Após as últimas eleições, vivemos uma guerra entre direitistas e esquerdistas, onde cada um acusa o outro de corrupções a todo o momento, como o caso da Petrobrás que já se alastra por meses. Em meio a isso, há pessoas que exigem o Impeachment da Presidente Dilma, novas mudanças na política e, até mesmo, a volta da Ditadura Militar. Aqueles que desejam esse último, vêm de pessoas que, infelizmente, não tem a mínima noção do que estão desejando, sendo que, para compreender melhor os problemas atuais, é preciso fazer uma análise sobre o que aconteceu em histórias passadas do nosso governo.
Depois de ter feito O Longo Amanhecer - Cinebiografia de Celso Furtado, em 2007, o cineasta José Mariani lança agora Um Sonho Intenso, documentário que discute o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. O longa-metragem traz inúmeras entrevistas com intelectuais, economistas, historiadores e sociólogos, entre eles Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa, Celso Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo, João Manuel Cardoso de Melo, entre outros. "Este documentário, de certa forma, é um desdobramento daquele sobre Celso Furtado. Só que, desta vez, o protagonista é o processo, uma visão de história que inclui a história social, cultural, econômica, uma forma de ver a economia de modo orgânico", afirma Mariani.
Não se trata, portanto, de um filme que investiga corrupção ou que se aprofunda na vida de cada Presidente, porém passa uma reflexão densa sobre a história econômica do país desde 1930. Os entrevistados traçam um panorama que põe na mesa os problemas econômicos de todos os períodos políticos e sociais brasileiros com os avanços obtidos nos últimos anos, sem deixar de questionar que tipo de sociedade o país quer de fato.
Um dos principais entrevistados é o economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, que abre e conduz a linha temporal apresentada no filme. Para ele, as privatizações feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "acabaram com o projeto de soberania nacional". Mas num tom de humor negro e pés firmes no chão com relação à história, Maria da Conceição Tavares tem papel mais importante durante as entrevistas. "O Darcy Ribeiro escreveu, nessa altura, que o Brasil iria ser uma democracia original dos trópicos. Eu realmente acreditei. Até hoje, estamos esperando o 'original', mas está vindo, viu?", alerta a economista num tom sarcástico.
Embora surjam direitistas que irão discordar, Conceição Tavares dá também importância da política de criação de emprego durante o governo Lula. "Quando ele disse, na eleição, que iria criar 10 milhões de empregos, o pessoal galhofou. Foi o que ele criou: 10 milhões de empregos. Nem mais nem menos. Nós fomos o único país que, na crise de 2009, não tivemos desemprego", argumenta Maria da Conceição Tavares num ponto crucial do longa.
Luiz Gonzaga Belluzzo confirma: "O Lula manteve a construção institucional que, no Brasil, veio da hiperinflação para cá. É um longo processo de reconstrução, do qual o Fernando Henrique também participou. Eu digo que o que Lula fez foi, na verdade, ter a sabedoria de aproveitar o momento de bons ventos da economia brasileira e deu um destino correto para as políticas sociais. E teve a felicidade de fazer aquilo que todos nós queríamos, que é puxar os debaixo para cima." Finaliza Belluzzo.
Com inúmeros registros históricos de nossa política, onde inúmeros arquivos mostrados na tela se mostram intactos, Um Sonho Intenso é um filme obrigatório para ser visto por todos, pois antes de se tirar qualquer conclusão sobre o estado atual de nossa economia de hoje, nunca é tarde para descobrirmos e estudarmos certas épocas, cuja situação de vida brasileira era muito pior e que a hiperinflação era um mau que essa geração de agora ainda desconhece por completo.
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