23 de maio de 2011

O Quinto Elemento (The Fifth Element, 1997)

Aqui está um excelente filme que sempre foi subestimado. Luc Besson começou a escrever a história aos 17 anos e só pôde filmar aos 38. Ao que parece ele esperava criar uma nova ópera-espacial (em algumas cenas, literalmente) ao estilo Star Wars. Bem, mas isso é especulação e o fato é que o filme não agrada por seu esmiuçamento de diferentes raças, planetas e naves, e sim pela diversão que garante ao longo de suas mais de duas horas. Besson pega os mais utilizados clichês e improbabilidades (a garota alienígena salta justamente no taxi do ex-militar que o governo quer que salve o planeta com a ajuda dela) e transforma em um amontoado colorido e divertido de sequências de ação e humor.

Um detalhe interessante, que quase todos os filmes sobre o futuro erram (e erram feio), é na "advinhação" das vestimentas no futuro. Afinal o que estará na moda daqui a 250 anos? Difícil de imaginar e certamente eu não tenho a resposta certa, mas quando se passam pelo menos dez anos e você ainda não parece ridículo com o figurino é uma boa indicação de que está no caminho correto, infelizmente nem todos tem essa sorte (dê uma olhada em Sean Connery em Zardoz de 1974 para ter uma ideia). Esse é certamente um aspecto ignorado na maioria dos filmes que não é de época: o figurino. Se O Quinto Elemento acerta é porque Besson trouxe um nome de peso para o trabalho, Jean Paul Gaultier desenhou mais de 954 vestimentas para o filme.

Sean Connery (Zardoz, 1974)
Entretanto, há mais em O Quinto Elemento, há um clima de diversão que se perpetua pelo filme. Diversos erros dos atores são mantidos intactos na versão final. Em um determinado momento até mesmo Ian Holm (que interpreta o personagem Padre Vito Conrnelius) chama o personagem de Bruce Willis de Sr. Willis e é rapidamente corrigido pelo mesmo: "Dallas".


Em outras cenas, fica evidente que os atores não conseguiram conter as risadas e respiram fundo, seguindo com suas falas como se nada tivesse acontecido. Até mesmo o roteiro tem pontos engraçados e criativos. Bruce Willis e Gary Oldman (como sempre, ótimo), herói e vilão da trama, respectivamente, jamais se encontram ou se comunicam de qualquer forma e o único confronto real que Oldman tem com um dos heróis da trama é quando ele se engasga e Holm dá uma lição de moral nele antes de socorrê-lo.

As interpretações são algo bem além do que se esperaria em um filme tão divertido e cheio de ação. Milla Jovovich realmente merecia algum prêmio, nem que fosse um indicação ao Globo de Ouro, por sua interpretação da alienígena Leeloo. Ela e Besson desenvolveram uma linguagem própria para se comunicarem e darem mais veracidade ao dialeto alienígena da personagem, algo que ela faz de uma forma bem mais natural do que Jodie Foster em Nell (outro filme no qual a personagem falava uma linguagem inventada). Chris Tucker ainda era engraçado e tem belos momentos na pele de Ruby Rhod, um apresentador de talk show incontrolável.
A trilha sonora, cortesia de Eric Serra é ótima e mistura vários ritmos, desde baladas algerianas até ópera e trance music. Para quem ainda não viu  é imperdível, para quem já assistiu, vale a pena rever.

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