Elenco: Will Ferrell, Mark Wahlberg, Linda Cardellini, Alessandra Ambrósio, Thomas Haden Church, Billy Slaughter
Sinopse: Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos.
Quando Elia Kazan (Sindicato
dos Ladrões) recebeu o seu Oscar pela carreira em 1999, o público que assistia
se dividiu, entre aqueles que aplaudiram e aqueles que cruzaram os braços. Com
certa razão, pois Kazan acabou se tornando uma espécie de delator na época das
caças as bruxas que, havia sido instalado em Hollywood para caçar atores,
atrizes, diretores, produtores e roteiristas que fossem do partido comunista. Devido
a isso, muitos tiveram as suas carreiras arruinadas, foram presos ou tiveram
que abandonar o país como foi o caso de até mesmo do mestre Charles Chaplin.
Dirigido por Jay
Roach (Entrando numa Fria) Trumbo: Lista Negra reconstitui uma parte dessa
complicada história do cinema americano, onde vemos roteirista Dalton Trumbo
(Bryan Cranston) e seus colegas do ramo sendo esmagados pela a Motion Pictures,
presidida por ninguém menos que John Wayne, que foi a responsável pela Caça às
bruxas dentro da Indústria cinematográfica. Porém, mesmo com o nome manchado, e
sem poder trabalhar nos grandes estúdios novamente, Trumbo jamais desistiu de
sua carreira. Para isso, começou de forma clandestina a fazer roteiros para
pequenos estúdios de filmes B e usando pseudônimos ao invés do seu nome
verdadeiro.
Para cinéfilos como
eu, é divertido assistir as passagens do qual esse filme retrata, onde a
reconstituição de época é algo primoroso e muito bem cuidado.Mas acima de tudo, é curioso observar como Dalton
Trumbo foi responsável pela criação de incríveis histórias, como no caso de A Princesa
e o Plebeu (1953) que, lhe renderia o seu primeiro Oscar na carreira, mesmo de
uma forma não oficial, pois o prêmio viria a ser dado para um amigo de Trumbo que
fingia ser dono do roteiro. Não há como não se divertir em ver os
apresentadores da academia, fazendo os seus números de apresentações vazias, mas
mal sabendo para quem eles realmente estavam premiando naquele momento.
O filme nos empolga
graças à persistência vinda do personagem e pelo seu amor em escrever diversas
histórias, mesmo em meio às adversidades e a intolerância das pessoas que se
diziam defender a liberdade do povo americano, quando na verdade nem sabiam o
que diziam. Muito dessa energia vista na tela se deve ao seu interprete Bryan
Cranston: conhecido mundialmente pela sua atuação na cultuada série Breaking
bad, Cranston passa para nós todo o lado arrogante, cínico e apaixonado de Dalton
Trumbo e fazendo a gente até compreender a sua obsessão, mesmo quando ela, por
vezes, prejudica a relação com a sua família.
Mas se o protagonista
brilha em seu papel principal, o elenco secundário não fica muito atrás. Porém,
mais do que ótimos atores dando vida a outros interpretes do passado, é preciso
tirar o chapéu para os produtores, ao acharem atores quase idênticos e dar
palmas aos maquiadores por caracterizar eles de uma forma que quase ficassem idênticos.
Se David James Elliott passa todo o lado direitista, como também o lado bronco,
do qual tinha John Wayne, Dean O'Gorman (O Hobbit) surge como uma copia fiel do
astro Kirk Douglas.
Falando do velho
astro, Douglas surge em cena, num dos momentos mais simbólicos da trama. Astro
na época, e ao mesmo tempo produtor e roteirista, Douglas convidaria Dalton Trumbo, numa espécie de voto de
confiança, para roteirizar Spartacus, filme que viria a se tornar um grande
épico do cinema. Mais do que um momento simbólico, essa passagem do filme também
serve para questionar o papel de Hollywood que, de uma arte para o entretenimento,
se tornou palco para guerras e fins políticos infundados.
Essa ambição, e intolerância,
foi muito bem representado pela atriz daquele tempo chamada Hedda Hopper, que
aqui ganha vida graças ao bom desempenho de Helen Mirren (A Rainha), fazendo
com que a gente a odeie e torça pela sua queda política no meio cinematográfico.
