Queira ou não a corrupção se encontra em todo o lugar, seja na política, religião e até mesmo entre aqueles que se dizem servir e proteger o cidadão. O que dizer então da agência mais poderosa dos EUA que, acabou se vendendo para determinados criminosos, unicamente para obter a chance de pegar uns peixes maiores? É mais ou menos isso o que é mostrado em Aliança do Crime, filme do qual retrata um período em que alguns defensores da lei e da ordem se venderam para pegar determinadas cabeças preciosas, ou simplesmente para subir um degrau a mais na carreira!
Whitey Bulger (Johnny Depp) é um gangster comum de Boston, mas que vê uma oportunidade de crescer na vida criminosa, desde que descubra e dê de bandeja ao FBI determinadas celebridade do mundo do crime de Boston. Para isso, o seu amigo de infância John Connelly (Joel Edgerton) se torna agente do FBI, o que lhe abre então as portas para adquirir poder e costas quentes perante a lei. Ao mesmo tempo se encontra na agência pessoas incorruptíveis, das quais gradualmente abrem determinadas investigações que acabam fechando o cerco, tanto para aqueles que se encontram de fora ou dentro.
Até aqui, nos deparamos com uma mistura de Os Bons Companheiros com Os Infiltrados, onde existe o companheirismo entre gangster, mas que os pedidos para determinados favores são colocados a prova, o que acaba sendo um exemplo similar do que já se viu nos filmes de Martins Scorsese. Porém, se percebe que Scott Cooper (Amor Louco) procura sempre a todo o momento em nunca criar cenas das quais a gente lembrasse, de alguns clássicos filmes de gangster, mas sim que tivesse uma identidade própria. Essa preocupação resulta num filme do qual há momentos preciosos e muito bem filmados, mas se tem também a sensação de freio ou até mesmo receio na possibilidade de se sofrer uma comparação.
Diante disso, o filme se divide em entre momentos geniais e mornos, dos quais nem mesmo a presença de bons atores como Kevin Bacon ou Benedict Cumberbatch (Jogo da Imitação) ajuda a gente não nos darmos conta disso. Embora fiel aos verdadeiros fatos que aconteceram entre os anos 70 e 80 do qual se passa a história, falta também uma espécie de liberdade poética, da qual é sentida principalmente no ato final da trama. Uma coisa é ser fiel aos fatos, outra é deixar tudo no piloto automático para se dizer que foi tudo igual o que aconteceu naquele período.
Se há falhas que existe aqui e ali na produção, o filme se salva unicamente devido a um nome: Johnny Depp. Embora tenha colecionado alguns fracassos de público e crítica nos últimos tempos, o parceiro habitual do cineasta Tin Burton jamais parou de trabalhar e tem demonstrado cada vez mais versatilidade, do qual o ator some em seus papeis e dando lugar aos seus personagens. No caso do seu Whitey Bulger não é diferente.
Quando vemos Bulger em cena sentimos o sinal de perigo, do qual a imprevisibilidade dos seus atos é o que lhe move. Fiel aos seus princípios (seja com relação à família, ou companheirismo) Bulger leva tudo a sério, ao ponto dele fazer uma mistura de ameaça com piada, da qual a pessoa que presencia esses momentos nunca tem a certeza absoluta de suas reais intenções. Atenção para a maravilhosa cena do jantar, onde ele dá a sua opinião sobre segredos de família, que por sua vez se emenda com a cena da visita dele a uma determinada personagem em seu quarto e rendendo momentos de pura tensão psicológica.
Com uma maquiagem que lhe deixa envelhecido, e umas lentes de contato que nos passa um ar de loucura, Johnny Depp faz do seu Bulger um ser ameaçador, do qual não pensa duas vezes em eliminar todos aqueles que ousarem pensar em lhe prejudicar. Porém, embora frio e calculista, há determinados momentos em que Bulger deixa a mascara cair, principalmente quando percebe que o cerco está se fechando para ele e para os seus poucos entes queridos. É nesses momentos que o personagem poderia soar artificial, mas é graças atuação de Depp que nos faz acreditar que há um lado ainda humano dentro daquele ser e não é a toda que ele se encontra na lista dos possíveis indicados ao Oscar de melhor ator no ano que vem.
No final das contas, Aliança do Crime pode até funcionar devido a um único ator, mas também lhe dá uma pequena dose de reflexão sobre a corrupção, da qual ela não é exclusiva unicamente nos lugares do qual eu citei no início do texto acima, como também lhe faz pensar na possibilidade de que você esteja convivendo com ela todos os dias, seja em maior ou menor grau.
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