Dirigido pela cineasta australiana Cate Shortland (de Somersault, 2004), o drama sobre a segunda guerra mundial, Lore, é uma troca de perspectiva sobre o holocausto, diferente do que estamos acostumados a assistir sobre o tema no cinema. Se fossemos resumir a mensagem da trama, é que os vilões também sofrem e isso é mostrado sem dó, com muitos detalhes, neste estupendo trabalho. A atriz Saskia Rosendahl dá um verdadeiro show de interpretação na pele da protagonista que dá nome à trama e, com certeza, veremos mais em filmes posteriormente.
Lore é baseado na obra The Dark Room, de Rachel Seiffert e conta a história de uma irmã que leva seus irmãos em uma viagem expondo-os à verdade das crenças ensinadas por seus pais. Durante o caminho, um encontro com um refugiado misterioso faz a protagonista aprender a confiar em alguém que em toda a sua vida foi ensinada a desprezar. Ao mesmo tempo, vai descobrindo a verdade sobre a família e o regime onde foi educada. Segura e com novas convicções para seu futuro, ruma para um destino cheio de surpresas.
O roteiro é muito bem escrito por Robin Mukherjee. Consegue recriar o cenário imaginado de melancolia, desespero e sofrimento que a história lança à nossa frente. A emoção é interrupta, dosada na medida certa para comover, gerar indignações e questionamentos, sendo que essas últimas estão concentradas nos derradeiros momentos da trama. Não chega a ser uma lição de moral, mas demonstra que a vida é uma grande caixa de surpresas e que, nem sempre, o mundo no qual nós vivemos é mostrado com clareza sobre os fatos apresentados em nossa volta.
A co-produção Alemanha-Austrália consegue fazer diferença dos outros filmes que abordam esse mesmo assunto. Neste drama, somos surpreendidos por uma visão diferente dos fatos, mais ou menos como ocorre no emocionante O Menino do Pijama Listrado (2008). A descoberta dos irmãos sobre todos os horrores feitos durante anos por pessoas perto deles acaba desconstruindo e transformando esses personagens para uma nova realidade ainda desconhecida por eles. O público é levado facilmente pelas ótimas sequências captadas por Cate Shortland. A grande lição que fica da história é melancólica, mas não deixa de ser uma verdade para todos nos: ame o improvável, porque é o único que não irá lhe magoar.
Confira o trailer do filme abaixo:
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