O filme não faz alusão a nenhum dos outros longas sobre o monstro, emergindo de um próprio universo. O roteiro, entretanto, menciona que a primeira aparição que se tem registro dele é dos anos de 1950 e que os testes nucleares no pacífico, naquela época, seriam uma tentativa de exterminá-lo. Destoa um pouco do original japonês Gojira, de 1954, que coloca os testes de armas nucleares americanas como responsáveis pela criação do monstro mutante, mas dá a entender uma certa homenagem ao mesmo
Nesta versão, há mais de um monstro e eles são citados como animais pré-históricos que viveriam nas profundezas dos oceanos. Enquanto dois desses animais se alimentam de fontes radioativas para procriar, o Godzilla surge com uma força da natureza para estabelecer o equilibrio, caçando estes mutos (como são mencionados no filme).
O fato de incluir 3 grandes atores (Bryan Cranston, Juliette Binoche e Ken Watanabe), me fez realmente pensar que, talvez, esta nova produção sobre o maior monstro da história do cinema seria algo diferenciado. O que vemos, entretanto, é o desperdício de talentos para mais um produto meramente comercial. Juliette Binoche faz apenas uma ponta como a esposa de Joe Brody (Bryan Cranston) que morre durante um suposto terremoto que destrói uma usina nuclear no Japão, em 1999. Cranston (em evidência após o excelente trabalhado realizado como Walter White na série Breaking Bad), é colocado nos trailers como o ator principal mas (spoiler) não dura até metade do filme... a importância de seu personagem é retratar o cientista gênio paranoico que passa 15 anos tentando provar que o que matou sua esposa não foi um terremoto, mas alguma coisa que o governo (sempre) está escondendo. Ken Wataname é Dr. Ichiro Serizawa, um pesquisador que passa sua vida estudando os monstros e aparece como personagem de exposição, ou seja, sempre que uma explicação lógica precisa ser feita, ele aparece em cena. No fim, o personagem mais central torna-se Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson) filho de Joe, apresentado como um rapaz que viu, na infância, a usina nuclear em que os pais trabalhavam ser destruída, cresce pensando que o pai é apenas um lunático e torna-se oficial das forças armadas americanas, aparentemente retornando de missões do oriente médio; sua atuação é medíocre, esperado de um ator que está começando a ficar mais em evidência em Hollywood, por isso ele mesmo é pouco mencionado nos trailers.
Para o espectador desavisado, pode parecer estranho que, no final, o Godzilla seja retratado como um monstro herói, que surge para salvar, claro, os Estados Unidos de uma devastação, claro, sem precedentes. No entanto, entres os mais de 30 filmes produzidos sobre o monstro desde 1954 é comum encontrar outras versões em que ele é colocado como salvador da pátria. Válido reforçar para os fãs que Godzilla manteve suas características físicas dos outros filmes, como um dinossauro (aparentemente uma mistura de um Tiranossauro Rex, um Iguanodon e um Estegossauro - fonte: Wikipedia).
O que incomoda, ao sair do cinema, é a sensação de furos no roteiro. Há uma pequena explicação científica para os monstros que surgem no filme destruindo tudo, assim como o nome gojira, mas, sem explicação, do nada começam a usar o nome americanizado Godzila. O filme expõe o surgimento dos outros monstros, mas não explica de onde saiu o Godzila... ele apenas aparece e se mete do acasalamento alheio. A explicação dada é que o Godzilla estaria caçando eles, mas no final (spoiler) ele mata os dois, mas não se alimenta deles... levanta e vai embora (like a bossI). Além disso, o filme lida com questões sobre radiação o tempo todo, e não se vê ninguém deformado ou problemas que ficariam evidentes após a total destruição de uma usina nuclear.
O excesso de clichés também incomoda... Diversos elementos são incluídos na trama para forçar uma identificação com o público numa tentativa de criar realismos para o filme como o terremoto em uma usina nuclear no Japão e um tsunami numa ilha do pacífico. Fatos assustadores que ainda estão fortemente gravados na memória de muita gente. Além disso, o herói, Ford Brody, é colocado como um militar que serve incontestavelmente o seu país no Iraque (ou Afeganistão), e faz de tudo para salvar a sua família... e é impressionante que, entre mais de 6 bilhões de pessoas no mundo, ele está sempre próximo de todos os acontecimentos que envolvem os monstros... certa hora do filme eu cheguei a pensar que era que atraia os monstros por alguma razão.
Apesar de toda a crítica negativa, não se pode negar a qualidade dos efeitos. O filme ficou realmente mais interessante em 3D e IMAX. Senti falta, no entanto, do tradicional rugido do Godzilla; o novo som criado parece inspirado demais nos efeitos da mais recente trilogia de Star Wars.
O resultado final é talvez reflexo da pouca experiência do diretor Gareth Edwards (de Monstros, 2010), mais especialista em efeitos especiais e documentários para TV do que cinema, efetivamente. Se fosse um diretor mais gabaritado, talvez o longa-metragem conseguisse ser um pouco mais surpreendente. Não duvido que a Warner recupere os US$ 160 milhões investidos no filme, mas receio que não será um grande sucesso.
Se você está em busca de mero entretenimento com grande efeitos visuais, vá em frente, o filme conseguirá te proporcionar isto. Agora, se você busca algo diferenciado, tente a sala ao lado.
Confira o trailer abaixo e até a próxima!
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