Uma mulher comum, madura, separada do marido já há alguns anos e com dois filhos adultos. Por esta pequena descrição, pode-se ter uma noção não muito complexa sobre a protagonista do filme do diretor chileno Sebastián Lelio. Contudo, esta personagem interpretada por Paulina García, aos poucos, conquista o espectador e mostra seu modo independente, livre e desafiador diante da vida.
Com filhos já independentes e sem ter o que fazer à noite depois do trabalho, Gloria frequenta bailes voltados para a terceira idade: lá se diverte dançando e conhece homens que, invariavelmente a decepcionam. Um dia, no entanto, ela encontra Rodolfo (Sergio Hernández) de 65 anos, ex-militar da marinha, recém-divorciado, e eles começam a ter uma relação mais próxima. No entanto, as diferenças de comportamento e de visão de mundo interferem no relacionamento deles.
Claudia deseja compartilhar Rodolfo com a sua família, mas ela não soube exatamente como fazer isso. Da mesma forma que Rodolfo não soube medir as consequências de suas atitudes no mesmo dia que conhece a família dela, gerando então uma situação embaraçosa. O filme acaba criando certa expectativa a cada cena, pois ficamos nos perguntando qual vai ser a reação desse improvável casal, de acordo com as atitudes um do outro.
O mérito do filme chileno é não transformar as situações em dramas comuns, como normalmente tem acontecido no cinema atual. Por evitar isso, acaba sendo muito linear e apresenta um ritmo que pode decepcionar alguns. Entretanto, se faz muito próximo do real.
Gloria não é um filme que possui um ritmo frenético, mas que nos conquista pela sua naturalidade rotina de uma pessoa comum e de como pequenas situações podem mudar o percurso de sua vida. No final das contas, é um filme que mostra-se um exemplo de dignidade e independência do ser humano que, embora chegue numa idade avançada, consegue saber ser feliz. Em um longa-metragem que se explora um drama com um certo humor, o realizador acerta ao expor o sexo na terceira idade sem vergonha nenhuma e com total naturalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário