4 de maio de 2011

BATALHA REAL (Batoru Rowaiaru, 2000)




O texto de hoje é mais uma contribuição do Marcus Zecchini, fascinado por filmes orientais. Veja o que ele tem a dizer sobre este.


Dando uma "zapeada" no site, durante o fim de semana, me deparei com o Top 10 de Filmes com Crianças Perigosas e vi, em 1º lugar, um dos filmes que está no meu "Top 10" pessoal, Battle Royale, um filme japonês, baseado num mangá (MUITO BOM) homônimo. Pois bem, vamos à nossa análise (um pouco geográfica e psicológica) do filme.

"No início do milênio a nação entrou em colapso. Com uma taxa de desemprego de 15%, dez milhões não tinham emprego. 800 mil estudantes boicotaram a escola. Os adultos perderam a confiança e, temendo os jovens, aprovaram, conseqüentemente, a Lei da Reforma Educacional do Milênio, também conhecida como Ato: Battle Royale".

Esse filme narra uma trajetória "anárquica" de um Japão futurista (que é a Grande República do Leste Asiático) dominado pelos jovens estudantes, até que o Governo sanciona o ATO: BR, cujo principal intuito é disciplinar alunos que não tem um bom comportamento em sala de aula, digamos assim. O Ato: BR se baseia num reality show. Anualmente são escolhidos 42 alunos de uma turma do 9º ano (equivalente ao nosso 1º Ano do Ensino Médio), 21 homens e 21 mulheres. Eles são levados à um "stage". No caso do filme, é uma ilha onde apenas quem sobreviver é o vencedor do programa, que é televisionado para todo o mundo.

Para dar mais "emoção" ao jogo, são apresentados dois alunos transferidos: um sociopata, Kazuo Kiriyama (Masanobu Ando) e um estranho, Shogo Kawada (Tato Yamamoto). Em Battle Royale, temos alguns protagonistas Shuya Nanahara (Tatsuya Fujiwara), Noriko Nakagawa (Aki Maeda) e o mais interessante dos personagens, Shinji Mimura (Takashi Tsukamoto).

Shuya e Noriko fazem o par romântico de um filme sádico, baseado num dos mangás mais violentos do Japão. Já Mimura é um líder dentro do grupo: pratica esportes, tem habilidades com informática, além de uma inteligência inigualável, dentro da história. Além do mais, é sobrinho de uns dos maiores líderes revolucionários do Japão, que lhe ensina como utilizar sua inteligência e, principalmente, seu "sexto sentido" para por em ação alguns planos que visassem bloquear o Ato: BR, mesmo dentro do jogo e sendo observado e ouvido pelos "apresentadores".

Mimura é a grande mente do filme, ao lado de Kawada. Eles representam que, mesmo em estados mais anárquicos, há uma boa dose de conhecimento, muitas vezes superior ao do próprio jogo. O mangá mostra bem como ele pode intervir no jogo, enquanto no filme, ele é atrapalhado por Kiriyama. Outra personagem importante dentro da trama é Mitsuko Soma (Kou Shibasaki), uma garota que faz de tudo para sobreviver ao jogo. Na versão especial do filme, são mostrados os motivos que fazem da garota ser tão fatal: abusada quando criança, a mãe a prostituía e, para afugentar um dos seus "compradores", ainda uma criança acaba matando o tarado, isso é o passo que faltava para Mitsuko se tornar uma das favoritas a vencer o jogo.

A obra ainda conta com a participação de Chiaki Kuriyama (a Gogo Yubari de Kill Bill Vol.1) que interpreta Takako Chigusa.

Em suma, o filme traz pequenas reflexões sobre o modo de vida moderna, onde vemos alunos sem ânimo nas escolas, sem expectativas dentro de sala de aula, seguindo um modelo de sociedade visto em algumas escolas estadunidenses dos filmes ianques: o diretor bonzinho, ou o professor, tenta trazer a vontade de aprender aos alunos, os quais, aos poucos vão aderindo a ideia do seu mentor. Em BR não é assim, pois o professor, ferido pelo boicote, acaba por querer dar um fim aos seus alunos mediante o Ato: BR. Tal ferida representa uma quebra de valores em relação à educação, um dos trunfos do Japão. Outro ponto interessante é que dentro dessa "anarquia" dos alunos, há uma sistemática tentativa de formação de pequenos grupos com diferentes líderes, o que é dialético, pois dentro desses grupos, exceto um, há constantes brigas pela liderança.

Em poucas palavras, ou melhor, em palavras-chave: Morte; Sangue; Armas*.

* Iinteressante que as armas são distribuidas de acordo com a personalidade do participante do jogo. No caso de nosso lindo casal, Noriko recebe um binóculo e Shuya uma tampa de panela (!!!). Para se ter noção, há granadas, espadas, foices, submetralhadoras e armas de longo alcance.

Ficha técnica: Battle Royale (Batoru rowaiaru, 2000)
Direção: Kinji Fukasaku
Tempo: 122 minutos

2 comentários:

Juliana Puccia disse...

Olha que fiquei extremamente curiosa em assistir!! Ótimo texto, Marcus! Parabéns!

Marcus disse...

Pô, esse filme é excelente! Veja e, se possível, leia o mangá heheheh
O filme tem uma continuação, mas não é tão boa qto a obra original...

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