11 de novembro de 2015

007 - CONTRA SPECTRE

Na ultima reedição do livro 1001 Filmes para ver antes de morrer, 007 - Operação Skyfall estava na lista de filmes indispensáveis para serem vistos e não é para menos. Com começo, meio e fim bem amarrados, a trama era independente dos eventos dos filmes anteriores, mas prestava uma verdadeira homenagem a toda franquia e nos brindou com o passado do protagonista que até então desconhecido. Comandando por Sam Mendes (Beleza Americana), Operação Skyfall poderia encerrar a franquia ali com louvor, mas a maquina que faz dinheiro sempre fala mais alto.
Direto ao ponto: 007 Contra Spectre é inferior a Skyfall, mas não quer dizer que seja ruim, muito pelo contrário. Para começar o roteiro novamente retorna aos eventos dos primeiros filmes estrelados pelo sempre competente Daniel Craig (Cassino Royale e Quantum of Solace), além de interligar com o que aconteceu no filme anterior. Nesse ponto eu achei desnecessário, já que Skyfall funcionava de forma independente, mas no decorrer da projeção você vai esquecendo um pouco disso.
De volta na cadeira de cineasta, Sam Mendes decide novamente repaginar algumas histórias e formulas clássicas já vistas ao longo desses mais de cinquenta anos de franquia e trás de volta uma organização já conhecida pelos fãs: SPECTRE. Visto pela primeira vez nos primeiros filmes de Bond (mais precisamente em Moscou contra 007) Spectre é uma organização secreta, cujo objetivo é lucrar na participação de atentados, ou até mesmo prestando serviço secretamente para outros governos.  Nessa nova releitura, a organização não somente estava envolvida em todos os eventos dos últimos filmes, como também nas tragédias pessoais do protagonista.
Não é segredo para ninguém que essa organização seria a mais nova pedra no sapato para o agente, pois o próprio título dizia isso, mas o grande problema é a falta do elemento surpresa. Na realidade ele existe e é muito bem filmado, orquestrado e bem conduzido (atenção para a cena da reunião da organização que é soberba), mas ao invés dos produtores terem guardado esse momento a sete chaves, eis que os próprios trailers entregavam essa revelação e frustrando aqueles que esperavam por algo imprevisível. O último filme do Exterminador do Futuro, por exemplo, foi vitima dessas revelações antecipadas, mas pelo visto não serviu de exemplo sobre o que não deve ser divulgado antes do lançamento de um filme.
Como esse momento de elemento surpresa acabou sendo desperdiçado, eis que os roteiristas inventam que o vilão da organização chamado Franz Oberhauser (Christoph Waltz, novamente ótimo) tem uma forte ligação com (novamente) o passado do herói. Se em Skyfall o passado de Bond foi colocado na mesa de uma forma inesperada e positiva, aqui o retorno as suas raízes perde o efeito e sentimos a sensação de algo forçado nisso, infelizmente. Compreendemos que a intenção dos produtores desde Cassino Royale foi a de não se esquecer do que foi visto anteriormente, mas para isso nunca é demais se esforçar um pouco para se criar algo de novo na trama.
Se não for agradar aos novos fãs, pelo menos os mais velhos serão agraciados com velhas formulas que fizeram da franquia um sucesso sendo revistas novamente. Se no final do filme anterior determinados personagens conhecidos que, ganharam caras novas, retornaram ao universo de Bond, isso é fortalecido ainda mais com o retorno de beldades das quais ele sempre gostou de conquistar. Monica Bellucci e Stephanie Sigman possuem presenças marcantes, embora curtas, mas é Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente) é a que se torna a Bond Girl clássica, embora seja muito clara a intenção dos criadores em transformá-la no que foi Eva Green no primeiro.
Em termos de cenas de ação o filme não decepciona, muito embora elas nunca superem a sequência inicial que abre o filme e que se passa no México. Boa parte dos 300 milhões de orçamento investidos para o filme (o maior da franquia) com certeza foi investido nesses primeiros minutos, pois ele é recheado e movido de figurinos, efeitos visuais, edição de arte e fotografia de encher os olhos. O filme abre com belíssimo plano sequência que, nos dá vontade de aplaudirmos em pé, mas ao mesmo tempo lamentar quando ele acaba.
Com um final que não deixa nenhuma ponta solta e que encerra de uma forma satisfatória, 007 – Contra Spectre deixa somente uma pergunta no ar sobre qual será o futuro da franquia, pois o que começou em Cassino Royale se encerra com certa dignidade aqui. James Bond irá voltar? Como todo velho fã sabe, com 007 não se vive somente duas vezes!
 

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