Atualmente o nosso país, e outros inclusive, vivem com uma política em que se encontra rachada, onde oposição e esquerda brigam para quem arrebenta primeiro a corda. Duas semanas atrás o mundo testemunhou os piores atentados em Paris desde o 11 de Setembro.
Em ambos os casos a pessoa comum jamais saberá a natureza real da história, pois há muita ambição e poderes envolvidos, das quais ficamos nos perguntando onde isso começa e até aonde isso termina.
Portanto, é preciso tirar o chapéu pela proposta que os livros dos Jogos Vorazes nos passa, pois embora seja uma ficção, ela soa a todo o momento como uma metáfora sobre os problemas do mundo contemporâneo de hoje. Política, reality Show, golpe, traição, terrorismo e redenção são alguns dos ingredientes que moldaram essa obra literária e muitos se perguntaram se os filmes seriam fieis a sua proposta. Ao término de Jogos Vorazes: A Esperança - O Final chego a conclusão que, não só foram fieis a sua proposta, como também se torna o filme mais corajoso do momento, pois toca na ferida de assuntos espinhosos do mundo atual.
O filme começa exatamente no ponto onde se encerra o filme anterior. Cada vez mais Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se dá conta que é apenas uma peça num jogo de tabuleiro e essa sensação piora ao ver Peeta (Josh Hutcherson) quase destroçado mentalmente e tentando matá-la. A presidente Coin (Julianne Moore) envia ela para a missão final, da qual é se infiltrar na mansão do presidente Snow (Donald Sutherland) e eliminá-lo. Para isso, contará com ajuda de Gale (Liam Hemsworth), Finnick (Sam Claflin), Cressida (Natalie Dormer), Pollux (Elder Henson) e até mesmo de Peeta, que ainda não se recuperou muito bem mentalmente.
Quem viu o filme anterior percebeu que ação ficou bem para o segundo plano e dando mais ênfase aos preparativos para que Katniss se torne a grande salvadora da pátria daquele mundo. Já nesse último filme da saga não existe mais escapatória, independente de quem ganha ou perca, pois haverá um final para tudo e a todos. Essa sensação do inevitável é sentido durante o filme a todo o momento e o peso pela responsabilidade é sentido graças à interpretação convincente como sempre de Jennifer Lawrence.
Se a saga Jogos Vorazes no cinema tem alma tudo se deve a Lawrence, pois ela consegue passar todo o grau de peso e responsabilidade que Katniss sente a todo o momento. A protagonista nunca desejou esse fardo, pois tudo começou lá no primeiro filme ao proteger a sua irmã, mas que isso acabou servindo de ponta pé inicial para um caminho sem volta do qual ela embarcou. Pode-se dizer Katniss chega a um momento do filme que ela não deseja mais aquilo e tudo que deseja é acabar com tudo isso de uma vez.
Em meio a isso, companheiros morrem, em meio um jogo mortífero até chegar ao alvo principal, mas algo sempre pior pode acabar vindo do céu literalmente. É por esse ponto que o filme talvez não fosse fiel e corajoso que nem nos livros, mas Francis Lawrence (Constantine) não nos decepciona e nos brinda da maneira que deveria ser os derradeiros momentos vistos no ato final da trama. Para aqueles que não leram os livros, aguardem para grandes surpresas vistas num determinado pátio da trama e que com certeza irá assombrar os fãs por um bom tempo.
Se há um ponto falho no filme é o fato que nesse último quiseram fortalecer o triangulo amoroso que existe desde o primeiro capítulo, mas ele sempre foi algo sem sal e que poderia ser descartado com total facilidade na trama. Se ele existe é porque é regra sagrada de Hollywood de haver romance na trama, mas não significa que seja uma regra valida para todos os filmes. Jogos Vorazes sempre se sustentou pela sua temática adulta com relação à política intolerante da trama e não por um romance açucarado descartável.
Pesares a parte, Jogos Vorazes: A Esperança - O Final termina com um final digno, onde não há vencedores ou perdedores, mas sim apenas a sensação de dever comprido vindo da protagonista. Porém, nos minutos finais, vemos uma Katniss bem diferente do que foi vista no primeiro filme, onde a responsabilidade não lhe pesa mais, mas as feridas e dores ainda se encontram lá e que talvez jamais venham cicatrizar. Um final que sintetiza a incerteza sobre o mundo contemporâneo do qual nos vivemos e tudo que nos resta é apenas seguirmos em frente e ver o que acontece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário