O clássico Tubarão de 1975, mexeu tanto com os
alicerces do cinema americano naquele tempo, que não demorou muito para que
houvesse continuações e imitações uma pior do que a outra ao longo dos anos.
Nos anos 90 e 2000 não foi muito diferente e tivemos inúmeras outras pérolas
bem beirando ao trash, como no caso do inacreditável Tornado de Tubarões.
Quando parecia que o subgênero cairia no esquecimento ou no ridículo total, eis
que surge Águas Rasas, um pequeno, mas eficiente filme de suspense.
Dirigido pelo
espanhol Jaume Collet-Serra (A Órfã) acompanhamos a viagem de Nancy (Blake
Lively) para uma praia paradisíaca onde sua mãe já falecida esteve lá um dia.
Ao chegar ao local, ela começa a curtir as ondas perigosas que o mar lhe trás.
Porém, um tubarão branco começa a transformar o dia da garota num verdadeiro
inferno e faz com que ela fique ilhada numa pedra e distante da beira da praia.
É basicamente isso o
filme, onde tudo se concentra na presença de sua protagonista e as suas
motivações que a levam aquele lugar para tirar umas férias e que acaba dando
tudo errado. Talvez alguns até se incomodem do pequeno drama inserido na trama,
por exemplo, de ela ter perdido a mãe na luta contra o câncer e que pode soar
um tanto que artificial demais em alguns momentos. Porém, isso serve para
humanizar e simpatizarmos com a personagem, pois só colocá-la na água e encarar
a fera, talvez isso não fosse o suficiente para torcemos por ela em sobreviver
até o final.
O genial do filme
está na construção do cenário de terror que irá dominar aquele paraíso.
Gradualmente a personagem se dá conta que não está sozinha num momento de
calmaria e é ai que ela precisa agir para sobreviver. Com a perna mordida, e
poucos recursos de sobrevivência, Nancy usa os conhecimentos que possui para
agir contra o tempo, pois por alguma razão (magia de cinema?) o tubarão jamais
sai de perto onde ela se encontra. Tem se então um verdadeiro cruzamento entre
127 horas com Tubarão e dessa mistura se cria um verdadeiro duelo de ser humano
contra a natureza implacável.
O cineasta foi também
habilidoso nas montagens de cena, onde em um único momento presenciamos três
quadros em um, para assim então termos uma total plenitude do ponto dos
acontecimentos. O ápice desses momentos é quando a protagonista calcula com o
seu relógio a aproximação e afastamento
do tubarão enquanto ela encontra uma maneira de obter recursos para sobreviver,
desde em pegar um pedaço de prancha, como também uma câmera digital boiando na
água. São momentos como esse em que a montagem e ângulos fora do padrão que
fazem do filme tão envolvente.
O filme somente peca
um pouco em seu ato final, onde a protagonista fará de tudo para sobreviver,
nem que para isso quebre certas leis da realidade do lado de cá. Claro que
estamos falando de um filme de suspense com umas pitadas de ação, mas ao mesmo
tempo sempre exigimos certo grau de verossimilhança nas cenas apresentadas de
determinados filmes. Os minutos finais só não são ruins, pois existem coisas
piores no mundo cinematográfico, como os finais medonhos das continuações de
Tubarão que ganham de disparado em termos de ruindade.
Apesar dos pesares,
Águas rasas é eficiente em entreter e fazer com que pulemos das cadeiras em
momentos chaves. Um exemplo de pequeno filme, mas que tem muito a oferecer em
pouco mais de uma hora de sessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário