Vencedor do Prêmio Félix de Melhor Documentário no Festival do Rio de 2014, o documentário nacional De Gravata e Unha Vermelha vem num momento cujo seu assunto esta na boca do povo e nas redes sociais hoje em dia: a escolha sexual, que se estende a transexualidade, a procura da identidade sexual da pessoa, preconceito e a intolerância que estas pessoas sofrem ontem e hoje. O estilista Dudu Bertholini é o entrevistador que houve alguns participantes da obra, além de claro deixar o seu próprio registro para câmera da diretora Miriam Chnaiderman.
O ápice do documentário é a virada de mesa sobre o papel de hoje dos gêneros masculino e feminino. Em De Gravata e Unha Vermelha, vemos de tudo um pouco, desde homens que viram mulheres, mulheres que viram homens, homens que se vestem como mulheres e não demonstram nenhuma timidez ao começar agir como uma.
Os entrevistados são pessoas também que se dividem pela escolha ou não da cirurgia da mudança de sexo. Uns por não achar nenhuma necessidade ou por evitar qualquer tipo de rotulo que a sociedade venha empregar. Entre os entrevistados famosos, se destacam Rogéria, Laerte e Ney Matogrosso (os dois, claro, com maior destaque).
Contudo, são as pessoas pouco conhecidas que realmente chama atenção durante o longa. Como no caso de João Nery, Letícia Lanz, Johnny Luxo, Candy Mel, Walério Araújo e Bianca Exótica, que nos brinda com depoimentos que dão o que pensar durante a projeção. Talvez por conta disso é que, talvez, se encontra o único erro do documentário, o de não se aprofundar um pouco mais nos entrevistados não conhecidos pelo público, pois dá a sensação de que tinham muito mais conteúdo a ser compartilhado para nós cinéfilos do que se possa imaginar.
Como um todo, o filme aborda as dificuldades causadas pela falta de aceitação pelo próximo, e é o que chama mais atenção nas declarações, já que a aceitação não é problema para a maioria. Como dizia Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”, e é a discriminação desses outros que torna mais difícil a vida de quem decide fazer o que quer com o próprio corpo e a própria vida sem se importar com as regras sociais pré-estabelecidas. Em tempos em que políticos e pastores intolerantes como Feliciano, Malafaia e dentre outros, lideram um conservadorismo brasileiro dos mais imbecis, a proposta por Miriam Chnaiderman em seu mais recente projeto que, mais uma vez trata de um tema polêmico e de pessoas que vivem à margem da sociedade, é de estrema importância e que merece ser visto e revisto com mente aberta.
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