Dizem que a maior história de todos os tempos é a nossa própria história. Louis Zamperini (1917 – 2014) é um bom exemplo que sintetiza isso, pois passou por inúmeras vidas em uma só: de um menino que roubava com apenas 9 anos de idade, para um atleta revelação que impressionou o mundo na corrida das Olimpíadas de 1936 em plena Alemanha Nazista.
Indo para guerra, acabou enfrentando de frente aviões japoneses e ao lado de dois companheiros, acabou perdido no mar por 47 dias, tendo que enfrentar fome, sede e inúmeros tubarões em volta. Mas o pior estava por vir, no momento que é pego pelo exercito japonês, justamente quando os dois países estavam vivendo o seu maior conflito naquele período. É claro que, como toda boa história verídica que se preze, ela já estava sendo sondada há um bom tempo por Hollywood, mais precisamente logo após ele ter voltado para a sua família.
Após inúmeros anos se passando e nada de uma adaptação para as telas, coube a ninguém menos que a própria Angelina Jolie (vinda de um ano bom após o sucesso de Malévola) rodar uma super produção como esta. Embora tenha apenas dirigido um filme anterior (Na Terra de Amor e Ódio) ela soube contornar alguns problemas bem nítidos, como o lado lacrimoso da trilha composta pelo premiado Alexandre Desplat e de alguns personagens interessantes que surgem em cena, mas que logo são esquecidos. A fórmula certa por ela ter conseguido driblar esses pesares, foi ter se empenhado ao máximo na criação de belas imagens, onde as cenas de combate em alto mar nos remetem diretamente há outras clássicas como Asas e a bela fotografia de Roger Deakins se tornam então a cereja do bolo nesses momentos e nos fazem a gente se esquecer de alguns deslizes.
Uma prova que Angelina tem futuro como cineasta é na sua escolha de elenco pensada, porém inusitada: Jack O'Connell como protagonista é uma verdadeira revelação, pois embora meio que desconhecido do grande público, seu desempenho como Louis Zamperini é uma prova que ele veio pra ficar. Mas o seu desempenho em cena, somente se torna completo, quando ele contracena com o cantor pop do Japão, Miayvi, atuando pela primeira vez na vida e como carrasco de um campo de prisioneiros que inferniza a vida do protagonista. Ambos acabam tendo uma relação complexa, em que admiração e ódio um contra o outro se enlaçam em vários momentos angustiantes.
No final das contas é um filme, cujo verdadeiro vilão não existe de nenhum dos lados, mas sim sendo a própria guerra, que é uma droga (até nos dias de hoje) e serve unicamente para transformar pessoas, não somente em combatentes, como também em companheiros do próximo e que pensam de alguma forma em ajudar uns aos outros.
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