Entre o final dos anos 80 e inicio dos anos 90, as Tartarugas Ninja fizeram parte da minha infância e de muita molecada que curtia o desenho animado nas manhãs do programa Show da Xuxa e posteriormente na TV Colosso. Baseado na HQ de Kevin Eastman e Peter Laird de 1983, a série durou dez anos, gerando quatro filmes para o cinema e mais duas séries televisivas que acabou não obtendo o mesmo sucesso do passado. Meio que esquecidas nos últimos anos, eis que os quatro cascudos retornam numa super produção turbinada, cheia de efeitos visuais e comandada pelo famigerado Michel Bay (Transformers).
Quem me acompanha, sabe que tenho uma grande antipatia pelo produtor e diretor, já que suas produções, principalmente da cine série estrelada pelos robôs gigantes, são basicamente vazias e somente elas existem para encher os olhos daqueles que assistem ou deixá-los tontos com tamanha correria, explosões e efeitos visuais loucos. Embora tenha ficado somente no cargo de produtor (o diretor é Jonathan Liebesman de Fúria de Titãs 2) o filme é a cara de Bay, principalmente do segundo ato em diante. Mas até lá, até que o roteiro nos convence no principio, principalmente dando nova luz sobre a origem dos personagens, que acaba se tornando muito mais próximo das HQ.
A produção, no entanto, falha ao focar demais a personagem April O'Neil, fazendo dela, em parte, a grande responsável pela origem deles. Nada contra com relação em algumas mudanças, mas dando mais enfoque a ela, percebemos o quanto Megan Fox foi uma escolha errada ao viver a personagem. Protagonista dos dois primeiros filmes da franquia Transformers, Megan faz basicamente aqui a mesma coisa: encher a tela de beleza, mas que nada acrescenta em sua interpretação zero.
Se a produção focasse mais os quatro heróis, aí sim o filme sairia ganhando bem mais, já que a personalidade de cada um deles é a grande chave de sucesso desde os tempos do desenho animado. Michelangelo, Donatello, Raphael e Leonardo possuem personalidades distintas, o que gera conflitos, humor e faz com que o fã se identifique com eles facilmente.
O mesmo não se pode dizer dos vilões, liderados pelo Destruidor, que aqui entra e sai como um vilão megalomaníaco (com um visual a lá transformers) sem nenhuma profundidade e William Fichtner (Batman - O Cavaleiro das Trevas), que embora se esforce, seu personagem podia facilmente ser riscado do roteiro que não faria falta. E se Whoopi Goldberg (Mudança de Hábito) entra e sai do filme sem ter noção do porquê esta ali, o mesmo não se pode dizer de Will Arnett, que cria o personagem humano mais divertido e interessante da produção. O ator de Arrested Development protagoniza os únicos momentos engraçados que não envolvem os quatro heróis.
Para minha surpresa, até que as cenas de ação são bem empolgantes. Diferente de Transformers, nós conseguimos enxergar o que realmente acontece na tela. Até mesmo na melhor cena de ação que acontece numa perseguição na neve, nós não nos perdemos, mesmo eu tendo a ligeira sensação de Michael Bay querer colocar o pé no acelerador a todo o momento.
Com um final bem previsível e redondinho, essas novas Tartarugas Ninja do século 21 pelo visto vieram pra ficar. Mas se é para gerar uma franquia de filmes, que nos próximos tenha mais Tartarugas e menos Megan Fox com interpretação caricata. Afinal de contas, não se ganha na vida somente enchendo a tela com bunda sarada.
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