30 de novembro de 2013

A BELA QUE DORME (Bella Addormentata, 2012)

A bela que dorme, de Marco Bellocchio (de Vincere, 2009) mergulha numa discussão delicada que é a eutanásia. Entretanto, por conta de uma disposição caótica e multifacetada no que se referem aos personagens e as situações vividas por eles, a eutanásia acaba sendo pano de fundo para os acontecimentos que ocorrem em três tramas que, embora independentes, possuem certa interligação. Talvez este fato atrapalhe um pouco um cinéfilo desavisado, que tente acompanhar com o mesmo interesse que aflora nos primeiros minutos de projeção. De alguma forma, Bellocchio se atrapalha um pouco nesse assunto tão delicado, estabelecendo pontos de interligação distantes, desintegrados, e sem conseguir amarrá-los para se aprofundar no foco principal.

Eluana Eglaro está em coma vegetativo há anos, gerando então discussões morais, políticas e religiosas em todo o país, se deve continuar viva, ou se desligar os aparelhos seria o melhor para ela. Em meio a este conflito nacional, Bellocchio mostra como o desejo pela morte, o horror à morte e a moral por viver, ainda que vegetando, atinge diversas pessoas com problemáticas diferentes umas da outras, mas sobre a mesma questão.

Algumas passagens valem o filme, outras não (o irmão problemático é uma delas). O conceito de morte e a relação entre os personagens, as cenas dos religiosos e, principalmente, o apego das pessoas em alguma crença - a motivação que cada um de nós possui para continuar vivendo. Bellocchio, como sempre, acerta na criação dos protagonistas. Ele é capaz de ir fundo nas emoções, sentimentos, dramas psicológicos, traçando personalidades bastante verossímeis e humanas.

28 de novembro de 2013

SOBRENATURAL CAPÍTULOS 1 e 2

SOBRENATURAL (Insidious, 2010)

O diretor James Wan (Jogos Mortais, Invocação do Mal) e o produtor Oren Peli (diretor de Atividade Paranormal), provaram serem os homens certos do cinema de horror atual. Com pouco dinheiro e sem abusar do sangue na tela, criam filmes de horror caprichados que fazem o cinéfilo pular da cadeira facilmente. Este Sobrenatural, conta a história de uma família que tenta melhorar sua rotina, abalada após um dos filhos do professor Josh (Patrick Wilson) e da pianista Renai Lambert (Rose Byrne) entrar em um tipo de coma profundo, vítima de um acidente caseiro. Espíritos passam a assombrar a casa, perseguindo-os mesmo após a mudança de residência, tentando se apossar da mente enfraquecida do garoto.

Embora seja produzido por Peli, e possuir um tema semelhante, não espere um novo Atividade Paranormal. Este longa-metragem é narrado de modo tradicional, que lembra os últimos filmes de horror produzidos no final da década de 90, mas sem apelar para os excessos de violência e sangue, e sim em algo sugestivo e bem certeiro. Assim como Invocação do Mal, esta produção remete aos filmes de horror que eram apresentados ao público antigamente: mansão mal assombrada, ruídos ao fundo, algo escondido nas sombras, portas e paredes rangendo e etc. Tudo isso, para criar um clima de apreensão e expectativa de que o pior surja na tela. 

Embora tenha se consagrado em um filme mais violento, como Jogos Mortais, Wan soube comprar a ideia de Peli. Ao ver o filme, acredito que foi um trabalho de equipe, não de um homem só, fazendo com que a obra jamais passe o ar de pretensão de nenhum deles e se preocupando mais com a reação do público. Patrick Wilson (Watchmen) e Rose Byrne (X-Men: Primeira Classe), estão bem como o casal desesperado perante o fato do filho estar em estado de coma e, ao mesmo tempo, com as coisas estranhas que vão acontecendo na casa. 

O ato final, onde é mostrado dois dos personagens principais no mundo dos espíritos, que mais parece uma realidade mais escura e ameaçadora do mundo onde eles vivem, rende inúmeros momentos que provocam verdadeiros arrepios ao espectador e uma forma, até bem original, de mostrar o outro lado desse mundo ainda desconhecidos para os mortais. Como é de costume, o final deixa um belo gancho para uma inevitável continuação. 


SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 (Insidious: Chapter 2, 2013)

A trama começa exatamente onde o filme anterior havia terminado, mas essa seqüência pode muito bem ser vista independente da primeira parte. Isso é possível graças ao fato dos produtores terem criado uma pequena sub trama, onde mostra o pequeno Josh Lambert, em 1985, tendo os mesmos problemas com o sobrenatural que teria o seu filho futuramente. Após, retornamos ao presente, com Josh Lambert já adulto (Patrick Wilson), mas agindo de uma forma estranha, após ter resgatado seu filho do mundo sobrenatural. Para piorar, ele se torna o principal suspeito de ter matado a médium Elise (Lin Shaye).

Embora relativamente independente do primeiro, os produtores também foram geniais ao saber explicar eventos pouco esclarecidos vistos no primeiro capítulo. Para isso, fizeram com que alguns protagonistas perambulassem no mundo pós-morte e fazerem com que eles revisitassem tanto o Lambert pequeno do inicio desse filme, como também aos eventos vistos do primeiro capítulo. Isso significa que os produtores não só criaram um engenhoso filme de horror, como também uma espécie de viagem no tempo, pouco visto dentro do gênero, o que, com certeza, muitos irão acabar se lembrando do segundo filme De Volta do Futuro como referência. 

Além disso, não faltam referências a outros filmes de horror e suspense, que vai de Silencio dos Inocentes e até mesmo Psicose. Se por um lado isso possa parecer uma verdadeira salada mista, por outro, prova que James Wan e Oren Peli são verdadeiros fãs do gênero e tentam ao máximo respeitá-lo. É claro que nem tudo é perfeito, pois o filme escorrega em alguns momentos cômicos desnecessários, principalmente protagonizados pela dupla de ajudantes da médium Elise, mas que não compromete muito.

O final em si, resolve todas as pontas soltas de ambos os filmes e faz com que trama dessa família termine por aqui. Contudo, os segundos finais da história acabam criando dois caminhos, onde a cine-série pode ir para uma nova trama independente dessa, ou inventando uma mirabolante revelação, para que a vida do casal protagonista e de seus filhos não fique sossegada por um bom tempo.

25 de novembro de 2013

Blue Jasmine (2013)

A crítica a seguir é mais uma contribuição do Marcelo Castro Moraes, do blog Cinema Sem Anos de Luz. Confira!

Depois de dar um giro pelo mundo contando suas histórias, Woody Allen decidiu novamente trazer o seu universo neurótico para o território americano após alguns anos de ausência. Assim como um bom e velho vinho, Allen prova que não será pela idade já meio avançada que irá deixar o seu talento decair e neste mais novo filme ele fortalece isso que digo. Como sempre, paranóias, inquietudes e duvidas novamente surgem na vida dos personagens e, aqui, em um grau muito maior.

Inspirado no clássico Um Bonde Chamado Desejo, acompanhamos a personagem Jasmine (Cate Blanchett espetacular), tentando se reerguer na vida, após a morte do seu marido (Alec Baldwin) na cadeia. A trama vem e volta no tempo, mostrando a vida dela antes desses eventos e como a sua situação era mais glamorosa, para então depois acontecer uma grande queda. Isso acaba provocando uma Jasmine paranoica, irritada e insatisfeita com as pessoas em volta, como no caso de sua irmã (Sally Hawkins) que vive meio sem perspectivas de vida ao lado do marido grosseiro (Bobby Cannavale).

Não é preciso ser gênio em adivinhar que todo o foco da história está voltado em Jasmine, onde se disseca toda a sua personalidade e caráter, tanto antes como depois. O filme foca principalmente ao fato de que ela sempre vivia em busca de algo maior, mas sempre através da ajuda de outras pessoas: no passado através do seu marido e, no presente, através do mais novo bom partido (Peter Sarsgaard).
Com isso, temos o retrato de uma pessoa que mente para ela própria; que vendia a imagem da pessoa bem sucedida, mas que, no final das contas, se tornou um ser frustrado graças às suas ações suspeitas, tornando-se uma entidade imprevisível, com temperamento explosivo. Arrisco dizer que aqui, Cate Blanchett nos brinda com o seu melhor desempenho da carreira, pois sua Jasmine é um ser de inúmeras camadas, onde cada uma delas pode simplesmente submergir e nos surpreender de uma forma única. O ato final nos reserva revelações surpreendentes, nas quais ficamos chocados e, por que não dizer, frustrados com as ações da protagonista, mesmo quando compreendemos do porquê dela ter agido assim.
Allen, como sempre, cria um humor único, mesmo em meio a situações nas quais, se nós, meros mortais, passássemos, não acharíamos a menor graça. Porém, nos surpreende o fato dele saber casar as cenas de humor com momentos mais pesados, permitindo termos uma ligeira sensação de que entramos em outro filme, principalmente no ato final da trama. Essa mistura de humor e drama ele havia provado que conseguia fazer em Crimes e Pecados (1989), provado novamente em Ponto Final - Match Point (2005) e aqui, atingindo um novo patamar dessa mistura. 
Com uma câmera elegante que jamais perde o foco das ações dos seus personagens, Woody Allen nos brinda com um filme cujo final nos faz querer saber qual seria o próximo passo de cada um deles, principalmente com relação à Jasmine. Personagem afetada não somente pelas ações de pessoas próximas, como também desconstruída por não ter sabido administrar as suas próprias ações e criando um universo no qual ela se isola e se separa do mundo cinzento que ela tenta desvencilhar.

21 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas (2013)

A crítica a "The Hunger Games: Catching Fire" foi enviada pelo Marcelo Castro Moraes, do blog Cinema Cem Anos de Luz. Confira:

Vivemos atualmente numa sociedade cada vez mais alienados por reality shows cada vez mais vazios e por uma política, que embora seja uma república, não consegue esconder o fato de sempre querer cobrir os fatos para o público em geral. Se no nosso país vivemos desse problema, o que dizer então de potencias como os EUA que ficam de olho no que o cidadão e outros lideres fazem no seu dia a dia? Não é de se admirar que mais cedo ou mais tarde nos cheguemos ao ponto do que foi mostrado na obra 1984, em que a liberdade e a privacidade deixam de existir!Portanto, é de se tirar o chapéu para a franquia Jogos Vorazes que, além de serem filmes com o intuito de puxar uma grande fatia do público, dá espaço para inúmeras reflexões. Se fossemos resumir a franquia como um todo, seria espécie de metáfora com relação a nossa sociedade contemporânea e do perigo sobre até onde ela pode chegar. O resultado final, por enquanto, são filmes que entretém, mas que faz com que o jovem, ou adulto, saia refletindo com relação ao que acabou de assistir.

Não se esquecendo de nenhum momento dos fatos que haviam acontecido no filme anterior, a trama dessa seqüência continua exatamente aonde havia parado. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) sente as conseqüências da sua vitória no jogo anterior e por ter se tornado uma espécie de esperança para todos os distritos que desejam a liberdade. Ao mesmo tempo, President Snow (Donald Sutherland) arma um esquema junto com Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) para reunir os vitoriosos dos últimos jogos e fazer com que eles se digladiem até a morte.

Embora no filme anterior a temática sobre um governo autoritário com mão de ferro se destacava de uma forma um tanto amena, aqui as questões políticas desse futuro sombrio são ampliadas. Dessa vez,  fazem com que os próprios mortais jogos se tornem um certo alivio para o espectador, que sevsente, a todo o momento, apreensivo com relação aos destinos dos personagens, mesmo antes da competição. Em principio, muitos se sentiam receosos ao fato desse lado político com um destaque maior pudesse aborrecer o público em geral, mas é graças ao bom ritmo que a trama apresenta e pelo ótimo desempenho de cada um do elenco que se tem um filme diferenciado.
Essa apreensão pelos personagens se deve principalmente pela presença sinistra do maquiavélico President Snow, numa interpretação magnética do veterano Donald Sutherland e de Plutarch Heavensbee, interpretado de forma opressora por Philip Seymour Hoffman, mas que não esconde certa ambiguidade com relação ao personagem, sendo que suas reais intenções serão somente reveladas nos últimos minutos de filme. Como sempre, Jennifer Lawrence carrega todo o filme nas costas, ao interpretar uma Katniss Everdeen marcada pelas conseqüências do filme anterior e ao mesmo tempo tendo que carregar a chama de esperança que o seu povo tende endeusar. Embora ela deseje ajudá-los, ela preferia estar livre disso a todo o momento. Lawrence, aliás, não cai na armadilha da mesmice. Ela consegue passar para a sua personagem um equilíbrio correto com relação aos seus sentimentos por Peeta Mellark (Josh Hutcherson) e Gale Hawthorne (Liam Hemsworth), já que isso não é o foco principal, sendo que ela tem coisas muito maiores ainda para se preocupar, como a possível perda de entes queridos a sua volta. A cena em que ela vê um personagem próximo a ela ser morto devido as suas ações, é sem duvida um dos momentos mais tristes e angustiantes da franquia até aqui.
Já a parte dos jogos em si, se por um lado se tornaram um tanto que menos violentos visualmente - se comparado ao filme anterior - por outro, se tornaram muito mais fatais, rendendo inúmeros momentos imprevisíveis e que fazem com que os personagens se vêem na corda bamba a todo o momento. Entretanto, diferente de seu antecessor, o casal central decide fazer amizade com alguns competidores, o que torna ainda mais terrível o fato de fazer aliança com pessoas que no fim das contas serão forçadas a ter que matá-las. Para a surpresa de muitos, o final desse jogo mortal acaba de uma forma imprevisível, fazendo com que os destinos de alguns personagens se tornem indefinidos.

Para os desavisados, o final de Jogos Vorazes: Em Chamas fará com que muitos saiam das salas do cinema 'chiando', mas desejando o quanto antes o próximo filme. O terceiro título da franquia será dividido em duas partes. Resta saber se a qualidade e o bom ritmo desses últimos filmes irá se estender nos próximos, que novamente serão comandados por Francis Lawrence.

Publicado originalmente no Cinema Sem Anos Luz.


E aí, o que achou do texto do Constantine? Comente!

19 de novembro de 2013

A Princesa e Kassandra: Um paralelo incrível!

No dia 16 de novembro tive o imenso prazer de assistir aos curtas "A Princesa" e "Kassandra", no Santander Cultural, no Centro de Porto Alegre. O evento fazia parte da programação da Feira do Livro de Porto Alegre (a maior feira cultural a céu aberto da América Latina... quiçá do mundo, como tudo em Porto Alegre) e contava ainda com um debate ao final da exibição com os diretores e roteiristas dos dois filmes.
Da esq para a direita: Rafael Duarte,Taísa Ennes Marques, Kate Schneider, 
a mediadora do debate, Ulisses da Motta Costa e Roger Monteiro. Fonte: kassandrafilme.blogspot,com.br
Antes de falar de cada filme há de se destacar algumas coincidências entre eles que os tornaram concorrentes diretos, mas também complemento um do outro. Ambos se posicionam fortemente sobre um debate feminista, cada um à sua forma: A Princesa mostra uma mulher que deseja se encaixar num mundo "machista", que exige a perfeição feminina, enquanto Kassandra quer se libertar. Ambos utilizam um pássaro numa gaiola como metáfora do desejo de liberdade; os dois utilizam-se de uma violência explícita para encerrar o drama; e ambos foram exibidos no Festival de Gramado de 2013, sem conhecimento um do outro, além de outros aspectos mais técnicos.
O primeiro curta exibido foi A Princesa, de Rafael Duarte e Taísa Ennes Marques, da Machina Filmes. O curta trata da ansiedade de uma jovem em estar esteticamente perfeita num mundo real, urbanizado. Ela esconde seus defeitos, não importando quanta dor possa custar, enquanto suas ações dialogam com seu desejo de liberdade em um um mundo de beleza fantástica e natural, mas irreal. A estética do filme remete diretamente aos contos de fada clássicos: Rapunzel, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, etc. e isso é facilmente identificado nas cenas. No entanto, o curta tem uma ar de obra-prima por toda a composição da fotografia, que é esplendorosa; dos efeitos visuais - sem comparação com outras produções nacionais; uma pós-produção extremamente eficiente, além de uma magnífica trilha sonora, composta pelo próprio Rafael, que bebeu diretamente na fonte de Vangelis em Blade Runner (que ele veio a me confirmar no fim do evento). O curta, sem falas, apresenta a belíssima atriz Aline Jones como a Princesa, papel que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz em Gramado. Sua beleza e talento, me levam a compará-la diretamente com Jennifer Lawrence. Como se não bastasse a emoção da qualidade visual, o filme arrebata com um final dilacerante. Apesar de ser perfeito tecnicamente, a obra é pura emoção.
Kassandra, de Ulisses da Mota Costa e Roger Monteiro foi exibido em seguida. O suspense retrata o drama de uma jovem com distúrbios psicológicos, aparentemente sofrendo de alucinações e que passou por alguma espécie de trauma que a impossibilita de falar. Vivendo em meio há homens que demonstram querer controlar suas ações, ela anseia por um momento de reação que a faça se libertar de todo o sofrimento. Durante o debate, Ulisses comentou que, curiosamente, se inspirou muito nas pinturas de William Blake para compor a estética do filme. Todo em preto e branco, é realmente difícil perceber alguma referência ao pintor inglês do século XVIII. Apesar de Ulisses considerar que a fotografia ficou atemporal, pessoalmente senti uma forte influência de Hitchcock. Posso estar enganado, mas a distribuição de tons, quase um cinza monocromático na cena em que Kassandra está próxima à gaiola, me direcionou à composição de Psicose. Além disso, os cortes impossibilitavam ao espectador supor o que aconteceria na próxima cena, especialidade de Hitchcock: quando uma porta está entreaberta neste curta, você fica tenso tentando supor se vai aparecer uma alucinação ou se a porta vai simplesmente bater e te dar um tremendo susto. Além disso, a estética geral, no contra-ponto entre luz e sombra, se refere obviamente ao expressionismo alemão, minha escola favorita. A atriz Renata Stein, por sua vez, demonstra que também sofreu psicologicamente - e até fisicamente - para vestir a personagem em sua essência; os outros atores, no entanto, deixam um pouco a desejar, em uma atuação com diálogos precisos demais, tirando a naturalidade de um diálogo. O filme ganhou o prêmio de Melhor Fotografia no festival de Gramado, mas deveria ter ganhado alguma menção pela qualidade do som, cuja mixagem ficou totalmente excelente.

Ambos tratam de forma similar e completamente distinta um mesmo tema: o sofrimento da mulher em um mundo controlado pela vantagem masculina da força física. O que considero mais louvável em ambos, ao mesmo tempo, é que eles não se referem especificamente a lugar nenhum, podendo ser assistido e compreendido em qualquer cultura que trate desse drama.

Não poderia, entretanto, deixar de me posicionar. Apesar de Kassandra ter ganhado prêmio sobre fotografia, a exibição de A Princesa me emocionou de uma forma como não sentia desde que vi A Árvore da Vida, de Terrence Malick. Quando possível, assista a estes ícones do cinema gaúcho, exemplos do potencial que temos para o país, independente de incentivos governamentais.

Confira abaixo os trailer de cada um.

Até a próxima!



13 de novembro de 2013

Top 10 Filmes Ruins com Boas Trilhas Sonoras (por Vinício Oliveira)

10º X-Men 3 : O Confronto Final (2006)

X-Men 3 foi o que matou a franquia dos mutantes da Marvel para mim. Brett Ratner estava destinado a estragar tudo desde que assumiu a cadeira que havia sido de Bryan Singer nos dois primeiros e muito superiores filmes. Porém, a dança das cadeiras foi ainda mais brusca no que diz respeito à composição da trilha sonora. X-Men - O Filme contou com Michael Kamen que introduziu uma mistura de temas eletrônicos e melodiosos conforme uma demanda do estúdio. Em X-Men 2 Singer pode se utilizar de seu colaborador mais frequente John Ottman, que criou uma atmosfera mais clássica de super-heróis e teve um resultado mais temático do que Kamen. Finalmente, em 2006, tivemos a atrocidade que é O Confronto Final. Enquanto o filme é péssimo e parece tomar todas as decisões erradas possíveis com seu roteiro e direção, a trilha sonora é bastante interessante e a mais heroica da trilogia. Com temas bem desenvolvidos e focando mais nos personagens individuais do que no clima da história (como fizeram os compositores anteriores), John Powell consegue entregar uma trilha sonora bem mais interessante do que o desastre na tela.
   


9º O Mensageiro (1997)

Eu adoro Kevin Costner, mas não há como negar que às vezes ele embarca em projetos por puro ego. O Mensageiro é obviamente o pior exemplo desse tipo de filme. Com uma história arrastada, um roteiro pouco inspirado e uma trama boba que é erroneamente tratada como se tivesse elementos épicos, o filme é uma grande perda de tempo. Porém a trilha sonora de James Newton Howard é épica, heroica e elegante. Ainda que a trilha sonora seja pouco inovadora, ela eleva o longa a uma categoria superior à qual ele originalmente pertence.
 




8º Van Helsing (2004)

Van Helsing é uma abominação do mesmo diretor de A Múmia e O Retorno da Múmia, que foram mais bem sucedidos na empreitada de abordar os vilões clássicos da Universal do que esse fiasco que deveria ser o primeiro sucesso solo de Hugh Jackman. O filme falha miseravelmente e é um exercício de vergonha alheia. Entretanto, a trilha sonora de Alan Silvestri é empolgante e entrega o clima de aventura que o filme esquece no meio do caminho.
 


7º A Ilha (2005)

A Ilha é o supra-sumo do Michael Bay, completamente estilo e nenhuma substância. Um grande e talentoso elenco é brutalmente desperdiçado nesse belo filme, porém absolutamente pueril. Entretanto, a trilha de Steve Jablonsky, um dos pupilos de Hans Zimmer, é muito interessante: com um tema geral, otimista e esperançoso ela dá uma sensação de grandiosidade humana ao filme mesmo que ele não tenha qualquer conteúdo relevante para entregar.


6º Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999)

Todos sabemos que a saga de George Lucas merecia um início melhor. Acima de tudo vítima de uma direção equivocada de Lucas, o filme só atinge algum ponto positivo quando escorado no mito dos filmes anteriores e através da trilha sonora de John Williams. Para ser absolutamente sincero, a trilha no geral não é lá muito original (como a maioria dos trabalhos de Wiliams nos últimos 15 anos), porém "Duel of Fates" carrega sozinho essa trilha sonora até o 6º lugar.


