30 de março de 2012

Top 10 Atores com Mais de 70 Anos e Ainda Ativos

Alguns monstros sagrados que já passaram dos 70 anos...

10º Donald Sutherland (76)
O pai de Kiefer é um excelente ator e sempre uma presença marcante na tela. Ele tem marcado presença em produções de sucesso tanto no cinema quanto na tv. Ele se mantém na linha homem velho e sábio ou vilão, entre seus papéis mais recentes está o de Presidente Snow na recente adaptação de Jogos Vorazes para o cinema.


9º Peter O'toole (74)
O'Toole é considerado um dos maiores atores de todos os tempos, ainda que a década de 1990 tenha sido fraca em sucessos para o experiente ator, ele foi meio que "redescoberto" no início dos anos 2000. Foi indicado ao Oscar 8 vezes, mas, infelizmente, nunca venceu.

8º John Hurt (72)
 
Com a cara enrrugada de quem nunca tentou parecer mais jovem e sempre abraçou a idade, John Hurt tem colecionado papéis coadjuvantes em grandes produções nos últimos anos. O ator de 72 anos apareceu nos recentes sucessos Hellboy, Hellboy - O Exército Dourado, Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal, V de Vingança, Imortais e na série Harry Potter.

7º Nick Nolte (71)
Nick Nolte fez vários papéis de ação nos anos 80 e conseguiu uma transição para papéis mais paternalistas no ínicio da década passada. Seu reconhecimento como ator pela Academia foi algo tardio em sua carreira, suas primeiras indicações vieram depois dos 50 anos. Ele foi indicado ao Oscar em 1991 por "O Princípe das Marés", em 1997 por "Temporada de Caça" e esse ano por "Guerreiro".

6º Michael Cane (79)
Cane vem de uma longa e laureada carreira. Ele é um dos dois únicos atores do mundo a ter sido indicado a um Oscar de interpretação em todas as décadas desde 1960 (o outro é Jack Nicholson). Recentemente ele se tornou o ator favorito de Christopher Nolan, o diretor da série Batman, que o utilizou em todos os seus filmes desde Batman Begins.


5º Al Pacino (71)
Apesar de ser considerado por muitos um dos melhores atores do mundo, Pacino não tem feito nada de muito expressivo na última década. Mesmo assim ele tem desempenhado papéis excelentes em produções para a TV, como na minissérie Angels in America e na a biografia de Jack Kevorkian, o Dr. Morte, lançada em 2010. Em 2013 Pacino deve interpretar Rei Lear e voltar ao mundo de Shakespeare o que já lhe rendeu o ótimo "Ricardo III, Um Ensaio".

4º Jack Nicholson (74)
Talvez Nicholson seja o único integrante dessa lista com a distinção de não precisar mudar os papéis que interpretou com a idade. Mesmo na casa dos setenta, Nicholson ainda é chamado para interpretar o canalha charmoso e levemente insandecido. Nicholson pode estar mais próximo da aposentadoria do que gostariamos de acreditar, nos últimos cinco anos ele lançou apenas um filme e não há notícias de projetos futuros, porém, em sua longa lista de personagens, ele nunca se deixou abater pela idade e alguns de seus papéis mais marcantes foram depois dos 60 anos como em Os Infiltrados e As Confissões de Schimdt. Nicholson foi indicado 12 vezes ao Oscar.

3º Morgan Freeman (74)
Freeman é um ator que agrega qualidade a qualquer projeto no qual se envolva. Um caso raro entre seus pares, Freeman começou a fazer sucesso já com quase 50 anos. Desde lá ele já foi indicado ao Oscar 5 vezes, levando a estatueta para casa por sua interpretação em Menina de Ouro.


2º Ian McKellen (72)
McKellen sempre foi um ator teatral respeitado na Inglaterra. Seu debut nos cinemas e sua fama ao redor do mundo foram lançadas com o ótimo "Deuses e Monstros" e consolidada com o papel de Gandalf na trilogia "O Senhor dos Anéis" e Magneto na série X-Men. McKellen se tornou sinônimo imediato de qualidade e seus papéis vão naturalmente do fantástico ao cotidiano sem qualquer esforço desse ótimo ator inglês.

1º Anthony Hopkins (74)

Ainda que seja sinônimo de Hannibal Lecter nas últimas duas décadas Sir Anthony Hopkins apresentou diversos papéis memoráveis em sua carreira e alguns deles nos últimos anos. Recentemente o ator embarcou no universo Marvel ao interpretar o papel de Odin, em "Thor". Com mais de quarenta anos de carreira e um talento afiado, Hopkins ainda rouba a cena nas produções em que aparece.

29 de março de 2012

Top 10 Piores Posters de Filmes (por Vinício Oliveira)



Já fizemos aqui no blog um Top 10 dos Melhores Posters de Filmes, infelizmente nos deparamos com tantos posters ruins nos últimos anos que nos vimos obrigados a fazer um Top 10 dos piores...

10º - No que parece ser praticamente uma explosão vulcânica em Moscow, o pôster de "A Hora da Escuridão" parece mais uma comédia adolescente com photoshop ruim do que propriamente um filme sobre uma invasão de alienígenas invisíveis.

9º- Talvez o objetivo seja fazer com que Jude Law pareça um trabalhador comum com uma caneca na mão em mais um dia no escritório...Ou talvez ninguém tenha conseguido pensar em um pôster mais instigante para um filme que trata sobre extração de orgãos...


 8º - "Que tal fazermos um poster e depois rasgarmos o ator principal?" Ótima idéia... Not!



7º  Aparentemente essa é a história de dois gêmeos siameses translúcidos que podem materializar o ombro que dividem...


6º Com um photoshop óbvio e mal executado, o pior do pôster são as setas identificando os personagens e os locais... 

5º Peter O'Toole foi indicado ao Oscar por esse filme, acredito que ele merecia um pôster melhor do que esse no qual ele aparece com a expressão de quem acaba de encher as fraldas geriátricas.


4º Nicolas Cage não estraga só filmes ultimamente, ele também estraga pôsters... Nesse mega filme de ação (not) ele coça seu ombro enquanto segura uma arma invisível.

3º The Unborn parece não se decidir entre o erótico e o assustador e acaba não apresentando nenhum dois dois no pôster. No fundo vemos um garoto fantasiado de Drácula Junior e na parte principal a bunda da protagonista. Ah, em algum lugar do pôster a face dela quase aparece...

2º Nunca é um bom sinal quando o pôster do seu filme de terror faz as pessoas rirem ao invés de ficarem amedrontadas...

1º Um dos maiores filmes do ano teve um cartaz tão estúpido quanto esse. No início eu pensei que era feito por fãs, mas infelizmente ele foi feito pela Fox. Realmente lamentável...

27 de março de 2012

O Outro Lado da Raiva (The Upside of Anger, 2005)

É díficil eu conseguir demonstrar o quanto gosto e admiro esse pequeno filme que não foi um sucesso de bilheteria, tampouco foi indicado a qualquer prêmio significativo, uma injustiça. O diretor Mike Bender faz um filme simples sobre um tema dificilmente utilizado de forma satisfatória: a raiva mal direcionada.

Joan Allen interpreta Terry Ann Wolfmeyer, uma mãe de classe média americana que está furiosa com o mundo. Seu marido a deixou, suas quatro filhas constantemente a desafiam e não seguem o que ela determinou para elas e está cada vez mais se afundando na bebida. A única pessoa que atura sua companhia é Denny Davies (Kevin Costner em uma interpretação genial) o bêbado da vizinhança, um ex-jogador de beisebol que tem um talk show no rádio onde fala de tudo menos de beisebol.

Joan Allen e Kevin Costner apresentam o momento mais afiado das suas carreiras, Costner consegue conquistar o público com o jeito auto-indulgente de Davies enquanto Allen transborda frustração, raiva e angústia e ainda consegue sair com uma personagem que é ao mesmo tempo engraçada e charmosa.

O diretor Mike Binder ainda assume o papel hilário do colega de Davies, o grosseiro e engraçadissímo Shep Goodman. Binder não tenta fazer um retrato auto-engrandecido da classe média americana, ele também não faz compromissos sérios com nenhum gênero. Essa liberdade, e a sensação de que muitas vezes as reações dos personagens são as mais naturais possíveis, desenvolve os personagens ao invés de servir ao propósito de levar a história adiante. Enquanto isso não favorece a narrativa, o clima criado por essa caótica semelhança com a vida serve fielmente ao propósito do filme. As filhas da personagem de Allen são interpretadas com eficiência por Erika Christensen (Plano de Vôo), Kery Russel (Missão Impossível 3), Alicia Witt (Vanilla Sky) e Evan Rachel Wood (O Lutador).
A trilha sonora é delicada e precisa, as interpretações são ótimas, mas o clima do filme é o que realmente conquista o espectador. Apesar de ter uma reviravolta na trama, o long de Bender não precisa desse artifício e cativa pela sua semelhança com a vida real. "O Outro Lado da Raiva" acaba sendo uma obra eficiente, despretensiosa e que se torna um filme perfeito para aqueles que estão desanimados mas não querem ouvir que tudo vai ficar "bem".

23 de março de 2012

Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012)


A convite do Clube do Assinante Zero Hora, estivemos presentes em mais uma première, ontem. O filme estreia hoje, nos principais cinemas do Brasil.

Jogos Vorazes é baseado em um best-seller recente, o primeiro livro foi publicado em 2008, e tem um séquito de fãs consideráveis. Me surpreendi com o número de jovens que compareceram a première vestindo camisetas e até mesmo tatuagens do símbolo da série. Pode ainda não ser um fenômeno na mesma escala de "Crepúsculo"  e "Harry Potter" mas certamente é uma base de fãs bastante leais.


A história se passa em um futuro onde a nação de Panem, situada no que restou da América do Norte após um evento apocalíptico não especificado, organiza uma competição que reúne 24 competidores, um homem e uma mulher entre 12 e 18 anos de cada um de seus 12 distritos para se enfrentarem até a morte, até que reste apenas um. A nação inteira assiste a esse reality show macabro com grande comoção. Katniss Everdeen, se torna voluntária para substituir suas irmã mais nova depois que esta é sorteada para a competição. A partir desse ponto, Katniss deve lidar com sua preparação para um jogo que envolve bem mais do que somente combate, enquanto acaba se aproximando cada vez mais do garoto do seu distrito que também foi selecionado para os "Jogos Vorazes".

Em relação ao filme, ele certamente tem uma qualidade bastante superior à média destinada ao mesmo público. Ele escorrega nos defeitos corriqueiros de uma adaptação de um livro popular, ao mostrar detalhes que não são relevantes no longa e são justificados apenas no livro. Apesar disso, ele consegue se erguer e apresenta um produto final competente com potencial de retorno financeiro muito grande, o que os produtores mesmos confirmaram ser o único obstáculo para que sejam produzidas mais duas sequências baseados nos livros da série. Com um enxuto orçamento de 78 milhões de dólares, o filme tem uma parte técnica excelente e mesmo os efeitos especiais (que são raros) são extremamente bem utilizados.

A trilha sonora apresenta a mão sempre competente de James Newton Howard mas, assim como John Carter, perde a oportunidade de apresentar um tema principal mais identificável. Um dos pontos fortes do filme é a qualidade apresentada pela protagonista: Jennifer Lawrence, que já havia mostrado seu excelente desempenho em Inverno da Alma (pelo qual foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 2011) carrega o filme com um bom desempenho e faz com que o público se identifique com ela, colocando-se no lugar de sua personagem. Josh Hutcherson, o par romântico da protagonista e também seu rival na competição, faz um trabalho razoável mas que, em comparação com a ótima apresentação de Lawrence, parece um pouco desinteressante.
O grande defeito do filme é a indecisão entre o clima de humor-negro e crítica social debochada dos primeiros quarenta minutos de projeção ou clima mais sombrio e competente com um comentário social mais relevante no restante. Se o filme fosse mais próximo de "Amargo Pesadelo" do que de "Crepúsculo", poderíamos estar olhando para um sério candidato a melhor filme do ano, mas não é o que acontece.

Quem mais sofre com essa escolha é o competente Woody Harrelson, que faz aqui um personagem caricato ao extremo e que não apenas parece uma enorme oportunidade perdida de consolidar um clima mais sério para o filme, mas acaba comprometendo a trama com uma interpretação bastante embaraçosa.

O resto do elenco de apoio é muito bom, com exceção do suposto competidor rival de Katniss que deixa a desejar como suposto vilão mais imediato da trama. Elizabeth Banks, Stanley Tucci e Donald Sutherland estão todos à altura de suas respectivas reputações e contribuem para a qualidade geral do filme. As surpresas ficam por conta de Lenny Kravitz e Wes Bentley. O primeiro, entrega um papel bastante sensível e empático mesmo com pouco tempo na frente da câmera e o segundo não entregava uma interpretação decente há uma década e se sai muito bem no papel de diretor da atração dos "Jogos Vorazes".

O aspecto mais relevante do longa é a crítica social extremamente relevante em tempos de "reality shows" de que cada vez mais buscamos assistir a programas que condenamos enquanto nos afastamos da responsabilidade sobre eles. O diretor Gary Ross, não é muito sutil a respeito, talvez por estar lidando com um público mais jovem, mas demonstra com competência que a montanha de artificialidade e exposição que acompanha os participantes desses programas acaba soterrando qualquer chance de naturalidade presentes no espírito humano. As relações interpessoais, mesmo quando fadadas a acontecer naturalmente, acabam sendo comprometidas por essa interferência.
O filme tem duas horas e vinte minutos de duração, mas não é de forma nenhuma cansativo e consegue cativar o espectador com facilidade. Ele fez um excelente trabalho em conseguir manter a sensação de choque ao mostrar a morte de crianças e adolescentes sem ser necessariamente gráfico a esse respeito conseguindo manter uma classificação de 13 anos, o que no mercado americano pode significar a diferença entre sucesso e fracasso. 



13 de março de 2012

Top 10 Filmes Quase Produzidos em 2011 (por Vinício Oliveira)

A chamada "Lista Negra" de Hollywood inclui (ao contrário do que se possa pensar) os melhores roteiros não produzidos em um determinado ano. Achei a lista de 2011 no site Cinema Blend e, apesar de se tratar de roteiros não produzidos, ela normalmente reserva algumas surpresas de roteiros que normalmente são "resgatados" em anos seguintes (é caso de O Discurso do Rei, The Hunger Games e 50/50). Eu separei os 10 que eu achei mais interessante. 

O jogo da imitação
por Graham Moore
Sinopse: A história criptógrafo britânico da Segunda Guerra Mundial Alan Turing, que quebrou o código Enigma alemão e mais tarde se envenenou após ser processado criminalmente por ser homossexual.


 Quando As Luzes Da Rua São Acesas
por Chris Hutton, Eddie O'Keefe
Sinopse: No início de 1980, uma cidade sofre com as conseqüências de um assassinato brutal de uma estudante e de um professor.

 Chewie
por Evan Susser, Van Robichaux
Sinopse: Uma visão cômica dos bastidores de Star Wars através dos olhos de Peter Mayhew, que interpretou Chewbacca.


Father Time Daughter: A Tale of Armed Robbery and Eskimo Kisses
por Matthew Aldrich
Sinopse: Um homem embarca em uma onda de crimes através de três estados americanos com uma cúmplice, sua filha de onze anos de idade. Prevista para ser a estréia na direção de Matt Damon, a ser estrelada por John Krasinski (The Office).


 
The Outsider
por Andrew Baldwin
Sinopse: No Japão pós-Segunda Guerra Mundial, um americano ex-prisioneiro de guerra ascende dentro da yakuza.

 
No caso de um desastre na Lua
por Mike Jones
Um relato alternativo da histórico missão Apollo 11, que examina o que poderia ter acontecido se os astronautas tivessem caído na superfície lunar.

 
Bastardos
por Justem Malen
Dois irmãos, criados acreditando que seu pai biológico morreu, descobrem que a sua mãe dormiu com vários homens poderosos e famosos na década de 1970, e os irmãos decidem cair na estrada para encontrar seu verdadeiro pai.


Crazy for The Storm
por Wil Fette
A história real do relacionamento de Norman Ollestad com o seu pai, que empurrou o menino para o mundo do surf extremo e esqui alpino competitivo aos três anos de idade. Mas foi essa experiência que permitiu a Norman, então com 11 anos de idade, sobreviver a um desastre de avião durante uma nevasca nas Montanhas San Gabriel.


O Fim
por Aron Eli Coleite
Quatro pessoas - uma radialista veterana em Londres, uma garota de 16 anos de idade e seu namorado em Ann Arbor, e um homem de família dedicado em Xangai, cada um tenta fazer as pazes com suas vidas antes de um evento interestelar destruir o mundo em 6 horas.


The Knoll
por Christopher Cantwell, Christopher Rogers
Um policial novato e uma jovem testemunham os tiros que mataram Kennedy disparados por detrás da cerca em Dallas em 22 de novembro de 1963. Poucas horas depois, eles estão fugindo dos assassinos que precisam desesperadamente silenciá-los.

