Lee Daniels se consagrou dirigindo Preciosa, um conto de fadas contemporâneo, sombrio, mas que havia ali um sinal de esperança e superação. Esses ingredientes são usados novamente em O Mordomo da Casa Branca. O filme se inspira em uma reportagem de jornal sobre a história de um mordomo negro que serviu os presidentes dos Estados Unidos entre os anos 1950's e 1980's. Cecil (Whitaker) surge como uma espécie de Forrest Gump da capital americana, onde fica observando de perto os principais momentos políticos do país, principalmente com o começo dos direitos civis dos negros que intensificou no inicio dos anos 60.
Enquanto o protagonista fica em cima do muro somente observando, a trama coloca o filho como um jovem revolucionário, atuando ao lado de personalidades como Martin Luther King, Malcom X e com os Panteras Negras. Isso acaba servindo para mostrar como os negros, ou qualquer outra minoria daquela época, sofria com a hipocrisia de um governo que valorizava o discurso da liberdade. Há, então, um equilíbrio entre o pai, negro, que serve aos brancos e o filho que luta pela igualdade, em meio aos principais acontecimentos da história americana. Essa passagem no tempo faz, por demais, lembrar Forrest Gump, mas, no geral, essa fórmula funciona.
O elenco de estrelas rouba a cena em diversos momentos, sendo que os presidentes são interpretados por grandes talentos. Contudo, o mais importante deles (Kennedy), é interpretado pelo sem sal James Marsden (X-Men), que quase compromete uma das principais partes da trama. O destaque fica mesmo para Forrest Whitaker (de O Último Rei da Escócia), que atravessa as várias décadas de vidas de Cecil de forma convincente e emocionante. O Mordomo da Casa Branca é o típico filme que os membros da academia do Oscar gostam: defesa de direitos civis, história americana e, acima de tudo, uma trama sobre superação.
É claro que o principal propósito de todo esse épico era fechar a saga de servidão e luta com a eleição de Barack Obama. Acontece que os recentes equívocos que mancharam a imagem do presidente tiram um pouco da graça no ato final que pretendia ser inesquecível. Apesar de ser um tema importante que não pode ser esquecido, de uma trilha imponente e de uma ótima reconstituição de época, o filme meio que quebra a cara por soar pretensioso demais nos seus minutos finais. Entretanto, se esquecermos os erros políticos americanos da realidade, o filme pode, sim, ser bem visto.
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