Stephen Daldry impressiona pela sua sensibilidade na construção do mundo infantil e saber conduzir muito bem personagens mirins como protagonistas em seus filmes como Tão Forte e Tão Perto. Com parceria do roteirista Richard Curtis (Simplesmente Amor) ambos criam uma aventura juvenil, que embora tenha um pé com relação à dura realidade de certas favelas do país, não excita em dosar momentos de fantasia e esperança. Baseado na obra de Andy Mulligan, existem sim cenas violentas, principalmente no início do filme, mas nada que crie pesadelos para o jovem cinéfilo e que com certeza já viu coisas mais fortes até mesmo na TV aberta.
A aventura se passa no Rio, onde vemos um garoto chamado Rafael (Rickson Tevez) que, num dia qualquer de trabalho em um lixão, encontra uma carteira com uma enigmática chave. A curiosidade do jovem desperta e com ajuda do seu melhor amigo Gardo (Eduardo Luiz) e do esperto garoto chamado Rato (Gabriel Weinstein), partem para descobrir a origem da chave e ao mesmo tempo conseguir alguma coisa com isso. Não demora muito para o cinéfilo descobrir que os significados que contem essa carteira é muito maior do que se imagina.
Não tarda para a jovem trindade sofrer a perseguição de um policial corrupto (Selton Mello) que há serviço de um deputado mais corrupto ainda (Stepan Nercessian) tentam a todo custo recuperar a carteira. O que tem de tão valioso nessa chave e as motivações que levam todos atrás dela, aos poucos o filme vai revelando em flashback, cujas cenas são protagonizadas por Vagner Moura. Embora a sua participação seja pequena, é essencial e, como aperitivo, temos o prazer de vê-lo contracenar com Selton Mello, numa cena curta, mas marcante.
Curiosamente temos aqui a participação de dois ótimos talentos, mas de gerações diferentes: Martin Sheen e Rooney Mara (da versão americana de Homens que não amavam as mulheres), que interpretam padre e professora que estão a serviço da favela que está localizada no lixão. Embora com todos esses talentos conhecidos, os astros aqui são realmente o elenco mirim formado Rickson Tevez, Eduardo Luiz e Gabriel Weinstein que por vezes chegam até mesmo a ofuscar os talentos adultos que se encontram em cena, graças ao fato de serem naturais e descontraídos.
Numa verdadeira aventura, que por vezes lembra até mesmo O Código Da Vinci com suas inúmeras charadas e quebra cabeças, o filme possui um ritmo contagiante, graças a sua montagem energética e trilha sonora caprichada. Os meninos, por si, surpreendem nas cenas que exigem deles um grande preparo físico nas cenas mais perigosas. Selecionados em meio a milhares de candidatos, o cineasta Stephen Daldry foi feliz nas suas escolhas.
Embora com alguns momentos forçados, principalmente com algumas soluções fáceis no ato final, Trash – A Esperança que vem do Lixo pelo menos é uma boa aventura juvenil que ainda consegue ter tempo de criticar e apontar o dedo para as grandes corporações que não exitam em ajudar políticos corruptos em épocas de eleições.
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