2 de fevereiro de 2015

A TEORIA DE TUDO (The Theory of Everything, 2014)

Baseado no livro Travelling to Infinity: My Life with Stephen de Jane Wilde Hawking, o filme foi dirigido por James Marsh. A proposta publicitária do longa-metragem é contar a história de amor entre o gênio da física Stephen Hawking e sua ex-mulher Jane Wilde, com quem teve 3 filhos. O romance entretanto é apenas o pano de fundo, sendo que o foco da narrativa toda é a genialidade de Stephen e seu anseio por enfrentar a vida e encontrar uma equação matemática que explique a origem do universo ou, seja, uma equação que simplesmente explique tudo. A história é encantadora, cheia de momentos de emoção, recheados com o ótimo humor de Hawking que enfrenta, até hoje, com dignidade, a sua doença.

A tela abre mostrando o jovem Stephen Hawking (Eddie Redmayne, de Os Miseráveis) na Universidade de Cambridge trabalhando por seu doutorado em física. Já com alguma dificuldade motora na mão direita, ele conhece, em 1963, a estudante de poesia Jane Wilde (Felicity Jones, de O Espetacular Homem-Aranha 2). Eles começam um romance quando, num belo dia, Stephen tem uma crise e vai parar no hospital, onde é diagnosticado com a doença do neurônio motor, uma doença que lhe tirou as habilidades de falar, engolir, andar, gesticular, mas que mantém sua mente intacta.

Ao saber da previsão de Stephen tem, no máximo, 2 anos de vida, Jane declara seu amor e que está disposta a enfrentar a doença com ele. Eles se casam e ele tira com louvor o seu doutorado, com a teoria de que o tempo, no universo, deve ter tido um início e que, portanto, é possível comprovar o princípio de tudo matematicamente.

Apesar dos problemas motores se agravarem, Stephen segue sua vida, tem filhos com Jane e muda o foco de sua pesquisa, tentando provar que estava errado quando tirou seu doutorado e que o tempo não tem início, nem fim, mas que mesmo assim, a organização do universo pode ser comprovada por uma equação matemática e, mesmo se considerando ateu, não descarta que uma força superior pode ser a responsável por tudo.
Com apoio de amigos, colegas, professores e da esposa, ele lança seu primeiro livro "Uma breve história do Tempo", que lhe concedeu a grande fama internacional e o colocou como uma das mentes mais brilhantes do século XX. Ao mesmo tempo, seu casamento passa por uma crise: sua esposa inicia um romance com um regente de coral, que torna-se um grande cuidador de Hawking que, por sua vez, apesar de totalmente dependente de sua cadeira de rodas elétrica e um computador para falar, também inicia um romance com sua cuidadora.

Stephen e Jane se divorciaram antes do lançamento do livro em 1988, mas mantêm amizade até hoje. Stephen, que rejeitou o título de Cavaleiro da Rainha da Inglaterra, continua atrás de sua resposta matemática e já escreveu muitas outras obras que expandem seu pensamento (como O Universo numa casca de noz), e segue popular, tendo participado recentemente da série de TV nerd Big Bang Theory.
A produção britânica acertou ao escolher Marsh, especialista em documentários, para dirigir uma obra tão recheada com fatos biográficos. Acertou mais ainda em escolher Eddie Redmayne para interpretar o gênio Hawking. Redmayne encantou a muitos com sua voz e desenvoltura no musical Os Miseráveis, mas sua atuação fabulosa em Sete dias com Marilyn, já dava amostra de sua grandiosidade. Aos 33 anos Redmayne merece indiscutivelmente ganhar o Oscar de melhor ator. Sua atuação lembra em muito as dificuldade enfrentadas por Daniel Day-Lewis ao interpretar o pintor Christy Brown, em Meu pé esquerdo, de 1989. O restante do elenco trabalha bem, e funciona como ótima escada para Redmayne conquista seu espaço na telona, mas não há grandes destaques.

Em suma, o filme é sobre a mente de Stephen Hawking e seu romance com Jane Wild é apenas um pano de fundo para tornar a obra mais interessante e mostrar que apesar de sua genialidade, Hawking é humano, falível e dependente dos outros como qualquer um.

Um excelente filme, merece ser visto e revisto.


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