Nos últimos dias de 2014, muitos críticos lançaram as suas listas sobre os melhores filmes do ano, sendo que houve inúmeros títulos indispensáveis que foram lembrados merecidamente, mas que infelizmente alguns ficaram de fora dessas listas. Alguns que são realmente bons nem passaram nos cinemas, o que torna uma verdadeira injustiça, pois a qualidade de alguns títulos merecia ser vista na tela grande. O Predestinado infelizmente não chegou aos nossos cinemas, indo direto para locação, mas merece ser descoberto, pois possui uma das tramas mais surpreendentes dos últimos anos.
Dirigido pelos irmãos Michael Spierig e Peter Spierig (2019: O Ano da Extinção) o filme acompanha as missões de um agente temporal (Ethan Hawke), cuja a missão é viajar no tempo e impedir que um terrorista continue viajando na linha temporal e matando pessoas. Ao mesmo tempo, o mesmo agente começa a ter uma inusitada conversa com um homem estranho chamado John (Sarah Snook, espetacular), que começa a contar a sua intrigante origem. A conversa do bar é ponto de ignição para muitos eventos que irão prosseguir ao longo da trama.
Falar mais sobre a história seria estragar inúmeras surpresas que irão ocorrer durante a projeção. Se muitos ficam confusos com certas tramas de viagem do tempo (vide De Volta para o Futuro ou O Exterminador do Futuro) é porque vocês ainda não viram nada. Os irmãos Spierig levantam na trama inúmeras questões: quem nasceu primeiro? A galinha ou ovo? Por incrível que pareça a resposta se encontra nesse filme!
Ao mesmo tempo que é uma mirabolante trama de ficção, o filme também é uma metáfora sobre o ego, ou melhor dizendo, sobre se sentir sempre superior perante as pessoas e não permitir uma aproximação com relação ao próximo. O que leva a pessoa ao individualismo e até mesmo o desejo a si próprio. Entenderam a charada?
Os cineastas foram incríveis ao criar um filme onde quase não há efeitos visuais, mesmo numa trama que poderia exigir muito de pirotecnia. Em vez disso, tecnicamente, é tudo feito de uma forma simples, sendo que o roteiro é a principal fonte de energia para o filme como um todo. Porém, os irmãos Spierig se empenharam em fazer belas reconstituições de época em que os personagens viajam no tempo (dos anos 40 até os anos 70) e criaram um estilo que remete muito bem ao gênero noir.
O Predestinado é aquele tipo de filme que merece ser visto e revisto inúmeras vezes, pois uma ou duas vezes jamais será o suficiente. Na primeira vez que assiste você fica confuso, mas na segunda começa a fazer sentido e na terceira em diante você se maravilha cada vez mais. É claro que nem tudo é perfeito, pois se for um cinéfilo mais atento (ou entendedor sobre o paradoxo) irá reparar um furo ou outro, mas nada que denegrida o resultado final.
Com uma cena final que representa exatamente o que a gente sente após ter assistido a trama, coloco a mão no fogo em dizer que O Predestinado será um filme a ser debatido, questionado e cultuado nos próximos meses.
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