25 de novembro de 2015

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

Atualmente o nosso país, e outros inclusive, vivem com uma política em que se encontra rachada, onde oposição e esquerda brigam para quem arrebenta primeiro a corda. Duas semanas atrás o mundo testemunhou  os piores atentados em Paris desde o 11 de Setembro.
Em ambos os casos a pessoa comum jamais saberá a natureza real da história, pois há muita ambição e poderes envolvidos, das quais ficamos nos perguntando onde isso começa e até aonde isso termina.
Portanto, é preciso tirar o chapéu pela proposta que os livros dos Jogos Vorazes nos passa, pois embora seja uma ficção, ela soa a todo o momento como uma metáfora sobre os problemas do mundo contemporâneo de hoje.  Política, reality Show, golpe, traição, terrorismo e redenção são alguns dos ingredientes que moldaram essa obra literária e muitos se perguntaram se os filmes seriam fieis a sua proposta. Ao término de Jogos Vorazes: A Esperança - O Final chego a conclusão que, não só foram fieis a sua proposta, como também se torna o filme mais corajoso do momento, pois toca na ferida de assuntos espinhosos do mundo atual.
O filme começa exatamente no ponto onde se encerra o filme anterior. Cada vez mais Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se dá conta que é apenas uma peça num jogo de tabuleiro e essa sensação piora ao ver Peeta (Josh Hutcherson) quase destroçado mentalmente e tentando matá-la. A presidente Coin (Julianne Moore) envia ela para a missão final, da qual é se infiltrar na mansão do presidente Snow (Donald Sutherland) e eliminá-lo. Para isso, contará com ajuda de Gale (Liam Hemsworth), Finnick (Sam Claflin), Cressida (Natalie Dormer), Pollux (Elder Henson) e até mesmo de Peeta, que ainda não se recuperou muito bem mentalmente.
Quem viu o filme anterior percebeu que ação ficou bem para o segundo plano e dando mais ênfase aos preparativos para que Katniss se torne a grande salvadora da pátria daquele mundo. Já nesse último filme da saga não existe mais escapatória, independente de quem ganha ou perca, pois haverá um final para tudo e a todos. Essa sensação do inevitável é sentido durante o filme a todo o momento e o peso pela responsabilidade é sentido graças à interpretação convincente como sempre de Jennifer Lawrence.
Se a saga Jogos Vorazes no cinema tem alma tudo se deve a Lawrence, pois ela consegue passar todo o grau de peso e responsabilidade que Katniss sente a todo o momento. A protagonista nunca desejou esse fardo, pois tudo começou lá no primeiro filme ao proteger a sua irmã, mas que isso acabou servindo de ponta pé inicial para um caminho sem volta do qual ela embarcou. Pode-se dizer Katniss chega a um momento do filme que ela não deseja mais aquilo e tudo que deseja é acabar com tudo isso de uma vez.
Em meio a isso, companheiros morrem, em meio um jogo mortífero até chegar ao alvo principal, mas algo sempre pior pode acabar vindo do céu literalmente. É por esse ponto que o filme talvez não fosse fiel e corajoso que nem nos livros, mas Francis Lawrence (Constantine) não nos decepciona e nos brinda da maneira que deveria ser os derradeiros momentos vistos no ato final da trama. Para aqueles que não leram os livros, aguardem para grandes surpresas vistas num determinado pátio da trama e que com certeza irá assombrar os fãs por um bom tempo.
Se há um ponto falho no filme é o fato que nesse último quiseram fortalecer o triangulo amoroso que existe desde o primeiro capítulo, mas ele sempre foi algo sem sal e que poderia ser descartado com total facilidade na trama. Se ele existe é porque é regra sagrada de Hollywood de haver romance na trama, mas não significa que seja uma regra valida para todos os filmes. Jogos Vorazes sempre se sustentou pela sua temática adulta com relação à política intolerante da trama e não por um romance açucarado descartável.
Pesares a parte, Jogos Vorazes: A Esperança - O Final termina com um final digno, onde não há vencedores ou perdedores, mas sim apenas a sensação de dever comprido vindo da protagonista. Porém, nos minutos finais, vemos uma Katniss bem diferente do que foi vista no primeiro filme, onde a responsabilidade não lhe pesa mais, mas as feridas e dores ainda se encontram lá e que talvez jamais venham cicatrizar. Um final que sintetiza a incerteza sobre o mundo contemporâneo do qual nos vivemos e tudo que nos resta é apenas seguirmos em frente e ver o que acontece.   

