A convite do CineClube ZH, estivemos presentes na exibição do filme Na Estrada, do diretor brasileiro Walter Salles. Após a sessão, houve debate com o cineasta Fabiano de Souza e o jornalista Carlos André Moreira.
Adaptado da obra homônima de Jack Keroauc, lançada em 1957 e um dos marcos do movimento beatnik nos Estados Unidos, Na Estrada conta a história de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem de classe média, nova iorquino, que sonha em ser um grande escritor. Para encontrar a sua história, ele cai na estrada com diversas pessoas, mas se relaciona mais intensamente com Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um gênio indomável. Juntos, eles vivem o final dos anos de 1940 e início dos 1950, de forma intensa, com muito sexo, drogas e jazz.
O roteiro e o livro são "semi-biográficos" do próprio Kerouac. O longa-metragem dá uma ideia de toda a loucura que foi a vida dessas pessoas, ao romperem com o padrão de vida no pós-guerra, rejeitando o conservadorismo exacerbado para adotar um estilo desregrado, de contemplação das coisas simples e abuso de sensações mais eletrizantes. Uma frase dita por Sal exemplifica bem o sentimento dos jovens personagens: “Eu prefiro os loucos”.
É curioso o fato de que o livro seja a base de todos os "road movies", desde os anos de 1950, mas neste filme, em si, mostra-se muito pouco as rotas e estradas pelo qual se passa a história, sem ressaltar a experiência dos personagens com as viagens realizadas. Salles acabou se focando, principalmente, nas efêmeras relações dos personagens centrais, talvez em função da realidade de quem vive viajando: ficar pouco tempo em cada lugar e não se envolver muito com cada pessoa.
Quanto aos detalhes técnicos, o filme é muito bom e coloca o diretor brasileiro como bem cotado para vencer muitos prêmios com esta obra. Todas as atuações estão ótimas. Além dos atores centrais (Riley e Hedlund), todos os demais se destacam: Kristen Stewart, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen, Amy Adams, Alice Braga, Terrence Howard, Steve Buscemi. Enfim, um baita elenco!
A trilha sonora é magníficamente animada, excelente para quem curte muito jazz. Porém, é um tanto quanto óbvio que, para um filme sobre viagem, o destaque maior seja a fotografia. Convenhamos, a captação da paisagem do interior dos Estados Unidos e a exposição de seus extremos é sempre deslumbrante. Neste filme, o diretor de fotografia Eric Gautier faz um trabalho espetacular, principalmente com a construção das cenas de neve feitas em Bariloche, Argentina.
Vale a pena conferir, mais pelo significado do livro para a história da nossa sociedade ocidental, do que pelo filme em si.
Até a próxima.
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