7 de março de 2012

John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter, 2012)

John Carter é o novo filme do diretor Andrew Stanton, responsável por pérolas como Procurando Nemo e Wall-E, dos estúdios Disney. O filme estreia nesta sexta e o Cinema Sem Frescura, a convite do Clube do Assinante ZH, esteve na premiere e podemos antecipar para você o que esperar do filme.

Antes de avaliar os méritos do filme eu preciso comentar sobre a péssima campanha de marketing que o filme sofreu por parte da Disney. Com um orçamento de 250 milhões de dólares (Avatar custou US$ 240mi), o filme passou quase que desapercebido internacionalmente nas semanas que antecedem a sua estreia. O trailer oficial virou motivo de piada e um fan-trailer no Youtube apresentou mais qualidade (e recebeu mais atenção) do que o trailer oficial. Nas pesquisas de pré-estreia a maioria das mulheres descartou a ideia de assisti-lo e, na semana de estreia, o longa enfrenta grande concorrência de "O Lorax" que se saiu muito bem na bilheteria na semana passada. Além disso, nas próximas semanas a concorrência aumenta com "Anjos da Lei" e "Jogos Vorazes". Para muitos o filme de Stanton terá grandes dificuldades para recuperar seu investimento. Bom, nada disso tem ajudado o filme, o que de fato é uma pena pois John Carter tem muitas qualidades.

Baseado em uma série de livros escritos apartir de 1912, o filme trata de um capitão confederado americano que acaba sendo transportado para Marte e lá se envolve no conflito entre duas cidades enquanto tenta retornar para a Terra. Lá, ele descobre ter a habilidade de pular longas distâncias e ter uma agilidade maior do que o normal devido a diferença de gravidade e seu caminho se cruza com o da Princesa Dejah, prometida em casamento ao vilão Sab Than.

A principal qualidade é o ritmo. Desde que a trama se inicia, ainda no velho oeste americano, até as aventuras de John em Marte (conhecida pelos nativos como Barsoon) o filme nunca deixa o espectador ficar entediado ou desapontado. A trama tem uma energia e vai se desenvolvendo sempre prendendo a atenção do espectador e tudo isso sem nunca apelar para a ação desenfreada ou para cenas gratuitas. Stanton obviamente escolheu um clima para sua obra e não faz concessões durante sua projeção, John Carter nunca desvia do que se propõe desde o primeiro minuto: entreter e contar sua história da maneira adequada. Porém, essa mesma escolha do diretor acaba não permitindo que alcance todo o seu potencial. Enquanto ganha pontos por não se levar a sério demais, ele mesmo constrói uma aura de épico que nunca é completamente satisfeita. Tivesse ele arriscado mais, poderíamos ter aqui um novo "Coração Valente" intergaláctico, ou poderiamos ter uma absoluta bomba exposta ao ridículo de sua proposta excessivamente fantasiosa. Stanton preferiu seguir o caminho do meio e nos entregou um filme mediano, mas com momentos que nos fazem lembrar do talento por trás de Wall-E e Procurando Nemo.
O meu maior temor em relação ao filme era o protagonista, Taylor Kitsch. O roteiro é fortemente centrado em seu personagem principal e eu não tinha referências do ator (além de uma breve aparição como Gambit em X-Men Origins: Wolverine) e estava esperando pelo pior. Kitsch surpreende e entrega um herói interessante que passa longe do personagem unidimensional comumente apresentado pela Disney. Lynn Collins, a princesa de Barsoon e candidata a par romântico de Carter, é um colírio para os olhos e tem talento o suficiente para se sair bem da enrascada de ter as frases mais piegas do roteiro.

Willem Dafoe apenas dubla a sua "projeção" alienígena chamada Tars Tarkas, mas faz um trabalho tão bom que se torna um coadjuvante indispensável. O resto do elenco é competente, as únicas exceções são Ciaran Hinds e Mark Strong que foram as únicas má escolhas no elenco. O primeiro tem um sutileza que não pode ser apreciada no patético papel Tardos Mors, o fraco rei da facção bondosa de Barsoon, e o segundo tem uma intensidade inadequada ao mais contemplativo, mas de nenhuma forma  inofensivo, Matai Shang.
A parte técnica do filme é muito boa. Os efeitos especiais são um pouco inconstantes, algo mais relacionado ao seu uso junto com o 3D, o que os acaba evidenciando desnecessariamente, do que a qualidade dos efeitos. Algumas sequências com as naves são impressionantes, mas infelizmente as sequências que mostram John pulando (especialmente grandes distâncias) ficam um pouco 'capengas'. O próprio 3D é impecável, um dos melhores usos da tecnologia desde Avatar. No início, ele dá um sensação de espetáculo grandioso e depois dá impressão de profundidade que acaba permitindo uma imersão maior no filme.

