Se existe alguma religião baseada na idolatria à arte cinematográfica, um dos dogmas seria a obrigação de assistir a uma das parte de O Poderoso Chefão ao menos uma vez por mês. Os infiéis, que se negarem a assistir, estariam condenados a queimar no inferno!
Sim, o filme é, provavelmente, o melhor filme já feito na história, considerando suas três partes como uma única obra. A direção de Francis Ford Coppola é perfeita, a fotografia é fantástica e a atuação de todos os atores é inquestionável. O filme tornou-se referência para os gêneros que então surgiram, como filmes de máfia e gângsters, redes de intrigas, conflitos pessoais, reflexão sobre bem e mal.
Essa é a história que Mario Puzo escreveu: o drama de um homem, mau por natureza, mas que quer o bem para si e para sua família, sem perder o respeito. Talvez, pela 1ª e única vez, uma adaptação fílmica conseguiu ser melhor que o original literário.
O personagem de Al Pacino, Michael Corleone, é considerado um dos maiores vilões de todos os tempos na história do cinema, ao lado de personagens emblemáticos como Darth Vader (Guerra nas Estrelas) e Dr. Hannibal (O Silêncio dos Inocentes), mas ele podia estar também na lista dos heróis. Dificilmente conseguimos ver sob esse ponto de vista, porque ele é mau até os ossos.
Após a morte se seu pai, Don Vito Corleone, Michael assume os negócios da família e torna-se o Don. Para se vingar daqueles que mataram seu pai, seu irmão e tentaram matá-lo ele inicia um banho de sangue, com a promessa de que irá limpar o nome da família. Manda matar seu cunhado, deixando sua irmã viúva, põe em risco inúmeras vezes a vida de pessoas ao seu redor antes da sua e, o pior de tudo, mandou matar o próprio irmão.
Seu objetivo sempre foi legalizar os negócios da família, a fim de dar um futuro melhor para seus filhos, mas ele precisava manter o poder e o respeito. No entanto, parece que a vida estava contra ele, sempre, pois todas as vezes que tentava sair da máfia, as demais famílias o puxavam de volta, sem deixar saída para ele que não fosse a guerra.
Quando se assiste 30 vezes o filme, é possível perceber o quanto Michael sofreu durante a vida para se libertar. Al Pacino parece ter sofrido junto. É questionável o que um homem faz pela sua vida, mas será que ele tinha outra alternativa? Assistam e tirem suas próprias conclusões. É esse poder que o Cinema tem de abalar e influenciar as nossas vidas que fez com que O Poderoso Chefão seja tema de estudos e debates em universidades de Direito, Sociologia e demais ciências humanas no mundo afora.
Algumas dicas para quem já assistiu algumas vezes é se dar conta de que alguns elementos estão presentes nas três parte. Todos iniciam com uma festa, criticam a hipocrisia da igreja católica com as atitudes de seus membros e seguidores; em cada filme, dois membros da família Corleone morrem, um de morte natural e outro assassinado; os atores são os mesmos desde o primeiro filme em cada personagem... entre tantos outros elementos que vamos percebendo.
Assistam ou queimem no inferno.
Esse vale a pena, sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário