Keanu Reeves não atuava num filme bom desde o cultuado Constantine, de 2005, mas também não se pode esperar muito desse, que é um regresso do astro aos filmes de ação. O filme, entretanto, não é dele, mas sim dos dublês e agora diretores Chad Stahelski e David Leitch. São as coreografias e cenas de ação, cheio de clichês batidos, mas com certo estilo, que roubam cena no filme.
Ex-assassino de aluguel, extremamente eficiente, temido por todos, tentando se recuperar da perda da esposa, que morre por causas naturais, John Wick (Reeves) é obrigado a voltar à ativa depois que um playboy sem noção rouba seu carro e mata seu pequeno cachorro de estimação. Acontece que o incauto Iosef (Alfie Allen) é filho do chefão da máfia russa Viggo (Michael Nyqvist), antigo patrão de Wick. E, conhecendo-o mais do que ninguém, o patriarca sabe que vem uma grande tempestade.
O nome do personagem dá uma pista do registro que se pretende: John Wick, "João Pavio (curto)" ou ainda, por uma pronúncia aproximada, João Fraco. Só a partir da chave da ironia é que se pode entender que De Volta ao Jogo é uma paródia de filmes de ação com vingança, em que seu perpetrador tem direito de eliminar quem não respeita o código de ética da classe. Wick é uma máquina adormecida, despertada pelo roubo de um automóvel antigo e pela morte do pequeno cão.
Por isso também o velho hotel no centro da cidade, que funciona como uma espécie de clube, em que o staff sabe que está lidando com uma classe especial de profissionais, sem deixar de mencionar a eficientíssima equipe de limpeza, faz seu complicado trabalho sem nada perguntar. Esse humor sutil e as muitas referências, além do elenco, que inclui Willem Dafoe, John Leguizamo e Adrianne Palicki, é que faz o filme um despretensioso passatempo, desde que desligue o seu cérebro.
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