21 de agosto de 2014

TARTARUGAS NINJA (2014)

Entre o final dos anos 80 e inicio dos anos 90, as Tartarugas Ninja fizeram parte da minha infância e de muita molecada que curtia o desenho animado nas manhãs do programa Show da Xuxa e posteriormente na TV Colosso. Baseado na HQ de Kevin Eastman e Peter Laird de 1983, a série durou dez anos, gerando quatro filmes para o cinema e mais duas séries televisivas que acabou não obtendo o mesmo sucesso do passado. Meio que esquecidas nos últimos anos, eis que os quatro cascudos retornam numa super produção turbinada, cheia de efeitos visuais e comandada pelo famigerado Michel Bay (Transformers).

Quem me acompanha, sabe que tenho uma grande antipatia pelo produtor e diretor, já que suas produções, principalmente da cine série estrelada pelos robôs gigantes, são basicamente vazias e somente elas existem para encher os olhos daqueles que assistem ou deixá-los tontos com tamanha correria, explosões e efeitos visuais loucos. Embora tenha ficado somente no cargo de produtor (o diretor é Jonathan Liebesman de Fúria de Titãs 2) o filme é a cara de Bay, principalmente do segundo ato em diante. Mas até lá, até que o roteiro nos convence no principio, principalmente dando nova luz sobre a origem dos personagens, que acaba se tornando muito mais próximo das HQ.

A produção, no entanto, falha ao focar demais a personagem April O'Neil, fazendo dela, em parte, a grande responsável pela origem deles. Nada contra com relação em algumas mudanças, mas dando mais enfoque a ela, percebemos o quanto Megan Fox foi uma escolha errada ao viver a personagem. Protagonista dos dois primeiros filmes da franquia Transformers, Megan faz basicamente aqui a mesma coisa: encher a tela de beleza, mas que nada acrescenta em sua interpretação zero.

Se a produção focasse mais os quatro heróis, aí sim o filme sairia ganhando bem mais, já que a personalidade de cada um deles é a grande chave de sucesso desde os tempos do desenho animado. Michelangelo, Donatello, Raphael e Leonardo possuem personalidades distintas, o que gera conflitos, humor e faz com que o fã se identifique com eles facilmente.
O mesmo não se pode dizer dos vilões, liderados pelo Destruidor, que aqui entra e sai como um vilão megalomaníaco (com um visual a lá transformers) sem nenhuma profundidade e William Fichtner (Batman - O Cavaleiro das Trevas), que embora se esforce, seu personagem podia facilmente ser riscado do roteiro que não faria falta. E se Whoopi Goldberg (Mudança de Hábito) entra e sai do filme sem ter noção do porquê esta ali, o mesmo não se pode dizer de Will Arnett, que cria o personagem humano mais divertido e interessante da produção. O ator de Arrested Development protagoniza os únicos momentos engraçados que não envolvem os quatro heróis.

Para minha surpresa, até que as cenas de ação são bem empolgantes. Diferente de Transformers, nós conseguimos enxergar o que realmente acontece na tela. Até mesmo na melhor cena de ação que acontece numa perseguição na neve, nós não nos perdemos, mesmo eu tendo a ligeira sensação de Michael Bay querer colocar o pé no acelerador a todo o momento.

Com um final bem previsível e redondinho, essas novas Tartarugas Ninja do século 21 pelo visto vieram pra ficar. Mas se é para gerar uma franquia de filmes, que nos próximos tenha mais Tartarugas e menos Megan Fox com interpretação caricata. Afinal de contas, não se ganha na vida somente enchendo a tela com bunda sarada.


14 de agosto de 2014

O Homem das Multidões (2013)

Exibido pela primeira aqui no RS no último festival da Panda Filmes, Cao Guimarães conclui a sua trilogia particular, onde o foco principal é a solidão do mundo contemporâneo atual, com O Homem das Multidões, depois de A Alma do Osso (2004) e Andarilho (2006). Contudo, ele decidiu pegar carona com a “nova onda” do cinema Pernambucano (liderado pelo Som ao Redor) e decidiu fazer parceria com Marcelo Gomes (Era uma Vez Eu, Verônica) e, para a surpresa de todos, criarem uma trama baseada num conto de Edgar Allan Poe (O Corvo). A narrativa é de um silencio arrebatador, onde a fotografia sintetiza um universo frio e as emoções dos personagens são travadas numa espécie de freio vindo do inconsciente.