Uma vez que a lista negra se tornou uma vergonha dentro da história de Hollywood,
o ato final sintetiza a alma cansada daqueles que lutaram, sobreviveram, mas
que infelizmente alguns não conseguiram obter a sua renderão. Infelizmente isso
é algo que ecoa até hoje, principalmente em tempos indefinidos com relação à
crise política e cultural do nosso e de muitos países.
Trumbo: Lista Negra é
uma pequena parte de uma grande vergonha da história política e cinematográfica
americana, mas que está ali como exemplo de erro histórico a não ser seguido e
que jamais se repita em nosso presente, se é que já não está se repetindo
infelizmente.
Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Edgar Ramirez, Bradley Cooper
Sinopse: Inspirado em uma história real, o filme mostra a emocionante jornada de uma mulher que é ferozmente determinada a manter sua excêntrica e disfuncional família unida em face da aparentemente insuperável probabilidade. Motivada pela necessidade, engenhosidade e pelo sonho de uma vida, Joy triunfa como a fundadora e matriarca de um bilionário império, transformando sua vida e a de sua família.
Em 2002, o cineasta Todd Haynes (Não estou lá)
viaja aos anos 50, e nos apresenta uma história, onde vemos uma mulher
(Julianne Moore) se chocar ao descobrir que seu marido (Dennis Quaid) é gay. Em
contra partida, ela mesma busca consolo nos braços do jardineiro negro (Dennis
Haysbert) e despertando os olhares e preconceito da comunidade local. Estamos
nos anos 50, onde ser gay era ser doente e ser de outra cor era ser diferente,
sendo então uma época conservadora, mas que ao mesmo tempo já dava sinais que
não poderia mais esconder as pessoas que eram diferentes umas das outras.
Com isso, Haynes
decide então retornar a essa década problemática, onde vemos em seu mais novo
filme, a relação de uma mulher mais velha chamada Carol (Cate Blanchett) com uma
jovem chamada Therese (Rooney Mara). De uma simples amizade e troca de olhares
que, começou numa loja de brinquedos, vai gradualmente à relação se tornando
cada vez mais intensa. O problema que Carol é casada com Harge Aird (Kyle
Chandler) que não o ama mais, mas ambos possuem uma filha e ele ameaça tirar
dela a guarda da criança.
Lembrando novamente
que estamos nos anos 50, num período em que muitos assuntos ainda eram tabus,
não somente com relação à opção sexual, como também na falta de mais liberdade
para a mulher. Carol tem tudo na vida, mas não se sente completa e seu dia a
dia é somente nas aparências. Therese busca a realização de seus sonhos desde
quando era criança, mas não busca exatamente um príncipe encantando. Uma vez as
duas se encontrando, se percebe que uma se apóia na outra, preenchendo um vazio
do qual elas convivem, para então sentir os desejos dos quais estão presos e
que até então desconheciam.
Haynes capricha, não
somente na apresentação das duas, como também quando ambas estão uma na frente
da outra. Olhares, e gestos, sendo nenhum deles passado a despercebido e
criando um jogo de câmera que sempre irá atrair o nosso olhar para então a
gente ver o que irá acontecer. A fotografia fria (a trama se passa no natal) se
mistura com as cores quentes do ambiente e de uma época de luz, mas ao mesmo
tempo nas aparências, de uma sociedade que vendia a vida perfeita. Carol se vê
sufocada nesse cenário mentiroso e não excitando em levar Therese para uma
viagem de carro e irem até onde der.
Não espere por algo
explicito e ardente como foi em filmes como Azul é a Cor Mais quente. Aqui é
tudo nos apresentado de uma forma delicada que, uma vez consumada, se percebe
então que valeu a pena chegar até esse momento. Portanto, Cate Blanchett e
Rooney Mara nos convencem a todo o momento em cena, onde sentimos em cada gesto
e olhar de uma paixão ardente pronta para transbordar. Uma se torna o pilar da
outra, fazendo o filme pulsar a todo o momento e fazendo a gente desejar pela
felicidade de ambas.
Infelizmente o
preconceito bate a porta a todo o momento em que elas dão um passo à frente
para a felicidade e ficamos transtornados pela forma como essa sociedade desse
período agia de uma forma tão intolerante. Harge Aird é uma clara representação
dessa intolerância, mas ao mesmo tempo em que ele não esconde o fato de não
saber compreender ao certo a posição de sua esposa, ao ponto de sentirmos até
mesmo pena dele. Visto em filmes prestigiados como O Lobo de Wall Street, Kyle
Chandler vai gradualmente chamando a nossa atenção pelos seus bons desempenhos,
e mesmo ele aparecendo poucas vezes em cena, ele chama a nossa atenção pelo seu
empenho.
Voltando a dupla
principal, vale lembrar que o filme começa com elas, em uma cena em que se
dirige para a reta final da trama. Com isso, a trama retorna no tempo e
acompanhamos de que maneira elas chegaram até aquele ponto em que elas nos
foram apresentadas. Todd Haynes gosta de brincar com as nossas perceptivas, e
fazendo com que nos perguntemos a todo o momento durante a projeção, como elas
chegaram até aquele ponto e qual serão os destinos em que elas irão trilhar a
seguir.
Dirigido por outra
pessoa, o filme poderia facilmente cair no previsível no seu final, mas Haynes
fecha trama de uma forma aberta e fazendo com que a gente se pergunte o que
virá a seguir para as protagonistas. É um final que sintetiza a indefinição de
um futuro perfeito, onde a pessoa daquele período decide abraçar pelo que
sente, mas que se vê a frente de inúmeras possibilidades no seu futuro. Ou viva
e morra pelo que deseja, ou morra gradualmente num mundo das aparências e da
alienação.
Com uma bela fotografia e
edição de arte da época, Carol estréia justamente num período em que há certos
conservadores que, tentam pegar a nossa realidade e regredir no tempo, mas o
próprio passado visto no filme, do qual eles querem voltar, nos ensina que nada
pode frear o que realmente nós sentimos.
Se os estúdios Pixar possuem um grande defeito é justamente pelo fato de nos deixar mal acostumados ao nos brindar sempre com um ótimo filme. Claro que eles tiveram alguns escorregões no passado recente, como Carros 2 e Universidade de Monstros, e quando nos deparamos com eles, percebemos que nada na vida é infalível. Portanto, se por um lado ficamos maravilhados com a obra prima Divertidamente que eles lançaram neste ano, por outro nos sentimos confusos quando estúdio nos presenteia com O Bom Dinossauro, cuja trama soa como algo que já vimos antes, mas não significa de todo ruim.
Para começar, o filme já começa de uma forma curiosa, nos mostrando uma realidade alternativa em que os dinossauros não foram extintos, mas sim evoluíram com o passar do tempo. É nessa realidade que conhecemos Arlo, um apatossauro pertencente a uma família de dinossauros fazendeiros, mas que possui certa dificuldade para enfrentar os seus medos. Além de uma tragédia em que fez ainda piorar os seus temores, Arlo acaba se perdendo e não conseguindo voltar para casa, mas acaba tendo a companhia de um menino selvagem chamado Spot e ambos se juntam para uma cruzada de descobrimentos até o caminho para casa.
Quem vê o filme rapidamente sente que a trama não soa nenhum pouco original, já que as situações que os personagens passam já foram vistas em outros filmes, desde Rei Leão, Era do Gelo Irmão Urso e por assim vai. É aquela velha trama sobre a superação, superar um trauma do passado e buscar assim a sua redenção. Se essas fórmulas de sucesso já se encontram meio que desgastadas de tanto usadas em animações, pelo menos os estúdios Pixar usam isso para nos fazer ficar emocionados em determinadas cenas chaves.
Cenas, aliás, que prova que não é preciso dialogo para que elas se tornem emocionantes, pois bastam os gestos, os olhares e as ações dos personagens para compreendermos o que a cena quer nos passar. Bom exemplo disso é quando Arlo e Spot descobrem que ambos têm algo em comum, através de círculos na terra, galhos e puramente os olhares de cada um deles. Uma cena simples, mas poderosa, que fará o mais duro coração amolecer ao assisti-la.
