25 de maio de 2018

Deadpool 2



Sempre gosto de comparar o gênero faroeste com o gênero de adaptações de HQ de super heróis para o cinema e que anda dominando as salas do mundo todo. Em ambos os casos, eles arrastaram multidões para o cinema, mas uma hora ou outra há do gênero sofrer uma queda de esgotamento por ideias novas. O faroeste, por exemplo, foi tão levado para o cinema durante as suas décadas de ouro que hoje é cada vez mais raro assistir algum titulo do qual consiga resgatar os bons e velhos tempos desse gênero.
Não que o gênero de super heróis para o cinema esteja numa fase decadente, muito pelo contrário, pois basta vermos o último sucesso de Vingadores – Guerra Infinita para termos uma noção da força que esse tipo de filme consegue ainda obter em arrastar o grande público. Porém, até mesmo o mais fanático reconhece que, alguns títulos, são algo mais do mesmo do que já foi visto em outros filmes. Quando isso acontece então, ou procurasse inovar, ou se faz uma crítica ao próprio gênero e se tirando daí algo até mesmo criativo para não tão cedo ser esquecido.
Os produtores da Fox perceberam isso, ao ponto de se render ao risco e testar algo novo. Se a franquia X-Men ao longo dos anos inovou, por outro lado, não escapou de certas barbeiragens como foi no caso de Wolverine: Origens. Mas foi, sem mais nem menos, num projeto desacreditado como Deadpool que, não só conseguiram mais ovos de ouro para os seus cofres, como também deram um passo à frente dentro do gênero que foi simplesmente satirizando ele próprio. Muito disso se deve também a persistência Ryan Reynolds, pois era o seu sonho em levar o personagem para o cinema de uma forma decente e que conseguisse alcançar o seu tão sonhado estrelato.
O primeiro Deadpool é uma montanha russa de piadas chulas, cheias de referências a cultura pop, com uma violência explicita cartunesca e sedutora. Elogiado pela crítica, além de grande sucesso de público, o filme foi até mesmo indicado a prêmios importantes como o Globo de Ouro. Mas como no mundo do cinemão americano é movido pelo dinheiro, era uma questão de lógica que haveria um Deadpool 2 e que, embora não traga nada de novo do que já havia sido feito anteriormente, a pessoa irá ter uma boa dose de gargalhadas ao longo de duas horas de longa metragem insano, divertido, crítico e satírico ao extremo.
Dirigido por David Leitch (Atômica), o filme acompanha uma fase de baixo astral de Deadpool (Ryan Reynolds), chegando ao ponto de até mesmo querer morrer. Consegue ter algum sentido na vida ao participar da equipe dos X-Men, auxiliado pelo seu amigo Colossus e de sua escudeira Dopinder (Karan Soni). Em uma missão, Deadpool decide ajudar um jovem mutante chamado Russell (Julian Dennison), que é abusado numa instituição e que começa a ser perseguido por Cable vindo do futuro.
O filme possui apenas um fiapo de história, mas isso é o que menos importa, pois não é uma questão de ser ou não uma história superior se for comparado ao filme anterior, mas sim de manter o que havia de melhor e nos brindar com tudo em dobro. Aqueles que forem assistir ao filme no cinema irão morrer de rir das situações absurdas que acontecem, principalmente numa trama em que as regras da física vão simplesmente para o espaço. O filme se torna ainda mais divertido principalmente para aqueles que estão por dentro de tudo que rola da cultura pop, que vai desde aos filmes, HQ, música, política e dentre outros assuntos que dominam a mídia.
Nesse caso não há nenhum freio de mão, já que o protagonista metralha com suas inúmeras piadas que vai em direção a concorrente direta que é a DC/Warner, ao ponto de tirar o maior sarro dos últimos títulos como Batman VS Superman e liga da Justiça.  Mas como se isso não é o bastante, as piadas atacam até mesmo o próprio universo cinematográfico mutante da Fox, onde se faz referências aos filmes recentes e aos mais antigos. Falando nisso, não saia da poltrona durante os créditos, pois ocorrerão umas das melhores piadas com relação alguns erros grotescos da franquia dos X-Men e que com certeza lavará a alma de inúmeros fãs.
Definitivamente Ryan Reynolds encontrou em Deadpool o personagem de sua vida, pois o ator tagarela sem parar, lança piadas chulas ao estremo e se sente sempre a vontade de até mesmo fazer piada da sua pessoa. Aliás, com relação às piadas, embora eu ainda prefira filmes legendados, é preciso reconhecer que os nossos tradutores para a dublagem do filme fizeram um excelente trabalho com relação às piadas, já que muitas somente os norte americanos entenderiam e se fossem traduzidas ao pé da letra por aqui ficaria um tanto que sem sentido. O resultado é uma linguagem chula ao extremo, das quais o brasileiro entende e a gente só agradece.
Com relação em termos de fidelidade, o filme é um dos títulos X que mais teve liberdade criativa para se fazer o que bem entender e, portanto, espere para testemunhar situações imprevisíveis e muito divertidas. Não é segredo para ninguém que os roteiristas inseriram o grupo X-Force durante a trama, mas o que ninguém imaginava o que aconteceria depois. Se por um lado terá fã ranzinza criticando pelo que irá acontecer, por outro, muitos irão rir da situação absurda e com o direito a uma aparição surpresa de um galão de Hollywood.
Falando sobre o grupo, Josh Brolin (visto recentemente como Thanos no último Vingadores) está á vontade como o mutante Gable vindo do futuro e fazendo cara de mal a todo momento. Assim como foi dito acima, não espere por uma fidelidade com relação à origem e caracterização do personagem, mas a meu ver, Gable foi um exemplo do exagero negativo que os roteiristas de HQ dos anos 90 fizeram com relação à criação de determinados personagens e aqui ele funciona justamente pelo fato desse exagero ser limado e tornando o personagem muito bem vindo as telas. O filme já é um exagero no bom sentido e trazer esse exagero negativo dos anos 90 para as telas aí sim seria o maior erro feito para o filme como um todo.
Sincero em sua proposta do começo ao fim, Deadpool 2 irá fazer a sua garganta doer de tanto rir e fazendo a gente sempre querer revisitar esse herói louco, tagarela e boca suja.  