5º Rei Arthur (2004)

Construindo uma versão demasiadamente Hollywoodiana da lenda do Rei Arthur  (sem traições, sem religião, sem magia) esse é um filme com belas imagens e interpretações razoáveis, porém com clima, roteiro e cenas de ação equivocadas. Ainda assim, a trilha sonora de Hans Zimmer deixa evidente o potencial do longa-metragem de ter sido um belo épico tão influente quanto Gladiador. No entanto, a única qualidade redentora são os temas absurdamente grandiosos compostos por Zimmer.
 


4º Tron - O Legado (2010)

A trilha de Tron - O Legado, cortesia da dupla Daft Punk, é uma das mais adequadas trilhas sonoras ao clima do filme o qual se propõe acompanhar. Infelizmente o filme é bastante raso e foi uma decepção para mim. O clima aqui é tudo e a ambientação das composições são absurdamente adequadas às cenas e ao conceito do filme. Essa é uma trilha sonora que consegue ser bastante original e ao mesmo tempo prestar homenagem à Basil Poledouris e Vangelis com temas sintetizados e impactantes.
 


3º Exterminador do Futuro - A Salvação (2009)

Danny Elfman é uma escolha estranha para um filme que deveria ser bastante sombrio como Exterminador do Futuro - A Salvação. Normalmente Elfman soa como um palhaço com uma banda, algo que não me agrada muito mas é adequado a vários filmes (Tim Burton que o diga). Porém esse filme se beneficiaria muito de uma trilha mais sombria, com um tema que entregue a dificuldade desse mundo pós-apocalíptico enquanto deixa transparecer fios de esperança nos temas dos personagens. E é exatamente isso que Elfman entrega. No geral, esse último "Exterminador" é bagunça do início ao fim. Problemas dentro e fora dos sets, condenaram o filme (e possivelmente a franquia toda), porém isso não deveria diminuir o mérito de Elfman que prova que consegue dar cabo de temas mais complexos e sombrios.
 


2º Piratas do Caribe - No Fim do Mundo (2007)

O terceiro capítulo da franquia Piratas do Caribe falhou em esclarecer a confusão do segundo e simplesmente permitiu que as sequências posteriores afundassem em meros caça-níqueis declarados. O roteiro desse filme é uma bagunça que se acha épico e não passa de uma besteira constrangedora que não vai a lugar algum. Uma pena que toda essa falta de talento seja acompanhada por uma das melhores trilhas de Hans Zimmer. Ele acerta todos os detalhes aqui. Todos os temas são emocionantes, únicos, adequados as cenas que acompanham e realmente inspirados. Zimmer ainda encontra tempo para homenagear Ennio Morricone e arrebatar os espectadores com temas épicos e aventureiros que quase enganaram a platéia de que eles estavam assistindo à um bom filme.



1º Sunshine (2007)

Sunshine quase não merece estar nessa lista por causa do quesito "filmes ruins". A primeira metade do filme é relativamente interessante, porém a segunda metade é praticamente risível, com a trama despencando de ficção-científica para filme de assassino. O filme não explora muito bem a ciência dos acontecimentos que se propõe a relatar e isso acaba sendo a última pá de cal, pois quando o que é proposto finalmente acontece o espectador não está mais emocionalmente envolvido. Já a trilha de John Murphy é daquelas de fazer chorar de tão bonitas. "The Surface of The Sun" é tão bonita é inspiradora que é continuamente utilizada os trailers de outros filmes para invocar profundidade e emoção

8 de novembro de 2013

JOGOS VORAZES EM CHAMAS: Ganhe ingressos e brindes!

O Cinema Sem Frescura, em parceria com a Paris Filmes, irá sortear 2 kits do filme Jogos Vorazes: Em Chamas! Os kits contêm ingressos para o filme (enquanto estiver em cartaz) e brindes diversos. 

Para participar, acesse a página do sorteio neste link. Para validar sua participação, tem que Curtir a página do Cinema Sem Frescura e compartilhar publicamente a campanha na sua linha do tempo. Caso o sorteado não cumprir com essa regra, um novo sorteio será realizado.




Participe! Curta e Compartilhe! O filme estreia dia 15 de novembro.




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