23 de novembro de 2015

ALIANÇA DO CRIME

Queira ou não a corrupção se encontra em todo o lugar, seja na política, religião e até mesmo entre aqueles que se dizem servir e proteger o cidadão. O que dizer então da agência mais poderosa dos EUA que, acabou se vendendo para determinados criminosos, unicamente para obter a chance de pegar uns peixes maiores?  É mais ou menos isso o que é mostrado em Aliança do Crime, filme do qual retrata um período em que alguns defensores da lei e da ordem se venderam para pegar determinadas cabeças preciosas, ou simplesmente para subir um degrau a mais na carreira!
Whitey Bulger (Johnny Depp) é um gangster comum de Boston, mas que vê uma oportunidade de crescer na vida criminosa, desde que descubra e dê de bandeja ao FBI determinadas celebridade do mundo do crime de Boston. Para isso, o seu amigo de infância John Connelly (Joel Edgerton) se torna agente do FBI, o que lhe abre então as portas para adquirir poder e costas quentes perante a lei. Ao mesmo tempo se encontra na agência pessoas incorruptíveis, das quais gradualmente abrem determinadas investigações que acabam fechando o cerco, tanto para aqueles que se encontram de fora ou dentro.
Até aqui, nos deparamos com uma mistura de Os Bons Companheiros com Os Infiltrados, onde existe o companheirismo entre gangster, mas que os pedidos para determinados favores são colocados a prova, o que acaba sendo um exemplo similar do que já se viu nos filmes de Martins Scorsese. Porém, se percebe que Scott Cooper (Amor Louco) procura sempre a todo o momento em nunca criar cenas das quais a gente lembrasse, de alguns clássicos filmes de gangster, mas sim que tivesse uma identidade própria. Essa preocupação resulta num filme do qual há momentos preciosos e muito bem filmados, mas se tem também a sensação de freio ou até mesmo receio na possibilidade de se sofrer uma comparação.
Diante disso, o filme se divide em entre momentos geniais e mornos, dos quais nem mesmo a presença de bons atores como Kevin Bacon ou Benedict Cumberbatch (Jogo da Imitação) ajuda a gente não nos darmos conta disso. Embora fiel aos verdadeiros fatos que aconteceram entre os anos 70 e 80 do qual se passa a história, falta também uma espécie de liberdade poética, da qual é sentida principalmente no ato final da trama. Uma coisa é ser fiel aos fatos, outra é deixar tudo no piloto automático para se dizer que foi tudo igual o que aconteceu naquele período.
Se há falhas que existe aqui e ali na produção, o filme se salva unicamente devido a um nome: Johnny Depp. Embora tenha colecionado alguns fracassos de público e crítica nos últimos tempos, o parceiro habitual do cineasta Tin Burton jamais parou de trabalhar e tem demonstrado cada vez mais versatilidade, do qual o ator some em seus papeis e dando lugar aos seus personagens. No caso do seu Whitey Bulger não é diferente.
Quando vemos Bulger em cena sentimos o sinal de perigo, do qual a imprevisibilidade dos seus atos é o que lhe move. Fiel aos seus princípios (seja com relação à família, ou companheirismo) Bulger leva tudo a sério, ao ponto dele fazer uma mistura de ameaça com piada, da qual a pessoa que presencia esses momentos nunca tem a certeza absoluta de suas reais intenções. Atenção para a maravilhosa cena do jantar, onde ele dá a sua opinião sobre segredos de família, que por sua vez se emenda com a cena da visita dele a uma determinada personagem em seu quarto e rendendo momentos de pura tensão psicológica.
Com uma maquiagem que lhe deixa envelhecido, e umas lentes de contato que nos passa um ar de loucura, Johnny Depp faz do seu Bulger um ser ameaçador, do qual não pensa duas vezes em eliminar todos aqueles que ousarem pensar em lhe prejudicar. Porém, embora frio e calculista, há determinados momentos em que Bulger deixa a mascara cair, principalmente quando percebe que o cerco está se fechando para ele e para os seus poucos entes queridos. É nesses momentos que o personagem poderia soar artificial, mas é graças atuação de Depp que nos faz acreditar que há um lado ainda humano dentro daquele ser e não é a toda que ele se encontra na lista dos possíveis indicados ao Oscar de melhor ator no ano que vem.
No final das contas, Aliança do Crime pode até funcionar devido a um único ator, mas também lhe dá uma pequena dose de reflexão sobre a corrupção, da qual ela não é exclusiva unicamente nos lugares do qual eu citei no início do texto acima, como também lhe faz pensar na possibilidade de que você esteja convivendo com ela todos os dias, seja em maior ou menor grau.  
 

13 de novembro de 2015

DICA DE CINEMA

COMO SOBREVIVER A UM ATAQUE ZUMBI
12 DE NOVEMBRO NOS CINEMAS
Não recomendado para menores de quatorze (14) anos.



SOBRE O FILME
Estreia: 12/11/2015                                                 
Direção: Christopher Landon
Produção: Andy Fickman, Bryan Brucks, Todd Garner, Samson Mucke, Sean Robins, Betsy Sullenger.
Elenco: Tye Sheridan, Logan Miller, Joey Morgan, Sarah Dumont, David Koechner, Patrick Schwarzenegger, Halston Sage, Cloris Leachman
Sinopse: Três escoteiros e amigos de infância unem forças com uma garçonete valentona e se tornam a equipe de heróis mais improvável do mundo. Isso acontece quando a tranquila cidade onde vivem é devastada por uma invasão de zumbis e eles terão que colocar suas habilidades de escoteiros à prova para salvar a humanidade dos mortos-vivos.

11 de novembro de 2015

DICA DE CINEMA

AMIZADE DESFEITA

12 DE NOVEMBRO NOS CINEMAS

Não recomendado para menores de dezesseis (16) anos.


SOBRE O FILME

AMIZADE DESFEITA
Estreia: 12/11/2015                                                 
Distribuidora: Universal Pictures
Elenco: Shelley Hennig, Moses Jacob Storm, Renee Olstead, Will Peltz, Jacob Wysocki,  Courtney Halverson, Heather Sossaman
Direção:  Levan Gabriadze
Sinopse: Inaugurando uma nova era de horror, o novo filme da Universal Pictures Amizade Desfeitamostra a tela do computador de uma adolescente enquanto ela e seus amigos são perseguidos por uma figura invisível que procura vingança por um vídeo embaraçoso que levou uma valentona a se matar um ano antes.
Depois de os executivos da Universal assistirem uma exibição teste de Amizade Desfeita aterrorizar a audiência, o estúdio adquiriu o suspense que foi desenvolvido e concebido pelo visionário cineasta Timur Bekmambetov (O ProcuradoAbraham Lincoln: Caçador de Vampiros). 
Dirigido por Levan Gabriadze, Amizade Desfeita é escrito por Nelson Greaves e produzido por Bekmambetov e Greaves, assim como por Jason Blum da Blumhouse Productions (Ouija – O Jogo dos Espíritos, Atividade ParanormalUma Noite de crime a série). 

