Experiente produtor de filmes e séries para TV, Doug Liman, como diretor, ficou mais conhecido pelos seus trabalhos conduzindo A Identidade Bourne (2002), Sr. e Sra Smith (2005) e Jogo de Poder (2010). Com ficção científica, sua principal referência é Jumper (2008). Dessa vez, ele contou novamente com atores mais experientes em uma história rasa e tão bem mastigada que seu maior trabalho mesmo seria ter mais cautela com a montagem e os efeitos visuais.
O filme aborda a temática de se reviver incontáveis vezes o mesmo dia, em que o personagem central, que carrega essa maldição, precisa descobrir porque está passando por isso e como se livrar dessa situação. Recentemente tivemos o longa Contra o Tempo (2011), com uma temática semelhante, mas o mais emblemático é, e sempre será, o clássico O Feitiço do Tempo (1993), com Bill Murray.
Um breve resumo que, acredito, facilita para entender do que se trata o filme:
Após uma invasão alienígena (de onde não se sabe), toda a Europa está destruída e ocupada pelo inimigo. A humanidade une forças armadas de 70 nações, lideradas por Estados Unidos e Reino Unido para combater o inimigo. O Major Cage (Tom Cruise), das forças americanas é responsável pela propaganda de guerra, liderada pela imagem de Rita (Emily Blunt), a destemida sargento que é implacável no combate corpo a corpo com os alieníginas. Cage é convocado pelo general inglês a participar da invasão na França, a fim de que tenha tudo documentado. Ao se negar a participar do combate e tentar chantagear o general, Cage é preso e levado à força para o front. Quando acorda na base que está se preparando para o ataque inicial aos alienígenas, é colocado como um simples recruta e sua inexperiência em treinamento militar será sua sina. No outro dia, assim que desembarcam nas praias da França, Cage é morto por um alienígena diferente, um Alpha e imediatamente acorda na base novamente.
Pensando que tudo fora um sonho, começa a perceber que todos os detalhes do seu dia se desenrolam com um déjà vu, até desembarcar novamente na praia da França e ser novamente morto em combate, imediatamente acordando na base... Tudo se desenrola dessa forma até que, ao tentar salvar a sargento Rita, durante o combate, ela lhe diz "Me procure quando você acordar"... Quando mais uma vez ele morre e desperta, dá um jeito de ir ao seu encontro na base e colocá-la à par do que está acontecendo, quando ela lhe revela que já passou pela mesma situação e que tudo ocorre por ele ter sido contaminado com o sangue do alienígena Alpha. Pela contaminação, suas memórias estariam conectadas ao Ômega, o cérebro que comanda as ações dos alienígenas, que usaria isso como artimanha para saber, de antemão, os planos da humanidade e, assim, repetir o dia até vencer facilmente a guerra e dominar a Terra. A partir desse momento, Cage e Rita começam a treinar e repetir inúmeros dias até encontrar um meio de vencer e salvar a humanidade.
Na composição do filme, percebemos uma forte associação ao desembarque dos Aliados na Normandia, durante a II Guerra Mundial. Quanto aos elementos futuristas, me agradou que, por se tratar de um futuro distópico, mas não muito distante, não há presença de uma tecnologia que já não possa existir atualmente, portanto, a criatividade tecnológica do filme passa pelo verossímil. A caracterização dos alienígenas, entretanto, joga novamente com o clichê de monstros horríveis, selvagens, assemelhados a horrendos insetos e com comportamento coletivo, buscando na Terra sua fonte de subsistência e a humanidade como um obstáculo. O cinéfilo mais atento poderá comparar os ETs às sentinelas do filme Matrix.
Quantos às atuações, não há nada de espetacular e, acredito, a própria direção não abriu muito espaço para explorar os talentos de Tom Cruise e Emily Blunt. É claro que, Cruise é especialista em transmitir sentimentos somente pelo olhar e engrandece o filme por isso, além de nos presentear com situações cômicas de quem sabe que pode morrer, pois acordará bem vivo em seguida. Blunt, por sua vez, nos presenteia com sua beleza estonteante.
Viva. Morra. Repita. A própria tagline do filme induz a pensar que é um videogame clássico, que vamos jogando até morrer e, então, recomeçamos de um ponto salvo anteriormente; sempre avançando até vencer... Quando terminamos o jogo, bate aquele vazio e nos questionamos 'e agora?'; ora, ou jogamos de novo, ou trocamos o jogo. Em No Limite do Amanhã temos essa sensação ao final do filme: 'e agora?'. O roteiro recorre ao Deus ex machina e deixa o gancho para uma continuação (que certamente teria um roteiro forçado) ou foi uma tentativa desesperada de criar expectativa no espectador do que aconteceria dali para frente se tudo, aparentemente, estava resolvido.
O filme não deixa de despertar a curiosidade sobre um debate de física quântica a partir de reações químicas e torna-se interessante a partir do momento que nos apresenta a questão "e se eu vivesse sempre o mesmo dia, o que faria de diferente". Por fim, temos um bom entretenimento, mas não chega a ser um filme excelente. Muita badalação, mas pouco conteúdo realmente diferenciado.
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