Sempre quando via e revia Procurando Nemo eu sempre enxergava Dory como uma espécie de anjo da guarda para Marlin, pois sem ela, ele jamais teria chegado ao seu destino e encontrado seu filho Nemo.
Passado mais de uma década, Procurando Nemo virou um clássico instantâneo, fazendo com que todo fã desejasse um dia revisitar aquele mundo mágico do fundo do oceano. Eis que então surge Procurando Dory, um filme que situa a peixinha azul como protagonista e coloca uma luz em seu passado até então misterioso. Já nos primeiros minutos do filme conhecemos Dory quando era pequenininha, sendo muito bem cuidada pelos seus pais, já que desde cedo ela sofre de perda de memória recente. Mesmo tentando se esforçar para não esquecer, Dory acaba se perdendo dos seus pais e cresce procurando eles, mesmo quando se dá conta que não sabe mais exatamente o que está procurando. Os flashbacks dos primeiros minutos da trama terminam exatamente quando Dory conheceu Marlin, quando esse último estava correndo atrás do barco que estava levando Nemo e é ai que a trama começa, voltando para o presente.
Dirigido pelos cineastas Andrew Stanton e Angus MacLane, o filme não é somente direcionado para o público jovem, mas também para aquelas crianças que cresceram curtindo e amando aventura anterior. Porém, como é de costume nas produções Pixar, o filme possui uma forte carga de mensagens bem adultas, das quais, talvez, algumas crianças não venham a entender, mas deixará os adultos emocionados. Não tem como não se emocionar com cada momento em que Dory vai conseguindo se lembrar dos seus pais e fazendo com que ela vá à procura deles custe o que custar.
Acompanhado de seus amigos Marlin e Nemo, a cruzada de Dory a leva para um parque aquático, onde algumas pistas localizadas fazem com que sua memória dispare inúmeras imagens que ela havia esquecido. É surpreendente como pequenas coisas fazem com que a memória da protagonista funcione, fazendo com que ela mergulhe num passado cheio de amor, mas do qual também sentiu a perda ainda muito cedo. No parque aquático, Dory acaba descobrindo que tem uma amiga baleia com problemas de cegueira e é a partir dela que descobrimos como ela sabia se comunicar com outras baleias. Essa e outras descobertas são reveladas ao longo da aventura, destrinchando alguns segredos até então desconhecidos da personagem.
É destes segredos que descobrimos também porque uma personagem, com um problema tão grande como perda de memória, consegue ter uma alta estima tão grande e superando obstáculos que parecem impossíveis de serem superados. Ela acaba então se tornando uma contra-parte do novo personagem que surge em cena que é Hank, uma lula que sempre deseja fugir para um lugar isolado. É claro que esse encontro de dois mundos irá fazer com que ambos aprendam um pouco um do outro e gerar inúmeros momentos de boas reflexões.
Embora com inúmeras cenas de ação de encher os olhos, são, na realidade, as cenas dramáticas que fazem com que os nossos olhos se encham de lágrimas. Dory tinha todos os motivos que a levassem a desistir de tudo, mas é graças aos ensinamentos dos seus pais, do qual ela guardou fundo na sua alma, é o que fez dela ser o que é e continuar a nadar e nunca desistir. As cenas em que ela busca lembranças das mais simples coisas, como pequenas conchas (peça chave), e que fará com que ela siga uma linha de raciocínio, são emocionantes e uma lição de vida para toda pessoa que acha que qualquer problema lhe torna então incapaz de seguir adiante.
Com uma bela homenagem ao filme A Origem nos minutos finais do ato final da trama, Procurando Dory termina com a nossa protagonista partindo para o mar infinito, fazendo com que a gente deseje que ela não vá muito longe para não se perder, mas ao mesmo tempo a gente tem a absoluta certeza que ela achará o caminho de volta, pois ela mesma sempre nos ensinou a continuar a nadar para então achar a solução.
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