24 de maio de 2011

Remakes: Por que fazê-los?

                       
Eu estava passeando pelo YouTube e me deparei com o trailer do remake de "Sob o Domínio do Medo". O original é um clássico e controverso trabalho de Dustin Hoffman, por quê refazer esse filme? Não me entendam mal, eu não tenho nada contra remakes por si só, na verdade, alguns deles são extremamente bem vindos. "Onze Homens e Um Segredo" transformou um filme menor do Rat Pack em uma bela, divertida e inteligente franquia. "Thomas Crown - A Arte do Crime" me parece ser um remake melhor do que o original nas mãos de John McTiernan.Obviamente há exemplos não tão bem sucedidos.
Algumas vezes o remake é feito por questões técnicas. Grandes clássicos como "O Homem Que Sabia Demais", de Hitchcok e "Os Dez Mandamentos" são remakes de versões anteriores e inferiores (tecnicamente) de filmes dos próprios diretores. Porém alguns desses remakes são completamente desnecessários e simplesmente vão ladeira abaixo. "O Sacrifício" era um grande clássico de terror da década de 70 e foi refilmado com Nicolas Cage em 2006. O filme é tão ruim que é considerado como o pior da carreira de Nicolas Cage (e isso significa: realmente ruim) e virou piada no YouTube.  Outro que conseguiu estragar uma carreira consagrada foi Gus Van Sant com a refilmagem cena por cena do clássico Psicose. O remake nesse caso é tão ruim que chega a manchar o original. Nem Jason e Freddy Krugger escaparam e tiveram remakes de suas versões originais em 2009 e 2010 respectivamente. Os filmes nesse caso eram medianos e não fizeram muito sucesso.
Mas a questão aqui é, qual a motivação por trás desses remakes atuais? Não existem mais histórias originais em Hollywood? O meu primeiro impulso aqui é imaginar que os produtores estariam atrás de histórias já consagradas e que já garantissem o ingresso dos fãs da primeira versão. Mas, se analisarmos a maioria dos remakes, essa não pode ser a força por trás dessa onda. Afinal, vários desses filmes são muito antigos e um número significativo deles não teve uma performance mais do que razoável na bilheteria. Talvez a questão seja a relação de familiaridade com um determinado produto ou mesmo a facilidade com que uma história que já foi feita tenha em ser lavada a cabo novamente.

Produções estrangeiras que não são em lingua inglesa também frequentemente são refilmadas. Scorcese fez isso em Os Infiltrados, remake de Infernal Affairs, uma produção de Hong Kong. Vanilla Sky com Tom Cruise, remake do espanhol Abre Los Ojos, e Cidade dos Anjos, remake do alemão Asas do Desejo, ficaram bem aquém dos originais. Os anos 2000 foram marcados por remakes como esse principalmente no campo do terror. O Chamado, O Grito, e Água Negra são todos refilmagens de filmes de terror orientais e atestados de que a criatividade em Hollywood andava em baixa na última década. Particularmente, como não faz diferença para mim em qual língua seja falado, eu vou ler a legenda e não me importo com remakes feitos exclusivamente para o espectador americano. Normalmente, o produto original é melhor como nos mostram Rec, filme espanhol refilmado para o mercado americano como "Quarentena", e "A Assassina", versão americana do aclamado francês "La Femme Nikita".

"Furia de Titãs", "Karate Kid" e "O Dia em Que a Terra Parou" são clássicos que não precisavam de novas versões, porém essa é uma lição difícil de aprender se analisarmos que, segundo o site Brainstorm 9, dentre os 100 filmes que mais arrecadaran nos últimos 10 anos, 74 são refilmagens, adaptações ou continuações. Obviamente há uma vantagem (ao menos financeira) em se reutilizar material para um filme. Somando-se a isso o fato que das 26 que sobram, um bom número é baseado em "fatos reais" (sim, eu sei... todo fato é real) podemos estar assistindo a maior crise de histórias originais até hoje.
 Eu tenho que admitir que há de fato uma relação eficiente, ainda que tênue, na familiaridade com um material antigo e já produzido anteriormente. Eu, de fato, pretendo ir assistir a "Sob o Domínio do Medo" quando estreiar, e vou fazer por nenhum outro motivo além de ser uma refilmagem de um excelente e polêmico filme do grande Dustin Hoffman. Se isso é bom ou não, eu não sei, mas as produções de remakes de Robocop (sob o comando do brasileiro José Padilha), Highlander e O Vingador do Futuro estão a todo vapor e eu pretendo assistir a todas elas.

E você, quais remakes você gostou e quais odiou?

2 comentários:

João Colombo disse...

O que dizer então de George Lucas, que praticamente iniciou sua carreira fazendo um remake de um filme próprio, o THX-1138? ... que foi seu Trabalho de Conclusão de Curso...

realmente, acho que o problema não é falta de criatividade, mas uma tentativa de ganhar dinheiro com fórmulas prontas de sucesso...

Mas meu remake favorito sempre será o Mágico de Oz de 1939, que muitos pensam ser o original... mas não sabem que havia uma primeira versão, em 1914. Dá pra baixar nesse link: http://www.archive.org/details/Magic_Cloak_of_Oz_1914

Victor Hugo Costa disse...

Os remakes constituem um pormenor tão polêmico dentro do cinema, que minha opinião sobre eles tende a mudar a cada vez que vejo um.

Mas, de um modo geral, acredito que a sua proposta deve ser a de dar um enfoque diferente a um mesmo roteiro... Lulu Santos já dizia que ``cada um tem um jeito de contar a mesma história´´, e eu assino embaixo.

Eu concordo com o João Colombo quando ele diz que o melhor remake é ``O Mágico de Oz´´. O Caminho de Tijolos Amarelos é o sonho de qualquer cinéfilo que se permite fantasiar com a magia deliciosa do filme.

Mas lembro também do filme ``Doze Homens e Uma Sentença´´, que assim como ``O Mágico de Oz´´, tem a sua segunda versão estrelada por Henry Fonda como a mais famosa entre os espectadores (e olha que existem três versões do mesmo filme).

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