Em termos técnicos, Pixar nos surpreende com a reconstituição do que poderia ser a terra a milhões de anos. Por um momento animação computadorizada nos confunde com tamanho realismo das cenas, como se elas realmente fossem reais ao ponto de a gente desejar tocar. As cenas são tão impressionantes que nos faz até mesmo esquecer um pouco do lado previsível da trama que se segue.
Outro problema que merece ser apontado em O Bom Dinossauro é no pouco tempo de participação de bons personagens coadjuvantes ou na falta deles. Pegamos por exemplo a aparição surreal de um Triceratops e seus animais que o cobrem o corpo, ou da família de T Rex, que são donos de uma manada de búfalos. São personagens carismáticos e que rapidamente nos conquista, mas que infelizmente eles não ficam muito tempo em cena.
Desafios surgem para os personagens enfrentarem, assim como vilões traiçoeiros e perigosos. Neste percurso, o laço de amor e amizade entre Arlo e Spot aumenta ainda mais, mas uma difícil lição eles terão que travar o que fará com que ambos sofram, mas ao mesmo tempo é algo que faz parte do aprendizado de cada um. São momentos como esses dos quais as pessoas de todas as idades irão se identificar e nisso os criadores da Pixar capricharam como sempre.
Embora não chega ao nível de qualidade Pixar do qual o estúdio nos fez a gente se acostumar, O Bom Dinossauro é um filme gostoso para ser assistido com os pequenos, mas que até mesmo o adulto irá se identificar com a descompromissada história de amor e amizade.
Elenco: Brad Pitt, Steve Carrell , Ryan Gosling, Christian Bale, Finn Wittrock
Sinopse: Inspirado no livro homônimo, o filme estrelado por Brad Pitt narra a história de um empresário que conseguiu um lucro recorde em suas empresas - mesmo na crise que abalou o sistema imobiliário e, consequentemente, a economia dos Estados Unidos na década de 2000.
Um dos segredos para o sucesso do clássico Todos os Homens do Presidente era pelo fato do filme não se encarregar de somente retratar os motivos que levaram o estouro do escândalo watergate (1972), como também retratar qual é o verdadeiro papel de um jornalista profissional, ou seja, investigativo. O filme estrelado pelos astros Robert Redford e Dustin Hoffman serviu de modelo para outros filmes que viriam a seguir nas décadas seguintes, como no caso Zodíaco de David Fincher. Spotlight: Segredos Revelados talvez venha a ser mais um novo discípulo do clássico dos anos 70, mas ao mesmo tempo falando e muito por si por tocar num assunto espinhoso.
Marty Baron (Liev Schreiber) manda um grupo de jornalistas de Boston investigar supostos casos de padres abusando sexualmente de crianças durante décadas. O grupo liderado pelo jornalista Walter Robinson (Michael Keaton) decide então escavar cada pista do que eles puderem descobrir. Mal eles sabem que, na realidade, os horrores que essas crianças passaram estão muito além de Boston.
Embora polêmico, o filme de Tom McCarthy (O Visitante) não procura demonizar a igreja Católica, mas sim procurar e divulgar uma lista completa de indivíduos que, se dizem a serviço de Deus, mas que não passam de lobos vestidos de cordeiros. Além disso, o filme se envereda mais para o papel do jornalista investigativo, fazendo da trama um verdadeiro filme policial e não meramente um drama. Agiu como ninguém, a câmera de McCathy não deixa escapar nenhum dos personagens principais, e criando então um verdadeiro mosaico, dos fatos que nos são apresentados durante as investigações individuais de cada um deles.
Demonstrando serem verdadeiros profissionais da área, os personagens optam em não discutirem o certo e errado sobre o papel da Igreja Católica durante a sua história, mas sim buscarem os verdadeiros fatos, pois querendo ou não, há pessoas próximas a eles que convivem com a igreja todos os dias. Uma vez que as emoções começam a dominar o lado profissional deles, se começa a perceber que o papel da igreja sempre esteve presente em suas vidas. Marty Baron (Liev Schreiber), por exemplo, optou ir à busca desses fatos ao lado desse grupo de jornalistas por motivos claramente pessoais, mesmo nunca demonstrando as suas reais motivações, mas sim escancarando somente o seu lado profissional no caso.
