Embora tenha se tornado recentemente uma das marcas mais bem sucedidas do cinema atual, muitos ainda criticam com o fato do estúdio Marvel não querer se arriscar com os seus filmes. Ao apresentar sempre uma produção redondinha, com começo, meio e fim, os filmes são, por vezes, previsíveis demais. Por talvez ouvir essas críticas, o estúdio finalmente decidiu se arriscar e ir além da sua fórmula de sucesso, que embora o termo "arriscar" seja um tiro no pé no cinema americano atual, não custa também, pelo menos, tentar somente uma vez. Capitão América 2 - O Soldado Invernal é o primeiro filme que o estúdio se arrisca e pelo visto, de uma maneira muito bem sucedida.
Embora seja sequência da aventura anterior do Capitão (e dos eventos vistos em outros filmes como Vingadores) o clima por aqui não está pra brincadeira e o protagonista já parte para uma missão comandada pela SHIELD, mal sabendo ele das verdades que descobriria a seguir. Com um clima de filme de espionagem, que por vezes lembra muito o própio gênero que fazia sucesso na década 70, o filme entra num território ainda inédito, que é de não se confiar em ninguém, tão pouco em seus próprios aliados. No final das contas, o filme é uma metáfora sobre os nossos lideres do mundo atual que, por vezes, não são exatamente eles que puxam as cordinhas na hora de dar as ordens.
Com isso, não somente o protagonista, como também os poucos aliados que lhe restam, se vêem envolvidos numa verdadeira caçada, onde ninguém está a salvo: a sequência em que o líder da SHIELD, Nik Fury (por Samuel L. Jackson) é perseguido por pessoas que se dizem da polícia, já dá uma bela dica do que virá a seguir. Essa sequência de ação, aliás, é espetacular e não deve nada aos outros filmes de perseguição como a genial trilogia Bourne.
Ainda nesta bela e bem dirigida sequência de cenas, nos é apresentado o que talvez seja o mais trágico vilão (ou anti-herói) do estúdio Marvel até aqui, o Soldado Invernal, interpretado pelo ator Sebastian Stan; o personagem na verdade é ninguém menos que Bucky Barnes. Colega de Steve Rogers no primeiro filme, o rapaz cai do alto de uma montanha rumo à morte aparente. No entanto, assim como nos quadrinhos, seu corpo congelado acaba resgatado pelos inimigos do Capitão, ainda com vida, mas sem um braço e sem memória. Visualmente, o personagem tem o mesmo porte ameaçador e solitário visto nos quadrinhos, mas que não esconde um conflito interno de não saber exatamente quem ou o que é.
Dramas à parte, o herói precisa se aliar com aqueles que ele realmente confia. Aí, então, surgem velhos conhecidos e novos aliados: Scarlett Johansson novamente se sai muito bem como a heroína Viúva Negra, mas que, aqui, cada vez mais é revelado o seu passado nebuloso, assim como o lado podre escondido da SHIELD. Anthony Mackie se torna uma grata surpresa, ao interpretar o herói Falcão e braço direito do Capitão. Da ala dos que pode ou não confiar, Robert Redford surge como um dos chefões da SHIELD de uma forma ambígua, mas que não demora muito para revelar suas reais intenções.
Em meio a revelações e traições, o clima de imprevisibilidade toma conta do filme do começo ao fim, onde mortes acontecem de uma forma desenfreada e que acabamos até mesmo temendo pelo destinos de nossos heróis. Os diretores Anthony Russo e Joe Russo, que antes somente cineastas de filmes de comédias, mostram o que sabem fazer de melhor, criando belas cenas de ação e luta, que não devem nada ao que Paul Greengrass fez, na já citada aqui, trilogia de Bourne como exemplo. Se acham que eu estou exagerando nas comparações, esperem para ver a sequência em que o Soldado Invernal caça, sem dó, o Capitão em companhia, onde, pela montagem e efeitos visuais, se cria um verdadeiro balé visual de tirar o folego de qualquer um.
Com as habituais cenas finais que revelam que o melhor estar por vir (Vingadores 2?), Capitão América 2 - O Soldado Invernal é uma prova que o estúdio Marvel não pretende tão cedo largar o osso, pois ao dar um passo à frente nesta nova aventura do herói bandeiroso, ficamos nos perguntando o que de melhor virá a seguir na casa das ideias. Vai ficar sempre chupando o dedo DC/Warner?
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