso, novamente o mistério em volta dos pais do herói não se sabe explicar para que veio. Se no inicio do filme (arrasador, diga-se) dá uma nova luz sobre o passado deles, novamente os roteiristas preferiram deixar mais para frente esses mistérios e, quando novas pistas surgem no decorrer trama, o espectador nem mais está interessado sobre isso.
Embora os seus cacoetes incessantes ainda me incomodem, Andrew Garfield está cada vez mais à vontade ao interpretar o herói e, pelo visto, o peso nos ombros que sentia ao substituir o Aranha anterior nos cinemas (interpretado por Tobey Maguire) não lhe incomodam mais. Emma Stone realmente foi uma grata surpresa nesses novos filmes, ao injetar muito mais carisma e personalidade na personagem Gwen Stacy do que era visto na sua contra parte nas HQ. Tanto no início do filme, como também no dramático ato final, ela rouba a cena e defende com honras a sua personagem que foi realmente o primeiro grande amor do herói.

Embora não se tenha chegado à perfeição que foi de Homem Aranha 2 da trilogia original, O Espetacular Homem Aranha 2: A ameaça de Electro é uma prova que os produtores ouvem muito bem as reclamações dos fãs e tentam, a todo custo, melhorar a cada filme que lançam. Resta saber se as pontas soltas vistas nesse filme irão ser esclarecidas no inevitável terceiro filme.


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