O mesmo não acontece com Michael Rezendes (Mark Ruffalo, ótimo): determinado, e sempre persistente em busca aos fatos, Rezendes gradualmente se deixa ser levado pelas emoções no caso em que trabalha. Não que o seu passado tenha algo de similar com que ele investiga, mas sim compreendemos as suas frustrações, e desapontamento pelo que sente perante a igreja e quando ele desabafa na frente dos seus colegas acaba se tornando uma das melhores cenas do filme. Com trejeitos e cacoetes visíveis, Ruffalo novamente cria um personagem que se difere do que ele já fez anteriormente na carreira.
E se o desempenho de Rachel McAdams se apresenta um pouco decepcionante no decorrer do filme, o mesmo não se pode dizer do desempenho do ex-Batman Michael Keaton, que, após ressurgir das cinzas com Birdman, ele demonstra total controle na interpretação em meio a inúmeros interpretes, e sempre quando está em cena contracenado com outros, nossas atenções sempre estão em volta dele. Aliás, o personagem de Keaton possui um momento que, sintetiza qual o verdadeiro papel da pessoa, em reagir ou não sobre tais fatos como esse da igreja quando se descobre e quais as consequências uma vez que não se faz nada a respeito sobre isso. É nesse momento em que o filme nos convida para nos colocarmos no lugar do personagem, e fazer com a gente se pergunte, sobre qual é o nosso papel uma vez que descobrimos sobre casos que não deveriam ficar no escuro.
Como eu disse acima, Todos os Homens do Presidente serviu de modelo para os filmes que viriam a surgir no decorrer das décadas, mas aqui a coisa se torna ainda mais explicita. Se naquele filme havia um misterioso personagem que ficava na penumbra (o tão famoso Garganta Profunda), para dar informação precisas para os jornalistas, aqui o personagem misterioso surge sempre com uma voz peculiar através de uma ligação telefônica. Á formula atualizada não é nenhuma maravilha, mas é uma homenagem mais do que clara ao clássico filme.
Com um final em que os personagens alcançam os seus objetivos, Spotlight: Segredos Revelados vem para questionar o mundo jornalístico de hoje que, cada vez mais se preocupa com a audiência, ao invés de investigar e lançar os verdadeiros fatos de determinados assuntos, seja ele político ou religioso.
Elenco: Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen, Jeff Daniels, Katherine Waterston, Michael Stuhlbarg
Direção: Danny Boyle
Roteiro: Aaron Sorkin
Produção: Mark Gordon, Guymon Casady, Scott Rudin, Danny Boyle e Christian Colson
Sinopse: Focado nos bastidores de três lançamentos icônicos e terminando em 1998 com o lançamento do iMac, “Steve Jobs” nos leva aos bastidores da revolução digital e apresenta um retrato intimo de um homem brilhante em seu epicentro.
“Steve Jobs” é dirigido pelo vencedor do Oscar, Danny Boyle e conta com roteiro do também premiado no Oscar, Aaron Sorkin que adapta a biografia best-seller do fundador da Apple, escrita por Walter Isaacson. A produção fica a cargo de Mark Gordon, Guymon Casady da Film 360, Scott Rudin, Boyle e o vencedor do Oscar, Christian Colson.
Michael Fassbender interpreta Steve Jobs, fundador e pioneiro da Apple; ao lado da vencedora do Oscar Kate Winslet, como Joanna Hoffman, que na época era chefe de marketing da Macintosh. Steve Wozniak, cofundador da Apple, é interpretado por Seth Rogen e Jeff Daniels atua como o até então CEO, John Sculley.
O filme também traz Katherine Waterston como Chrisann Brennan, como a ex-namorada de Jobs, e Michael Stuhlbarg como Andy Hertzfeld, um dos membros do time de desenvolvimento do Macintosh, da Apple.
Ao abandonar o mundo contemporâneo e viajar para o passado, a partir do filme Bastardos Inglórios e seguido por Django Livre, Tarantino decidiu explorar épocas e locais diferentes para fazer um retrato da sociedade de ontem e fazendo um paralelo com a de hoje. Assistimos judeus dando o troco contra os alemães, assim como negros se vingando contra os brancos, mas em meio aos tiros e sangue escorrendo, há uma crítica ácida com relação a nossa sociedade que, em pleno século 21, ainda precisa evoluir e saber realmente pensar. O cenário de Os 8 Odiados (um mero armazém em plena nevasca) serve para colocar em pratos limpos inúmeras discussões, desde racismo, direitos humanos e até onde é válido as guerras que, surgem para um bem maior, mas se tornam um droga mortífera contra a humanidade.
