Sempre gosto de
comparar o gênero faroeste com o gênero de adaptações de HQ de super heróis
para o cinema e que anda dominando as salas do mundo todo. Em ambos os casos,
eles arrastaram multidões para o cinema, mas uma hora ou outra há do gênero
sofrer uma queda de esgotamento por ideias novas. O faroeste, por exemplo, foi
tão levado para o cinema durante as suas décadas de ouro que hoje é cada vez
mais raro assistir algum titulo do qual consiga resgatar os bons e velhos
tempos desse gênero.
Não que o gênero de
super heróis para o cinema esteja numa fase decadente, muito pelo contrário,
pois basta vermos o último sucesso de Vingadores – Guerra Infinita para termos
uma noção da força que esse tipo de filme consegue ainda obter em arrastar o
grande público. Porém, até mesmo o mais fanático reconhece que, alguns títulos,
são algo mais do mesmo do que já foi visto em outros filmes. Quando isso
acontece então, ou procurasse inovar, ou se faz uma crítica ao próprio gênero e
se tirando daí algo até mesmo criativo para não tão cedo ser esquecido.
Os produtores da Fox
perceberam isso, ao ponto de se render ao risco e testar algo novo. Se a
franquia X-Men ao longo dos anos inovou, por outro lado, não escapou de certas
barbeiragens como foi no caso de Wolverine: Origens. Mas foi, sem mais nem
menos, num projeto desacreditado como Deadpool que, não só conseguiram mais
ovos de ouro para os seus cofres, como também deram um passo à frente dentro do
gênero que foi simplesmente satirizando ele próprio. Muito disso se deve também
a persistência Ryan Reynolds, pois era o seu sonho em levar o personagem para o
cinema de uma forma decente e que conseguisse alcançar o seu tão sonhado
estrelato.
O primeiro Deadpool é
uma montanha russa de piadas chulas, cheias de referências a cultura pop, com
uma violência explicita cartunesca e sedutora. Elogiado pela crítica, além de
grande sucesso de público, o filme foi até mesmo indicado a prêmios importantes
como o Globo de Ouro. Mas como no mundo do cinemão americano é movido pelo
dinheiro, era uma questão de lógica que haveria um Deadpool 2 e que, embora não
traga nada de novo do que já havia sido feito anteriormente, a pessoa irá ter
uma boa dose de gargalhadas ao longo de duas horas de longa metragem insano,
divertido, crítico e satírico ao extremo.
Dirigido por David
Leitch (Atômica), o filme acompanha uma fase de baixo astral de Deadpool (Ryan
Reynolds), chegando ao ponto de até mesmo querer morrer. Consegue ter algum
sentido na vida ao participar da equipe dos X-Men, auxiliado pelo seu amigo
Colossus e de sua escudeira Dopinder (Karan Soni). Em uma missão, Deadpool
decide ajudar um jovem mutante chamado Russell (Julian Dennison), que é abusado
numa instituição e que começa a ser perseguido por Cable vindo do futuro.
O filme possui apenas
um fiapo de história, mas isso é o que menos importa, pois não é uma questão de
ser ou não uma história superior se for comparado ao filme anterior, mas sim de
manter o que havia de melhor e nos brindar com tudo em dobro. Aqueles que forem
assistir ao filme no cinema irão morrer de rir das situações absurdas que
acontecem, principalmente numa trama em que as regras da física vão
simplesmente para o espaço. O filme se torna ainda mais divertido
principalmente para aqueles que estão por dentro de tudo que rola da cultura
pop, que vai desde aos filmes, HQ, música, política e dentre outros assuntos
que dominam a mídia.
Nesse caso não há
nenhum freio de mão, já que o protagonista metralha com suas inúmeras piadas
que vai em direção a concorrente direta que é a DC/Warner, ao ponto de tirar o
maior sarro dos últimos títulos como Batman VS Superman e liga da Justiça. Mas como se isso não é o bastante, as piadas
atacam até mesmo o próprio universo cinematográfico mutante da Fox, onde se faz
referências aos filmes recentes e aos mais antigos. Falando nisso, não saia da
poltrona durante os créditos, pois ocorrerão umas das melhores piadas com
relação alguns erros grotescos da franquia dos X-Men e que com certeza lavará a
alma de inúmeros fãs.
Definitivamente Ryan
Reynolds encontrou em Deadpool o personagem de sua vida, pois o ator tagarela
sem parar, lança piadas chulas ao estremo e se sente sempre a vontade de até
mesmo fazer piada da sua pessoa. Aliás, com relação às piadas, embora eu ainda
prefira filmes legendados, é preciso reconhecer que os nossos tradutores para a
dublagem do filme fizeram um excelente trabalho com relação às piadas, já que
muitas somente os norte americanos entenderiam e se fossem traduzidas ao pé da
letra por aqui ficaria um tanto que sem sentido. O resultado é uma linguagem
chula ao extremo, das quais o brasileiro entende e a gente só agradece.
Com relação em termos
de fidelidade, o filme é um dos títulos X que mais teve liberdade criativa para
se fazer o que bem entender e, portanto, espere para testemunhar situações
imprevisíveis e muito divertidas. Não é segredo para ninguém que os roteiristas
inseriram o grupo X-Force durante a trama, mas o que ninguém imaginava o que
aconteceria depois. Se por um lado terá fã ranzinza criticando pelo que irá
acontecer, por outro, muitos irão rir da situação absurda e com o direito a uma
aparição surpresa de um galão de Hollywood.
Falando sobre o
grupo, Josh Brolin (visto recentemente como Thanos no último Vingadores) está á
vontade como o mutante Gable vindo do futuro e fazendo cara de mal a todo
momento. Assim como foi dito acima, não espere por uma fidelidade com relação à
origem e caracterização do personagem, mas a meu ver, Gable foi um exemplo do
exagero negativo que os roteiristas de HQ dos anos 90 fizeram com relação à
criação de determinados personagens e aqui ele funciona justamente pelo fato
desse exagero ser limado e tornando o personagem muito bem vindo as telas. O
filme já é um exagero no bom sentido e trazer esse exagero negativo dos anos 90
para as telas aí sim seria o maior erro feito para o filme como um todo.
Sincero em sua
proposta do começo ao fim, Deadpool 2 irá fazer a sua garganta doer de tanto
rir e fazendo a gente sempre querer revisitar esse herói louco, tagarela e boca
suja.
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