Os diretores e irmãos franceses Jean-Pierre e Luc Dardenne já são reconhecidos internacionalmente por seus filmes extremamente artísticos. Esse ano, pela primeira vez, eles viram uma de suas obras ser, merecidamente, indicada ao Oscar. E não importa que isso seja alcançado somente por causa de Marion Cotillard.
É complicada a situação da protagonista Sandra (Marion Cotillard) que após um período afastada do trabalho por motivos de saúde se depara com o desemprego eminente. Ela é motivada por uma colega de trabalho e marido a lutar para manter esse emprego. Então ela acaba indo de porta em porta pedir para esses colegas que votem a seu favor para que assim permaneça com seu emprego, mas para isso eles terão que abrir mão do abono salarial generoso que para muitos é uma salvação.
É angustiante ver ela ter que se humilhar para pedir isso, ela tem que se desprender de seu orgulho em cada porta que se abre ou fecha, afinal ela entende a posição deles, mas precisa lutar pela sua também. A jornada da personagem entre negativas e apoios é sofrida, violenta e reveladora. Sandra encontra apoio onde menos imaginava e indiferença onde sempre teve certeza de acolhimento. Conceitos de solidariedade, coletividade e empatia (a difícil tarefa de se colocar no lugar do outro) acompanham a história que em raríssimos momentos nos levam ao riso.
O contínuo processo de cura dos deprimidos a travar uma luta diária por sua existência parece ser o objetivo da personagem. O destaque fica pelo papel amoroso e companheiro de seu marido, seu grande protetor e incentivador. Notamos no filme os poucos amigos de Sandra, pouquíssimos por sinal, que se mostram realmente anjos da guarda, tal como na vida real.
Com uma Europa em crise nos tempos atuais, o grande mérito dos irmãos Dardenne é trazer à tona essa história que beira ao absurdo, mas que pode realmente acontecer a todos nós e de diversas formas algum dia.
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