007 - CONTRA SPECTRE

Na ultima reedição do livro 1001 Filmes para ver antes de morrer, 007 - Operação Skyfall estava na lista de filmes indispensáveis para serem vistos e não é para menos. Com começo, meio e fim bem amarrados, a trama era independente dos eventos dos filmes anteriores, mas prestava uma verdadeira homenagem a toda franquia e nos brindou com o passado do protagonista que até então desconhecido. Comandando por Sam Mendes (Beleza Americana), Operação Skyfall poderia encerrar a franquia ali com louvor, mas a maquina que faz dinheiro sempre fala mais alto.
Direto ao ponto: 007 Contra Spectre é inferior a Skyfall, mas não quer dizer que seja ruim, muito pelo contrário. Para começar o roteiro novamente retorna aos eventos dos primeiros filmes estrelados pelo sempre competente Daniel Craig (Cassino Royale e Quantum of Solace), além de interligar com o que aconteceu no filme anterior. Nesse ponto eu achei desnecessário, já que Skyfall funcionava de forma independente, mas no decorrer da projeção você vai esquecendo um pouco disso.
De volta na cadeira de cineasta, Sam Mendes decide novamente repaginar algumas histórias e formulas clássicas já vistas ao longo desses mais de cinquenta anos de franquia e trás de volta uma organização já conhecida pelos fãs: SPECTRE. Visto pela primeira vez nos primeiros filmes de Bond (mais precisamente em Moscou contra 007) Spectre é uma organização secreta, cujo objetivo é lucrar na participação de atentados, ou até mesmo prestando serviço secretamente para outros governos.  Nessa nova releitura, a organização não somente estava envolvida em todos os eventos dos últimos filmes, como também nas tragédias pessoais do protagonista.
Não é segredo para ninguém que essa organização seria a mais nova pedra no sapato para o agente, pois o próprio título dizia isso, mas o grande problema é a falta do elemento surpresa. Na realidade ele existe e é muito bem filmado, orquestrado e bem conduzido (atenção para a cena da reunião da organização que é soberba), mas ao invés dos produtores terem guardado esse momento a sete chaves, eis que os próprios trailers entregavam essa revelação e frustrando aqueles que esperavam por algo imprevisível. O último filme do Exterminador do Futuro, por exemplo, foi vitima dessas revelações antecipadas, mas pelo visto não serviu de exemplo sobre o que não deve ser divulgado antes do lançamento de um filme.
Como esse momento de elemento surpresa acabou sendo desperdiçado, eis que os roteiristas inventam que o vilão da organização chamado Franz Oberhauser (Christoph Waltz, novamente ótimo) tem uma forte ligação com (novamente) o passado do herói. Se em Skyfall o passado de Bond foi colocado na mesa de uma forma inesperada e positiva, aqui o retorno as suas raízes perde o efeito e sentimos a sensação de algo forçado nisso, infelizmente. Compreendemos que a intenção dos produtores desde Cassino Royale foi a de não se esquecer do que foi visto anteriormente, mas para isso nunca é demais se esforçar um pouco para se criar algo de novo na trama.
Se não for agradar aos novos fãs, pelo menos os mais velhos serão agraciados com velhas formulas que fizeram da franquia um sucesso sendo revistas novamente. Se no final do filme anterior determinados personagens conhecidos que, ganharam caras novas, retornaram ao universo de Bond, isso é fortalecido ainda mais com o retorno de beldades das quais ele sempre gostou de conquistar. Monica Bellucci e Stephanie Sigman possuem presenças marcantes, embora curtas, mas é Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente) é a que se torna a Bond Girl clássica, embora seja muito clara a intenção dos criadores em transformá-la no que foi Eva Green no primeiro.
Em termos de cenas de ação o filme não decepciona, muito embora elas nunca superem a sequência inicial que abre o filme e que se passa no México. Boa parte dos 300 milhões de orçamento investidos para o filme (o maior da franquia) com certeza foi investido nesses primeiros minutos, pois ele é recheado e movido de figurinos, efeitos visuais, edição de arte e fotografia de encher os olhos. O filme abre com belíssimo plano sequência que, nos dá vontade de aplaudirmos em pé, mas ao mesmo tempo lamentar quando ele acaba.
Com um final que não deixa nenhuma ponta solta e que encerra de uma forma satisfatória, 007 – Contra Spectre deixa somente uma pergunta no ar sobre qual será o futuro da franquia, pois o que começou em Cassino Royale se encerra com certa dignidade aqui. James Bond irá voltar? Como todo velho fã sabe, com 007 não se vive somente duas vezes!
 

10 de novembro de 2015

BEIRA MAR

Enquanto a nossa política brasileira vive num verdadeiro retrocesso, o nosso cinema brasileiro se garante em mostrar a realidade de ontem e hoje e fazendo com que a gente nunca se esqueça o quanto o nosso mundo é diversificado, seja na cultura, costumes, raças e etc. Levando em Consideração a isso, é bom ver que há filmes que estejam retratando pessoas que, por vezes, se encontram presas em correntes invisíveis, mas uma vez livres delas, se aflora finalmente o tipo de pessoa que elas estavam predestinadas a serem.  No filme Beira Mar, dirigido pelos cineastas Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, assistimos a amizade de dois rapazes que, gradualmente, vão arrebentando as suas correntes interiores, para finalmente então conhecerem eles mesmos nos seus primeiros anos da adolescência.
O filme mostra a viagem dos jovens gaúchos Martin e Tomaz rumo ao litoral, para resolverem assuntos relativos a uma herança. Diversas informações são escondidas do cinéfilo, como a relação dos garotos com seus pais e um com o outro. Porém, os cineastas explicam o mínimo necessário para que esses personagens se tornem complexos, e sua jornada seja compreensível ao público.
Curiosamente, a dupla central não escancara o que eles realmente são com as palavras ou ação, mas sim através do silêncio e da sensação de incomodo que ambos sentem naquele mundo em que eles passam no litoral. Em meio a isso, ambos passam por desafios perante as outras pessoas, sejam elas familiares, ou até mesmo entre amigos e nos passando a sensação de que ambos não estão à vontade em meio a elas. A sensação de “um estranho no ninho” é visível, seja em maior ou menor grau, onde nem sequer na relação paternal eles conseguem algum conforto, sendo que dali se poderia tirar alguma luz para os conflitos internos que os aflige.
Embora os atores Mateus Almada e Mauricio José Barcellos aparentem serem pouco experientes na área da atuação, se percebe o quanto eles se expressam de uma forma bem crua e natural na frente das câmeras. Como a proposta do filme é passar sobre uma realidade em que as pessoas não sabem ao certo como se comunicarem realmente, a dupla central acaba por se encaixarem perfeitamente nessa proposta. Ambos acabam tendo uma ótima sintonia em cena, mesmo passando a sensação de freio em seus desejos e objetivos um pelo outro.
Quando acontecem os “finalmente” os cineastas Filipe Matzembacher e Marcio Reolon não criam algo explicito, mas sim algo muito bem filmado no que diz a respeito sobre amor carnal entre duas pessoas do mesmo sexo. A cena não mostra de forma explicita, mas sim sugestiva, principalmente quando vemos um deles somente pelas costas e uma parte de sua cabeça em movimento. A cena já diz tudo o que acontece, mas vale mais pela sugestão e fazendo com que nos demos conta de que se tivesse sido filmada de outra forma não teria o mesmo impacto.
Uma vez consumido o ato, um deles abraça o cenário em que ambos se encontram e selando então a paz interior que antes estava sempre em conflito. Simplificando: o filme nada mais é do que um retrato do lado adulto nascendo em jovens que a recém entraram na adolescência, mas que felizmente descobriram cedo as suas reais identidades perante o mundo em que vivem. Com pequenas referencias a outros filmes (como Azul é a Cor Mais Quente), Beira Mar é um filme simples, singelo e que nos ensina o quanto é grande o desperdício de tempo em compreendermos as pessoas que não entendem o seu próximo, quando na realidade só basta sermos nós mesmos.
 