3 de maio de 2018

Vingadores - Guerra Infinita



As frases "paciência é uma virtude", ou "quem espera sempre alcança", nunca se encaixaram tão bem quanto para o estúdio Marvel. Diferente de certos concorrentes, o estúdio preferiu apresentar o seu universo expandido no cinema de uma forma gradual ao longo desses dez anos, ao ponto de vermos heróis se cruzarem no mesmo filme passou a ser algo rotineiro e um colírio para os olhos de qualquer fã que se preze. Porém, Vingadores: Guerra Infinita é o ápice desse projeto ambicioso, onde vemos praticamente todos os heróis se reunirem para combater o maior perigo que eles jamais enfrentaram.
Dirigido pelos irmãos Joe Russo e Anthony Russo (dos últimos filmes do Capitão América), o filme finalmente apresenta Thanos, alienígena da Lua Titã, cuja ambição é reunir as seis joias do infinito, para que assim possa dizimar metade do universo e obter o equilíbrio que ele tanto deseja. Porém, o vilão terá que cometer certos sacrifícios, dos quais não terão volta e que terá sérias consequências futuramente. Vendo o genocídio se aproximar, os principais heróis da terra e da galáxia unem suas forças para tentar deter Thanos e para que ele nunca consiga obter todas as joias.
Tendo feito um ótimo trabalho em Capitão América: Soldado Invernal e Guerra Civil, os irmãos Russo tiveram carta branca para comandar o projeto que todos estavam esperando ao longo desses anos, mas ninguém imaginou que o filme se tornaria tão épico e imprevisível. O início já começa arrasador, onde voltamos aonde Thor Ragnarok havia terminado e mostrando as consequências com a chegada de Thanos a nave de Asgard. Os minutos iniciais já nos tiram o fôlego e nos dando uma dica do que irá prosseguir ao longo das mais de duas horas de filme.
O que mais impressiona é que, finalmente, a Marvel apresentou um vilão que realmente rouba a cena e essa tarefa acabou no colo do ator Josh Broli (que será visto no próximo Deadpool). Surgindo rapidamente durante os créditos de Vingadores e como mero coadjuvante no primeiro filme de Guardiões da Galáxia, Thanos surge aqui com um objetivo megalomaníaco, mas que, graças a interpretação de Broli, faz com que compreendemos o seus sentimentos com relação em querer salvar o universo do seu modo, mesmo que por mais horrível que seja as consequências que irão surgir para obter tal feito. Embora seja moldado com efeitos visuais, Thanos é, surpreendentemente, o personagem mais humano,  melhor trabalhado ao longo de todo filme e sendo o verdadeiro protagonista da obra como um todo.
Outro fator surpresa, o que faz com nos identifiquemos ainda mais com o personagem, é a sua relação complexa que ele possui com a sua filha adotiva Gamora (Zoe Saldana) da equipe dos Guardiões Da Galáxia. É nesses momentos que se tornam o maior trunfo do filme, onde as perseguições e efeitos visuais ficam um pouco de lado e dando lugar a interpretações comoventes, principalmente de Saldana onde tem um papel essencial  em meio ao grande conflito. E se alguns heróis acabam se tornando mera decoração devido a tantos eventos e personagens que surgem ao mesmo tempo, eis que outros, como o Doutor Estranho, por exemplo, se tornam as peças principais com relação ao futuro de todos.
Divididas em três subtramas, duas no espaço e uma na terra, o filme é um verdadeiro show de efeitos visuais de ponta, além de lutas corpo a corpo e batalhas campal de tirar o fôlego. Vale lembrar que o filme ainda vem no embalo do grande sucesso que foi Pantera Negra e o cenário de Wakanda não poderia ficar de fora. Adianto que os momentos mais dramáticos de toda a trama se encontram lá e que irá culminar no momento mais trágico de todos esses dez anos de Marvel no cinema.
Se muitos reclamaram da falta de coragem da Marvel em ousar, eis que aqui o estúdio paga para nós e com juros. Espere por perdas, mortes, tristeza e falta de esperança. É O Império contra ataca do estúdio e que só veremos a conclusão dessa tragédia grega ano que vem. 
Vingadores - Guerra Infinita possui todos os ingredientes do sucesso Marvel lançados até aqui e gerando um épico cinematográfico que dificilmente iremos esquecer.

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