Pelo menos, isso é muito bem representado pelos dois protagonistas principais, interpretados por Paulo André e Silvia Lourenço. Ele, um maquinista de metrô em Belo Horizonte e ela contra o fluxo dos trens. Embora aparentem serem diferentes um do outro, ambos tem algo em comum por serem solitários.

Curiosamente, ele gosta de conviver em meio a inúmeras pessoas, mas não sabe interagir com elas. Já ela é comunicativa, mas somente através dos seus amigos virtuais que mal os vê pessoalmente. Afinal quem está em pior situação? Ele pela falta de contato social ou ela por manter relações virtuais?

É um filme que facilmente as pessoas irão se identificar com ele, pois há pessoas atualmente tão dispostas a se isolarem cada vez mais uma da outra, como também aquelas que somente conseguem interagir através dos seus celulares e tablets. Em meio a esse mundo pessimista, o filme nos prende por um possível fio de esperança através de uma inusitada história de amor que, embora o futuro dela seja um tanto que indefinida, não custa acreditar que as pessoas de hoje possam retornar, a saber, interagir como era antigamente.

11 de agosto de 2014

GUARDIÕES DA GALÁXIA (2014)

Embora as adaptações de HQ de super-heróis estejam vivendo a sua era de ouro nas telonas, sinceramente sinto que está faltando novidade. Não que as adaptações sejam ruins, elas são ótimas, mas para alguém como eu que cresceu lendo de cabo a rabo inúmeras HQ de super-heróis, tudo que eu vejo na tela são os meus velhos conhecidos de longa data. Se formos pensar dessa forma, Guardiões das Galáxias se torna, desde então, a maior novidade dessa leva de adaptações, já que é baseado numa HQ, mas que tanto o público em geral, como também aqueles que viveram e vivem de HQ (como eu) não tinham ideia de quem eram esses personagens... e isso, meus amigos, se tornam um grande ponto a favor.

Quando a Marvel Estúdios anunciou que adaptaria essa obscura HQ, muitos acharam que seria o maior tiro no pé ao adaptar algo que ninguém conhece. Mas aí é que está a chave do sucesso, pois se a maioria do público não conhece quase nada da história, o filme não sofreria a terrível mania de comparações que os fãs tanto pregam quando chega uma adaptação. Do começo ao fim, o filme é livre, leve e solto de comparações, como se a produção fosse 100% criada originalmente para o cinema.

Dirigido por James Gunn (recém saído do universo de filmes B) o filme se inicia em plena década de 80, onde nos é apresentado o protagonista Peter Quill ainda jovem, prestes a perder a sua mãe na luta contra o câncer (momento esse que será crucial no ato final da trama). O filme já começa desconcertante, com uma cena super dramática, para logo em seguida nos fazer mergulhar em outra galáxia multicolorida e nos deparar com Peter Quill já adulto, em busca de uma esfera valiosa no primeiro calabouço de Guardiões da Galáxia, pega o seu walkman, aperta play e dança ao som de "Come and Get Your Love". Essa genial abertura serve como cartão de visita que o filme dá para aquele que está assistindo e dizer: venha se divertir com a gente, pois o filme será entretenimento de primeira.

Mais do que divertido, a aventura espacial é nostalgia pura, embalada com as melhores músicas de sucesso dos anos 70 e 80 no qual uma pessoa na casa dos 30 ou 40 anos irá se identificar facilmente e se emocionar a cada momento. Sinceramente, não me lembro de um filme recente tendo uma coletânea de trilhas tão boas (minha preferida tocada durante o filme é "Cherry Bomb”, por The Runaways) e me arrisco a dizer que essa é a melhor desde Pulp Fiction há exatos 20 anos. E como cereja no bolo, o filme, com um todo, é a melhor aventura espacial desde Star Wars e resgata aquela febre em que o cinema foi bombardeado de inúmeros filmes que pegavam a onda do sucesso da obra de George Lucas.

Embora a esfera seja a peça poderosa de toda a trama, ela no final das contas serve como mera desculpa para reunir a turma de heróis mais desajustada e imprevisível jamais vista. Corrigindo: eles nem sequer são super heróis, pois temos Peter Quill como mero aventureiro e encrenqueiro, Groot, uma árvore humanóide (voz Vin Diesel), o caçador de recompensas, esquentado (um texugo!) e rápido no gatilho Rocket Racoon (Bradley Cooper), a sombria e perigosa Gamora (Zoe Saldana) e, por fim, o vingativo Drax, o Destruidor (Dave Bautista). Com isso, temos um quinteto com personalidades distintas, desajustadas, mas que serão forçados a se unirem, não para somente salvar o universo, como também as suas próprias peles.
Embora haja em cena Ronan (Lee Pace) como a grande ameaça na trama e a participação especial de um dos maiores vilões da Marvel que é Thanos, eles pouco tem algo para acrescentar e nem de longe possuem a carisma de vilões já apresentados do universo Marvel do cinema, como Loki, porvexemplo. Mas isso é o de menos, pois o coração do filme está na difícil relação improvável dos cinco personagens, de como eles terão que deixar de lado os seus egos inflados se souberem trabalhar em equipe mesmo nos momentos de crise. Não tem como não se deliciar nas cenas em que os cinco se reúnem, discutem e soltam piadas a todo o momento, principalmente vindas de Rocket, que com um trabuco na mão e piadas prontas na outra.

Visualmente, o filme é o mais belo até aqui dos filmes da Marvel, onde se tem um grau de realismo ao universo fantasioso, que irá surgir a cada momento na projeção e com criaturas fantásticas (num empenhado trabalho de maquiagem de Elizabeth Yianni-Georgiou). Para tornar tudo mais maravilhoso, o design de produção de Charles Wood oferece mundos ricos em detalhes, desde o crânio gigante que serve de colônia mineradora até o belo planeta Xandar, com seu visual limpo e que por vezes me lembrou o universo visto no filme O Quinto Elemento de Luc Besson. Visualmente, o filme é tão colorido que dá a sensação, em alguns momentos, que os personagens realmente saíram de uma HQ leve, divertida e sem nenhum vestígio de tempos mais sombrios.
Mesmo com as piadas e o bom humor visto nas produções anteriores da Marvel, percebemos agora que, como os produtores levavam aquilo tudo muito a sério. Aqui é o inverso, pois sentimos a todo o momento eles nos dizendo para relaxar e curtir uma aventura espacial descompromissada, mas que jamais ofende a nossa inteligência. Em tempos em que cada vez mais se exige adaptações de HQ com um pé na realidade, é bom ver que ainda há espaço para a fantasia e um filme para toda a família.

Resumindo, Guardiões das Galáxias é, desde já, um dos melhores e mais divertidos filmes do ano, onde você sai com um sorriso largo no rosto do cinema e deseja revisitar aquele universo de personagens desajustados, mas que são tão humanos quanto qualquer um nós. 

NOTA: Assim como nos filmes anteriores, não deixe de ver uma cena extra após os créditos, pois há uma participação de um personagem super conhecido do universo intergalático da Marvel.


5 de agosto de 2014

WORKSHOP “Roteiro - A Essência da Construção Narrativa” é oferecido em Porto Alegre

Para dar início ao segundo semestre de cursos, a Escola de Roteiro, projeto itinerante da Bigode de Gato Produções, realiza em Porto Alegre o workshop “Roteiro - A Essência da Construção Narrativa”. O evento será ministrado pelo roteirista Marcelo Andrighetti, no Meme Santo de Casa Estação Cultural, no dia 16 de agosto, a partir das 17h30min. Em setembro, as cidades de Caxias do Sul e Santa Cruz recebem a Escola.

Na ocasião, os participantes irão adentrar o universo da escrita cinematográfica a partir da estrutura narrativa do filme “Her” (no Brasil, Ela), de Spike Jonze. O longa-metragem será utilizado como base para conceitos universais da dramaturgia audiovisual. Com quatro horas de duração, o workshop pretende mostrar na prática algumas regras “escondidas” nas cenas dessas produções de sucesso.

“Existem elementos que ajudam a compor e a estruturar uma boa história - seja ela comercial, seja ela minimalista”, explica o ministrante Marcelo Andrighetti. “É importante entendermos quais são esses processos para depois podermos utilizá-los da forma que quisermos em nossas criações”. Dessa forma, o workshop será voltado tanto a profissionais que utilizam a escrita no cotidiano, quanto àqueles que apreciam séries, telenovelas, comerciais, vídeos na web, entre outros. É indicado a cineastas, escritores, dramaturgos, atores, bailarinos, jornalistas, publicitários, estudantes, cinéfilos e simpatizantes.

INFORMAÇÕES - WORKSHOP:
O quê? Workshop - “Roteiro - A Essência da Construção Narrativa”
Quando? Dia 16 de agosto, das 17h30min às 21h30min.
Onde? Meme Santo de Casa Estação Cultural (R. Lopo Gonçalves, 176 - Cidade Baixa, Porto Alegre)
Quanto? R$ 70,00 à vista, no Boleto (ou 2x R$ 40,00) / Desconto para ex-alunos da Escola. Vagas Limitadas.
Público Alvo? Roteiristas, Escritores, Publicitários, Jornalistas, Relações Públicas, Cineastas, Produtores, Atores, Bailarinos, Professores, Cinéfilos, Criadores e Simpatizantes.
Contato: (51) 8405.5309 / (51) 3737.6818

A ESCOLA: O projeto nasceu da intenção de viabilizar e estruturar núcleos criativos da sétima arte, com capacitação profissional dos responsáveis pela escrita e narração de roteiros. A Escola atua com cursos extensivos, workshops, palestras e consultorias. Cada um abrange um setor diferente da narrativa, expandindo o conteúdo para outros segmentos, como Teatro, Dança, Literatura, Música, Jornalismo, Publicidade, etc. O projeto também quer evidenciar a necessidade de conexão com o público de outras artes. Para tanto, cada turma nova é formatada em locais específicos, que se comunicam com a linguagem proposta: ateliês, produtoras, teatros, salas de cinema, espaços culturais, entre outros.

A BIGODE DE GATO: A Bigode de Gato Produções trabalha com Dança, Cinema e Poesia Visual. Além de projetos autorais, como documentários, curtas de ficção e videodanças, busca captação para projetos de longo prazo. No segundo semestre deste ano, lança oficialmente o Núcleo de Roteiristas Comerciais, com foco no mercado publicitário, institucional e comunicação interna.


3 de agosto de 2014

75 ANOS DE “O MÁGICO DE OZ”

L. Fran Baum publicou, em 1901, sua obra mais singular: “O Maravilhoso Mágico de Oz”. Desde antes do seu falecimento, em 1919, foram produzidas dezenas de adaptações fílmicas inspiradas nos contos do mundo de Oz, mas nenhuma delas foi tão significativa para a própria história do Cinema quanto a versão de 1939.

Entre as mais relevantes, há uma versão que fez certo sucesso de 1925 e, mais recentemente, uma superprodução da Disney, que trouxe a história sobre a origem do feiticeiro em “Oz, Mágico e Poderoso”, de 2013, estrelada por James Franco. Entretanto, a única que realmente cativou o público e consegue criar uma nova legião de fãs a cada geração é a estupenda produção da MGM que completa 75 anos neste mês de agosto.

Com um elenco poderoso da época, o filme trazia a jovem Judy Garland como a protagonista Dorothy, a menina cansada da vida da fazenda no Kansas que, após ser pega por um tornado em uma tempestade é levada junto com seu cachorrinho Totó para o mundo de Oz, onde passam juntos por muitas aventuras e onde fazem grandes amigos: um leão que busca coragem, um espantalho que anseia por inteligência e um boneco de lata, que só quer ter um coração. Além destes personagens, facilmente identificados no imaginário popular, há outros elementos que se tornaram clássicos para todo um universo de fantasia, como as bruxas más do leste e do oeste, a fada Glinda, os malvados macacos alados, além do próprio mágico Oz, de ética dúbia, meio charlatão, mas de bom coração.

O sucesso do filme veio em consequência de uma boa adaptação de uma obra literária que já era um “best-seller”, com uma trilha sonora impecável (vencedora do Oscar em 1940), uma canção arrebatadora (Somewhere Over The Rainbow) e com técnicas avançadas na produção. O Mágico de Oz foi um dos primeiros longas-metragens a utilizar o sistema Technicolor para colorir o filme, mesclando com trechos em preto e branco propositalmente para induzir o espectador a entender situações diferenciadas da vida da personagem central: sua vida real, em preto e branco (sem graça) e o mundo imaginário, cheio de cor.
Para fãs que desejam rever e aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer esta obra prima, há versões de altíssima qualidade disponíveis na internet e para colecionadores há uma edição especial em blue ray, comemorativo dos 70 anos (que com certeza ainda está atual). 

Curta o filme e lembre-se: “There is no place like home!”

Até a próxima!


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