A trama se passa alguns anos após o fim (aparentemente) da guerra civil Americana. Num ponto qualquer do país, John Ruth (Kurt Russell) está transportando uma prisioneira, a bandida Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para ser presa e enforcada numa cidade. Em meio a viajem, dão carona para um caçador de recompensa (Samuel L. Jackson) e para Chris Mannix (Walton Goggins), que será o novo xerife da cidade que estão indo. Devido a uma forte nevasca, são obrigados a parar num armazém do meio do nada, onde dão de encontro com mais quatro personagens lá dentro e que serão peças importantes no decorrer da trama.
As peças do tabuleiro estão colocadas e resta para o cinéfilo esperar quem vai dar o primeiro tiro para gerar a confusão toda. Até lá, somos apresentados gradualmente a cada um dos personagens, para então sabermos (até certo ponto) a real natureza de cada um deles. Devido a isso, o roteiro exige de nós certa paciência com a apresentação de cada um deles, sendo que, a primeira hora de projeção, é somente comandada por inúmeros diálogos de humor negro bem típico de Tarantino.
Já tendo todos os personagens apresentados, é ai que Tarantino entra em cena realmente: com sua câmera, o cineasta vagueia pelo cenário daquele lugar opressor, onde a qualquer momento, qualquer um que der um passo em falso irá gerar consequências desastrosas. Se dois personagens chaves estão tendo um dialogo pra lá de absurdo, por exemplo, pode ter certeza que ao mesmo tempo algo a mais está acontecendo. Porém, assim como fez em seus outros filmes, Tarantino gosta de retornar na mesma cena, mais precisamente nos mostrando outro ângulo e fazendo de nós cúmplices de uma situação que os demais personagens (nem todos) desconhecem.
São situações que até mesmo remetem aos seus primeiros filmes (como Cães de Aluguel) e dialoga com a proposta que ele passou em seus dois filmes anteriores. Curiosamente é um filme que não nos coloca de nenhum lado, pois cada um dos personagens tem uma conduta duvidosa, porém, humana. Não há heróis ou vilões para a gente adorar ou odiar, mas sim pessoas com cada um com a sua história, mas que nem todas são reais, ou até mesmo boas. Só mesmo grandes interpretes para interpretar personagens com condutas duvidosas e somente Tarantino seria capaz de criar a proeza de reunir grandes astros num mesmo cenário. Se Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Walton Goggins, Michael Madsen e Tim Roth são caras já conhecidas do universo tarantinesco, o mesmo não se pode dizer de Jennifer Jason Leigh: afastada de grandes papeis do cinema e tendo se dedicado mais a TV (como a série Weeds) Leigh finalmente ganha um papel de peso em sua filmografia, ao passar toda a loucura, selvageria e imprevisibilidade de sua Daisy Domergue, cuja presença sempre rouba a cena de outros em momentos chaves da trama.
O final do segundo ato, e o terceiro como um todo, nos brinda com momentos de grandes surpresas, violência, sangue, e até mesmo palavras do Presidente Abraham Lincoln, escritas num papel ensanguentado e que se torna peça chave de encerramento, não só do filme, como também da proposta que Tarantino começou a passar a partir de Bastardos Inglórios. Mais do que uma trilogia épica, o cineasta nos convidou para assistirmos a três grandes filmes sobre qual é o papel social das pessoas de ontem e hoje, cujas condutas resultam em preconceito, guerras, mortes e o surgimento de um dialogo cada vez mais escasso. Vindo de um diretor conhecido em fazer sequências de violência, por vezes explicita, não deixa de ser irônico afinal das contas o resultado final dessa trilogia épica.
Por mais absurdo que seja, Os 8 Odiados vem a provar que, talvez, Quentin Tarantino seja sim um cineasta humanista, mas só se aprofundando nessa sua última obra, e do resto de sua filmografia, para então compreendermos melhor essa minha teoria.