2 de setembro de 2016

CAFÉ SOCIETY



Não há pretensão no universo dos filmes recentes de Woody Allen, mas nem por isso deixa de serem incomuns as suas obras das quais ele lança. Café Society mostra um Allen agiu no que irá mostrar, mas ao mesmo tempo disposto a trabalhar com novidades, pois esse filme é o seu primeiro em formato digital. Isso faz com que se destaque a  bela fotografia de Vittorio Storaro, já vencedor pela categoria em filmes como Apocalypse Now e O Último Imperador.
Para quem conhece de cor a filmografia do cineasta, Café Society mostra todas as características e marcas registradas que já foram vistas em seus filmes, mas sempre nos lançando com um novo frescor para os nossos olhos. Pode parecer algo repetitivo em alguns momentos, mas cabe ressaltar que conseguimos enxergar em suas obras recentes uma forma do cineasta escancarar os seus próprios aprendizados que teve ao longo dessas décadas de trabalho no cinema. Esse seu último filme me parece um cruzamento entre o passado e seu presente atual e não se intimidando em colocar na tela os seus erros e acertos e dando vida a eles através dos seus personagens que criou.
A trama se destaca ao apresentar todo o glamour do universo das celebridades dos anos 30, onde a edição de arte e figurino molda aquele período visto na tela como um todo. Contudo, o casal central vivido Jesse Eisenberg e Kristen Stewart deixa um pouco a desejar em alguns momentos, pois a química vista entre eles realmente não empolga em momentos dos quais deveria empolgar. Se Jesse Eisenberg se sai bem como uma espécie de jovem Allen, Kristen Stewart novamente apresenta uma atuação econômica e que ainda não me fez convencer que há uma versatilidade dentro dela.
Felizmente a ala de coadjuvantes salva o filme, principalmente quando Eisenberg contracena com eles. Steve Carell se sai muito bem em cena, principalmente pelo fato do seu personagem transitar entre a comédia e o drama, sendo que esse último o astro provou ter talento de sobra. Ao interpretar um produtor de cinema, Carell poderia cair na vala comum ao criar um personagem detestável. Contudo, sentimos simpatia por ele e nos convence que os seus sentimentos vistos em cena, embora confusos às vezes, soam verdadeiros.
Mas, como eu havia salientado acima, o destaque vai mesmo para a bela fotografia de Vittorio Storaro, do qual torcemos que seja lembrado na próxima premiação do Oscar. Por ser um retrato dos anos 30, estamos diante de um período que sempre foi romanceado pelos livros de história ao destacar o cinema americano. Com tons pastel e luzes douradas, as imagens transmitem uma fábrica de sonhos da cidade do cinema, mas não escondendo também um lado obscuro das engrenagens daquela fabrica de contar histórias.
Ao som de Jazz, enxergamos um Woody Allen do começo ao fim, mas maduro e aberto as novas possibilidades que o cinema de hoje tem a oferecer. Porém, jamais deixando de lado a sua essência e seu amor por filmar. Mesmo quando não é genial, Allen tem a proeza de nos fazer rir e nos emocionar com o seu mundo neurótico, das possibilidades do que é se apaixonar e viver a vida em uma sociedade tão glamorosa e passageira quanto um bom cappuccino.

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