A Bruxa de Blair de
1999 pegou todo mundo desprevenido, pois ele foi promovido como se realmente
fosse um documentário real e que os eventos vistos na tela realmente
aconteceram. Naquele ano a internet ainda engatinhava, ao ponto de não haver
muitas informações sobre o que era realmente a obra. A possibilidade de tudo
ser verídico somente aumentou com o lançamento de um documentário de uma hora
de duração que foi exibido uma semana antes na TV americana e que fez do filme
parecer ainda mais autêntico.
Após a estréia, foi
desvendado aos poucos que tudo não passou de pura propaganda orquestrada pelos
criadores, mas que foi o suficiente para o filme se tornar um grande sucesso de
bilheteria daquele ano e se transformar aos poucos em objeto de culto. Não
demorou muito para que o filme ganhasse uma continuação (Bruxa de Blair 2: O
Livro das Sombras), mas que todos atualmente se esqueceram devido a sua
ruindade. Passados quase vinte anos após o lançamento do cultuado filme, eis
que chega Bruxa de Blair que, além de ser uma continuação, o filme é uma
espécie de releitura do filme original, respeitando os fãs e nos brindando com
alguns momentos que realmente nos prende na cadeira.
Dirigido pelo
cineasta Adam Wingard, o filme já começa com uma cena de dentro da horripilante
cabana vista no filme de 1999, mas dando a entender que ela foi gravada
recentemente. James (James Allen McCune), ao ver o vídeo pela internet, decide
então adentrar na floresta, já que ele é irmão da desaparecida Heather e que acredita
que ela ainda possa estar viva após todos esses anos. Com um grupo de amigos
mais equipamento de filmagem sofisticado, todos adentram a floresta que foi
palco daqueles eventos misteriosos.
Não é preciso ser
gênio em adivinhar que a idéia deles entrarem naquela floresta é uma péssima
idéia e que, gradualmente, coisas estranhas começam acontecer naquele lugar.
Tudo o que aconteceu no filme original acontece aqui novamente, mas diferente
do que foi visto em 1999, aqui as situações são vistas numa escala maior e
tornando tudo mais assustador. Porém, não é pelo fato da tecnologia de hoje
tornar tudo mais crível que é obrigatoriamente tornar tudo mais explicito, pois
não espere a aparição da bruxa, sendo que ela surge de uma forma quase que não
dê para identificar o que ela é exatamente.
Tudo isso para tornar
o clima de mistério ainda mais saboroso para ser degustado, mas que ao mesmo
tempo, jogando uma luz de possibilidades sobre o que realmente acontece naquele
lugar. Com jogos de luzes, sombras e movimentos de câmera bem arquitetados, a
trama levanta inúmeras teorias, desde viagem do tempo, congelamento do tempo,
alienígenas e possessão demoníaca. Nada disso ofende os fãs do cultuado filme,
mas sim respeitando e fazendo com que a imaginação trabalhe nos minutos que
acontecem esses fenômenos inexplicáveis.
A produção somente
peca pelo fato de boa parte dos integrantes do grupo se tornar desinteressante
e fazendo com que não nos importemos muito com eles quando cada um tem o seu
destino selado. A trama acaba por então se concentrando mais nas duas figuras
que são James e sua amiga Lisa (Callie Hernandez), sendo que essa última acaba
se tornando, mesmo que involuntariamente, a protagonista de momentos de pura
angustia principalmente no terceiro ato final da trama. O final, aliás, retorna
justamente na casa vista ao final do filme original, mas ao invés de repetir o
que já foi visto, a casa acaba se revelando muito mais assustadora do que nunca
e fazendo com que até mesmo a própria famigerada floresta se tornasse um lugar
até mais seguro do que aquele local.
Com pouco mais de uma hora e
meia, Bruxa de Blair é um filme seqüência digno de nota, cuja sua releitura do
clássico acaba tornando a sessão muito mais assustadora e prazerosa.
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