8 de maio de 2014

GETÚLIO (2014)

Quando assisti Lincoln, última super produção de Steven Spielberg, apontei que a maior falha do filme era, na verdade, o próprio protagonista, interpretado por Daniel Day Lewis. Não que ele não estivesse bem no papel, já que estamos falando de um dos maiores intérpretes do cinema nesses últimos vinte anos, mas que, ao interpretar um personagem histórico de tamanha importância, Lewis ficou limitado e sem ao menos poder acrescentar algo a mais no seu desempenho. Essa falta de liberdade poética e artística na construção de um personagem é muito bem sentida também em Getúlio, onde vemos Tony Ramos quase idêntico visualmente com relação ao falecido Presidente, mas, por melhor que esteja em cena, sua atuação fica por demais limitada perante tamanha importância histórica.

Dirigido por João Jardim (de Amor?) acompanhamos os últimos dias do Presidente Getúlio Vargas no poder, em meio a duras acusações, ao ser apontado como principal culpado com relação ao atentado que o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges) sofreu. O grande ponto a favor da produção é que ela não perde tempo com relação às origens do protagonista, mas sim já avança aos dias de via crucis dele, para então descascar, dentro do possível, os elementos que levaram aquele fatídico dia de 24 de agosto de 1954. Num momento em que o cinema brasileiro vive uma fase de lançar filmes que retratam os anos de ditadura do Brasil, nunca é demais lembrar que o temível golpe poderia ter acontecido bem antes, mas que somente foi evitado graças ao sacrifício de Vargas. 

O filme segue fielmente o que está escrito nos livros de história. Com isso, o longa-metragem não ascende nenhuma nova luz sobre a origem dos fatos que desencadeou aqueles derradeiros dias. Portanto, temos aqui somente um filme, cujos realizadores se empenharam em apresentar uma produção plasticamente elegante, onde a fotografia de tons pastéis remete a um período de nossa história, em que transita de uma fase dourada, para tempos um tanto que mais sombrios e indefinidos que viriam a seguir.
Em contra partida, o elenco, mesmo se apresentando visualmente idênticos aos seus respectivos personagens históricos, se vêem um tanto que travados em cena e com pouca liberdade para acrescentar alguma coisa. Tony Ramos, como disse anteriormente, por mais que cumpra o seu dever de casa, lhe falta liberdade artística em sua atuação. Felizmente o ator global foi feliz ao contracenar com atriz Drica Moraes, que interpreta a filha do Presidente, cujas cenas juntos demonstram total sintonia.

Embora com as suas limitações, Getúlio pelo menos servirá como uma produção para ser bem vista aos olhos dessa nova geração, que desconhece momentos importantes da nossa história e que pouco se empenham em frequentar a biblioteca da escola.


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