A trilha sonora de Michael Giacchino faz um óbvia homenagem aos momentos mais românticos de John Williams evocando temas de "Os Caçadores da Arca Perdida" e "Star Wars". Infelizmente Giacchino não cria um tema principal para o filme e essa falta é sentida durante a projeção.

O que realmente pode frustrar o espectador é o fato de que não há nada original aqui. Se você assistiu a Avatar, Star Wars e quaisquer outras obras de ficção-científica dos últimos 100 anos, a história de John Carter pode lhe parecer estranhamente familiar. Mas o filme tem algo especial em sua defesa, todas essas obras beberam da fonte original na qual o filme é baseado. Os livros de Edgar Rice Burroughs (que recebe uma bela homenagem como o sobrinho de Carter) completaram 100 anos em 2012 e foram fonte de inspiração para várias obras que se seguiram. O filme pode não ser necessariamente original mas é a versão cinematográfica definitiva da obra de Burroughs.


3 de março de 2012

O ARTISTA (The Artist, 2011)

Quem nos presenteia hoje com seu ponto de vista crítico é Huanri Lin, nosso grande parceiro e diretor do curta O Funcionário. Ele assistiu ao filme O Artista e nos conta o que achou desta obra-prima. Confiram:

O Artista: uma história de amor; e amor ao cinema.

A premiação do Oscar 2012 passou e deixou como grande laureada a produção francesa "O Artista": foram arrebatadas 5 estatuetas (melhor filme, melhor diretor- Michel Hazanavicius, melhor ator-Jean Dujardin, melhor trilha sonora original e melhor figurino), resgatando um velho formato dos primórdios do cinema: mudo e em preto e branco. O Artista nos traz muitas das qualificações e pechas que permeiam os manjados debates sobre cinema: é entretenimento, arte, fruto da indústria, história do cinema e obra-prima. Uma mistura e um diálogo, o tempo todo, entre essas diferentes facetas.

Estamos em 1927 e George Valentin (Jean Dujardin) é um dos maiores astros do cinema mudo hollywoodiano. Gozando de fama e prestígio, Valentin massageia o ego com sua imensa popularidade. Em mais uma estreia de sucesso, o ator posa para fotos em meio ao delírio dos fãs. Eis que Peppy Miller (Bérénice Bejo, indicada ao Oscar como melhor atriz coadjuvante) , uma de suas admiradoras presentes na multidão, acaba esbarrando no artista, que acha graça da situação e aproveita para fazer uma foto com a jovem. A imagem da garota desconhecida ao lado do grande Valentin percorre os tablóides e acaba estimulando Peppy a tentar a sorte em um teste como figurante no mesmo estúdio do astro. Uma vez aprovada, a jovem vai demonstrando seu talento e carisma, galgando papéis mais relevantes até tornar-se também uma estrela. É nesse momento que ocorre uma cisão na história do cinema e na vida dos protagonistas: o advento da fala nas produções faz com que os filmes mudos do prepotente e cético Valentin se tornem ultrapassados e desinteressantes. Por outro lado, a novidade dos filmes falados estrelados por Peppy Miller é sucesso na certa.
A partir daí, o que se vê é uma sutil homenagem à história do cinema contada com simplicidade e brilhantismo. Jean Dujardin (ao lado da ótima Bérénice Bejo) faz jus à estatueta recebida e também ao papel-título do filme: o ator francês é um legítimo entertainer: interpreta, dança, diverte e emociona. Se o seu personagem teve dificuldades para se adaptar ao cinema falado, Dujardin (assim como o belo trabalho de direção de Michel Hazanavicius e a fiel fotografia de Guillaume Schiffman) parece ter mesmo sido criado no cinema mudo da década de 20. A cena final é virtuosa e arrebatadora. Também merece destaque o cativante cãozinho terrier Jack, exibindo seus truques e carisma e roubando a cena dos protagonistas.

Ao retratar a evolução das primeiras produções e a passagem para a era da grande indústria cinematográfica, O Artista é uma história contada para apaixonados pela sétima arte. Quem ainda não é, corre grandes riscos de se tornar um.


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