5 de novembro de 2015

A COLINA ESCARLATE

Assim como inúmeros cineastas (como Tim Burton), Guillermo Del Toro  foi um jovem sonhador que, nas horas vagas, ficava assistindo aos filmes de horror de antigamente na frente da TV. Fã dos estúdios como Hammer, Amicus (ambos ingleses e especializados em obras de horror de décadas atrás) e de obras baseadas nos contos de Edgar Alan Poe (estreladas por Vincet Price), Del Toro se tornou o cineasta que ele é a partir desses filmes e, ao criar as suas próprias obras, veio a se tornar um dos grandes cineastas autorais dos últimos anos. Assistir ao seu último filme A Colina Escarlate, se percebe que não é meramente um filme de casa mal assombrada, como também uma bela homenagem do melhor do horror gótico de antigamente.
O filme se divide em três atos distintos: apresentação dos personagens; apresentação do cenário principal e o derradeiro conflito final. Através dessa forma que o cineasta apresenta a sua trama, não esperem por sustos a todo o momento, sendo que, eles acontecem, mas são raros e não se tornando o verdadeiro foco da trama. O filme se concentra mais na construção dos seus personagens e nas suas motivações, principalmente no seu primeiro ato.
É aí que talvez essa geração nova de cinéfilos, pouco familiarizada com o cinema de horror de antigamente, estranhe num primeiro momento tamanha preocupação que o cineasta tem na apresentação de cada um dos seus personagens, pois ela é longa e pode soar um tanto que cansativa. Porém, isso é valido com a proposta que o cineasta quer passar, de se criar não meramente um filme de fantasmas, mas assim um terror psicológico, do qual se deve preocupar mais com as intenções de determinados personagens do que os fantasmas em si.
Esses últimos, aliás, aparecem somente em alguns momentos e somente para guiar a personagem Edith Cushing (Mia Wasikowska) em situações das quais ela ainda não consegue compreender. Pelo fato de pouco serem vistos em cena, os fantasmas quando surgem é um dos lados técnicos que mais me decepcionou na obra. Não que eles não sejam assustadores, mas eles são muito melhor aproveitados quando estão somente nas sombras, sendo algo semelhante em que eu havia apontado no filme Mama (produzido também por Del Toro).
Fantasmas a parte, talvez o lado visual, técnico e artístico do cineasta, tenha se concentrado do começo ao fim somente na enorme casa onde se passa a trama principal, sendo que, ela em si, é como um personagem vivo e cheio de detalhes. Sua aparição no segundo ato da trama é um verdadeiro espetáculo de edição de arte, fotografia e cores, das quais se cria um verdadeiro mosaico, onde não se sabe quando começa e quando termina. Atenção para parte da frente da casa, onde a neve se mistura com a terra vermelha, dando a entender que o terreno sangra a todo momento e o que fez me lembrar muito o cenário apresentado em Guerra dos Mundos de Steven Spielberg.
Mesmo que a casa em si seja a verdadeira estrela da obra, o elenco também não decepciona, mesmo quando em determinados momentos os seus desempenhos poderiam ter sido melhores. É no caso de Mia Wasikowska que, embora já tenha estrelado inúmeros títulos (desde Alice no País das Maravilhas), ainda não foi dessa vez que ela me convenceu, já que sua atuação ainda persiste no modo “não ajuda, porém não atrapalha”. Já Tom Hiddleston (o eterno Loki da Marvel) nos convence com o seu Sir Thomas Sharpe, cujo seu ar de ambiguidade nos faz a gente se perguntar quais são as suas reais intenções a todo o momento com a sua amada Edith (Wasikowska).
Porém, Jessica Chastain (vista recentemente em Perdido em Marte) que, ao interpretar Lucille, irmã de Thomas é o que dá um verdadeiro show de interpretação toda vez que surge em cena, mas falar muito do seu desempenho seria entregar algumas das grandes revelações da obra e, portanto cabe vocês testemunharem mais um grande desempenho dessa jovem atriz. Adianto que o final nos brinda com momentos sufocantes, revelações chocantes e um final que, embora previsível em alguns momentos, cumpre com o seu verdadeiro objetivo de não deixar nenhuma ponta solta com relação à verdadeira natureza daquele lugar. Com uma reconstituição de época perfeita e um figurino deslumbrante, A Colina Escarlate é uma verdadeira aula de como se fazia horror gótico de antigamente, mas que infelizmente nem todos irão compreender a proposta que Guillermo Del Toro quis nos passar, mas que felizmente prevejo status de Cult a caminho para esse belo filme. 
 

3 de novembro de 2015

DICA DE CINEMA

OS 33

29 DE OUTUBRO NOS CINEMAS

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ESTREIA: 29/10/15
Distribuidora: Fox Film
Gênero: Drama
Direção: Patricia Riggen
Elenco: Rodrigo Santoro, Antonio Bandeiras, Juliette Binoche, Gabriel Byrne e James Brolin.

Sinopse: Baseado na história que comoveu todo o mundo. Capiapó, Chile. Um desmoronamento faz com que a única entrada e saída de uma mina seja lacrada, prendendo 33 mineradores a mais de 700 metros abaixo do nível do mar. Eles ficam em um lugar chamado refúgio e, liderados por Mario Sepúlveda (Antonio Banderas), precisam racionar o alimento disponível. Paralelamente, o Ministro da Energia Laurence Golborne (Rodrigo Santoro) faz o possível para conseguir que os mineiros sejam resgatados, enfrentando dificuldades técnicas e o próprio tempo.

Trailer: http://www.foxfilm.com.br/os-33

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