Você está triste, mas se contém para não chorar. Porém, um ente querido seu se aproxima e lhe pede para colocar para fora a dor que está sentindo. Quando você faz isso não se sente melhor?
Todo o ser humano que se preze com certeza já passou por essa situação que, embora incomode, ela é essencial perante aos obstáculos e o amadurecimento durante o percurso da vida. As pessoas não mudam, mas o mundo em nossa volta sim e, a cada momento, surgem novos desafios para encará-los de frente, sem jamais desprezar o que está realmente sentindo durante esse percurso. No mais novo filme da Pixar, Divertida Mente nos ensina a jamais travar os nossos sentimentos, pois são eles que nos fazem ser realmente humanos.
Dirigido por Pete Docte (Up: Altas Aventuras) acompanhamos o dia a dia de Alegria, Medo, Raiva, Repulsa e Tristeza, cujo trabalho desse grupo colorido é administrar da melhor maneira possível os sentimentos da menina Riley durante a sua vida. Porém, algo dá errado, e Alegria e tristeza acabam saindo da sala de controle e gerando conflitos internos na menina, dos quais Medo, Raiva e Repulsa não conseguem administrar.
Sim, a trama toda se passa no subconsciente da menina, sendo que os personagens e o universo criado ali pelos produtores são tudo de uma forma abstrata, mas de uma forma tão viva e inovadora que a gente se deleita com tudo que aparece na tela. Mas embora inovador, é de se tirar o chapéu para os roteiristas Pete Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley ao fazer com que aquele universo que se passa na cabeça da menina soe familiar e que remetesse à nossa infância. Afinal, quem aqui durante a infância, não imaginou alguma vez que a nossa mente fosse administrada mais ou menos de forma parecida vista na tela? Pelo menos em algum momento da minha infância eu imaginava, tornando então essa sessão muito mais nostálgica!
Cada parte daquele universo tem um significado, desde memórias guardadas, medos escondidos, a forma como o sonho é criado (no momento mais hilário do filme) e o fundo do esquecimento, onde infelizmente algumas lembranças são esquecidas. Nessa jornada para voltar à sala de controle, Alegria e Tristeza não somente conhecem mais aquele lugar aonde vivem como também aprendem cada vez mais o real papel de cada uma que precisa exercer na vida de Riley. Alegria não esconde o seu amor que sente pela menina (num momento extremamente tocante), mas precisará compreender que a dor, por vezes, é necessária e faz com que os momentos de felicidade se tornem ainda mais especiais quando eles acontecem.
A partir daí, a união de Alegria e Tristeza que, antes aparentava rivalidade, se torna essencial para que Riley possa encarar as mudanças que estão acontecendo em sua vida. A felicidade é boa, mas ela não faz nenhum sentido sem os momentos ruins. É aí que o estúdio ousa de uma forma bonita, já que isso nada mais é do que uma critica (indireta) à indústria de antidepressivos e remédios do tipo, que tentam retrair as emoções para que a vida seja mais “controlável”. Cair em lágrimas, como o filme tão bem mostra, às vezes é necessário.
Aplaudido em pé no ultimo festival de Cannes, Divertida Mente é desde já um dos filmes mais criativos e originais dos últimos anos do estúdio. Fazendo com que a gente não somente respeite os bons momentos de nossas vidas, como também as nossas próprias tristezas, que dão lugar a momentos melhores ainda.
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